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Direito Processual Civil IV

Cumprimento de sentença definitivo


(pagar, fazer e não fazer, dar/entregar)
Prof. Mario Vitor Aufiero
Aspectos gerais
Aspectos gerais

Retomada:
• Cumprimento de sentença x ação de execução;
• Cumprimento voluntário de sentença x execução forçada.
• Cumprimento definitivo x cumprimento provisório
Aspectos gerais

• O procedimento segue a natureza da obrigação exequenda (fazer,


não fazer e pagar).
• A execução de quantia se inicia por requerimento do credor. Nas
demais obrigações, pode o juiz iniciar de ofício.
• Intimação do devedor para cumprir a sentença (art. 513, § 2º):
• Regra geral: por intimação pelo Diário da Justiça na pessoa do advogado
constituído;
• Exceções: por carta com aviso de recebimento quando for representado pela
defensoria ou não tiver procurador constituído nos autos; por meio eletrônico
quando não tiver procurador; por edital, quando tiver sido revel na fase de
conhecimento
Aspectos gerais

• Algumas regras importantes quanto à intimação:


• Art. 513:
§ 3º Na hipótese do § 2º, incisos II e III, considera-se realizada a
intimação quando o devedor houver mudado de endereço sem prévia
comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do art.
274.
§ 4º Se o requerimento a que alude o § 1º for formulado após 1 (um) ano
do trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do
devedor, por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao
endereço constante dos autos, observado o disposto no parágrafo único
do art. 274 e no § 3º deste artigo.
Aspectos gerais

• Possibilidade de levar a sentença a protesto:


Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos
termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art.
523.
§ 1º Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de teor da
decisão.
§ 2º A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo de 3 (três) dias e
indicará o nome e a qualificação do exequente e do executado, o número do processo,
o valor da dívida e a data de decurso do prazo para pagamento voluntário.
§ 3º O executado que tiver proposto ação rescisória para impugnar a decisão
exequenda pode requerer, a suas expensas e sob sua responsabilidade, a anotação da
propositura da ação à margem do título protestado.
§ 4º A requerimento do executado, o protesto será cancelado por determinação do juiz,
mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data
de protocolo do requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da
obrigação.
Obrigação de pagar
quantia certa
Obrigação de pagar quantia certa (arts. 523-527)

• O cumprimento de sentença por obrigação de pagar quantia


(execução dos títulos judiciais) será aplicado sempre que a quantia
for CERTA, ainda que essa certeza tenha decorrido de prévia
liquidação operada com cálculos aritméticos.
• Seu procedimento está previsto a partir do art. 523, com aplicação
subsidiária ao cumprimento de sentença das regras do processo
de execução (ex.: regras sobre penhora, expropriação do bem etc).
Obrigação de pagar quantia certa (arts. 523-527)

• Cumprimento voluntário (art. 523, CPC)


• Quantia certa, fixada em liquidação ou parcela incontroversa;
• Requerimento do exequente;
• Intimação do executado
• Pagamento no prazo de 15 dias
• Acréscimo de custas, se houver.
Obrigação de pagar quantia certa (arts. 523-527)

• Questão
O prazo para pagamento em 15 (quinze) dias deve ser contado em
dias úteis ou corridos?
Obrigação de pagar quantia certa (arts. 523-527)

RESPOSTA: ÚTEIS
RECURSO ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. INTIMAÇÃO DO DEVEDOR PARA PAGAMENTO VOLUNTÁRIO DO DÉBITO. ART. 523, CAPUT, DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. PRAZO DE NATUREZA PROCESSUAL. CONTAGEM EM DIAS ÚTEIS, NA FORMA DO ART. 219 DO CPC/2015.
REFORMA DO ACÓRDÃO RECORRIDO. RECURSO PROVIDO.
1. Cinge-se a controvérsia a definir se o prazo para o cumprimento voluntário da obrigação, previsto no art. 523, caput, do Código de Processo Civil de 2015,
possui natureza processual ou material, a fim de estabelecer se a sua contagem se dará, respectivamente, em dias úteis ou corridos, a teor do que dispõe o art.
219, caput e parágrafo único, do CPC/2015.
2. O art. 523 do CPC/2015 estabelece que, "no caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela
incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15
(quinze) dias, acrescido de custas, se houver".
3. Conquanto o pagamento seja ato a ser praticado pela parte, a intimação para o cumprimento voluntário da sentença ocorre, como regra, na pessoa do
advogado constituído nos autos (CPC/2015, art. 513, § 2º, I), fato que, inevitavelmente, acarreta um ônus ao causídico, o qual deverá comunicar ao seu cliente
não só o resultado desfavorável da demanda, como também as próprias consequências jurídicas da ausência de cumprimento da sentença no respectivo prazo
legal.
3.1. Ademais, nos termos do art. 525 do CPC/2015, "transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias
para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação". Assim, não seria razoável fazer a
contagem dos primeiros 15 (quinze) dias para o pagamento voluntário do débito em dias corridos, se considerar o prazo de natureza material, e, após o
transcurso desse prazo, contar os 15 (quinze) dias subsequentes, para a apresentação da impugnação, em dias úteis, por se tratar de prazo processual.
3.2. Não se pode ignorar, ainda, que a intimação para o cumprimento de sentença, independentemente de quem seja o destinatário, tem como finalidade a
prática de um ato processual, pois, além de estar previsto na própria legislação processual (CPC), também traz consequências para o processo, caso não seja
adimplido o débito no prazo legal, tais como a incidência de multa, fixação de honorários advocatícios, possibilidade de penhora de bens e valores, início do
prazo para impugnação ao cumprimento de sentença, dentre outras. E, sendo um ato processual, o respectivo prazo, por decorrência lógica, terá a mesma
natureza jurídica, o que faz incidir a norma do art. 219 do CPC/2015, que determina a contagem em dias úteis.
4. Em análise do tema, a I Jornada de Direito Processual Civil do Conselho da Justiça Federal - CJF aprovou o Enunciado n. 89, de seguinte teor: " Conta-se
em dias úteis o prazo do caput do art. 523 do CPC".
5. Recurso especial provido.
(REsp n. 1.708.348/RJ, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 25/6/2019, DJe de 1/8/2019.)
Obrigação de pagar quantia certa (arts. 523-527)

Não cumprimento voluntário


• Execução forçada
• Débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de
honorários de advogado de dez por cento (art. 523, § 1º, CPC).
• Expedição mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de
expropriação.
• Impugnação ao cumprimento de sentença (defesa do executado) – art.
525, CPC
• Possibilidade de inclusão do executado no cadastro de inadimplentes
(art. 782, § 3º e § 5º, CPC)
Obrigação de pagar quantia certa (arts. 523-527)

(Des)cumprimento parcial
• Execução forçada sobre o parcial
• A multa e os honorários previstos no § 1º incidirão sobre o restante
(art. 523, § 2º, CPC).
• Expedição mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos
de expropriação.
• Impugnação ao cumprimento de sentença (defesa do executado) –
art. 525, CPC
Obrigação de pagar quantia certa (arts. 523-527)

• Possibilidade de o réu se antecipar (art. 526, CPC)


Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença,
comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido,
apresentando memória discriminada do cálculo.
§ 1º O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, podendo impugnar o valor
depositado, sem prejuízo do levantamento do depósito a título de parcela incontroversa.
§ 2º Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, sobre a diferença incidirão multa de
dez por cento e honorários advocatícios, também fixados em dez por cento, seguindo-se
a execução com penhora e atos subsequentes.
§ 3º Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obrigação e extinguirá o
processo.
Obrigação de pagar quantia certa (arts. 523-527)

Requisitos para petição de cumprimento de sentença


• O artigo 524 indica os requisitos necessários:
• Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com
demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição
conter: I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de
Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do
exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3o; II -
o índice de correção monetária adotado; III - os juros aplicados e as
respectivas taxas; IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da
correção monetária utilizados; V - a periodicidade da capitalização dos
juros, se for o caso; VI - especificação dos eventuais descontos
obrigatórios realizados; VII - indicação dos bens passíveis de penhora,
sempre que possível.
Obrigação de pagar quantia certa (arts. 523-527)

Requisitos para petição cumprimento de sentença


• Ainda no art. 524, pelo §3º, “quando a elaboração do demonstrativo depender de
dados em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá-los, sob
cominação do crime de desobediência.” Além disso, tem-se os parágrafos seguintes: §
4º Quando a complementação do demonstrativo depender de dados adicionais em poder
do executado, o juiz poderá, a requerimento do exequente, requisitá-los, fixando
prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência. § 5º Se os dados
adicionais a que se refere o § 4º não forem apresentados pelo executado, sem
justificativa, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados
pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe.

• Se houver excesso nos cálculos, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a
penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada (§1º).

• Possibilidade de magistrado verificar cálculos com contabilista do juízo (§ 2º).


Obrigação de fazer ou
não fazer
Obrigação de fazer ou não fazer (arts. 536-537)

• Prevalece a total atipicidade dos meios executivos, cabendo ao juiz


adotas os procedimentos e técnicas para a efetividade.
• Não há previsão de defesa, sendo que as irresignações do
executado podem ser feitas por simples petição (aplicação, no que
couber, do artigo 525 - art. 536, § 4º, CPC).
Obrigação de fazer ou não fazer (arts. 536-537)

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou


de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica
ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas
necessárias à satisfação do exequente.
§ 1º Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a
imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento
de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio
de força policial.
§ 2º O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais
de justiça, observando-se o disposto no art. 846, §§ 1º a 4º , se houver necessidade de
arrombamento.
§ 3º O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir
a ordem judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.
Obrigação de fazer ou não fazer (arts. 536-537)

• Tutela específica e conversão em perdas e danos: Em regra a


melhor prestação jurisdicional é a entrega da tutela específica (o credor
recebe aquilo que tinha direito).
• Pode o exequente escolher entre a tutela específica e a conversão em
perdas e danos?
• a) Tratando-se de direito disponível, a mera vontade do exequente vincula o
juiz, inclusive diante do princípio da disponibilidade da execução;
• b) Tratando-se de direito indisponível, a mera vontade do autor não é suficiente,
admitindo-se a conversão em perdas e danos somente quando a tutela específica
tornar-se impossível (impossibilidade material ou jurídica);
• c) Também é possível a conversão em perdas e danos, no caso de onerosidade
excessiva
Obrigação de fazer ou não fazer (arts. 536-537)

• Aplicação de multa: art. 537, CPC


• Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase
de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução,
desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo
razoável para cumprimento do preceito. § 1o O juiz poderá, de ofício ou a
requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la,
caso verifique que: I - se tornou insuficiente ou excessiva; II - o obrigado demonstrou
cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o
descumprimento. § 2o O valor da multa será devido ao exequente. § 3º A decisão que
fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo,
permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à
parte. § 4º A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento
da decisão e incidirá enquanto não for cumprida a decisão que a tiver cominado. § 5º
O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que
reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional.
Obrigação de fazer ou não fazer (arts. 536-537)

Multa
• A multa poderá ser fixada de ofício ou a requerimento do interessado.
• A multa será revertida ao credor (art. 537, § 2º). Exceção aos processos que cuidem
dos direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, em que a multa será
revertida ao Fundo do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
(art. 214 do ECA), sendo executada pelos legitimados coletivos e, subsidiariamente,
pelo Ministério Público (vide AgInt no REsp n. 2.036.066/GO, relatora Ministra Regina
Helena Costa, Primeira Turma, julgado em 15/5/2023, DJe de 19/5/2023).
• É possível a fixação de astreintes contra a Fazenda Pública.
Obrigação de fazer ou não fazer (arts. 536-537)

Multa
• A multa não se submete a coisa julgada ou preclusão, de modo que poderá ser revista após o
cumprimento da obrigação (STJ, REsp 1.333.988-SP, Segunda Seção, DJe 11/4/2014).
• Hipóteses:
§ 1º: “o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-
la, caso verifique que:
I - se tornou insuficiente ou excessiva;
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o
descumprimento”.
• É possível a execução provisória da multa, permitindo-se o levantamento após o trânsito em
julgado da sentença (art. 537, § 3º, CPC).
• O artigo 537, § 1º, prevê apenas a possibilidade de modificação ou dispensa da multa
vincenda (ou seja, que ainda não venceu). A rigor, não se permitiria mais a alteração das
multas vencidas.
Obrigação de fazer ou não fazer (arts. 536-537)

Multa – revisão

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.


DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. ASTREINTES.
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
1. O eg. Superior Tribunal de Justiça firmou orientação de que o valor atribuído às astreintes pode ser
revisto, quando constatada a exorbitância ou a insuficiência da importância arbitrada em relação à
obrigação principal, de fazer ou de não fazer, em flagrante ofensa aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade.
2. Na hipótese, a recorrente não cumpriu, de forma reiterada, a ordem judicial, consistente em fornecer
medicamento imprescindível à vida da autora, que sofria de doença gravíssima - câncer na medula óssea -,
vindo, inclusive, a falecer. Ademais, o fármaco, além de possuir registro na ANVISA, foi solicitado para garantir
sobrevida à paciente internada, enquanto esperava encontrar doador de medula óssea compatível. Desse
modo, a negativa em fornecer medicamento prescrito pelo médico, para tratamento de doença coberta pelo
plano de saúde, constituiu ato manifestamente abusivo e ilegal, de modo que a majoração da multa diária,
com valor total limitado a R$100.000,00 (cem mil reais), não se mostra desproporcional ou exorbitante, dadas
as circunstâncias do caso concreto.
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp n. 2.246.925/DF, relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 5/6/2023, DJe de
13/6/2023.)
Obrigação de
dar/entregar
Obrigação de entregar coisa (art. 538)

• Não há procedimento disciplinado no CPC.


• Segue, no que couber, as disposições de obrigações de fazer ou não fazer.
• Há prevalência inicial pela busca e apreensão e/ou imissão na posse.
• Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido
na sentença, será expedido mandado de busca e apreensão ou de imissão na
posse em favor do credor, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel. § 1º A
existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de conhecimento, em
contestação, de forma discriminada e com atribuição, sempre que possível e
justificadamente, do respectivo valor. § 2º O direito de retenção por
benfeitorias deve ser exercido na contestação, na fase de conhecimento. § 3º
Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as
disposições sobre o cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer .
Obrigação de entregar coisa (art. 538)

RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CONDENATÓRIA. PEDIDO PARA CONVERSÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER EM INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. INOVAÇÃO RECURSAL. INOCORRÊNCIA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA.
1. Recurso especial interposto em 20/7/2021 e concluso ao gabinete em 22/2/2022.
3. O propósito recursal consiste em dizer se: a) a fixação de honorários violou o parâmetro da objetividade, previsto no art. 85, §
2º, do CPC/2015; e b) caracteriza inovação recursal o pedido, veiculado em apelação, de conversão de obrigação de fazer em
indenização por perdas e danos.
4. Não se vislumbra o efetivo prequestionamento da linha argumentativa referente à possibilidade de fixação dos honorários
advocatícios nos parâmetros previstos no art. 85, § 2º, do CPC/2015, razão pela qual inviabilizada está sua apreciação.
5. "Definida a obrigação pela prestação de tutela específica - seja ela obrigação de fazer, não fazer ou dar coisa certa -,
é plenamente cabível, de forma automática, a conversão em perdas e danos, ainda que sem pedido explícito, quando
impossível o seu cumprimento ou a obtenção de resultado prático equivalente (art. 461, § 1º, do CPC)" (AgRg no REsp
1293365/RJ, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/10/2015, DJe 13/10/2015).
6. Diante da impossibilidade de cumprimento da obrigação de dar, fazer ou não fazer e sendo consolidado o entendimento do
STJ quanto à possibilidade de sua conversão em perdas e danos a qualquer momento do processo, inclusive em sede de
cumprimento de sentença, independentemente até mesmo de requerimento, tem-se que tal pedido feito em sede de apelação
não está adstrito aos parâmetros impostos pelo efeito devolutivo em sua dimensão horizontal, razão pela qual não configura
inovação recursal, podendo ser conhecido.
7. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, provido.
(REsp n. 1.993.029/RJ, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 21/6/2022, DJe de 23/6/2022.)

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