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Cumprimento de Sentença

Parte Geral
• O processo que antes era dualista, ou seja, com fase de
conhecimento e de execução, tornou-se sincrético, com duas
fases inseridas no mesmo contexto processual: a fase de
conhecimento e a de cumprimento de sentença.

• O credor deve formular um requerimento para o início da fase


executiva.

• Transitado em julgado a sentença, é de se esperar que o


devedor cumpra voluntariamente a obrigação à qual foi
condenado.

• Ocorrendo a inadimplência e estando o credor resguardado


pela decisão judicial líquida que reconheceu a obrigação de
pagar, de entregar, de fazer ou não fazer, será possível o início
de uma nova fase processual, onde se buscará o cumprimento
ou a efetividade do direito reconhecido ao exequente.
1. Petição Inicial

• Muitas vezes, o cumprimento de sentença será realizado


dentro de um processo pendente, como uma fase deste;
ocorre que em algumas situações, será deduzido em
ação própria, qual seja, quando o título judicial é
formado em processos que correram em ambiente
diverso do cível.

• Independente disso, caberá ao credor elaborar uma


petição com requerimento para que seja cumprida a
obrigação constante do título.

• Em regra, essa petição é incidental, porém, algumas


situações será uma petição inicial.
• O que precisa conter nessa petição?

▫ Nome completo do credor e devedor, com respectivos


CPFs e CNPJs;
▫ Tipo de obrigação que se pretende cumprir;
▫ Procedimento que se pretende seguir;
▫ Pedido de intimação ou citação do devedor;
▫ Eventuais documentos necessários para levar adiante o
cumprimento.

• Na hipótese de se tratar de petição inicial


propriamente dita, o credor deve observar também
os requisitos do art. 319, do CPC.
• 2. Competência

• Competência funcional absoluta: Art. 516, I, II e III

• O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:

• os tribunais, nas causas de sua competência originária;


▫ Quando a ação for neles originária.

• o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;

• o juízo cível competente, quando se tratar de:


▫ sentença penal condenatória (art. 53, inciso V, do CPC),
▫ de sentença arbitral, (juízo cível do foto do local em que foi proferida a
sentença arbitral)
▫ de sentença estrangeira (arts. 961 e 965, do CPC) ou
▫ de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo ( o inciso X, do art. 515 foi
vetado, logo, a parte final do art.516 é despida de eficácia.
• Juízo alternativo (competência relativa): Nas hipóteses dos
incisos II e III, do art. 516, do CPC, o exequente poderá optar pelo
juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se
encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local
onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer,
casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao
juízo de origem.

• Como ocorre a remessa dos autos?


▫ O credor ajuíza um petição de inicial de cumprimento de
sentença diretamente em um dos juízos autorizados no
parágrafo único do art. 516, requerendo que a remessa dos
autos seja solicitada ao juízo de origem?

▫ Credor peticiona no juízo onde foi proferida a sentença e


solicita a remessa ao juízo que indicar na peça?
• Observações:

• A alternativa do parágrafo único do art. 516, pode se


dá após o início do cumprimento de sentença?
▫ Resp 1776382/MT – STJ

• Enunciado nº 440 do FPPC: o art. 516, III, e o seu


parágrafo único, aplicam-se à execução de decisão
interlocutória estrangeira, após a concessão do
exequatur à carta rogatória.
• 3. Legitimidade passiva

• Somente é possível trazer à fase executiva sujeito que haja


participado do amplo contraditório na fase de
conhecimento.

• Existe uma limitação subjetiva: art. 513, §5º, do CPC

• Atenção:
▫ O STJ já firmou entendimento de que as regras a respeito da
solidariedade são de direito material, logo, não se pode, com
base na solidariedade, buscar a execução de uma decisão
contra alguém que não participou do processo na fase de
conhecimento. (Enunciado nº268 da Súmula do STJ).
• 4. Intimação do devedor

• No cumprimento de sentença, em regra, não há citação.

• Será realizada de acordo com os §§2º, 3º e 4º, do art. 513.

• Atenção:
▫ Para que o inciso IV do §2º do art. 513 do CPC seja aplicado, não
basta que o devedor tenha sido citado por edital e ficado revel
na fase de conhecimento, também é essencial que ele tenha
permanecido sem procurador constituído nos autos, pois, caso
contrário, a sua intimação deverá ocorrer na pessoa do
advogado (ou pessoalmente, se representado pela Defensoria
Pública)
▫ É possível que o devedor seja intimado por oficial de justiça,
aplicando-se a ratio do inciso V do art. 247, do CPC;
▫ O exequente também pode intimar o executado por meio de
seu advogado, nos termos do art. 269, §1º, do CPC;
▫ As partes podem realizar um negócio jurídico processual e
definir os termos da intimação (art. 190, do CPC);

• Quando o requerimento para o cumprimento de sentença for


formulado após 1 ano do trânsito em julgado da sentença, a
intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta
com aviso de recebimento encaminhada ao endereço
constante nos autos, independentemente de haver procurador
constituído nos autos.
• Nos casos em que o título judicial for sentença penal
condenatória transitada em julgado, sentença arbitral ou
sentença estrangeira homologada pelo STJ, o devedor será
CITADO!!!

• Faz-se necessária, portanto, a instauração de um processo


autônomo que, como tal, deverá seguir as formas da
citação do art. 246, do CPC.

• É possível que o devedor não seja citado para pagar, mas


para liquidar o título judicial, nas hipóteses em que um
dos três títulos acima citados não seja líquido.

• A ação autônoma de cumprimento de sentença conterá


requerimento para liquidação e, que após liquidado o
título, o devedor seja regularmente intimado para
pagamento.
• 5. Honorários advocatícios

• Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários


ao advogado do vencedor.
▫ § 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no
cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução,
resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente.

• Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já


fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela
incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á
a requerimento do exequente, sendo o executado intimado
para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de
custas, se houver.
▫ § 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput , o
débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de
honorários de advogado de dez por cento.
• Súmula 517 do STJ: “São devidos honorários
advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou
não impugnação, depois de escoado o prazo para
pagamento voluntário, que se inicia após a intimação
do advogado da parte executada”.

• Por sua vez, a Súmula 519 do STJ afirma o seguinte:


“Na hipótese de rejeição da impugnação ao
cumprimento de sentença, não são cabíveis
honorários advocatícios”.
• 6. Protesto – art. 517, do CPC

• Meio coercitivo de garantia da satisfação da obrigação, o


protesto visa assegurar o cumprimento das decisões
proferidas pelo judiciário e o adimplemento do crédito
discutido na fase de conhecimento.

• O protesto da decisão judicial é apenas mais uma


medida coercitiva posta à disposição do exequente como
forma de garantir a satisfação do crédito reconhecido no
processo de conhecimento.

• É uma faculdade do credor realizar o protesto, correndo


por conta dele as despesas com a realização do medida.
• Apenas será possível proceder ao protesto nos casos de
decisões condenatórias relativa às obrigações de pagar
quantia certa.

• Somente após o transito em julgado da decisão será


possível o protesto, logo, não cabe tal medida no caso do
cumprimento provisório de sentença.

• Só será possível a realização da medida depois de


transcorrido o prazo de 15 dias concedido ao devedor
para o pagamento voluntário (art. 523, do CPC)

• Não é possível o magistrado proceder de ofício à


expedição de certidão da decisão para fins de protesto no
cartório, salvo no caso de obrigação de prestar alimentos.
• 7. Títulos judiciais

• Somente constituem título judiciais àqueles definidos em lei, por


força do princípio da tipicidade legal (STJ).

• Estão elencados no art. 515, do CPC

• Apesar do nome “título judicial”, nem todos os títulos são


efetivamente produzidos no ambiente judiciários.

• Qualquer que seja o título judicial, todos serão executados


conforme as regras do cumprimento de sentença, mesmo que não
seja possível cumpri-lo nos mesmos autos da ação de
conhecimento ou quando inexistente tal ação, nas hipóteses em
que o título é oriundo de ambiente estranho ao juízo cível.

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