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Negociação
Márcio Miranda é um empresário de sucesso, reconhecido no meio
empresarial por sua extrema habilidade como negociador. Iniciou sua carrei-
ra, ainda jovem, nos Estados Unidos, onde residiu sete anos e graduou-se em
Engenharia Eletrônica, pela Columbia Pacific University na Califórnia. Cursou,
também, Marketing e Administração de Empresas na Louisiana State Univer-
sity, University of Houston e University of Wisconsin. Foi vice-presidente para
América Latina da Koehring Cranes and Excavators em Milwaukee, antes de
assumir o controle acionário desta empresa aqui no Brasil.
Seus Seminários e Palestras pelo país e exterior o colocam num intenso inter-
câmbio cultural com mais de 6000 profissionais dos mais diversos setores da
economia, além de fortalecer seu relacionamento com organizações dos Esta-
dos Unidos, América Latina e Rússia.
Negociação
Podemos dizer que é uma condição inata de sobrevivência do ser humano. O que é
o choro de uma criança senão uma técnica de negociação? Quando você era crian-
ça e desejava alguma coisa, o que fazia quando não era atendido? Apelava para a
tática do “choro”, está lembrado? Nessa época quase sempre dava certo!
Mas a tática do choro foi deixando de surtir efeito. Seus pais ensinaram que o
fato de chorar quando algo não dá certo passa a ser uma demonstração de fra-
queza. Era preciso substituí-la por outras mais inteligentes e condizentes com
sua idade e posição.
À medida que você foi crescendo, a necessidade de negociar tomou um vulto mais
abrangente e complicado. A todo instante é preciso negociar com os pais, irmãos,
amigos, professores, vendedores, namoradas, esposas e filhos.
A negociação, por ser uma atividade presente na vida de toda e qualquer pes-
soa, acaba recebendo influências de alguns desses mitos. Se você, negociador,
não estiver precavido e consciente dos seus efeitos, com certeza será envolvido
e até mesmo prejudicado por eles.
Você deve estar questionando que mitos são esses? Como eles podem interferir
nos seus negócios? Então, vamos ver e analisar alguns.
» Preço de mercado – Imagine que você está vendendo uma casa e o comprador
diz que seu preço está muito acima do de mercado. E aí? Quais elementos você
apresentará para derrubar esse mito? Se não tiver argumentos que diferen-
ciem sua casa das demais, o preço de mercado acabará sendo o parâmetro.
» Preço fixo – O que é isso? Em que leis se baseiam algumas empresas ou ven-
dedores para engessarem seus preços a ponto de não poderem fazer qualquer
concessão? O que você está fazendo quando diz para o comprador que seu pre-
ço é fixo? Está falando com todas as letras que com você não tem negociação,
que é pegar ou largar. E o pior é que muitas pessoas ainda acreditam.
Você tem duas alternativas: decide comprar pelo preço que ele pediu ou bate
o pé dizendo que sem desconto não compra. O que normalmente acontece?
Ele pede para esperar um pouquinho, pois vai ver se consegue autorização
com alguém.
Alguns minutos depois, ele volta sorridente, diz que você é uma pessoa de
sorte e que o desconto foi autorizado. Pode ser que essa encenação nem
sempre dê os frutos esperados, mas alguma coisa sempre se consegue. É
como o ditado popular: “Quem não chora não mama”.
Contudo, na prática não é bem assim! Afinal, o que é uma tabela? Nada mais
que uma referência em que as empresas colocam o custo adicionado de um
“mark-up” que lhes é interessante e serve como base para a aplicação das
suas políticas de vendas.
Quem não se lembra do famoso Plano Cruzado lançado pelo ministro Dilson
Funaro? As tabelas de preços das empresas eram tão “gordas” que não era
raro ver alguém dando descontos de até 80% sobre os preços de tabela. Nes-
sa época, a lei que vigorava era “quem grita mais paga menos”.
Esses são apenas alguns dos mitos enfrentados por todas as pessoas, desde
negociadores, profissionais até donas de casa. Ou você aprende a enfrentá-los
e destruí-los ou acabará deixando que se transformem em monstros reais e
engolidores de boa parte dos seus recursos ou salários.
Talvez muitos dos leitores não se lembrem ou nem mesmo tenham conhe-
cido os caixeiros-viajantes. Os mascates então, nem se fala! Perdidos no
tempo, eles foram os primeiros vendedores a cruzar as estradas e as trilhas
desse nosso imenso país, levando felicidade a consumidores e prosperidade
a comerciantes.
Mas o que esses profissionais do passado têm a ver com o vendedor da atua-
lidade? Os tempos não mudaram? Sim, mudaram. Hoje, nossos profissionais
de vendas usam nomes pomposos como “consultor de negócios”, viajam em
carros de luxo, encurtam as distâncias a bordo de modernos aviões, fazem
cursos de negociação e PNL, falam diversas línguas, usam computadores.
Enfim, usufruem de tudo o que a era da tecnologia lhes permite.
Talvez até por uma questão de necessidade, já que naquela época não existiam
as diferentes opções de lazer como hoje, o passatempo predileto, talvez o
único, fosse conversar com os clientes, contar “causos”, levar notícias, falar da
modernidade, das invenções, das novas formas de fazer negócios e, desse jeito,
conseguiam cumprir o primeiro passo da venda, o conhecimento do cliente!
Você deve estar pensando “eu concordo com tudo isso, mas como vou me
relacionar com pessoas que fogem de mim?” Essa é, de fato, uma pergunta
importante, que define a realidade do momento e o grande desafio dos
vendedores modernos. Mas a história continuará se repetindo, apenas em
condições diferentes. Como acabamos de ver, alguns fatos mudaram ao lon-
go dos tempos. O relacionamento também!
Está bem, não sejamos tão radicais. Até poderá acontecer, mas não de for-
ma corriqueira – apenas para casos especiais, que requeiram a presença de
um consultor. Talvez as portas possam até ser abertas para quem conseguir
cultivar a amizade, como os comerciantes do passado faziam com seus for-
necedores. Quando você conseguir acrescentar ao fator competência profis-
sional a força da amizade, terá encontrado a fórmula do poder.
Em outras palavras: saber vender vai influenciar o quanto entrará nos cofres
da empresa, e saber negociar significa o quanto ficará nos cofres. Para traba-
lhar na área comercial, atualmente, não bastam as habilidades tradicionais
como: gostar de pessoas, saber se comunicar e conhecer o produto. É preciso
muito mais. É preciso ser um estrategista, conhecer as técnicas e artimanhas
utilizadas pelos compradores. Conseguir suportar a pressão, influenciar e
argumentar de maneira convincente. Vender valor, e não só o menor preço.
Por isso, os compradores têm metas e são bem treinados. Eles estão cada
vez mais sofisticados e atualizados, enquanto parece que o oposto acontece
com os vendedores. Muitos vendedores acreditam que já sabem tudo e que
não precisam aprender mais nada.
Três pecados capitais – A maioria dos negociadores comete três erros co-
muns, que prejudicam o entendimento da mensagem de seus interlocutores:
2. Um outro erro grave é se preparar demais para aquilo que você quer falar e
ficar pensando nisso enquanto o seu oponente está falando. Perdemos infor-
mações valiosas e parecemos desligados do que está acontecendo na mesa
de negociações. Não se preocupe tanto com o que falar, vai chegar a sua vez.
Preocupe-se mais com o que está sendo dito no momento e quais informa-
ções estão sendo liberadas.
Dicas para ouvir melhor – Tornar-se um bom ouvinte exige treino. Entretan-
to, você pode tomar algumas ações hoje mesmo que irão melhorar essa sua
capacidade de comunicação. Acompanhe.
• Esteja motivado para ouvir. Sabendo que ouvindo melhor você terá me-
lhores resultados na negociação, a recompensa é óbvia e deve motivá-lo
sem dificuldades.
• Se precisar falar, faça perguntas. Seu objetivo é conseguir informações
mais detalhadas e até mesmo confirmar os fatos que você já conhece.
Uma velha estratégia dos negociadores experientes é perguntar algo que
eles já conhecem a resposta. Dessa maneira eles podem descobrir se o
outro lado está sendo sincero ou mentindo.
• Fique ligado na comunicação não verbal. Observe se o que está sendo
dito é compatível com a mensagem que o corpo de seu oponente está
enviando. Se você não acredita muito nisso, faça um teste. Pegue uma
pessoa que não saiba mentir e peça para ela mentir para alguém. Observe
como a mentira não pega, não existe nenhuma credibilidade naquilo que
está sendo dito. As palavras dizem uma coisa, mas as feições e a inflexão
de voz dizem outra. Para exercitar essa habilidade, assista a uma nove-
la com o som desligado, tentando entender o que está acontecendo só
pelas reações dos personagens.
• Deixe o outro lado contar a sua história primeiro. Depois de ouvir com
atenção, faça sua apresentação sem liberar informações desnecessárias,
concentrando-se somente no que é relevante para aquele caso.
Quando encontrar esse tipo de pessoa, você precisa mostrar a ela que uma ne-
gociação não tem de ser, necessariamente, um ganha-perde. É preciso conven-
cê-la de que um resultado ganha-ganha é uma possibilidade e possivelmente a
melhor solução para os dois lados.
Pessoas que não conseguem tomar decisões – Nada desgasta mais uma nego-
ciação – que já está na reta final – do que clientes que não conseguem tomar
uma decisão. Quando se deparar com executivos indecisos, a primeira atitude
que você precisa ter é definir o motivo da demora. Tente responder às per-
guntas: eles precisam obter um “siga em frente” de alguém? Estão hesitantes
porque não têm informações suficientes? Ou desconfiam de algo?
Algumas pessoas são naturalmente lentas para decidir, então, você precisa
dar mais tempo a elas. Outras perdem a clareza, nesses casos, um cronograma
poderia ser útil. Dê o máximo de informações a esses executivos para deixar que
eles tomem a (melhor) decisão.
Mentirosos – Na semana passada ele jurou que se você igualasse o seu preço ao
do concorrente, assinaria o pedido. Hoje, ele diz que nunca falou isso e, ainda
por cima, que você precisará abaixar o preço ainda mais e acrescentar de graça
uma garantia maior para conseguir fechar negócio.
Lidar com clientes que constantemente mudam os fatos é muito complicado. O me-
lhor que você pode fazer é se prevenir. Fique de olho e anote tudo o que eles dizem.
Periodicamente, confirme as condições que você aceitou, via e-mail ou fax.
Nesse tipo de transação, ninguém leva em conta a satisfação do oponente. Por quê?
Porque dificilmente você vai voltar a fazer negócio com o dono do carro usado. Seu
objetivo é conseguir o máximo naquele processo. E a mesma postura vale para o
dono do carro também.
Por outro lado, se você realiza negócios frequentes com uma mesma pessoa ou em-
presa, vale a pena sacrificar um pouco sua margem para deixar o outro lado satisfeito
com o resultado.
Outro fator que você vai observar é a postura de seu oponente. Se ele joga limpo, a
tendência é que você também o faça, e os dois partem para o “ganha-ganha”. Aliás, é
sempre bom lembrar que para haver cooperação, os dois lados precisam jogar limpo e
ter uma grande transparência.
Preste atenção nisso, já que muitas pessoas falam bastante de cooperação, porém, na
prática tentam tirar o máximo proveito da situação.
O que acontece quando você falha na tentativa de vender seu produto ou servi-
ço? A resposta mais simples é que não conseguiu vender. A mais complexa é que
os consumidores compram de outra pessoa, não compram ou adiam a decisão
de comprar. Em qualquer um desses casos, você falhou no seu papel de vende-
dor. Afinal, você não é pago para vender?
Por que isso acontece? Será que é uma sensação de cautela que é guiada por
um desejo de não ofender – ou de evitar ficar ofendido – quando o prospect diz
“não”? Será que é por uma incapacidade de criar um valor na mente do pros-
pect? Poderia ser uma simples falta de conhecimento quando se necessita saber
precisamente como pedir para alguém comprar?
Provavelmente, existem muitas outras razões. Mas o fato verdadeiro é este: sem-
pre que uma compra não é feita, geralmente a falha é do vendedor. Então, pare de
colocar a culpa no marketing, preço, gerenciamento de vendas, logística, falhas
no produto ou qualquer outra coisa. Sabe quem falhou? Você, não eles.
Sabendo disso, como resolver o problema? Veja estas oito ideias que vão ajudá-
-lo a fechar seus pedidos imediatamente.
2. Aprenda a usar perguntas que exigem feedback rápido (o que acha disso?)
para ter certeza de que você está acertando o alvo com suas apresentações.
3. Ouça e observe melhor. Ouça o que seu prospect diz, ou melhor, o que ele
realmente quis dizer. Seja sensível à linguagem não verbal e preste atenção
nas entrelinhas.
Caso seja um vendedor que ganha por comissão, perder vendas poderá acarretar
consequências bem negativas para você e sua família. Se é um vendedor com salá-
rio fixo, e sua carreira está estagnada, o motivo é um só: falta de fechamento.
Isto é verdade para softwares: ou eles funcionam ou não. Mas também serve
para vendas: ou você vende ou não. Apesar de estar 99% acertada, a venda não
valerá nada se você não efetuá-la 100%.
Pense nisso! Em vendas, não existe segundo lugar ou está quase fechado. É
100% da comissão quando pega o pedido ou nada, absolutamente nada, quan-
do você quase fechou.
O relacionamento
Como será essa negociação? Conflitante? Dá para todo mundo ganhar? Qual foi
a natureza do relacionamento com meu oponente no passado e como ela afeta
as atuais negociações? E nossas empresas, se dão bem?
Objetivos
Quais são meus objetivos tangíveis e intangíveis na negociação? Quais objetivos
tangíveis e intangíveis são mais importantes? Qual é a importância relativa dos
intangíveis em comparação com os tangíveis? Baseado no que sei sobre o opo-
nente, quais serão as principais questões tangíveis e intangíveis dele? Existe
algum componente político em jogo?
Análise do oponente
Quais são as principais características do meu oponente? Qual é a reputação e o
estilo dele? Há algo que precise aprender sobre ele ou sua posição para tornar
essa negociação um sucesso?
Vantagens competitivas
Quais são os pontos mais fortes em meus argumentos e nos do oponente?
Quais vantagens tenho a meu favor e quais serão as dele? Qual é o ponto mais
fraco na minha posição? Nessa altura, será que desejo modificar meus objeti-
vos de alguma forma?
A negociação interna
Quais são os elementos mais importantes ao estabelecer a pauta com meu
oponente, ou seja, limites de tempo, como e quais itens serão discutidos etc.?
Quais pessoas (áreas) devo contatar internamente antes de iniciar a negociação
externa? Quais assuntos devem ser previamente negociados? Quais são meus
objetivos internos?
Quais são os objetivos dos meus adversários e suas preocupações? O que po-
demos assumir por eles e quais são suas limitações? Que concessões de minha
parte poderiam criar problemas internos? Em que áreas e grau?
2. Faça com que seu oponente inicie. Tenha todas as exigências dele na mesa e
mantenha as suas escondidas.
4. Faça com que o outro lado trabalhe por tudo o que quiser. As pessoas não
apreciam receber algo sem fazer nada.
5. Conserve suas concessões. Fazê-las mais tarde é melhor que agora. Quanto
mais seu oponente esperar, mais irá valorizar.
6. Concessões “olho por olho” não são necessárias. Se ele der 60, você pode
dar 40. Se ele disser “vamos rachar a diferença”, você pode dizer “gostaria,
mas não tenho condições”. Consiga algo para cada concessão.
9. Se você não pode ter um almoço, tenha um sanduíche. Se não pode ter um
sanduíche, tenha uma promessa. Uma promessa é uma concessão com desconto.
10.Não negocie com dinheiro “de mentira”. Pense em cada concessão como
dinheiro real.
11.Não tenha medo de dizer não. A maioria das pessoas o tem. Se você disser
não o suficiente, seu oponente irá acreditar.
» Compradores que deram uma grande quantia em uma única concessão, ele-
varam a expectativa dos vendedores.
Mas existe um fator muito importante, que, por vezes, é relegado a segundo
plano: a autoridade do oponente. O ponto a ser analisado é se ele tem ou não
autoridade para negociar e também bater o martelo – qualquer que seja a
decisão tomada entre as partes.
Primeira – Tente adiar o máximo que puder a informação de que você tem ou
não poder. Isso permite que você volte atrás, reflita sobre as posições de cada
lado e avalie uma nova estratégia de negociação.
Quarta – Defina limites objetivos. Dessa forma, você estará mostrando para
o oponente que a sua autoridade só vai até esse limite. Qualquer coisa, além
disso, precisará ser aprovada pelo seu superior. Se você está adquirindo algo
no valor de 50 mil reais e o seu limite só vai até 45 mil, ou o vendedor reduz o
preço ou a negociação se estenderá mais um pouco.
Sexta – Descubra quanto o outro pode. Quanto mais rápido você puder defi-
nir o grau de autoridade do oponente, melhor. É lógico que ele, assim como
você, vai tentar adiar essa descoberta. Se você descobrir que o poder dele é
limitado, tente fazer com que ele traga o “chefão” para a reunião. Se isso não
for possível ou você julgar inadequado, continue a negociação, mas tenha o
cuidado de deixar claro que o fato de estar negociando com quem não pode
dar a palavra final o preocupa.
Segunda – Você só deverá usar essa tática se estiver seguro da sua aplicação
e confiante de que existe grande probabilidade de dar certo. Portanto, pense
bem antes de se aventurar a demonstrar falta de autoridade. Toda tática, e
de forma muito especial essa, deverá ser usada de acordo com a conveniência
da situação. Antes de sentar à mesa de negociação estude bem a lição e tente
descobrir quem é o oponente – se for possível, é claro!