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HABEAS CORPUS

Profª Helcínkia Albuquerque


helcinkia@gmail.com
1. HISTÓRICO
• Tem sua origem remota no Direito Romano (27 a.C. a
284 d.C.), pelo qual todo cidadão podia reclamar a
exibição do homem livre detido ilegalmente -
interdictum de libero homine exhibendo. Só era
efetivo contra ações de particulares, não contra o
poder de império do Estado.
• Inglaterra: Magna Carta (1215) – reinado de John
Lackland - impossibilidade de prisão sem julgamento
• Inglaterra: Habeas Corpus Act (1679) - reinado de
Carlos II - proteção instrumentalizada
• EUA: Writ of Habeas Corpus (1789) - importância da
liberdade do corpo e do devido processo legal
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BRASIL:
• Constituição Imperial de 1824 não previa, de
forma expressa, o Habeas Corpus, mas instituía o
direito à liberdade.
• Código de Processo Criminal de 1832
• Primeira Constituição Republicana de 1891 e
todas as constituições subsequentes
• CF/88, Art. 5º, LXVIII - conceder-se-á habeas
corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder
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2. SIGNIFICADO

• Habeas Corpus — expressão latina que


significa “tome seu corpo” ou “que tenhas
o teu corpo" (a expressão completa
é habeas corpus ad subjiciendum)

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3. DEFINIÇÃO
• É instrumento/remédio jurídico que se destina
a garantir o direito de locomoção (liberdade
de ir e vir), protegendo o direito de ir, vir, ficar
ou voltar.

• “Trata-se de ação de natureza constitucional,


destinada a coibir qualquer ilegalidade ou
abuso de poder contra a liberdade de
locomoção” (Guilherme de Souza Nucci)
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4. NATUREZA JURÍDICA
• Embora tenha sido regulamentado pelo CPP no título
dos recursos, é ação de conhecimento (GUILHERME DE
SOUZA NUCCI, PONTES DE MIRANDA, ADA PELLEGRINI GRINOVER)

• Trata-se de ação autônoma (popular) com status


constitucional
• Pode ser usado ainda que não exista processo ou
decisão a ser impugnada
• Pode rescindir a coisa julgada
• Qualquer pessoa do povo pode impetrar
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5. ESPÉCIES
• LIBERATÓRIO (corretivo ou repressivo):
quando alguém sofrer violência ou coação ilegal
na liberdade de ir e vir; ou seja, quando se
pretende a cessar a ilegalidade já praticada, a
restituição da liberdade de locomoção.

• PREVENTIVO: sempre que alguém se achar na


iminência de sofrer a violência ou coação, isto é,
quando se pretende evitar que a ilegal restrição à
liberdade se efetive, desde que haja fundado
receio de que irá ocorrer.
CPP:

• Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que


alguém sofrer ou se achar na iminência de
sofrer violência ou coação ilegal na sua
liberdade de ir e vir, salvo nos casos de
punição disciplinar.

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CF/88

Art. 5º
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
OBS:

• É com base no caráter preventivo que se


admite HC visando trancamento de inquérito
ou ação penal, desde que o fato apurado, por
exemplo, seja atípico ou já esteja extinta a
punibilidade.

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6. CABIMENTO
• ILEGALIDADE: falta de amparo para a
manutenção da custódia
• ABUSO DE PODER: quando a autoridade,
embora competente para a prática do ato,
age com excesso no uso das faculdades
administrativas, ultrapassa os limites de
atribuição previstos por lei ou se desvia de
sua função
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CPP:
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que
determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência
para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos
casos em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.
OBS 1:

• A justa causa significa a existência de uma


norma jurídica que determina uma sanção
contra a liberdade deambulatória (de
locomoção). PONTES DE MIRANDA

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STJ:

• SÚMULA 52:

ENCERRADA A INSTRUÇÃO CRIMINAL, FICA


SUPERADA A ALEGAÇÃO DE
CONSTRANGIMENTO POR EXCESSO DE
PRAZO.

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STJ

• SÚMULA 64:

NÃO CONSTITUI CONSTRANGIMENTO


ILEGAL O EXCESSO DE PRAZO NA
INSTRUÇÃO, PROVOCADO PELA DEFESA.

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CF

• Art. 5º:

LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela


mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;

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CF
• Art. 5º:

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e


administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação.

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OBS 2:

• O STF e o STJ já vêm decidindo em diversos


casos que é possível o uso do writ contra
punições disciplinares que restringem a
liberdade de locomoção (em que pese a
redação do art. 142, § 2°, CF)

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CF
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela
Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares,
organizadas com base na hierarquia e na disciplina,
sob a autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à
garantia dos poderes constitucionais e, por
iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a
punições disciplinares militares.
CPP:

• Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que


alguém sofrer ou se achar na iminência de
sofrer violência ou coação ilegal na sua
liberdade de ir e vir, salvo nos casos de
punição disciplinar.

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OBS 3:

• O HC pode ser utilizado como instrumento de


Collateral Attack, isto é, como via alternativa
de ataque aos atos judiciais e, inclusive, contra
sentença transitada em julgado.

#profhelcinkia
STF:
• SÚMULA 693

NÃO CABE "HABEAS CORPUS" CONTRA


DECISÃO CONDENATÓRIA A PENA DE
MULTA, OU RELATIVO A PROCESSO EM
CURSO POR INFRAÇÃO PENAL A QUE A
PENA PECUNIÁRIA SEJA A ÚNICA
COMINADA.
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STF:

• SÚMULA 695

NÃO CABE "HABEAS CORPUS" QUANDO JÁ


EXTINTA A PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE.

#profhelcinkia
6.1 Trancamento de inquérito
O trancamento do IP por HC é medida de exceção, possível somente em
situações especiais, para obstar o andamento da investigação:

a) inquérito baseado em provas ilícitas


b) quando o fato for atípico (Ex: Erro de tipo; Desistência
voluntária; Bagatela; Arrependimento eficaz; Crime impossível)
c) na ausência de justa causa (Ex: prova cabal e irrefutável de
não ser o indiciado o autor do fato criminoso)
d) quando estiver presente causa extintiva da
punibilidade (Ex: morte do agente, anistia, graça ou indulto, abolitio criminis, prescrição,
decadência, perempção e perdão judicial)
e) imunidade penal absoluta (art. 181, CP)- é impeditiva de
procedimento criminal contra quem, de antemão, está isento de pena, já que o processo, em
tais condições, não teria objetivo ou finalidade, constituindo constrangimento ilegal a sua
propositura,
7. LEGITIMIDADE ATIVA
CPP:

Art. 654. O habeas corpus poderá ser


impetrado por qualquer pessoa, em seu
favor ou de outrem, bem como pelo
Ministério Público.

OBS: Qualquer pessoa independente de habilitação,


capacidade civil, política ou processual, sexo, idade,
nacionalidade, estado mental...
#profhelcinkia
7.1 Impetrante
• É a pessoa que ajuíza o pedido de habeas
corpus
• Pode ser:
» Analfabeto
» Estrangeiro
» Incapaz, mesmo sem autorização do representante legal
» Pessoa jurídica
» Ministério Público

• OBS: Não é obrigatória a representação por


advogado
#profhelcinkia
PERGUNTA:

• O magistrado pode impetrar habeas corpus?


RESPOSTA:
• O juiz de direito não poderá, nessa qualidade,
impetrar habeas corpus, já que o órgão
jurisdicional é inerte, mas pode concedê-lo de
ofício.

• CPP, Art. 654, § 2o Os juízes e os tribunais têm


competência para expedir de ofício ordem
de habeas corpus, quando no curso de
processo verificarem que alguém sofre ou está
na iminência de sofrer coação ilegal.
#profhelcinkia
7.2 Paciente

• É a pessoa em favor de quem se impetra a


ordem, devendo ser pessoa física, porque
pessoas jurídicas não se sujeitam a penas
privativas de liberdade.

#profhelcinkia
Pergunta:

• O animal pode ser paciente em


habeas corpus?
Resposta:
• Não! Conforme entendimento firmado pelos
Tribunais Superiores, o paciente em habeas corpus
deve ser qualquer pessoa natural (ser humano)!

• CF/88, Art. 5º, LXVIII - conceder-se-á habeas


corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

• CPP, Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém


sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou
coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos
de punição disciplinar.
Caso 1: HC 96.344-SP
• PEDIDO: • DECISÃO DO STJ :
concessão de ordem de considerou incabível o
HC em favor dos pleito, sob o argumento
chimpanzés LILI e MEGH, de que a concessão de
sob o argumento de que HC é admitida apenas
os macacos possuem para seres humanos,
direitos fundamentais por não se estendendo aos
terem 99% do DNA animais, conforme
humano. interpretação literal da
CF
Caso 2: HC 397.424 SC (2017/009370 1-9)
• PEDIDO: • DECISÃO DO STJ :
concessão de ordem o legislador
de HC em favor dos constitucional não
bois SPAS e LHUBA, incluiu a hipótese de
resgatados da Farra cabimento do writ
do Boi, na cidade de em favor de animais
Biguaçu/SC.
Caso 3: Vira-lata de MG (2017)
• PEDIDO: • DECISÃO :
O advogado requereu A constituição se
concessão de ordem refere a seres
de HC em favor do humanos quando
cachorro IPITEMAM,
utiliza a expressão
apreendido pela
Prefeitura de Guaxupé-
“alguém”
MG por latir para os
vizinhos
Caso 4: Chimpanzé chamada Suíça (2005)
• PEDIDO (19/9/2005): • DECISÃO
O MP/BA pediu concessão (9ª Vara Criminal de Salvador):
de ordem de HC em favor
da chimpanzé chamada ➢ o juiz negou a liminar
SUÍÇA, que vive em uma ➢ no julgamento final,
jaula no zoológico de concedeu o mérito
Salvador, para uma (28/9/2005)
reserva ecológica
localizada em Sorocaba,
interior de São Paulo. ➢ OBS: Suíça morreu em
27/9/2005
ARGENTINA (2017): Chimpanzé Cecília consegue
habeas corpus para ir para santuário brasileiro em
Sorocaba

É o primeiro animal do mundo a conseguir o direito por medida judicial


8. LEGITIMIDADE PASSIVA
8.1 Impetrado:

• COATOR OU AUTORIDADE COATORA: quem


exerce a violência, coação ou ameaça, ou seja,
o responsável pela ordem de prisão. É o
responsável pela coação ou ameaça de coação
ao direito de locomoção.

#profhelcinkia
OBS 1:
• DETENTOR OU EXECUTOR: é quem executa o
ato de responsabilidade de outrem. Ex: diretor
de estabelecimento penal que encarcera
pessoa por ordem de juiz

• É possível que o executor e o detentor sejam


a mesma pessoa. Ex: quando o delegado
responsável pelo flagrante não comunica a
prisão à autoridade e mantém a custódia.
OBS 2:
• Podem ser impetrados/coatores:
• DELEGADO: Ex. quando prende alguém ilegalmente
ou quando instaura inquérito por crime de ação
privada sem requerimento do ofendido
• PROMOTOR: Ex. quando requisitar a instauração de
inquérito sem justa causa ou quando determinar a
condução coercitiva de testemunha até seu gabinete
• JUIZ: Ex. quando existir excesso de prazo e o réu
permanecer preso ou quando requisitar a instauração
de inquérito sem justa causa
Pergunta:

• É possível a impetração de habeas corpus


contra ato de particular? Por exemplo,
quando um dono de fazenda restringir à
liberdade de locomoção de um colono OU
quando um médico ilegalmente retém o
paciente no hospital, é possível impetrar HC
ou ele só pode ser impetrado em face de
autoridade pública?
Resposta:
• 1ª CORRENTE: NÃO, pois o HC só é cabível
quando o coator exerce função pública, pois a
coação exercida por particular configura crime e
as providências devem ser pedidas à polícia
(HÉLIO TORNAGHI)

• 2ª CORRENTE: SIM, uma vez que a CF não se


referiu apenas ao “abuso de poder”, mas também
à “ilegalidade”, que pode decorrer de conduta de
particular (GRECO FILHO, MIRABETE, NUCCI, ADA
PELLEGRINI, ROGÉRIO SANCHES)
FEVEREIRO/2020 - A Justiça do Trabalho concedeu habeas corpus
coletivo em favor de 45 trabalhadores confinados há uma semana na
Refinaria Presidente Bernardes (RPBC) e Usina Termelétrica Euzébio
Rocha, da Petrobras, em Cubatão (SP). A medida foi determinada,
atendendo a um pedido liminar em ação civil feito pelo Sindicato do
Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro). A Petrobras afirma que não
há impedimento para a saída dos empregados.
9. COMPETÊNCIA

• O HC é interposto em órgão hierarquicamente


superior ao responsável pelo constrangimento
ilegal.

• O HC é postulado a uma autoridade judiciária


superior, com poder para desconstituir o ato
coator ilegal.
#profhelcinkia
• JUÍZES (estaduais e federais): julgam HC que
tenha como coator particular, autoridade policial
ou administrativa e demais agentes submetidos
a jurisdição de primeiro grau.
• TJ ou TRF: julgam ato de juiz de direito ou juiz
federal; promotor ou procurador de Justiça.
• TURMAS RECURSAIS: ato de juízes de Juizados
• STF: só julga HC nos casos de sua competência
originária (prerrogativa de função) ou quando o
ato emanar de um Tribunal Superior (TSE, STM,
TST)
STF:
• Muita atenção!
SÚMULA 690:
Compete originariamente ao Supremo
Tribunal Federal o julgamento de habeas
corpus contra decisão de turma recursal
de juizados especiais criminais.

#profhelcinkia
OBS 1:

• Apesar da Súmula 690 do STF está


vigendo, houve oscilação de
jurisprudência aceitando que o HC
impetrado contra ato da Turma Recursal
seja julgado no respectivo TJ ou TRF.
Jurisprudência do STF:
Quanto ao pedido de análise do aduzido cerceamento
de defesa em sede de habeas corpus, ressalto que a
Súmula 690/STF não mais prevalece a partir do
julgamento pelo Pleno do HC 86834/SP, relatado pelo
Rel. Ministro Marco Aurélio (DJ em 9.3.2007), no qual
foi consolidado o entendimento de que compete ao
Tribunal de Justiça ou ao Tribunal Regional Federal,
conforme o caso, julgar habeas corpus impetrado
contra ato praticado por integrantes de Turmas
Recursais de Juizado Especial. (ARE 676.275 AgR, rel.
min. Gilmar Mendes, 2ª T, j. 12-6-2012, DJE 150 de 1º-8-
2012.]
OBS 2:

• Quando a ação é impetrada em primeiro


grau, há necessidade de recurso de ofício
da sentença que conceder habeas
corpus, mas não daquela que o denegar
(CPP, 574, I).

#profhelcinkia
10. PROCESSAMENTO
• As principais características em qualquer
instância são:

• Simplicidade

• Celeridade

#profhelcinkia
CPP
Art. 654. § 1o A petição de habeas corpus conterá:
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer
violência ou coação e o de quem exercer a violência,
coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em
caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda
o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo,
quando não souber ou não puder escrever, e a designação
das respectivas residências.

#profhelcinkia
OBS:

• A impetração deve ser redigida em língua


portuguesa.

• A petição deve veicular a identificação do


impetrante, já que é inadmissível a
impetração anônima.

#profhelcinkia
10.1 Procedimento em 1ª instância
• Se houve pedido de liminar, ele deve ser
analisado primeiro
• Após, se entender necessário, o juiz determinará
a apresentação do paciente preso
• Requisitará informações da autoridade coatora,
assinando prazo para a apresentação
• Poderá determinar a realização de diligências
• Decidirá em 24 horas

#profhelcinkia
10.2 Processamento nos tribunais
• Petição apresentada ao secretário, que envia ao
presidente
• Se houver liminar, será logo julgada
• Se necessário, haverá requisição de informações à
autoridade coatora
• Recebidas as informações ou dispensadas, será
concedido o prazo de 2 dias para o MP se manifestar
• Após a manifestação, o HC será julgado na primeira
sessão (podendo adiar-se para a sessão seguinte),
por maioria de votos
#profhelcinkia
11. GRATUIDADE
CF, Art. 5º
XXXIV - são a todos assegurados,
independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder;
LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-
corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os
atos necessários ao exercício da cidadania
Curiosidade 1:
Preso do Ceará usa lençol para
escrever habeas corpus ao STJ
No tecido, detento alega direito ao regime semi-aberto.
A petição chegou em um envelope à Ordem
dos Advogados do Brasil – Seção Ceará
(OAB-CE) e foi entregue formalmente ao
ouvidor do STJ, ministro Humberto Martins,
20/5/2014, em Brasília. O documento
estava escrito de caneta da cor azul em dois
pedaços de tecido, com cerca de 1,5 m de
comprimento.
O HC foi recebido pelo STJ e distribuído
no dia 22/05/14. A relatora, Ministra
Maria Thereza de Assis Moura, indeferiu
liminarmente o Habeas Corpus, não
pelo fato de ser retratado em um lençol,
mas pela deficiência de dados
relacionados ao apenado nesse HC.
CURIOSIDADE 2:
Habeas Corpus escrito em papel
higiênico é aceito no STJ
Documento feito por um preso do Centro de Detenção
Provisória de Pinheiros alega que a pena já foi
concluída
Seguindo o protocolo, o papel
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitou, pela higiênico foi fotocopiado e
primeira vez, um Habeas Corpus escrito em um papel digitalizado, para então ser
higiênico por um preso. O material chegou ao prédio autuado. Logo após, foi
distribuído para a presidência do
do tribunal, no dia 20/4/2015, em uma carta simples STJ, que, no mesmo dia, decidiu
enviada pelos Correios e endereçada ao presidente a questão, não admitindo o
do STJ, ministro Francisco Falcão. O conteúdo da habeas corpus e determinando a
remessa dos autos ao Tribunal de
carta surpreendeu a equipe da Coordenadoria de Justiça de São Paulo (TJSP).
Atendimento Judicial do tribunal, pois continha um Na decisão, o ministro Francisco
Falcão destacou que o STJ não pode
pedido de habeas corpus, escrito de próprio punho analisar habeas corpus cuja matéria
por um preso, em aproximadamente um metro de ainda não foi objeto de decisão da
papel higiênico, caprichosamente dobrado. corte de justiça estadual, sob pena
de indevida supressão de instância.
Curiosidade 3:
TJ/MA - FEVEREIRO 2018
STF julgou o HC 126.292
• STF, 17/2/2016: por maioria de votos, o Plenário do
Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que a
possibilidade de início da execução da pena condenatória
após a confirmação da sentença em segundo grau não
ofende o princípio constitucional da presunção da
inocência. (HC 126.292, Rel. Min. Teori Zavascki)
• A decisão implicou mudança no entendimento da Corte,
que desde 2009, no julgamento do HC 84078,
condicionava a execução da pena ao trânsito em julgado
da condenação, mas ressalvava a possibilidade de prisão
preventiva.
• Em 7/11/2019, o STF julgou procedentes as Ações Declaratórias de
Constitucionalidade (ADC) 43, 44 e 54, decidindo que é constitucional a
regra do Código de Processo Penal (CPP) que prevê o esgotamento de
todas as possibilidades de recurso (trânsito em julgado da condenação)
para o início do cumprimento da pena.
• Votaram a favor desse entendimento os ministros Marco Aurélio (relator),
Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Dias
Toffoli, presidente do STF. Para a corrente vencedora, o artigo 283 do
Código de Processo Penal (CPP), segundo o qual “ninguém poderá ser
preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença
condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do
processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva”, está de
acordo com o princípio da presunção de inocência, garantia prevista no
artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal. Ficaram vencidos os
ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz
Fux e Cármen Lúcia, que entendiam que a execução da pena após a
condenação em segunda instância não viola o princípio da presunção de
inocência.
CASO LULA:
• O ex-presidente foi condenado, pelo TRF da 4ᵃ Região,
a pena de 12 anos e 1 mês de prisão, por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do
Guarujá (SP), e recorreu perante o próprio Tribunal.
• Em 6/3/2018, a 5ᵃ Turma do STJ negou a concessão
de um habeas corpus preventivo impetrado pela
defesa para evitar a prisão do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva após o julgamento do último
recurso pendente pelo TRF da 4ᵃ Região. Entre outros
fundamentos, o STJ citou o julgamento do HC 126.292
como paradigma.
Em 5/4/2018, o STF negou habeas
corpus contra prisão de Lula
Pela rejeição do pedido de Lula,
o Relator, Min. Edson Fachin, foi
o primeiro a votar,
argumentando que as decisões
do STJ e do TRF4 foram
baseadas em uma decisão do
próprio STF. Outros 4 ministros,
Alexandre de Moraes, Luís
Roberto Barroso, Luiz Fux e
Cármen Lúcia o acompanharam
por também serem favoráveis à
prisão em segunda instância.
Ministros do STF (www.veja.com.br)
STF negou Habeas Corpus 152.752
• A divergência, a favor de Lula,
foi aberta pelo Min. Gilmar
Mendes. Outros 4 ministros
também votaram favorável:
Dias Toffoli, Ricardo
Lewandowski, Marco Aurelio
• O voto de minerva foi da Min.
Mello e Celso de Mello. Para
Rosa Weber. Apesar de dizer
Gilmar e Toffoli, o ideal seria
que votava de forma
garantir a liberdade de Lula até
diferente de sua convicção
um eventual recurso ao STJ.
pessoal, acompanhou Fachin
Para os demais, o Supremo
e foi decisiva para que o
deveria garantir o direito até o
Supremo recusasse o pedido
final de todo o processo.
do ex-presidente.
CASO LULA:
• Em 7/4/2018, Lula foi preso, após se entregar
à Polícia Federal.
• Em 8/11/2019, um dia depois que o STF fixou
entendimento sobre a execução provisória, o
ex-presidente Lula foi solto beneficiado pela
decisão da corte, após ter ficado preso por
580 dias na Superintendência da Polícia
Federal de Curitiba.
STF julga habeas corpus coletivo
• Em 20/2/2018, por quatro votos a um, a 2ª Turma
do STF concedeu habeas corpus coletivo (HC
143641) para determinar a substituição da prisão
preventiva por domiciliar de mulheres presas, em
todo o território nacional, que sejam gestantes ou
mães de crianças de até 12 anos ou de pessoas
com deficiência, sem prejuízo da aplicação das
medidas alternativas previstas no artigo 319 do
Código de Processo Penal (CPP).
• A determinação deverá ser cumprida no prazo de
60 dias em todo o país.
OBS:
• Em 19/12/2018, foi promulgada a Lei 13.769,
alterando o Código de Processo Penal, a Lei de
Execução Penal, a Lei dos Crimes Hediondos, para
estabelecer a substituição da prisão preventiva
por prisão domiciliar da mulher gestante ou que
for mãe ou responsável por crianças ou pessoas
com deficiência e para disciplinar o regime de
cumprimento de pena privativa de liberdade de
condenadas na mesma situação.

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