DIREITOS HUMANOS

Profª Helcínkia Albuquerque

helcinkia@gmail.com
 Sites Recomendados
• ONU: www.un.org
• ONU no Brasil: www.onu-brasil.org.br
• Corte Internacional de Justiça: www.icj.cij.org
• Declaração Universal dos Direitos Humanos:
www.ohchr.org/EN/UDHR/Pages/Introducion.aspx
• Tribunal Penal Internacional: www.icrc.org
• Cruz Vermelha Brasileira: www.cvb.org.br
 Bibliografia Básica
• BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos. Salvador: JusPodivm

• COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos

direitos humanos. São Paulo: Saraiva.

• FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos humanos

fundamentais. São Paulo: Saraiva.

• PIOVESAN, Flávia. Temas de direitos humanos. São Paulo:

Max Limonad.
I -Teoria Geral dos Direitos
Humanos
 1. CONCEITO

• É o conjunto de direitos que

materializam a dignidade humana
(direitos básicos, direitos
fundamentais, imprescindíveis a
dignidade do ser humano)
OBS 1:
Diferenciação quanto à positivação:

• DIREITOS FUNDAMENTAIS – positivados na

ordem jurídica interna do Estado. Ex: Título II
da CF (Direitos e Garantias Fundamentais)

• DIREITOS HUMANOS – positivados na ordem

internacional. Ex: tratados internacionais
OBS 2:

É possível haver direito humano que não seja

consagrado como direito fundamental e vice-
versa; basta que um tratado internacional
preveja um direito não previsto na ordem
jurídica interna do Estado ou que ocorra o
contrário.
OBS 3:

• Na questão axiológica, não há verdadeira

diferença entre direitos humanos e direitos
fundamentais, ambos se baseiam no princípio
da dignidade da pessoa humana e formam o
centro mais valioso dos direitos à vida, à
liberdade, à propriedade, à segurança, à
igualdade e todos os seus desdobramentos.
 2. IMPORTÂNCIA DOS DIREITOS
HUMANOS
Os direitos humanos constituem ponto central
nos Estados Constitucionais, sendo inerentes à
idéia de Estado Democrático de Direito. Pois,
num Estado em que não há liberdades básicas
reconhecidas, existe arbitrariedade, temor,
perseguição e desrespeito humano.
3. TIPOS DE DIREITOS HUMANOS
A relação de direitos que materializam a
dignidade humana é bastante ampla,
abrangendo a vida, liberdade, igualdade,
saúde, educação, acesso à cultura, proteção
ao ambiente e tantos outros.
A) Direitos Civis – liberdade de expressão
B) Direitos Políticos - voto
C) Direitos Sociais – educação
D) Direitos Econômicos – proteção ao trabalho
E) Direitos Culturais – fomento às práticas culturais
F) Direitos Difusos – meio ambiente
4. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• É a qualidade intrínseca de cada ser humano
que o faz merecedor de respeito e
consideração pelo Estado e pela comunidade,
implicando em direitos e deveres
fundamentais que assegurem a pessoa contra
todo ato degradante e desumano, garantindo
condições existenciais mínimas para uma vida
saudável.
LIMITE:
- a pessoa não pode ser reduzida a objeto;
- garantia de direitos fundamentais;
- controle dos atos que violem ou expressem
grave ameaça

TAREFA:
- deveres vinculativos de proteção por parte dos
órgãos estatais (para proteger a dignidade de todos)
- assegurar medidas positivas, o devido respeito
e a promoção de direitos
 Reflexões: (no máximo 8 alunos)

1) Realidade dos negros x Convenção sobre a

eliminação de todas as formas de discriminação
racial 19/2/2019
2) Realidade feminina x Convenção sobre todas as
formas de discriminação contra a mulher
26/2/2019
3) Realidade do sistema carcerário brasileiro x
Convenção contra tortura e outros tratamentos
ou penas cruéis, desumanos ou degradantes
12/3/2019
4) Realidade dos portadores de necessidades
especiais x Convenção sobre os direitos das
pessoas com deficiência 19/3/2019
5) Realidade dos índios x Declaração das Nações
Unidas sobre os direitos dos povos indígenas
26/3/2019
6) Realidade da infância brasileira x Convenção
sobre direitos da criança 2/4/2019
7) Realidade dos refugiados x Lei de Migração (Lei
13.445/2017)
 GRUPOS
G1: Cibelle, Letícia, Iete, Emanuele, Mariana, Carolina,
Karen, Tauã, Barbara, Roberta, Rayane
G2: Edson, Luan, Isabel, Eleneide, Luiz Felipe, Aldo,
Jeferson
G3: Thiago, Gabriel, Oliver, Arthur, Mateus Irineu,
Nicolas, Douglas, Weverton, Renan
G4: Willian, Deborah Laina, Rosângela, Marcus, Diego
G5: Deborah Mathias, André, Matheus Marques,
Wanessa, Bruno, Emanuellu, Brenda
G6: Alcirley, Anthony, Daniela, Kevin, Mariana, M.
Suzana, Matheus Lucas, Rayelli
G7:
 5. DIREITOS x GARANTIAS
• DIREITOS – são bens e vantagens prescritos na
norma constitucional; são disposições
declaratórias, são normas materiais. Ex: liberdade
de locomoção, privacidade
• GARANTIAS – são instrumentos através dos
quais se assegura o exercício dos direitos
(preventivamente ou por reparação); são
disposições assecuratórias; buscam proteger o
direito; são normas processuais. Ex: remédios
constitucionais, inviolabilidade de domicílio
OBS 1: Espécies de garantias:
a) GARANTIAS DA CONSTITUIÇÃO – defesa da
constituição. Ex: rigidez constitucional
b) GARANTIAS INSTITUCIONAIS – garantem o
livre funcionamento de determinadas
instituições (prerrogativas). Ex: autonomia
administrativa e financeira de cada Poder
c) GARANTIAS DE DIREITOS SUBJETIVOS –
protegem o livre exercício dos direitos
fundamentais. Ex: habeas data (liberdade de
informação de caráter pessoal), mandado de segurança
(direitos em geral)
OBS 2: Classificação de José Afonso da Silva
• GARANTIAS GERAIS: princípios

• GARANTIAS ESPECÍFICAS: remédios

constitucionais
➢Administrativos (CF, art. 5◦, XXXIV):
direito de petição e obtenção de
certidões
➢Judiciais (CF, art. 5◦): ações
constitucionais. Ex: HC, MS
 6. CARACTERÍSTICAS
• Historicidade
• Universalidade
• Relatividade
• Irrenunciabilidade
• Inalienabilidade
• Imprescritibilidade
• Unidade, indivisibilidade e interdependência
 QUESTÃO DE CONCURSO:

Na prova do MPE/AC, de 2008, a seguinte

proposição foi considerada correta: “São
características dos direitos humanos a
universalidade, a historicidade e
indivisibilidade”.
 6.1 - Historicidade
• Os direitos humanos são frutos do processo
histórico, marcado pelas lutas da humanidade
• Os direitos humanos não surgiram todos ao
mesmo tempo, mas gradativamente, em
diferentes momentos históricos
• Nasceram com o Cristianismo, passando pelas
diversas revoluções até chegar aos dias atuais
OBS 1:
• A compreensão de que os direitos humanos
são direitos históricos refuta a tese de que
eles seriam direitos naturais, a qual foi
defendida no período das revoluções liberais.
• A concepção de direitos humanos como
direitos naturais, apesar de equivocada, serviu
de base filosófica para as revoluções liberais,
que derrubaram o absolutismo,
representando o primeiro passo para a
afirmação dos direitos humanos.
OBS 2:
• A historicidade é expansiva, ou seja, a
caminhada histórica é sempre no sentido de
reconhecer novos direitos e ampliar a
proteção à pessoa, não se admitindo suprimir
direitos já reconhecidos na ordem jurídica,
pois isso configuraria um retrocesso.
• A proibição do retrocesso é identificada na
doutrina como princípio da proibição de
evolução reacionária e proibição de efeito
cliquet.
OBS 3:
• Segundo CANOTILHO, o efeito cliquet dos
direitos humanos “significa que os direitos não
podem retroagir, só podendo avançar na
proteção dos indivíduos. Significa que é
inconstitucional qualquer medida tendente a
revogar os direitos sociais já regulamentados,
sem a criação de outros meios alternativos
capazes de compensar a anulação desses
benefícios".
OBS 4:

• A proibição do retrocesso obsta a supressão

de direitos, mas não impede que sejam feitas
restrições a direitos, eis que, de uma
maneira geral, os direitos comportam
limitações.
 QUESTÕES DE CONCURSOS
• A prova da Defensoria Pública do Piauí, de 2009, da CESPE,
considerou errada a seguinte proposição: “Os direitos
fundamentais surgem todos de uma vez, não se originaram de
processo histórico paulatino”.
• A prova do MPE/AC, de 2008, considerou erradas as seguintes
proposições: I)“São características dos direitos humanos serem
direitos naturais, emanados de autoridade superior”. II)“São
características dos direitos humanos sua atemporalidade em
relação à historicidade de cada nação”.
• A prova do 25° Concurso de Procurador da República considerou
errada a seguinte proposição: “O princípio da proibição de
retrocesso veda qualquer restrição de políticas públicas que já
tenham concretizados direitos sociais constitucionalmente
positivados.
 6.2 - Universalidade
Dois sentidos:
I) Destinam-se, de modo indiscriminado, a todos os
seres humanos, aos cidadãos em abstrato, sem
distinção de qualquer natureza, apenas em razão da
natureza humana (Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, de 1948)
II) De abrangência territorial universal, de validade em
todos os lugares do mundo, cosmopolita, de
inexistência de limitações territoriais à proteção da
dignidade humana (pertencentes a uma sociedade
mundial)
OBS:

Prevalece a idéia de forte proteção aos direitos

humanos e fraco relativismo cultural,
concepção que afirma que o relativismo
cultural não pode ser ignorado, mas também
não pode ser defendido ao ponto de legitimar
violações a direitos humanos.
 Questões de concursos
• A prova da Defensoria Pública do Piauí, de 2009, da CESPE,
considerou errada a seguinte proposição: “O princípio da
universalidade impede que determinados valores sejam
protegidos em documentos internacionais dirigidos a todos
os países”.
• A prova da Defensoria Pública da União, de 2010, da CESPE,
considerou errada a seguinte proposição: “Os documentos
das Nações Unidas que tratam dos direitos políticos das
mulheres determinam que elas devem ter, em condições de
igualdade, o mesmo direito que os homens de ocupar e
exercer todos os postos e todas as funções públicas,
admitidas as restrições que a cultura e legislação nacionais
imponham”.
 6.3 – Relatividade/limitabilidade
• Os direitos fundamentais não são absolutos,
podem sofrer limitações, podem ser
relativizados para harmonizar bens jurídicos em
colisão. Ex: direito de propriedade x desapropriação
• A solução ou vem discriminada na Constituição
ou caberá ao intérprete, ou magistrado, no caso
concreto, decidir qual direito deverá prevalecer,
considerando a regra da máxima observância
dos direitos fundamentais envolvidos,
conjugando com a mínima restrição
Exceção:
• Não obstante os direitos sejam, de uma
maneira geral, relativizáveis, há sim direitos de
caráter absoluto, como por exemplo, os
direitos à proibição de tortura e proibição de
escravidão, não se aparentando possível
relativizar tais direitos.
• Exemplo: art. 2° da “Convenção Contra a
Tortura ou Outros Tratamentos ou Penas
Cruéis, Desumanos ou Degradantes” da ONU)
 Questão de concurso
A prova da Defensoria Pública do Piauí, de
2009, da CESPE, considerou errada a seguinte
proposição: “É característica marcante o fato
de os direitos fundamentais serem absolutos,
no sentido de que eles devem sempre
prevalecer, independentemente da existência
de outros direitos, seguindo a máxima do
‘tudo ou nada’ ”.
 6.4 - Irrenunciabilidade
• As pessoas não possuem o poder de dispor
sobre a proteção à sua dignidade
• A simples pertença ao gênero humano torna a
pessoa titular de direitos e merecedora de
consideração e respeito, não podendo
renunciar à dignidade inerente à condição
humana
• O que pode ocorrer é o seu não exercício, mas
nunca a renúncia.
• Ex: caso francês do arremesso de anões
 Questionamentos:

• Se a vida é irrenunciável, como validar

eutanásia e aborto?

• Havendo risco de morte, a manifestação da

pessoa em não aceitar transfusão de sangue
deve ser respeitada?
 Respostas:

• Compreensão da relatividade dos direitos

humanos

• Necessidade de harmonização dos direitos

fundamentais com outros valores
 6.5 -Inalienabilidade

• Os direitos humanos não são objeto de

comércio e, portanto, não podem ser
alienados

• A dignidade da pessoa humana não é um

valor econômico, não é negociável
 6.6 - Imprescritibilidade
• A pretensão de respeito e concretização de
direitos humanos não se esgota pelo passar
dos anos, podendo ser exigida a qualquer
momento

• O decurso do tempo não atinge a pretensão

de respeito aos direitos que materializam a
dignidade humana
OBS:
• A imprescritibilidade da pretensão de respeito
aos direitos humanos não se confunde com a
prescritibilidade da pretensão de reparação
oriunda da violação ao direito.
• Pode-se exigir, a qualquer momento, que
cesse a situação de lesão a direitos humanos,
mas a reparação econômica decorrente da
lesão deve se submeter aos prazos
prescricionais.
 6.7 – Unidade, indivisibilidade e
interdependência
• Os direitos humanos devem ser
compreendidos como um conjunto, como um
bloco único, indivisível e interdependente de
direitos
• Não há hierarquia entre os direitos. Ainda que
existam diferenças entre os direitos, não há
superioridade, sendo todos igualmente
exigíveis e importantes à materialização da
dignidade humana.