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Controle de Constitucionalidade

Consiste na aferição da validade das normas face à Constituição.

Espécies de Inconstitucionalidade
a) Por Ação ou Por Omissão

- Ação: resulta de uma conduta positiva de um órgão estatal.

- Omissão: ocorre diante da inércia do legislador frente a um dispositivo carente de regulamentação.

b) Material ou Formal

- Material (ou nomoestática): quando o conteúdo da lei contraria a Constituição.

- Formal (ou nomodinâmica): quando há desrespeito ao processo de elaboração da norma.

OBS: a sanção do Presidente não convalida vício de iniciativa.

c) Parcial ou Total

- Parcial: apenas parte do ato normativo é considerada inválida.

- Total: o ato normativo é considerado, em sua totalidade, incompatível com a Constituição.

d) Direta ou Indireta

- Direta: quando um ato normativo primário viola a Constituição.

- Indireta: quando um ato normativo secundário (decreto) violar a Constituição.

OBS: STF só reconhece a existência de inconstitucionalidade direta. Nos casos em que um ato normativo
secundário violar o texto constitucional, ocorre na verdade um vício de legalidade.

e) Originária ou Superveniente

- Originária: a norma parâmetro é anterior à norma objeto da impugnação.


- Superveniente: a norma parâmetro é posterior à norma objeto da impugnação.

OBS: STF não admite a inconstitucionalidade superveniente.

Sistemas de Controle de Constitucionalidade


a) Controle Judicial (ou jurisdicional): realizado pelo Poder Judiciário. É o sistema preponderante no Brasil.

b) Controle Político: realizado por órgão desprovido de natureza jurisdicional.

c) Controle Misto: algumas normas são aferidas pelo Poder Judiciário, outras pelo órgão político.

Momento do Controle
Segue um esquema do colega @radegondess postado no fórum do TEC.

Modelos de Controle
a) Controle Difuso: feito por qualquer juiz ou Tribunal do país.

b) Controle Concentrado: um único órgão jurisdicional ou um número limitado de órgãos.

c) Controle Misto: o Poder Judiciário pode atuar de forma concentrada ou difusa.

OBS: esse é o modelo adotado no Brasil.


Segue o esquema do colega @OttoAntonello postado no fórum do TEC.

- No STF, o parâmetro é a CF.

- No TJ, o parâmetro são as Constituições Estaduais.

Exceção: a existência de normas da CF de reprodução obrigatória nas CEs possibilita a interposição de


Recurso Extraordinário para o STF.
Havendo uma arguição de inconstitucionalidade perante o TJ estadual, em face de dispositivo da CE de
reprodução obrigatória da CF, teremos a hipótese de um controle em abstrato, ocorrendo pela via difusa
(Recurso Extraordinário para o STF) - e não por via de ação ou principal.

Vias de Controle
a) Via Principal, Abstrata ou Direta: a aferição da constitucionalidade é o pedido principal do autor.

b) Via Incidental, Difusa ou Indireta: a aferição de constitucionalidade ocorre devido a uma lide, um caso
concreto em que uma das partes requer a declaração de inconstitucionalidade de uma lei.

Reserva de Plenário

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público.

Súmula Vinculante 10: “Viola a cláusula de reserva de plenário a decisão de órgão fracionário de tribunal
que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público,
afasta sua incidência, no todo ou em parte”.

Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)


Visa aferir a validade de lei ou ato normativo federal ou estadual posteriores à CF/88.

- ADI perante a Constituição Federal

a) Objeto: Lei Federal ou Lei Estadual.

Leis e atos municipais não podem ser objeto de ADI perante o STF (somente ADPF).

O mesmo vale para leis distritais editadas sob a competência municipal.

Norma de reprodução obrigatória da CF na CE pode ser objeto de ADI, mas quem julgará é o TJ.

- ADI perante a Constituição Estadual

a) Objeto: Lei Estadual ou Lei Municipal.


Legitimados Ativos
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

OBS: a aferição da legitimidade do partido político para propor a ADI é no momento da propositura da
ação, de sorte que a perda superveniente de representação do partido no CN não irá prejudicar a ADI.

Legitimados Especiais (precisam demonstrar pertinência temática)


- Governador;

- Mesa de Assembleia;

- Confederação Sindical e Entidade de Classe de âmbito nacional.

Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO)


Visa garantir a efetividade das normas constitucionais através do combate de omissões.

Considera-se que é um controle concentrado.

É uma ação constitucional de garantia da Constituição.

Não confunda com o mandado de injunção: instrumento de controle do caso concreto; que realiza o
controle incidental de constitucionalidade da omissão, voltado à tutela de direitos subjetivos.
Diferentemente da ADI, é uma ação constitucional de garantia individual.
Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC)
Visa transformar a presunção relativa de constitucionalidade das leis em presunção absoluta.

a) Objeto: Lei e Atos Normativos Federais.

OBS: é necessário que haja controvérsia judicial relevante para ser aceita pelo STF.

Arguição de Descumprimento dos Preceitos Fundamentais (ADPF)


Pela arguição de descumprimento de preceito fundamental, são controláveis todos os atos do poder
público ofensivos a preceitos constitucionais fundamentais, sejam atos normativos ou não.

Objetos Suscetíveis de ADPF:

- Atos normativos:

- Decreto executivo (secundário) do PR que serve para regular uma Lei;

- Não confunda com o decreto autônomo, que é primário. Aqui usa-se a ADI e não ADPF;

- Atos não-normativos:

- Atos concretos ou individuais do Estado e da Administração Pública;

- Atos e fatos materiais;

- Atos do poder público regidos pelo direito privado;

- Contratos administrativos;

- Atos anteriores à Constituição;

- Direito-Pré-Constitucional;

- Direito Pós-Constitucional já revogados ou efeitos exauridos;

- Interpretações Judiciais de preceito fundamental.

OBS: NÃO cabe ADPF contra atos políticos.

Obedece ao Princípio da Subsidiariedade, ou seja, só será utilizada somente caso os outros remédios não
sejam efetivos. Entretanto, esses remédios são em sede de constituticionalidade.
 A possibilidade de recurso extraordinário não afasta a possibilidade de ADPF.

Em outras palavras, pode haver ADPF quando há possiblidade de recurso extraordinário.

Princípio da Fungibilidade
ADI e ADPF são consideradas ações fungíveis, o que significa que uma pode ser substituída pela outra.
Esse princípio foi concebido para se evitar prejuízos às partes quando há dúvidas objetivas sobre qual é o
meio processual adequado.

Já o controle concentrado é exercido por apenas um órgão do poder judiciário, nesse caso se trata de
competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, sendo a declaração de inconstitucionalidade o
objeto principal da ação.

O controle concentrado e abstrato apresenta, como regra geral, a nulidade das leis e atos normativos
sindicados.

O controle exercido pelas Comissões de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara e do Senado, ou


mesmo das Câmaras Estaduais e municipais é um controle prévio político de constitucionalidade,
exercido pelo Poder Legislativo. Uma vez que a lei seja aprovada e esteja vigente no mundo jurídico, poderá
ser objeto de controle jurisdicional repressivo, seja incidental e difuso, seja concentrado em abstrato, por via
de ação.

Os controles de constitucionalidade exercidos pelo Poder Legislativo podem ocorrer:

a) na apreciação preventiva da Comissão de Constituição e Justiça – CCJ das proposições legislativas pelo
Congresso Nacional (preventivo);

b) na sustação dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
da delegação legislativa (art. 49, V); (repressivo);

c) na apreciação dos requisitos constitucionais das medidas provisórias, na forma do art. 62, §
5º; (repressivo, pois a MP já foi editada pelo Executivo);

d) na hipótese do Presidente vetar um projeto de lei, no todo ou em parte com fundamento em sua
inconstitucionalidade, cabe ao Congresso Nacional apreciar o veto, pela maioria absoluta dos deputados e
senadores (art. 66, § 4º), não mais em escrutínio secreto, a partir da Emenda Constitucional 76/2013;

e) apresentação de emenda constitucional com objetivo de superar interpretação do Supremo Tribunal


Federal (override): salvo com relação às matérias protegidas pelo manto das cláusulas pétreas.

O controle difuso pode ser realizado pelo tribunal de justiça em face da constituição estadual ou da Constituição
Federal. O controle concentrado só poderia ser feito pelo TJ em face da Carta Estadual, já que essa via de controle,
em face da Carta da República, é exclusiva do Supremo Tribunal Federal.
Conforme lição de Pedro Lenza:

“Pela referida teoria da inconstitucionalidade por “arrastamento” (...), se em determinado processo de


controle concentrado de constitucionalidade for julgada inconstitucional a norma principal, em futuro
processo, outra norma dependente daquela que foi declarada inconstitucional em processo anterior —
tendo em vista a relação de instrumentalidade que entre elas existe — também estará eivada pelo vício de
inconstitucionalidade “consequente”, ou por “arrastamento” ou “atração”.(...)

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