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FATEC UNIDADE III

Disciplina: Direito Civil: Sucessões Semestre: 6º


Prof.ª Vanessa Caldas
Discentes: Elicleide dos Anjos, Izadora Araújo, Luan
Sales, João Gabriel e Lauro Mattos

O Inventariante
O inventariante ele uma espécie de guardião da herança, é a pessoa
responsável pela administração da herança até que seja feita a partilha. Cabe
ao inventariante a posse direta dos bens deixados, e a representação judicial e
extrajudicial do espólio.
A nomeação do testamenteiro é feita extrajudicialmente, e se o caso permitir a
representação notarial ou por nomeação judicial, as regras gerais para o seu
exercício desse cargo constam do art. 617 do CPC.
Após a nomeação do inventariante, o nomeado deverá assinar uma, termo de
compromisso de que o inventariante exercerá as funções e contribuirá para o
bom andamento do processo de inventário,
As funções e responsabilidades não são poucas, vejamos:
1) Representar ativa e passivamente o espólio em juízo e fora dele;
2) Administrar o espólio velando-lhes os bens com a mesma diligência que teria
se seus fossem;
3) Prestar as primeiras e as últimas declarações pessoalmente ou por
procurador com poderes especiais;
4) Exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os documentos
relativos ao espólio;
5) Juntar aos autos certidão do testamento, se houver;
6) Trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou
excluído;
7) Prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe
determinar;
8) Requerer a declaração de insolvência. E ainda, ouvidos os interessados e
com autorização do juiz, o inventário também pode:
9) Vender bens de qualquer espécie;
10) Fazer acordos em juízo ou fora dele;
11) Pagar dívidas do espólio;
12) Fazer as despesas necessárias para a conservação e o melhoramento dos
bens do espólio.
Se houver um problema para resolver no tribunal, é seu trabalho arquivar o
caso em nome do espólio. Por exemplo, se houver um imóvel alugado no
imóvel e o inquilino estiver inadimplente com os pagamentos, é
responsabilidade do inventariante instaurar um processo de despejo.

Prazo

O prazo para dar entrada no processo de inventário, seja judicial ou


extrajudicial, será de 60 (sessenta) dias da morte do autor da herança. Essa
regra está prevista no artigo 611 do Código de Processo Civil:

“Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro


de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12
(doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício
ou a requerimento de parte.”

Mas e se o inventário não for aberto no prazo? Não há qualquer prejuízo para
os herdeiros. Mesmo após o prazo de 02 (dois) meses os herdeiros poderão
dar início ao processo de inventário. O único detalhe é que após o prazo de
02 (dois) meses, o Estado poderá cobrar uma multa.

Liquidação
É o processo de apuração dos bens da herança verificando os ativos e os
passivos.
Sonegados
São relacionados àqueles bens que não foram colacionados no processo de
inventário.
Uma pessoa que omitiu um bem que estiver consigo deixar de apresentar no
inventário de maneira dolosa.
Indo mais longe, Orlando Gomes, sustenta, que incorre na sanção não apenas
quem ocultar bens, mas também quem omitir crédito, simular doações, falsificar
escrita para diminuir o ativo, encobrir dívidas de herdeiro para com o espólio.
Conrado Paulino de Rosa e Marco Antônio Rodrigues, elenca “a sonegação de
bens pelos inventariantes é conduta grave, pois desrespeita a finalidade do
inventario de coleta do patrimônio do falecido, de modo a pagar as dívidas e
distribuir o monte partível aos herdeiros”.
 Institui o Código Civil. Art.1. 992. O herdeiro que sonegar bens da herança,
não os descrevendo no inventário quando estejam em seu poder, ou, com o
seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na colação, a que os deva
levar, ou que deixar de restituí-los, perderá o direito que sobre eles lhe cabia.
Trata-se de medida punitiva em relação àquele bem que por esse foi
sonegado, não deixando que ultrapasse o limite da razoabilidade. Sendo
inventariante, haverá a remoção da inventariança, uma vez que a sua conduta
afronta, a toda evidência, a administração eficiente do espólio, além de
caracterizar ilicitude.
A prescrição da ação de sonegados, é de dez anos, a partir do encerramento
do inventário, pois, até a data, podem ocorrer novas declarações trazendo-se
bens a inventariar. Entendimento do STJ.
Se o réu da demanda tiver alienado, onerosamente os bens sonegados, pagará
a importância dos valores.
Colações
Ato pelo qual o descendente, cônjuge ou companheiro beneficiado pela
transferência gratuita feita pelo de cujus, em vida, promove retorno da coisa, ou
do seu valor, ao monte partível, para garantir igualdade de quinhoes entre
herdeiros necessários.
Institui o Código Civil. Art. 2. 003. A colação tem por fim igualar, na
proporção estabelecida neste Código, as legítimas dos descendentes e
do cônjuge sobrevivente, obrigando também os donatários que, ao tempo
do falecimento do doador, já não possuírem os bens doados.
Quais são os bens submetidos a colação?
Art. 2.007. São sujeitas à redução as doações em que se apurar excesso
quanto ao que o doador poderia dispor, no momento da liberalidade.
§ 1o O excesso será apurado com base no valor que os bens doados tinham,
no momento da liberalidade.
§ 2o A redução da liberalidade far-se-á pela restituição ao monte do excesso
assim apurado; a restituição será em espécie, ou, se não mais existir o bem em
poder do donatário, em dinheiro, segundo o seu valor ao tempo da abertura da
sucessão, observadas, no que forem aplicáveis, as regras deste Código sobre
a redução das disposições testamentárias.
§ 3o Sujeita-se a redução, nos termos do parágrafo antecedente, a parte da
doação feita a herdeiros necessários que exceder a legítima e mais a quota
disponível.
§ 4o Sendo várias as doações a herdeiros necessários, feitas em diferentes
datas, serão elas reduzidas a partir da última, até a eliminação do excesso.
Há bens dispensados da colação?
 Institui o Código Civil. Art. 2. 005. São dispensadas da colação as doações
que o doador determinar saiam da parte disponível, contanto que não a
excedam, computado o seu valor ao tempo da doação.
Pagamento de dívidas
Nos autos do processo de inventario é necessário o pagamento dos débitos
deixados pelo falecido. Pois, a morte não poderia gerar a exoneração das
obrigações assumidas pelo devedor – o que, a toda evidência, causaria um
total caos social.
Diante disso, pode os credores do falecido, antes da partilha, requerer o
pagamento das dívidas vencidas, liquidas e certas, através de mero
requerimento no inventario.
Essa legitimidade passiva para a causa do espolio, porém, somente perdura
até o limite da partilha. Após a partilha não é mais possível imputar as dívidas
ao espólio, pelo simples fato de ter sido extinto. Não significa que o credor
ficaria sem o exercício de sua pretensão. Ainda remanescendo prazo
prescricional, poderá demandar os beneficiários da partilha, que respondem
pelos débitos do falecido, proporcionalmente.
Há ponderação fundamental quanto ao tema: o cálculo da meação do cônjuge
ou do companheiro somente é possível depois do pagamento das dívidas do
finado. Ou seja, só é possível estabelecer a extensão da meação após a
quitação das dívidas do falecido, sob pena de evidente prejuízo social.

Avaliação e cálculo de imposto


Nessa fase específica, os bens deixados pelo de cujus serão postos a
avaliação por um avaliador judicial, e na falta deste, um perito. A determinação
do valor dos bens é de suma importância para o pagamento das dívidas, bem
como para o cálculo do tributo incidente sobre os bens, além de outras
providencias supervenientes.
O perito nomeado judicialmente goza de fé pública e, em razão disso, o juiz
mandará repetir o laudo quando demonstrada a presença de erro ou dolo ou
quando, após a avaliação, ficarem evidentes defeitos na coisa avaliada, alterar
a sua substância ou valor (como o judiciário é moroso, pode ser que o juiz
mande reavaliar por conta do decurso do tempo mesmo não havendo erro
ou dolo).
Também, é natural a exigência de perícia do avaliador judicial quando há
tensão entre a adm. pública e os interessados porque o fisco não pode ter em
seu favor uma presunção de veracidade dos valores. Ou seja, impõe-se
determinação de perícia, se há conflito entre os sucessores e a fazenda pública
acerca dos valores dos bens, para fins tributários.
Art. 630. Findo o prazo previsto no art. 627 sem impugnação ou decidida a
impugnação que houver sido oposta, o juiz nomeará, se for o caso, perito para
avaliar os bens do espólio, se não houver na comarca avaliador judicial.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no art. 620, § 1º , o juiz nomeará perito
para avaliação das quotas sociais ou apuração dos haveres.
Art. 638. Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas todas as partes no prazo
comum de 5 (cinco) dias, que correrá em cartório, e, em seguida, a Fazenda
Pública.
§ 1º Se acolher eventual impugnação, o juiz ordenará nova remessa dos autos
ao contabilista, determinando as alterações que devam ser feitas no cálculo.
§ 2º Cumprido o despacho, o juiz julgará o cálculo do tributo.
Tudo isso parte do pressuposto que existem, haveres a partilhar.

Inventario negativo

Quando o morto não deixa bens o ideal é que se faça o inventário negativo.

Segundo o entendimento de Itabaiana de Oliveira “o inventário negativo é o


modo judicial de se provar a inexistência de bens”

E em quais situações devem ser realizado o inventario negativo?

1. Quando falecido deixou dívida: pois quando falecido deixa dívidas é


comum que os credores desejem cobrar dos herdeiros. Assim, o
inventário negativo serve para os herdeiros declararem que existe
dívida, mas não existem bens a inventariar. Funciona como uma
garantia de que eles não serão cobrados pelas dívidas deixadas, já que,
quem responde pelas dívidas é o espólio não os herdeiros.
2. É a substituição processual . Que quando houver um processo em
andamento, e o falecido era uma das partes, e para que esse seja
legalmente substituído é necessário que se tenha inventariante. Nesse
caso o inventário negativo pode ser apresentado.

3. Outorga de Escrituras. Se o falecido estava em um processo de compra


e venda de algum imóvel e os herdeiros necessitam outorgar a escritura,
o inventário negativa é necessário.

4. Viuvez- quando o viúvo ou viúva desejam casar-se novamente e queira


escolher livremente o regime de bens do novo casamento, é necessário
fazer o inventário. Nesse caso, quando não se tem bens à viúva deve
buscar o inventário negativo, isso porque o inventário pendente é uma
causa suspensiva do casamento, isso quer dizer que a pessoa que
Pretende casar terá que Obrigatoriamente se casar no regime da
Separação obrigatória de bens.

5. Baixa fiscal. Se o falecido fazia parte de uma pessoa jurídica, ou tinha


uma empresa, é necessário que seja provido o fim da pessoa jurídica, é
como se fosse o fechamento da empresa, para isso precisa nomear um
inventariante e por isso é necessário que se faça um inventário negativo.

Inventário administrativo ou extrajudicial

A Lei Nº 11.441 de 2007 trouxe uma nova redação para o artigo 982 do
Código de Processo Civil, e inovou ao admitir o inventário extrajudicial, que
deve ser Lavrado por Escritura pública, consensualmente, no tabelionato de
Notas, necessitando que todas as partes interessadas sejam capazes e
estejam assistidas por Advogados, não haja Testamento e o bens estejam no
brasil. Também é necessária a figura de um inventariante, assim como no
inventário judicial, por isso a família deve nomear um inventariante para
administrar os bens de espólios.

Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao


inventário judicial.
§ 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser
feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer
ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em
instituições financeiras.

§ 2 o O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes


interessadas estiverem assistidas por advogado ou por defensor público, cuja
qualificação e assinatura constarão do ato notarial.

Referências

FARIAS, C. C.; ROSENVALD, N. Curso de Direito Civil: Sucessões - 8. Ed.


Ver., ampl e atual.- Salvador: Ed. Juspodivim. 2022
GAGLIANO, P.S.; FILHO, R. P. Manual de direito Civil /Volume único – 2.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação. 2018

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