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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

ALVARO DE CAMPOS LOBO NETO

HOLDING FAMILIAR COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO

Florianópolis
2021
ALVARO DE CAMPOS LOBO NETO

HOLDING FAMILIAR COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Direito, da Universidade do Sul de Santa
Catarina, como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientadora: Fátima Kamel Abed Deif Allah Mustafa


ALVARO DE CAMPOS LOBO NETO

HOLDING FAMILIAR COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Bacharel em Direito e aprovado em sua
forma final pelo Curso de Graduação em
Direito, da Universidade do Sul de Santa
Catarina.

Florianópolis, 30 de junho de 2021.

______________________________________________________
Fátima Kamel Abed Deif Allah Mustafa, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Prof. Jeferson Puel, Msc.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Prof. Patricia Russi de Luca, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

HOLDING FAMILIAR COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a
Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a
Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca deste
Trabalho de Conclusão de Curso.
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente
em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Florianópolis, 30 de junho de 2021.

________________________________________
ALVARO DE CAMPOS LOBO NETO
Ao meu querido Pai, Alvaro (in memorian),
que sempre me apoiou em meus
caminhos e sempre será grande
inspiração de força e engenhosidade.
RESUMO

O objetivo desse trabalho é apresentar as vantagens da constituição da holding


familiar como ferramenta de planejamento sucessório, em comparação aos métodos
tradicionais. Através do estudo dos aspectos societário, financeiro, tributário, e social
desse instrumento, pondera-se sobre sua efetividade e seus benefícios. Apresenta-
se os tipos de composição societária mais utilizados quando da constituição de uma
empresa holding. Frisa-se também a importância do planejamento sucessório
examinando-se as modalidades tradicionais de sucessão. Avalia-se a chamada
blindagem patrimonial e a perspectiva de utilização de cláusulas especiais em
contratos de doação, como um dos pontos positivos que mais se destacam na
escolha da holding familiar. Ademais, observa-se os elementos tributários em
espécie envolvidos na constituição da holding familiar, evidenciando pontos
característicos que resultam frequentemente em diminuição da carga tributária. Por
meio do procedimento monográfico utiliza-se a pesquisa exploratória, sendo os
temas abordados mediante a utilização de procedimentos técnicos de pesquisa
bibliográfica e também documental, através de livros e artigos científicos. Utiliza-se o
método de abordagem dedutivo buscando as respostas à pesquisa efetuada na
Constituição Federal, Código Civil, Código de Processo Civil e ainda nas legislações
específicas. Conclui-se pelo estudo que a holding familiar é um excelente e eficiente
instrumento para efetivar-se a sucessão. Entretanto, entende-se que a escolha
dessa ferramenta, no caso concreto, deve levar em conta todos os aspectos, não só
econômicos e tributários, mas também sociais, ponderando a família se o mesmo é
o mais adequado ao inevitável processo sucessório.

Palavras-chave: holding familiar. Planejamento sucessório. Vantagens da empresa


holding.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9
2 HOLDING: NOÇÕES PROPEDÊUTICAS ............................................................. 12
2.1 ESPÉCIES DE HOLDING............................................................................................ 13
2.2 ASPECTOS SOCIETÁRIOS DE CONSTITUIÇÃO DE UMA HOLDING ............. 14
2.2.1 Sociedade Anônima................................................................................................. 15
2.2.2 Sociedade Limitada ................................................................................................. 18
2.2.3 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada e a Sociedade
Unipessoal Limitada ........................................................................................................... 19
3 HOLDING FAMILIAR COMO INSTRUMENTO DE SUCESSÃO ..................... 22
3.1 O DIREITO À SUCESSÃO .......................................................................................... 22
3.2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO ...................................... 24
3.3 MÉTODOS SUCESSÓRIOS TRADICIONAIS ......................................................... 25
3.3.1 Inventário .................................................................................................................... 26
3.3.1.1 Inventário Extrajudicial ............................................................................................ 29
3.3.1.2 Inventário Judicial .................................................................................................... 30
3.3.2 Testamento ................................................................................................................ 33
3.3.3 Holding familiar......................................................................................................... 34
4 VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DA HOLDING FAMILIAR COMO
FERRAMENTA NO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO ................................................. 36
4.1 BLINDAGEM PATRIMONIAL ...................................................................................... 37
4.2 CLÁUSULAS ESPECIAIS............................................................................................ 38
4.3 ASPECTOS FINANCEIROS E TRIBUTÁRIOS DA HOLDING FAMILIAR .......... 40
4.3.1 GESTÃO FISCAL DA HOLDING E BENEFÍCIOS DE SUA
CONSTITUIÇÃO.... ............................................................................................................... 41
4.3.2 ELEMENTOS TRIBUTÁRIOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE
CONSTITUIÇÃO DA HOLDING FAMILIAR ..................................................................... 42
4.3.2.1 IMPOSTO DE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÕES .................... 42
4.3.2.2 IMPOSTO DE TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS ........................................ 44
4.3.2.3 IMPOSTO DE RENDA ............................................................................................ 45
4.3.2.4 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO.................................. 47
4.3.2.5 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL e CONTRIBUIÇÃO PARA O
FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL ............................................................... 48
4.3.3 TRIBUTAÇÃO DOS SÓCIOS DA HOLDING........................................................ 48
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 51
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 53
ANEXO .................................................................................................................................... 67
9

1 INTRODUÇÃO

A holding familiar apesar de ainda pouco utilizada no Brasil é muito comum


em outros países. Nos Estados Unidos e em muitos países europeus, a prática é
muito difundida, pois os impostos sucessórios são muito elevados, ocasionando que
cidadãos daqueles países optem maciçamente por esta ferramenta.
A necessidade do mercado brasileiro neste segmento é evidente, pois a
população desconhece tais mecanismos e a maioria das pessoas não se preocupa
com o que acontecerá no momento de sua morte.
É no momento da abertura da sucessão que os herdeiros começam a ter
noção da burocracia e das despesas envolvidas com esse tipo de processo, gastos
estes que poderão ser ainda maiores se houver alguma discordância em relação à
divisão dos bens.
Com o planejamento sucessório realizado através de um mecanismo
intitulado holding familiar, procura-se evitar o desgaste emocional e financeiro no
momento da partilha, onde o doador previamente determinará o futuro de seu
patrimônio. Desta forma, o presente trabalho visa demonstrar quais os benefícios na
utilização de holding familiar como ferramenta de planejamento sucessório eficaz.
Procura-se pelo presente estudo uma alternativa eficiente e legítima ao
processo sucessório tradicional, que se mostre menos onerosa para família,
minimizando eventuais conflitos inerentes à sucessão, e ainda preservando o seu
patrimônio.
Examina-se a possibilidade de reduzir-se o custo financeiro do processo
sucessório de forma lícita, empregando-se como ferramenta, o próprio ordenamento
jurídico, por meio da elisão fiscal.
Emprega-se a pesquisa exploratória onde serão abordados os temas
utilizando-se os procedimentos técnicos de pesquisa bibliográfica e pesquisa
documental, através de livros a artigos científicos.
Quanto ao método de abordagem, será utilizado o método dedutivo,
buscando na Constituição Federal, Código Civil e legislações específicas e doutrina,
soluções às necessidades estudadas.
O procedimento adotado será o monográfico onde para caso específico, será
investigado através de metodologia, pois é a melhor solução para a presente
monografia.
10

O presente trabalho de conclusão de curso teve origem com a percepção do


autor, de como são elevados os custos financeiros decorrentes de um processo de
sucessão, elaborada através dos métodos tradicionais mais usuais, quais sejam, o
inventário e o testamento.
No decorrer desta monografia, é demonstrada, a importância do planejamento
sucessório. Através de uma breve explanação dos métodos sucessórios tradicionais,
demonstra-se as vantagens na criação de uma holding familiar em relação às
ferramentas mais usuais em nosso país.
Apresenta-se a conceituação e as modalidades de holding, destacando-se os
tipos societários utilizados na constituição da referida ferramenta no capítulo dois.
No capítulo três, sublinha-se a importância do planejamento sucessório, bem
como assinalam-se os métodos sucessórios tradicionais e caracteriza-se
especificamente a holding familiar.
As vantagens da utilização da ferramenta no planejamento sucessório,
salientando-se a blindagem patrimonial e as cláusulas especiais, bem como os
aspectos financeiros e tributários da holding familiar, benefícios de sua constituição
em relação a gestão fiscal e ainda os elementos tributários em espécie envolvidos
no processo de sua constituição, são analisados no capítulo quatro.
Com o objetivo de demonstrar, a partir da comparação com os métodos
tradicionais de sucessão, as vantagens na criação de uma holding familiar como
ferramenta eficiente para a sucessão, desenvolve-se a presente pesquisa visando
responder à problemática: Quais os benefícios na utilização de holding familiar como
ferramenta de planejamento sucessório?
11
12

2 HOLDING: NOÇÕES PROPEDÊUTICAS

No presente capítulo, sem a menor intenção de esgotar o tema, e com o


intuito de uma melhor compreensão do mesmo, serão tratados o conceito, as
finalidades e as espécies de holding, sob a ótica dualista – holding pura e holding
mista – sustentada por alguns autores, oportunamente apresentados ao longo do
trabalho.
A holding, cuja denominação origina-se da expressão verbal inglesa to hold
(cujo significado remete as palavras manter, segurar, reter), não se configura como
uma nova espécie societária, mas sim uma atividade empresarial em que se deve
optar por um dos tipos societários abarcados em nossa legislação. (MAMEDE 2020,
p. 13).
A holding nada mais é do que uma sociedade constituída com o intuito de
manter participação em outras empresas, segundo Silva e Rossi (2017, p. 20).
Fernandes (2018) no mesmo sentido esclarece que:

A legislação brasileira prevê a holding certo tempo, mesmo que não utilize a
expressão em si. Na Lei de Sociedade Anônima - 6.404/76, em seu artigo
2º, inciso III, estabelece que "a empresa pode ter por objetivo participar de
outras empresas..." Apesar de constar na LSA - 6.404/76, não significa que
necessariamente esta empresa cujo objeto social seja participar de outras
empresas deve ser uma sociedade anônima, podendo adotar outro tipo
societário e constituição. Não existe vedação legal para que a empresa seja
constituída como sociedade contratual (quotas) com responsabilidade
limitada, ou mesmo outros tipos societários.

Em relação ao objetivo da empresa holding, várias são as razões para sua


criação, Oliveira (2014, p. 18) destaca algumas como: representação do acionista
controlador no comando de empresas de sociedades anônimas de capital aberto;
simplificar as soluções relativas à herança, sucessões e patrimônio familiares; atuar
como procuradora de todas as empresas de um mesmo grupo empresarial
aumentando o poder de barganha junto a entidades de classe, governo, instituições
financeiras, etc.; facilitar a administração do grupo empresarial, bem como o
planejamento fiscal e tributário; otimizar as estratégias do grupo empresarial.
Já a holding familiar, tema desse trabalho, conforme esclarece Mamede
(2020, p. 12), não é um tipo específico de holding, e sim uma contextualização
específica. Segundo o autor, a holding familiar tem como ponto característico estar
assentada no âmbito familiar, com o objetivo de promover a organização do
13

patrimônio, administração dos bens, otimização fiscal e sucessão hereditária com


vistas ao melhor interesse de seus membros.

2.1 ESPÉCIES DE HOLDING

Doutrinariamente existem várias classificações de holding. Alguns autores


apresentam mais de 20 tipos de holding, como por exemplo Lodi e Lodi (2012, p. 50-
62), que classificam as holdings no plano estrutural em: holding pura, mista, de
controle, de participação, principal, administrativa, setorial, piloto, familiar,
patrimonial, derivada, cindida, incorporada, fusionada, isolada, em cadeia, em
estrela, em pirâmide, aberta, fechada, nacional e internacional.
Já Silva e Rossi (2017, p. 21-22), embora admitam que a doutrina faz menção
a várias modalidades de holding, classificam-na em apenas dois grupos: holding
pura e holding mista, ponderando que as demais classificações tem objetivo
meramente didático, sem qualquer consequência jurídica.
Em se tratando de holding familiar, Mamede (2020, p. 13 -14), leciona que a
mesma tanto pode ser uma holding pura ou uma holding mista, e mais, afirma que
outras conceituações como holding de administração, patrimonial, ou de
organização também podem compor uma holding familiar.
Como nesse estudo intenciona-se discorrer, sobretudo, acerca da holding
familiar como ferramenta de planejamento sucessório, adota-se a classificação
dualista.
Em síntese e conforme a definição de Silva e Rossi (2017, p. 21-22), a
holding pura tem como objetivo social exclusivamente a participação em outra
empresa. Sendo assim, essa espécie de holding tem como única atividade manter
quotas ou ações de outras empresas. É conhecida também por sociedade de
participação pelo fato de participar de outras empresas.
Já a holding mista, agrega além do objeto social de participação em outra
empresa, a exploração de alguma atividade empresarial, de acordo com Silva e
Rossi (2017, p. 22).
Ultrapassados os elementos conceituais e classificatórios da sociedade
holding, passa-se nos próximos tópicos a uma rápida explanação dos tipos de
composição societária mais utilizados na constituição da empresa holding, bem
como se estuda qual o melhor tipo em se tratando da holding familiar.
14

2.2 ASPECTOS SOCIETÁRIOS DE CONSTITUIÇÃO DE UMA HOLDING

Conforme esclarece Mamede (2021, p.22), no direito brasileiro as sociedades


simples ou empresárias tem que obrigatoriamente seguir um dos tipos previstos em
lei. Não existe a possibilidade de instituir-se uma sociedade mista com
características de dois ou mais tipos societários. Entretanto, tal normativa apenas
estabelece elementos obrigatórios e elementos vedados em cada tipo, não
significando, entretanto, que as sociedades brasileiras sejam padronizadas. Ou seja,
a legislação permitiu maior liberalidade quanto aos elementos essenciais e os não
permitidos, para que os contratos sociais ou estatutos tenham a identidade de cada
sociedade.
Campinho (2020, p. 61) ao classificar as sociedades, ensina sobre a
responsabilidade dos sócios afirmando que a definição dos tipos societários, bem
como o núcleo central de seus conceitos encontra-se no modo de responsabilidade
do sócio pelas dívidas da sociedade. Assim, dependendo do tipo societário, os
sócios responderão limitada ou ilimitadamente pelas dívidas da sociedade 1.
Segue o referido autor (2020, p. 61):

Feita a observação, temos que as chamadas sociedades de


responsabilidade limitada são aquelas em que a responsabilidade dos
sócios fica restrita às suas contribuições para o capital (sociedade anônima)
ou à própria soma do capital (sociedade limitada). Ilimitadas são aquelas
nas quais os sócios responderão em caráter subsidiário e ilimitado pelas
dívidas sociais, podendo-se dizer que os sócios respondem de forma
pessoal (patrimônio pessoal), subsidiária (pressupõe o esgotamento do
patrimônio da sociedade), solidária (o credor pode exigir a integralidade do
crédito em face de todos os sócios com essa modalidade de
responsabilidade, sendo, pois, a solidariedade entre os sócios e não entre
estes e a sociedade) e ilimitada (respondem com todas as forças do seu
patrimônio pessoal).

De acordo com Silva e Rossi (2017, p.35) a sociedade limitada é a forma


societária mais adequada com vistas à constituição de uma holding familiar, como se
observa:

1
Portanto, quando se fala em sociedades de responsabilidade limitada, na verdade, esse foco da
limitação se refere ao sócio e não a sociedade.(...) Daí ser imprópria a designação de sociedade de
responsabilidade limitada ou ilimitada, uma vez que a responsabilidade da sociedade é sempre
ilimitada. (Campinho 2020, p. 61)
15

De todo modo nos parece que fica clara a noção de que a sociedade
limitada é adequada para os propósitos do planejamento societário a partir
da constituição de uma holding familiar, mormente considerando sua
limitação de responsabilidade, a proteção contra a entrada de terceiros
estranhos, menor complexidade em relação à sociedade anônima e,
consequentemente, menor custo de manutenção.

Portanto, embora se utilize com maior frequência a forma de Sociedade


Limitada para as holdings familiares, outras formas societárias também podem ser
utilizadas na constituição das holdings, como Sociedade Anônima, EIRELI e
Sociedade Unipessoal, as quais serão examinadas nos próximos tópicos.

2.2.1 Sociedade Anônima

Regulamentada através da Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976 (BRASIL,


2
1976) , a Companhia ou Sociedade Anônima tem como característica a limitação da
responsabilidade dos sócios acionistas ao preço da emissão das ações, de acordo
com o artigo 1.088 do Código Civil , “Na sociedade anônima ou companhia, o capital
divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de
emissão das ações que subscrever ou adquirir.” (BRASIL, 2002), sendo essa
também a inteligência do artigo 1º da Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976).
Assim afirma Borba (2020, p. 175):

A sociedade anônima oferece as seguintes características básicas: (a) é


sociedade de capitais; (b) é sempre empresária; (c) o seu capital é dividido
em ações transferíveis pelos processos aplicáveis aos títulos de crédito; (d)
a responsabilidade dos acionistas é limitada ao preço de emissão das ações
subscritas ou adquiridas.

Essa modalidade empresária é facilmente reconhecida, pois sua


denominação tem características especiais, figurando imperiosamente a expressão
Companhia ou Sociedade Anônima, podendo também compor a denominação o
nome do fundador ou acionista, conforme a Lei das Sociedades Anônimas em seu
artigo 3º:

2
Lei 6404/76 - Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
16

Art. 3º. A sociedade será designada por denominação acompanhada das


expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso
ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final. § 1º O
nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha
concorrido para o êxito da empresa, poderá figurar na denominação.
(BRASIL, 1976)

Cabe destacar que, para situações em que a Lei 6.404/1976 (BRASIL, 1976)
for omissa, a situação será resolvida aplicando-se os artigos correspondentes do
Código Civil, conforme dispõe o art. 1.089: “A sociedade anônima rege-se por lei
especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste Código.”
(BRASIL, 2002)
Em relação ao limite de responsabilidade dos acionistas da sociedade
anônima, Campinho (2020, p. 31) afirma que a mesma é sempre limitada, ficando
restrita ao valor de emissão das respectivas ações subscritas ou na fase de
constituição da companhia ou por conta do aumento de seu capital social, não tendo
o acionista responsabilidade pelas obrigações sociais, nem mesmo de forma
subsidiária.
A sociedade anônima poderá ter o capital aberto, onde as ações são
negociadas em bolsa de valores ou mercado de balcão, ou ser de capital fechado,
limitando sua negociação às conveniências dos sócios, conforme lecionam Lamy
Filho e Pedreira (1997, apud Marlon Tomazette, 2019, p. 447):

Em síntese, a diferença mais importante entre a sociedade aberta e a


fechada é que a primeira possui relações com todo o mercado investidor,
devendo obediência a normas específicas que visam à sua proteção, ao
passo que na fechada a relação é restrita aos próprios membros da
sociedade.

Para Campinho (apud COELHO, 2021 p. 169): “A ação consiste em unidade


do capital social. É a lei que expressamente declara ser o capital da sociedade
anônima dividido em ações.” E ainda discorre o autor sobre as espécies de ação:
“Consoante a natureza dos direitos ou vantagens que confere, a ação pode ser de
três espécies: ordinária, preferencial ou de fruição.”
Dentre as vantagens das ações preferenciais, importante salientar as
vantagens políticas, de onde se podem eleger membros da administração, conforme
o artigo 18 da Lei das Sociedades Anônimas, que estabelece: “O estatuto pode
assegurar a uma ou mais classes de ações preferenciais o direito de eleger, em
17

votação em separado, um ou mais membros dos órgãos de administração.” (BRASIL,


1976)
Para constituição de uma Sociedade Anônima são necessários alguns
requisitos, entre eles para sua composição são necessários no mínimo duas
pessoas e a necessidade de subscrição de pelo menos 10% do valor das ações,
depositados em conta corrente de estabelecimento bancário, conforme se observa
no artigo 80 da Lei das Sociedades Anônimas:

Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos


seguintes requisitos preliminares:
I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que
se divide o capital social fixado no estatuto;
II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço
de emissão das ações subscritas em dinheiro;
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento
bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do
capital realizado em dinheiro. (BRASIL, 1976)

Entretanto, analisando algumas peculiaridades relativas a constituição e


manutenção da Sociedade Anônima, constata-se a onerosidade dessa modalidade,
em detrimento das demais espécies. Dessa forma colabora Silva e Rossi (2017, p.
41)

Há que se considerar, contudo, que a legislação que disciplina a sociedade


anônima traz algumas exigências que tornam sua constituição e
manutenção mais custosa em comparação com a sociedade de
responsabilidade limitada. Entre as exigências, destacam-se: necessidade
de publicação de seus atos constitutivos e convocações para assembleias
em jornais de grande circulação; avaliação de bens integralizados por três
peritos ou por empresa especializada; necessidade de constituição de
conselho fiscal. Assim nos parece que, ao menos em princípio, a sociedade
de responsabilidade limitada é o tipo societário mais adequado quando se
trata de holding familiar.

Além disso, em se tratando de holding familiar, o tipo societário de sociedade


anônima não se mostra o mais adequado tendo em vista a limitação das hipóteses
de restrição à entrada de terceiros estranhos em seu capital social, ao se pressupor
a livre circulação de suas ações, como observa Silva e Rossi (2017, p.40).
18

2.2.2 Sociedade Limitada

A Sociedade Limitada está regulamentada no Código Civil nos artigos 1052 a


1087, onde está definida a responsabilidade societária, a qual é limitada ao valor de
suas cotas, entretanto todos os sócios respondem solidariamente pela integralização
do capital social. (BRASIL, 2002)
Alguns aspectos da sociedade limitada favorecem a escolha desse tipo
societário como o mais apropriado para a constituição da holding familiar. Como
discorre Silva e Rossi (2017, p.28). Afirmam os autores que, por ser menos
burocratizada, e por seu custo de constituição e manutenção ser mais moderado que
as demais modalidades, a sociedade limitada torna-se a opção mais atrativa para
compor essa modalidade de holding.
Sob outro prisma, a sociedade limitada classifica-se em sociedade de
pessoas, mais comumente utilizada, e sociedade de capital. (RIZZARDO, 2019, p.
168)
De acordo com Almeida (2018, p. 80) a distinção entre sociedade de pessoas
e sociedade de capital funda-se no critério de maior ou menor responsabilidade dos
sócios, sendo a sociedade de pessoas aquelas em que essa responsabilidade se
acentua, e sociedade de capital, aquela em que a responsabilidade se dilui.
Por outra vertente, Rizzardo (2019, p. 168) leciona que na sociedade de
pessoas destacam-se as particularidades pessoais dos sócios, bem como suas
afinidades e sintonia e, sobretudo, a mútua confiança entre os mesmos.
Diferentemente da sociedade de capital, que é o caso das sociedades anônimas,
sendo nesse caso o aspecto da contribuição material mais relevante do que as
características próprias de seus acionistas.
Do exposto, depreende-se que a escolha da sociedade limitada para
constituição de holding familiar encontra amparo no fato de que esse tipo societário,
quando constituído como sociedade de pessoas, baseia-se no aspecto
personalíssimo da relação jurídica entre os sócios, bem como no intuito personae
que caracteriza referida relação.
Jorge Lobo (2004, p.51) caracteriza perfeitamente tal relação jurídica entre os
sócios da limitada ao conceituar a chamada affectio societatis:
19

(...) a vontade firme de os sócios unirem-se por comungarem de idênticos


interesses, manterem-se coesos, motivados por propósitos comuns, e
colaborarem, de forma consciente, com a consecução do objeto social da
sociedade.

Dessa forma, é perceptível a preferência pelo modelo societário de sociedade


limitada em detrimento das demais espécies na composição da holding familiar, visto
que tal modelo facilita a preservação do patrimônio familiar, representando uma
maior proteção ao mesmo, e ainda resguardando de terceiros estranhos ao núcleo
familiar os interesses da própria família.

2.2.3 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada e a Sociedade


Unipessoal Limitada

O legislador, por meio da Lei 12.441/11 (BRASIL, 2011), com vistas ao


espírito empreendedor do povo brasileiro, e no intento de promover a regularização
de empreendimentos ligados à economia informal, teve a perspicácia de inserir o art.
980-A no Código Civil Brasileiro. (MARTINS, 2019):

Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será


constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social,
devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior
salário-mínimo vigente no País. (BRASIL, 2002)

Entretanto, vale destacar que conforme observa Martins (2019), a chamada


EIRELI, inserida no referido Códex necessita de integralização de capital de, no
mínimo 100 salários mínimos.
Em relação à criação da empresa individual de responsabilidade limitada,
acrescenta Diniz (2019, p.85):

Com a entrada em vigor da Lei nº 12.441/2011, o ordenamento jurídico


brasileiro incorporou nova modalidade de pessoa jurídica (e não a
sociedade unipessoal): trata-se da empresa individual de responsabilidade
limitada (geradora da sigla EIRELI). A inovação em nossas tradições de
estruturas negociais e organizacionais veio acompanhada de críticas, seja
pela concepção teórica e debate acadêmico apequenado, seja pelas
dúvidas extremadas que a lei nos relegou. De relevante, todavia, é que, por
meio dessa pessoa jurídica, torna-se possível organizar atividade
empresarial em novo centro de imputação com autonomia do patrimônio da
EIRELI em relação àquele que a constituiu. Em tese, minimizam-se os
riscos da atividade empresária, isolando-a em organização específica, sem
comprometer outros bens do patrimônio de quem constituiu a tal EIRELI.
Além disso, argumenta-se, reduzem-se as urgências e os problemas do
20

“presta nome”, ou “sócio de palha”, ou “testa de ferro”, ou “laranja” (com


permissão das alcunhas tratadas com sinonímia nos dicionários).

Sem muito esforço, percebe-se, que apesar das benesses trazidas pela
alteração legislativa, tal exigência, não favoreceu plenamente a regularização de
muitos negócios informais, como era um dos escopos da criação da empresa
individual de responsabilidade limitada, uma vez que tal valor de integralização de
capital restringe a opção pela EIRELI a um grupo de pessoas, conforme Silva
(2013).
Entretanto, em 2019 através da Lei 13.874 (BRASIL, 2019) 3, foi aberta a
possibilidade da constituição de uma sociedade limitada, com apenas um sujeito,
oportunizando ao mesmo a subscrição do capital, objetivando também estimular o
empreendedorismo e a regularização de atividades de profissionais liberais, que
segundo Sílvio Venosa (2020, p.181), até então só tinham a seu dispor a opção de
EIRELI, caso não possuíssem sócios, pois em decorrência do regulamento do
Imposto de Renda, não lhe é facultado optar por Empresa Individual, a chamada EI.
A lei 13.874/2019 alterou, portanto, o art. 1052 do Código Civil Brasileiro,
incluindo o parágrafo único, para instituir que a sociedade limitada pode ser
constituída por uma ou mais pessoas:

Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é


restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela
integralização do capital social.
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais
pessoas. (BRASIL, 2002)

Campinho (2020, p. 68) complementa informando que as sociedades


unipessoais já são realidade em diversos países desde o século passado.

No Direito estrangeiro, entretanto, detectamos uma já antiga e crescente


adoção da unipessoalidade societária.
Na Lei Alemã, de 4 de julho de 1980, prescreveu-se a possibilidade da
existência da sociedade de responsabilidade limitada instituída por uma só
pessoa, física ou jurídica.
Posteriormente, a Lei Francesa n. 85.697, de 11 de julho de 1985, alterando
o art. 1.832 do Código Civil francês, veio permitir a denominada “Empresa
Unipessoal de Responsabilidade Limitada”, consagrando, igualmente, a
sociedade de responsabilidade limitada com um só sócio.

3
A Lei 13.874/2019 instituiu a chamada Declaração de Direitos de Liberdade Econômica
21

Portugal, por meio do Decreto-Lei n. 257, de 31 de dezembro de 1996,


também adotou, de forma expressa, o modelo de sociedade unipessoal por
quotas.
Com efeito, a figura jurídica da sociedade unipessoal acabou por ser
disseminada no Direito Europeu com a edição da Décima Segunda Diretiva
da Comunidade Econômica Europeia, hoje União Europeia, que cuidou das
sociedades por quotas unipessoais.
Como constatado no Direito estrangeiro, e já então no Direito brasileiro,
vislumbra--se a possibilidade de a lei autorizar que a sociedade seja
instituída por ato de vontade de uma só pessoa.

A Sociedade Limitada Unipessoal apresentou então significativa vantagem


sobre a EIRELI, vez que a segunda impõe a subscrição de capital não inferior a 100
salários mínimos, conforme disposição do art. 980-A do Código Civil (BRASIL,
2002).
Já na sociedade limitada unipessoal, assim como nas demais modalidades
societárias, o valor do capital social deve ser especificado no contrato, mas o mesmo
não possui nem limite mínimo e nem máximo para a integralização, pois conforme
assegura Retto (2007, p. 49), o Código Civil de 2002 foi omisso em relação a esses
valores.
Em relação a possibilidade de escolha da EIRELI na constituição da holding,
Drigo e Rovai (2013) afirmam que não há impedimentos para que se escolha a
espécie, uma vez que o Código Civil (BRASIL, 2002) não traz vedações a esse
respeito e, portanto, “nada impede uma EIRELI de se associar para constituir novas
sociedades”.
Na mesma linha, a respeito da sociedade unipessoal limitada, conforme
afirma Dias e Basílio (2020): “a holding poderá possuir o tipo societário de uma
sociedade limitada, de uma sociedade anônima, de uma sociedade unipessoal, e
até, de uma empresa individual de responsabilidade Limitada – EIRELI”.
Assim, apresentadas as modalidades de constituição da holding, com
destaque ao fato de que a holding familiar, no mais das vezes, apresenta mais
benefícios quando na forma de sociedade limitada do que de sociedade anônima,
passa-se agora a apresentar as principais modalidades de sucessão patrimonial.
22

3 HOLDING FAMILIAR COMO INSTRUMENTO DE SUCESSÃO

A transmissão de bens aos sucessores, em virtude do falecimento da pessoa,


decorre do direito à sucessão, e tradicionalmente opera-se pelo inventário e partilha,
decorrente de determinação de lei, ou ainda por disposição de última vontade, que
se configura pelo testamento.
Uma alternativa aos modos tradicionais de sucessão, que se afigura lícita e
eficiente, é a constituição de uma holding familiar objetivando o planejamento
sucessório.
No presente capítulo, será estudado o direito à sucessão, analisando-se as
modalidades sucessórias tradicionais, bem como a importância da realização de um
planejamento sucessório.

3.1 O DIREITO À SUCESSÃO

Com vistas à contextualização do tema, de forma breve, será examinado o


direito constitucional à herança decorrente da sucessão.
Em sentido genérico a palavra sucessão significa transmissão, como bem
lembra Tartuce (2021, p. 16), sendo que a mesma pode ser relativa a ato inter vivos
ou causa mortis. E segue o autor aclarando que no direito hereditário “a sucessão
opera causa mortis”.
Com amparo em vários doutrinadores, Tartuce (2021, p. 17) conceitua direito
sucessório como um dos ramos do Direito Civil “que tem como conteúdo as
transmissões de direitos e deveres de uma pessoa a outra, diante do falecimento da
primeira, seja por disposição de última vontade, seja por determinação da lei, que
acaba por presumir a vontade do falecido”.
Carvalho (2018, p.13), explicita que:

A sucessão em geral, segundo o fato que lhe dá origem, pode operar-se por
ato inter vivos ou causa mortis. A sucessão inter vivos – situada no campo
do Direito das Obrigações, do Direito das Coisas, do Direito de Família, etc.
é aquela provocada pelos negócios jurídicos inter vivos, cujos efeitos
translativos de direitos, poderes-deveres jurídicos ou o exercício respectivo
devam vir a ocorrer durante a vida do declarante, ou declarantes, em regra
por força da vontade humana, o que acontece nos contratos em geral. [...]
Já a chamada sucessão hereditária ou causa mortis, objeto de nosso
estudo denominada de sucessão stricto sensu é aquela cuja transferência
23

patrimonial dar-se-á por causa ou com causa da morte da pessoa física ou


natural, só operando seus efeitos a partir daí. [...] Na pena de alentada
doutrina, pode ser definida nos seguintes moldes: “A transmissão dos
direitos e obrigações de uma pessoa morta à outra sobreviva, por virtude da
lei ou da vontade expressa do transmissor”.

No Brasil, o direito à herança foi respaldado pela nossa mais alta lei em um
de seus títulos mais importantes, qual seja, o que trata dos direitos e garantias
fundamentais, art. 5º, inciso XXX, onde o legislador expressamente garante o direito
de herança. (BRASIL, 1988):

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

(...) XXX - é garantido o direito de herança;

Essa garantia constitucional é de suma importância, pois sua existência


proporcionou o surgimento de legislações infraconstitucionais, objetivando
regulamentar todo o processo sucessório.
Rizzardo (2019, p.183), destaca que do art. 5º, inciso XXII, da Constituição
Federal (BRASIL, 1988), decorre o direito de propriedade, que por sua vez origina o
direito à sucessão:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

(...) XXII - é garantido o direito de propriedade;

Para que se tenha, em apertada síntese, ensinamentos a respeito da parte


histórica do direito das sucessões, em muito se pode aprender com os ensinamentos
de Rizzardo (2019, p.32) ao enfatizar que:

No Brasil, o direito das sucessões sofreu grande influência do direito


romano, com seu materialismo e individualismo, e do direito canônico,
especialmente em relação à sucessão testamentária, incentivando os fiéis a
se mostrarem agradecidos à igreja, deixando-lhe parte dos bens. Vigorava o
direito das sucessões de Portugal, compilado nas Ordenações do Reino, até
a entrada em vigor do Código Civil de 1916. Os filhos recebiam tratamento
diferenciado no direito sucessório, excluindo da sucessão os extra
matrimoniais que não podiam ser reconhecidos, mas paulatinamente foram
conquistando direitos sucessórios. O mesmo ocorria com os filhos adotivos,
24

que eram preteridos em favor dos biológicos. A companheira não possuía


direitos sucessórios. A Constituição Federal de 1988 excluiu todas as
desigualdades entre os filhos e reconheceu outras entidades familiares além
do casamento, prevendo a Lei n. 8.971/94 o direito de o companheiro
participar da sucessão hereditária do outro. O Código Civil de 2002 acolheu
as transformações sociais e regula o direito sucessório incluindo os
companheiros, apesar de conferir no art. 1.790 direitos desiguais em relação
ao cônjuge, regredindo os direitos conquistados na ordem de vocação
hereditária pela Lei n. 8.971/94. O Supremo Tribunal Federal, na sessão
plenária em 10 de maio de 2017, afastou a diferença entre cônjuges e
companheiros para fins sucessórios, considerando inconstitucional a
distinção e determinando a aplicação a ambos do regime do art. 1.829 do
Código Civil.

Em muitos países, são cobradas taxas exorbitantes para a transmissão de


heranças, inviabilizando muitas vezes os processos tradicionais. No Brasil, as
alíquotas do Imposto de Transmissão causa mortis e doação – ITCMD 4, embora não
estejam entre as mais altas do mundo, variando conforme o estado membro entre 2
a 8% sobre o valor venal do imóvel, ainda sim oneram bastante o processo
sucessório (CAPITAL RESEARCH, 2019). A tabela com as alíquotas de alguns
países está disposta no anexo.
Desse modo, conforme será apresentado, a ferramenta da holding familiar,
assunto dessa monografia, surge como uma opção vantajosa em relação aos
métodos tradicionais, que serão apresentados na sequência.

3.2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO

O planejamento sucessório, indubitavelmente, configura-se como valiosa


ferramenta não só no sentido de promover garantia jurídica e financeira, bem como
proteção aos bens dos membros da família. Assim no presente tópico serão
apresentados, por meio de conceitos doutrinários, a importância do referido
planejamento.
Silva e Rossi (2017, p. 85-86) sintetizam de forma clara e objetiva a
importância do planejamento sucessório, esclarecendo que o patrimônio familiar,
bem como os negócios empresariais da família, têm a oportunidade de serem
preservados e de furtar-se ainda da interferência de terceiros estranhos ao núcleo
familiar.

4
O ITCMD será melhor estudado no tópico 4.3.2.1 do presente estudo.
25

Também destacam os referidos autores, que tal planejamento, permite aos


patriarcas escolher o herdeiro mais capacitado para administrar a empresa e, por
fim, tem a vantagem de evitar conflitos típicos da sucessão e minimizar os custos
decorrentes do processo de inventário por meio do planejamento do pagamento dos
tributos, evitando a eventual alienação de um bem para saldar custas processuais e
tributos.
Na mesma linha de raciocínio, Mamede (2021, p. 103) afirma que é preciso
formar sucessores, e que a ausência de um plano sucessório e o despreparo de
uma organização para a sucessão, pode constituir um “legado maldito”, que se deixa
para os sucessores, que nas empresas familiares são os entes queridos. Sendo
inúmeros os exemplos de empresas familiares que vão à falência ou enfrentam
graves crises, devido a uma sucessão abrupta entre gerações.
Assim, em que pese certo desconforto para a maioria das pessoas tratarem
do tema, pois envolve questões relativas a finitude do ser humano, percebe-se a
importância do planejamento sucessório.

3.3 MÉTODOS SUCESSÓRIOS TRADICIONAIS

Nesse tópico, visa-se uma breve e objetiva conceituação dos métodos


sucessórios ditos “tradicionais”, no intuito de, na sequência do presente estudo,
demonstrar-se as vantagens da utilização da estratégia da holding familiar como
alternativa mais vantajosa do que as ferramentas usuais.
Conforme conceitua Carvalho (2019, p.13), sucessão é a “modificação
subjetiva em determinada situação jurídica, tendo em vista o sujeito ativo ou passivo.
Isto é, o sucessor passa a ocupar a posição jurídica do antecessor”.
A sucessão, em sentido amplo, ocorre quando uma pessoa sub-roga-se nos
direitos e ou obrigações do titular anterior, segundo o referido autor (Telles, 1973
apud, Carvalho, 2019, p.13), sem ocorrer alteração nas relações jurídicas
patrimoniais transferidas.
26

A sucessão pode ser classificada conforme o fato que lhe dá origem em:
sucessão inter vivos 5 e sucessão causa mortis 6.
Conforme dispõe o art. 1.784 do Código Civil (BRASIL, 2002), aberta a
sucessão, em decorrência do falecimento da pessoa, a herança “transmite-se, desde
logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”.
Conforme bem observa Madaleno (2020):

A transmissão da herança é imediata e não depende da prévia adição dos


herdeiros, que sequer precisam ter conhecimento da morte do titular dos
bens, e tampouco estar presentes ou gozarem da capacidade civil,
sucedendo a aceitação ou o repúdio da herança em ato posterior.
Igualmente independe da posse física da coisa, o herdeiro simplesmente
substitui o autor da herança no exato momento de seu óbito, recebendo os
bens no estado e com os vícios eventualmente existentes.

A sucessão hereditária, aquela que se dá em virtude do falecimento de


alguém, subdivide-se em sucessão hereditária legítima, onde as regras de
transmissão advém da própria lei; e sucessão hereditária testamentária, a qual é
disciplinada por um “ato jurídico negocial, especial e solene” - o testamento.
(GAGLIANO, 2021, p. 19)
Passa-se, portanto, ao exame conciso do procedimento de inventário e suas
variantes, quais sejam: inventário judicial e inventário extrajudicial, bem como de
aspectos do testamento.

3.3.1 Inventário

Quando ocorre a morte de uma pessoa natural com bens para serem
partilhados, é iniciado o prazo de abertura da sucessão. A partir daí, tem-se um

5
A sucessão inter vivos – situada no campo do Direito das Obrigações, do Direito das Coisas, do
Direito de Família etc. – é aquela provocada pelos negócios jurídicos inter vivos, cujos efeitos
translativos de direitos, poderes-deveres jurídicos ou o exercício respectivo devam vir a ocorrer
durante a vida do declarante, ou declarantes, em regra por força da vontade humana, o que acontece
nos contratos em geral. Nesse sentido, na compra e venda, o comprador assume o lugar do vendedor
em relação ao seu objeto; na doação, o donatário passa a ser titular do bem doado; na permuta, os
permutantes substituem-se mutuamente na titularidade dos bens permutados. (CARVALHO, 2019,
p.13)
6
Já a chamada sucessão hereditária ou causa mortis – denominada de sucessão stricto sensu –, é
aquela cuja transferência patrimonial dar-se-á por causa ou concausa da morte da pessoa física ou
natural, só operando seus efeitos a partir daí. (CARVALHO, 2019, p.13)
27

prazo de 2 (dois) meses, para iniciar o levantamento do patrimônio do de cujus7,


que deverá ser concluído em no máximo 12 (doze) meses, conforme dispõe o artigo
611 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015):

Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro


de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12
(doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de
ofício ou a requerimento de parte.

Da doutrina (DINIZ, 2005, apud Scalquette, 2020, p.187), extrai-se que:

A abertura da sucessão se dá no momento da morte. Segundo Maria


Helena Diniz, o momento da morte precisa ser comprovado, no plano
biológico, pelos recursos empregados na medicina legal e, no plano jurídico,
pela certidão passada pelo oficial do Registro Civil.

O inventário nada mais é do que o levantamento do patrimônio pertencente


ao de cujus, inclusive suas dívidas. Em sentido jurídico inventariar significa “apurar,
arrecadar e nomear bens deixados pelo falecido.” (OLIVEIRA, 2019, p. 314).
Segue o referido autor informando que o inventário, até o advento da Lei
11.441/2007 (BRASIL, 2007)8, era exclusivamente feito pelas vias judiciais. Assim a
citada lei, introduziu o chamado inventário extrajudicial ou administrativo, o qual é
feito por escritura pública desde que não haja testamento, e as partes sejam
capazes e maiores, bem como estejam de acordo em relação à partilha dos bens.
Conforme afirma Gagliano (2019, p.433), somente ocorrerá uma eventual
partilha, ou adjudicação dos bens do falecido, caso suas dívidas tiverem sido pagas.
Nesse sentido, dispõe o art. 642 do Código de Processo Civil (BRASIL,
2015):

7
Rodrigues (2019, p. 185, apud, RIZZARDO, 2003, p. 11), nos ensina que são frequentemente
motivo de curiosidade a utilização de certos nomes e expressões em nosso mundo jurídico, e uma
delas é a expressão “de cujus”. A expressão de cujus, é tirada da sentença latina de cujus sucessione
agitur, isto é, de cuja sucessão se trata. Em decorrência da economia vocal trazida pelo costume ao
longo do tempo, passou-se a falar “de cuja sucessão”, que acabou por tornar-se “de cujus”,
expressão hoje largamente empregada por toda a doutrina.
8 o
Lei 11.441/2007 - Altera dispositivos da Lei n 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de
Processo Civil, possibilitando a realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio
consensual por via administrativa.
28

Art. 642. Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo


do inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis.
§ 1.o A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será distribuída por
dependência e autuada em apenso aos autos do processo de inventário.
§ 2.o Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o
credor, mandará que se faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de
bens suficientes para o pagamento.
§ 3.o Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o
pagamento dos credores habilitados, o juiz mandará aliená-los, observando-
se as disposições deste Código relativas à expropriação.
§ 4.o Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam adjudicados,
para o seu pagamento, os bens já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido,
concordando todas as partes.
§ 5.o Os donatários serão chamados a pronunciar-se sobre a aprovação
das dívidas, sempre que haja possibilidade de resultar delas a redução das
liberalidades.

Neste mesmo enfoque, Tartuce (2020, p.653) corrobora com o raciocínio, ao


destacar que poderão os credores do espólio do falecido, antes da partilha, requerer
o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis ao juízo do inventário, conforme
dispõe o art. 642 em seu §1º do CPC/2015 (BRASIL, 2015).
Com fins ilustrativos cabe observar a diferença de herdeiro e legatário, como
bem define Rizzardo (2019, p. 185)

Em geral, usamos a palavra “herdeiro” indiscriminadamente quando nos


referimos a alguém que foi ou será beneficiado por uma herança. É
importante ressaltar que há distinção quanto à nomenclatura daquele que é
destinatário de uma herança. Há duas espécies de herdeiro: Herdeiro
legítimo – Aquele que recebe uma herança de acordo com a ordem disposta
em lei (sucessão legítima). É chamado, nesse caso, de herdeiro. Herdeiro
testamentário – Aquele que é instituído por meio de testamento (sucessão
testamentária). Pode ser: − a título universal, quando recebe uma parte da
totalidade da herança – herdeiro; − a título singular, quando recebe um bem
ou vários bens determinados – legatário. Como se depreende, nem sempre
aquele que é o beneficiário de uma herança é denominado herdeiro; se
receber um ou vários bens determinados, especificados em um testamento,
será chamado de legatário.

Ainda na seara da conceituação do termo inventário, Gagliano (2019, pag.


418) pondera didaticamente: “Do ponto de vista do Direito Sucessório, o inventário
pode ser conceituado como uma descrição detalhada do patrimônio do autor da
herança, atividade esta destinada à posterior partilha ou adjudicação dos bens”.
Examinando a questão procedimental, tem-se que através do inventário serão
arrolados e avaliados os bens do de cujos, citados ou habilitados os herdeiros,
pagas as dívidas vencidas e exigíveis, relacionados os bens doados em vida pelo
falecido, e ainda calculados os respectivos impostos devidos pela transmissão,
29

conforme bem enumera Carvalho (2019, p.18). E segue o referido autor


esclarecendo ainda que: “A partilha, por sua vez, é a fase final do procedimento
sucessório, em que se haverá de atribuir a cada um dos herdeiros a porção que lhe
couber dos bens e direitos do acervo”.
Superadas as definições de inventário e partilha, passa-se nos próximos
tópicos a expor algumas questões relativas às duas modalidades de inventário:
judicial e extrajudicial.

3.3.1.1 Inventário Extrajudicial

É através do inventário que se objetiva averiguar todo o patrimônio que o de


cujus deixou para seus herdeiros, bem como suas dívidas. O inventário quando em
sua forma consensual, pode ser realizado em cartório de notas, com escritura
pública, conforme disciplinado pela já citada Lei 11.441/2007. (BRASIL, 2007).
Cabe observar que o legislador, no Novo Código de Processo Civil de 2015
(BRASIL, 2015), conforme destaca Silva e Barros (2017), manteve a previsão de
inventário judicial, caso haja testamento ou interessado incapaz, em seu artigo 610;
alterando tão somente o aspecto redacional relativo ao inventário extrajudicial, em
seu §1º:

Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao


inventário judicial.
§ 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão
ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para
qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância
depositada em instituições financeiras.

A modalidade extrajudicial do inventário é facultativa, como bem observa


Carvalho (2019, p. 25).
Discorre ainda o mesmo autor que: “Excepcionalmente, a lei autoriza o
levantamento de determinados valores sem necessidade de inventário, judicial ou
extrajudicial, ou de arrolamento”. 9

9
Exemplificando tem-se que: A Lei nº 8.213/91, que dispõe sobre os planos de benefícios da
Previdência Social e dá outras providências, prescreve no artigo 112 que o valor não recebido em
vida pelo segurado só será pago aos dependentes habilitados à pensão por morte ou, na falta
30

Segundo Arruda (2017) precisam estar preenchidos os seguintes requisitos,


para realização do inventário extrajudicial, quais sejam:

a) as partes devem estar assistidas por advogado (art. 610 §2 do NCPC), o


profissional está apto para elucidar e instruir os herdeiros sobre os
procedimentos e consequências jurídicas de cada ato;
b) o falecido não pode ter deixado testamento, é obrigatória a apresentação
de certidão de inexistência de testamentos, facilmente encontrado no
Colégio Notarial do Brasil;
c) todos os herdeiros devem ser maiores e capazes para os atos da vida
civil;
d) e deve haver entre os herdeiros, concordância em relação a partilha de
bens.

Tepedino et al. (2020, p. 230) salienta as facilidades do inventário extrajudicial


em detrimento do inventário judicial, destacando que mesmo que possível a
realização do inventário extrajudicial, o mesmo pode, caso seja vontade dos
interessados dar-se pela via judicial, posto que o procedimento extrajudicial é tão
somente uma faculdade. Assim, o autor enumera vantagens do mesmo em relação
ao procedimento judicial como: celeridade, maior autonomia dos interessados e livre
escolha do tabelião de notas. E ainda acrescenta que, o fato de existirem credores
do espólio não obsta a realização do inventário e partilha ou adjudicação por
escritura pública, podendo os credores acordar diretamente com os sucessores o
pagamento das mesmas. Podem ainda no procedimento extrajudicial, os
interessados nomearem um inventariante com a função de representante do espólio.

3.3.1.2 Inventário Judicial

Por outro lado, havendo testamento, herdeiros incapazes, ou não havendo


consenso quanto à divisão do patrimônio deixado pelo de cujus, deverá ser utilizado
o procedimento de inventário judicial, conforme dispõem os artigos 2.016 do Código
Civil e 610 do Código Processual Civil (BRASIL, 2015):

desses, aos seus sucessores na forma da lei civil, independentemente de inventário ou arrolamento.
Carvalho (2019, p. 25).
31

Art. 2.016. Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim


como se algum deles for incapaz.

Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao


inventário judicial.

Leite (2016) esclarece que o inventário judicial é um procedimento especial,


onde devem ser arrolados todos os bens e obrigações que compõem a herança,
bem como a meação do cônjuge sobrevivente, embora explica que a meação não
integra a herança. O inventário tem a função de enumerar o ativo e o passivo do
acervo hereditário, enquanto a partilha define cada quinhão sucessório.
Conforme previsão do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015), o
procedimento especial de inventário divide-se em três modalidades: tradicional ou
solene (artigos 610 a 658 do CPC/2015); arrolamento comum (arts. 659 a 663 do
CPC/2015); e arrolamento sumário (artigos 664 ao art. 666 do CPC/2015).
Continua a referida autora, Leite (2016), aclarando que o inventário será
aberto por meio de petição inicial por aquele que estiver na posse e administração
do espólio, conforme a literalidade do art. 615 do Código de Processo Civil (BRASIL,
2015), tendo, entretanto legitimidade concorrente às pessoas relacionadas no art.
616 do mesmo diploma legal, como por exemplo, o legatário e o Ministério Público,
em caso de haver herdeiros incapazes. Ainda vale destacar que o CPC/2015 inovou
ao suprimir a possibilidade de abertura de inventário de ofício.
Conforme se infere do art. 616 do CPC, a pessoa jurídica não está no rol dos
que possuem legitimidade para serem inventariantes (BRASIL, 2015).
Dentro do processo judicial, serão citados todos os herdeiros não
representados, o testamenteiro, intimado o Ministério Público nos casos em que
deva intervir, bem como as Fazendas Públicas estaduais e municipais em
decorrência da incidência dos impostos, de acordo com Carvalho (2020, p.163)
Finalizadas as citações, o art. 627 do Código de Processo Civil determina a
abertura de vistas às partes para se manifestarem sobre as primeiras declarações
no prazo comum de 15 dias.
Destaca Carvalho (2020, p. 165) que:
32

No inventário, portanto, não existe fase probatória com audiência, provas


periciais e testemunhais, ou seja, somente se decidirá matéria de direito ou
10
de fato comprovado documentalmente. Toda questão de alta indagação
ou que depender de outras provas será remetida para as vias ordinárias.

Em seguida, conforme dispõe o artigo 629 do Código Processual Civil, a


Fazenda Pública informará ao juízo no prazo de 15 dias o valor dos bens de raiz
descritos nas primeiras declarações (BRASIL, 2015).
Na sequência será feita a avaliação dos bens, por avaliador judicial, conforme
define o art. 630 do CPC 11.
O Código de Processo Civil, em seus artigos 635, 636 e 637, determina a
manifestação das partes sobre o laudo de avaliação, lavrando-se na sequência as
últimas declarações e procedendo-se ao cálculo dos tributos. (BRASIL, 2015).
De acordo com Ferreira (2015), determinado o pagamento do imposto pelo
juízo, o inventariante deverá dar início ao procedimento administrativo junto a
Fazenda Pública para recolhimento tributário.
Conforme o artigo 654 do CPC/2015 (BRASIL, 2015):

Art. 654. Pago o imposto de transmissão a título de morte e juntada aos


autos certidão ou informação negativa de dívida para com a Fazenda
Pública, o juiz julgará por sentença a partilha.

Por fim, o juízo chancela o processo de inventário através da chamada


homologação da partilha. Assim, após o trânsito em julgado da decisão de
homologação, expede-se o chamado formal de partilha que é o documento que
concretiza a própria partilha (Ferreira, 2015), recebendo os herdeiros os bens que
lhe tocarem, conforme o art. 655 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015).

10
A expressão “alta indagação” refere-se às questões que necessitam fazer prova em juízo, como as
relativas à propriedade dos bens, condição de herdeiro, investigação de paternidade, nulidade de
atos praticados pelo finado, exclusão de herdeiro, sonegação de bens, entre outras. São questões
que não podem ser resolvidas no processo de inventário, exigindo elementos externos trazidos pelos
interessados e que só podem ser apreciados no rito ordinário próprio. (CARVALHO, 2020, p. 165)
11
Na prática, na maioria dos casos, não existe essa fase de avaliação dos bens, considerando que a
Fazenda Pública Estadual procede à avaliação ao serem declarados os bens e direitos ao Fisco
antecipadamente, para o recolhimento do imposto causa mortis nos Estados em que é concedido
descontos e evitar multas, ou na fase das primeiras declarações. Discordando os herdeiros da
avaliação do Fisco ou existindo herdeiros incapazes, com intervenção do Ministério Público, procede-
se à avaliação judicial. (CARVALHO, 2020, p. 165)
33

Vencidas as modalidades de inventário, passa-se a uma breve exposição da


modalidade sucessória do testamento.

3.3.2 Testamento

A sucessão testamentária está balizada entre os artigos 1.857 a 1.939 do


Código Civil (BRASIL, 2002). Sendo muitas as disposições legais a esse respeito e,
considerando que esse estudo não tem por escopo a análise das modalidades
sucessórias “tradicionais”, o presente tópico será abordado com vistas apenas a
contextualização do assunto, vez que o mesmo guarda pertinência ao tema proposto
que é a holding familiar como ferramenta de planejamento sucessório.
De acordo com Rodrigues (2003, apud, SCALQUETTE, 2020, p.229), a
sucessão testamentária é “a sucessão que deriva da manifestação de última
vontade, revestida da solenidade prescrita pelo legislador”.
Destacam-se algumas características do testamento: é ato personalíssimo e
unilateral, conforme leciona Maria Helena Diniz (2005, p. 178), é um ato revogável
(art. 1.858 CC/2002). Também, de acordo com Sílvio Venosa é um ato solene, e
ainda é um ato gratuito (2005, p.192 e p.195).
Nos ensinamentos de Tartuce (2020, p.402):

O testamento constitui um negócio jurídico unilateral, pois tem


aperfeiçoamento com uma única manifestação de vontade. Dessa forma,
basta a vontade do declarante – do testador – para que produza efeitos
jurídicos. A aceitação ou renúncia dos bens deixados, manifestada pelo
beneficiário do testamento, é irrelevante juridicamente para a essência do
ato.

Em relação às formas de testamento, didaticamente leciona Venosa (2018,


p.229) que existem conforme o Código Civil (BRASIL, 2002), três formas
tradicionais: público, cerrado e particular. Citando ainda três formas excepcionais de
testamentos transitórios, quais sejam: marítimo, aeronáutico e militar, os quais são
de pouco alcance prático.
Cabe observar que não há outras formas de testamento permitidas, de acordo
com a literalidade do art. 1.887 do Código Civil. (BRASIL, 2002)
Assim, com essa sucinta apresentação dos ditos métodos sucessórios
“tradicionais”, passa-se a percorrer o conceito, aspectos, as vantagens e outras
34

características da ferramenta holding, com ênfase na chamada holding familiar como


estratégia oportuna e vantajosa de planejamento sucessório.

3.3.3 Holding familiar

A holding familiar como ferramenta de sucessão hereditária, apresenta


vantagens em relação aos chamados métodos “tradicionais” anteriormente
assinalados. O referido instrumento mais se assemelha a uma estratégia do que a
um instituto jurídico, como se observa na conceituação oferecida por Mamede (2021,
p.19):

A chamada holding familiar não é um tipo específico, mas uma


contextualização específica. Pode ser uma holding pura ou mista, de
administração, de organização ou patrimonial, isso é indiferente. Sua marca
característica é o fato de se enquadrar no âmbito de determinada família e,
assim, servir ao planejamento desenvolvido por seus membros,
considerando desafios como organização do patrimônio, administração de
bens, otimização fiscal, sucessão hereditária etc.

Como bem observa Silva e Rossi (2017, p. 16), caracteriza-se a holding


familiar por ter em vista a proteção ao patrimônio familiar, incluindo também a tutela
do sucesso de eventuais empresas pertencentes à família.
Pondera Leone (2005, p. 50) que, “dar à empresa uma nova perspectiva de
atuação ou ser a sua destruição, aliada à falta de profissionalismo, é a questão
central do processo sucessório, constituindo-se num enfoque de ambiguidade.”
Assim, interessante e oportuna é a consideração da utilização da holding
familiar como opção no processo sucessório.
É de conhecimento notório que a sucessão hereditária, seja no âmbito familiar
ou empresarial, muitas vezes representa um assunto espinhoso dentro do núcleo
familiar.
Como esclarece Oliveira (2014, p. 25-26), a holding familiar como ferramenta
de sucessão empresarial, surge como uma opção para solucionar o problema da
disputa sucessória, pois permite ao fundador da empresa determinar seu sucessor,
resguardando a continuidade da mesma.
Adentrando a especificidade do tema holding familiar, temos que a formação
da mesma implica na reunião de todos os bens pessoais como patrimônio dessa
sociedade, oferecendo ainda a seu titular a possibilidade de repassar a seus
35

herdeiros cotas ou ações na forma que melhor lhe convir, tendo a opção ainda de
conservar para si, em usufruto vitalício essas participações. Assim, pode continuar
administrando todo o seu patrimônio, conforme leciona Oliveira (2014, p.25).
Com vistas à escolha dessa ferramenta no planejamento sucessório,
destacam-se as considerações de Silva e Rossi (2017, p.17) acerca dos benefícios
da utilização da mesma com esse objetivo. Segundo o citado autor, através da
holding familiar pode-se alcançar um planejamento societário, sucessório e tributário
mais pormenorizado, abrigado pela legislação, visando minorar os inúmeros riscos
inerentes ao desenvolvimento da atividade empresarial, bem como evitar os
inconvenientes da sucessão hereditária de bens e ainda estruturar a parte fiscal,
resultando numa diminuição da carga tributária.
No próximo capítulo serão apresentadas algumas vantagens da utilização da
holding familiar como instrumento sucessório, objetivando-se a avaliação de seus
vários aspectos positivos.
36

4 VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DA HOLDING FAMILIAR COMO


FERRAMENTA NO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO

A holding familiar tornou-se um instrumento bastante interessante ao


possibilitar a transferência do patrimônio aos herdeiros de forma prévia e
organizada, resultando numa sucessão eficaz na condução dos negócios de
eventual empresa que integre o conjunto de bens, como também possibilita a
determinação em vida pelos patriarcas do destino de seus bens, conforme Silva e
Rossi (2017, p. 81).
De acordo com Vidigal (1996, apud LEONE, 2005, p. 50), não são raros os
conflitos familiares quando do processo sucessório, devido, sobretudo, a falta de
planejamento do fundador da empresa, muitas vezes permanecendo até idade
avançada no comando da mesma e não oportunizando aos sucessores a liderança.
Outro aspecto a ser considerado é o fator econômico. Por óbvio, a
constituição de uma holding familiar não é isenta de custos; mas nessa questão,
apresenta algumas peculiaridades vantajosas no aspecto sucessório em relação aos
chamados métodos tradicionais, que demandam a realização, por exemplo, do
inventário.
De acordo com Silva e Rossi (2017, p. 84), quando do advento do inventário,
em muitos casos, a família precisa se desfazer de um bem para quitar o imposto,
que deve ser recolhido previamente.
Nesse sentido, cumpre destacar as afirmativas de Gutierrez (2006, p. 260,
apud ARAÚJO, 2018, p. 14), em relação aos princípios constitucionais que amparam
o planejamento tributário, ao sustentar que, embora o indivíduo não possa furtar-se
ao pagamento de tributos, o mesmo possui o direito, amparado pelos princípios da
legalidade tributária, tipicidade cerrada e autonomia privada, a legitimamente buscar
a redução ou postergação dos respectivos pagamentos.
Outra particularidade bastante atrativa da holding familiar como ferramenta no
planejamento sucessório, conforme bem elucida Mamede (2021, p. 94), é a
possibilidade de no ato constitutivo da holding fazer uma doação de cotas ou ações
gravadas com cláusula de incomunicabilidade, evitando que sejam alvo de partilha
resultante de separação ou divórcio. Atentando-se, porém, ao fato de que a doação
compõe a legítima, sendo ainda necessário observar a limitação do art. 1.848 do
37

Código Civil (BRASIL, 2002) 12, ou seja, deve haver justa causa para impedir a
alienação, penhora ou comunicação patrimonial.
A doutrina pátria destaca vários benefícios oriundos da utilização da
ferramenta da holding familiar com o propósito de proteção ao patrimônio da família,
por meio de lícita e legal blindagem patrimonial, a qual será estudada no próximo
tópico.

4.1 BLINDAGEM PATRIMONIAL

Uma das vantagens que mais se destacam quando da constituição da holding


familiar, é a possibilidade de, por meio de uma forma lícita e legal blindar-se o
patrimônio por meio da elisão fiscal, evitando a geração de tributos em decorrência
do planejamento tributário (HIGUSHI, 2016, p. 670).
São diversas e numerosas as possibilidades relacionadas à elisão fiscal.
Consta que o planejamento tributário decorrente do planejamento sucessório, pode
envolver antecipação de impostos, redução e até mesmo eliminação da carga
tributária, conforme aduz Araújo (2018, p. 40).
Por outra vertente, com vistas não à empresa familiar, mas tão somente ao
planejamento sucessório do próprio patrimônio da família, mas com a mesma
finalidade de blindagem patrimonial, tem-se o expediente da doação de bens aos
herdeiros com reserva de usufruto em substituição à feitura do testamento.
(PEIXOTO 2011, p. 273).
Silva e Rossi (2017, p. 103), trazem também outra possibilidade de escudar o
patrimônio familiar por meio da constituição da holding. Afirmam os autores que
existe a possibilidade de constituir-se a holding, por meio da integralização do
patrimônio dos patriarcas na empresa, doando-se quotas da mesma aos herdeiros
com o gravame de usufruto 13, a fim de evitar “um processo judicial de inventário, em
que as desavenças entre os envolvidos podem protelar seu desfecho”.

12
Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer
cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.
13
O usufruto é um direito real (artigo 1.225, IV, do Código Civil) que, em se tratando de imóveis, se
constitui mediante registro no Cartório de Registro de Imóveis (artigo 1.391). Não se pode transferir o
38

Oportuno destacar que, segundo Silva e Rossi (2017, p. 133): “na doação das
quotas da holding como parte do planejamento envolvendo o adiantamento da
legítima, o que ocorre é a antecipação [e redução] do custo tributário que se
efetivaria apenas com o passamento dos proprietários dos bens.”
Outras benesses da utilização da holding familiar como ferramenta de
planejamento sucessório, são as chamadas cláusulas especiais nos contratos de
doação, que serão examinadas na sequência.

4.2 CLÁUSULAS ESPECIAIS

O Código Civil, em seu art. 1911 (BRASIL, 2002) disciplina a cláusula de


inalienabilidade, a qual implica em impenhorabilidade e incomunicabilidade e que
pode ser imposta ao bem doado.
Nesse sentido a súmula nº 49 do Supremo Tribunal Federal (BRASIL, 2015):
“A cláusula de inalienabilidade inclui a incomunicabilidade dos bens”.
Segundo Gomes (2004, apud Scalquette, 2020, p. 264), entende-se como
cláusula de inalienabilidade “a proibição de alienar, a título gratuito ou oneroso, os
bens deixados a herdeiros, ou legatários.” Já incomunicabilidade é “a restrição em
impedir que integrem a comunhão estabelecida com o casamento” e por fim,
impenhorabilidade seria a “restrição à penhora”.
Muito embora as cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e
impenhorabilidade sejam autônomas, em razão do seu interesse social, conforme
Fioranelli (2008, p. 24-25), a cláusula de inalienabilidade “absorve as demais”, sendo
a cláusula de incomunicabilidade “bem mais restrita e com efeitos limitados à
individualidade da pessoa”.
Conforme bem coloca Bagnoli (2016, p.59), a cláusula de inalienabilidade
impede que o bem que foi recebido a título de doação seja transferido para outrem,
respeitando-se a vontade o doador.
Segundo Silva e Rossi (2017, p. 116), é bastante usual a utilização da
cláusula de inalienabilidade no bojo do planejamento sucessório, via holding familiar,

usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso (artigo
1.393). Mamede (2015, p.102-103)
39

no intuito de proteção do patrimônio da interferência de pessoas estranhas ao


núcleo familiar, impedindo os herdeiros de alienar suas quotas sociais.
Já em se tratando especificamente da cláusula de incomunicabilidade,
destaca-se que dentre os regimes de casamento, a comunhão universal de bens
implica a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas
dívidas passivas, conforme o art. 1.667 do Código Civil (Brasil, 2002).
Entretanto, o art. 1.668 do Código Civil (BRASIL, 2002), que também trata da
comunhão universal de bens, preconiza que o bem doado com cláusula de
incomunicabilidade não se comunica ao outro cônjuge.
Silva e Rossi (2017, p. 116) contextualizam afirmando que de acordo com o
artigo 1.669 do Código Civil, embora um bem doado ao herdeiro com cláusula de
incomunicabilidade não comunica ao cônjuge, mesmo que sejam casados pelo
regime de comunhão universal de bens, os frutos por ventura advindos do referido
bem, afirmam os autores, integram o patrimônio do casal, podendo ser usufruídos
por ambos durante a vigência do casamento, como acontece com a distribuição de
lucros advindos das quotas do capital social.
Em relação especificamente a cláusula de impenhorabilidade, Rizzardo (2019,
p. 371), reitera que os bens com essa cláusula não podem ser penhorados pelos
credores.
Segue o autor (2019, p. 377), acrescentando que a impenhorabilidade pode
decorrer de lei14 ou de convenção. A impenhorabilidade convencional, prossegue o
autor, decorre de disposição testamentária, podendo recair sobre todo o patrimônio
ou sobre os bens disponíveis, podendo também ser oposta contra todos os
herdeiros, ou somente contra alguns.
Por conseguinte, a impenhorabilidade não tem a amplitude da cláusula de
inalienabilidade. Assim, conforme a RSTJ 137/457 (BRASIL, 2001), “o gravame de
impenhorabilidade pode ser instituído independentemente da cláusula de
inalienabilidade”, ficando o bem a salvo de eventual penhora.

14
O Código de Processo Civil, no art. 833, estabelece inúmeros bens impenhoráveis, como os
salários e os instrumentos de trabalho. A Lei nº 8.009, de 1990, em seus arts. 1º e 2º, também
ressalva da constrição o imóvel residencial e os móveis que o guarnecem. Da mesma forma a
Constituição Federal, no art. 5º, inc. XXVI, no tocante à pequena propriedade rural. (RIZZARDO,
2019, p. 377)
40

O patrimônio pode ser doado contendo a chamada cláusula de reversão,


estipulando que em caso de falecer o donatário antes do doador, o patrimônio
retorna para o segundo (GUILHERME, 2017, p. 334), de acordo com o art. 547 do
Código Civil (BRASIL, 2002).
Pablo Stolze Gagliano (2021, p.57), de forma sintética e objetiva define a
cláusula de reversão como “a estipulação negocial por meio da qual o doador
determina o retorno do bem alienado, caso o donatário venha a falecer antes dele”.
Segue o presente estudo examinando de forma sumária, porém objetiva, dos
aspectos financeiros e tributários relacionados ao referido instrumento sucessório.

4.3 ASPECTOS FINANCEIROS E TRIBUTÁRIOS DA HOLDING FAMILIAR

Nesse tópico serão observados os aspectos financeiros e tributários que


conferem à holding familiar vantagens econômicas em relação aos métodos
sucessórios ditos “tradicionais”.
Sem a pretensão de esgotar o tema verificar-se-ão os principais tributos que
oneram a sucessão, e ainda aspectos tributários da pessoa jurídica e dos sócios,
destacando-se as particularidades que conferem à holding familiar benesses e,
consequentemente, melhor fruição dos ativos econômicos da família e ou da
empresa.
Cabe destacar que ao falar-se de planejamento tributário, visa-se à chamada
elisão fiscal, que é a busca da redução da carga tributária por meios legais.
Diferentemente da evasão fiscal que se configura como a redução de carga tributária
através de formas ilícitas. (CAMARGO, 2017)
A holding familiar como instrumento sucessório, a contrario sensu do que sua
denominação parece indicar, ao que tudo indica por meio do conteúdo já estudado,
é uma ferramenta muito simples que está ao alcance de grande parte da população
brasileira, com inúmeras vantagens, entre elas a desoneração dos custos atrelados
a uma sucessão familiar tradicional.
Assim ensina Seabra (1988, apud, Oliveira, 2014, p. 25):

[...] a formação de uma empresa holding familiar promove a reunião de


todos os bens pessoais no patrimônio dessa sociedade, oferecendo a seu
titular a possibilidade de entregar aos seus herdeiros as cotas ou ações na
forma que entenda mais adequada e proveitosa para cada um, conservando
para si o usufruto vitalício dessas participações, o que lhe proporciona
41

condições de continuar administrando, integralmente, seu patrimônio


mobiliário e imobiliário. Verifica-se que esse procedimento está
correlacionado a um adequado planejamento fiscal e tributário.

Segundo Silva e Rossi (2017, p. 125), a constituição da holding possibilita


uma melhor organização fiscal do patrimônio, racionalizando a carga tributária, ao
permitir avaliar-se qual a alternativa mais compatível na legislação pertinente as
atividades da empresa.

4.3.1 GESTÃO FISCAL DA HOLDING E BENEFÍCIOS DE SUA CONSTITUIÇÃO

O planejamento fiscal, por meio da elisão, tem a função de produzir


economia tributária, resultando na eficiência e, consequentemente, na redução de
custos com o intuito de aumento dos lucros. (LODI e LODI, 2012, p. 86)
Oportuno destacar que a Lei Complementar 104/2001(BRASIL, 2001) 15,
acrescentou o parágrafo único ao art. 116 do Código Tributário Nacional 16,
estabelecendo uma norma com função de desqualificar a elisão fiscal como
ferramenta lícita e efetiva, mitigando o planejamento tributário (SHINGAKI, 2016, p.
54), como se observa:
Em resposta, a Confederação Nacional do Comércio promoveu uma Ação
Direta de Inconstitucionalidade ADI 2.446, questionando a constitucionalidade do
referido parágrafo único do art. 116 do CTN (BRASIL, 1966) 17, a qual se encontra no
presente momento com o julgamento suspenso devido ao pedido de vista de
ministro da corte.

15 o
Altera dispositivos da Lei n 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional.
16
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os
seus efeitos:
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias
materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos
termos de direito aplicável.
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos
praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos
elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos
16
em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

17
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – ADI 2446 Origem: DF - DISTRITO FEDERAL
Relator: MIN. CÁRMEN LÚCIA
42

Destaca-se, por fim o entendimento de Lodi e Lodi (2012, p. 113) em relação


as vantagens fiscais para constituição de uma holding. Ao afirmarem os autores que
por vezes a opção pela holding deve levar em consideração outros aspectos que
não o tributário quando este não apresenta maiores benefícios.

4.3.2 ELEMENTOS TRIBUTÁRIOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE


CONSTITUIÇÃO DA HOLDING FAMILIAR

Nos próximos tópicos serão apresentados, em apertada síntese, os tributos


relativos à constituição da holding familiar, bem como alguns aspectos relacionados
à carga tributária em razão da manutenção da atividade empresarial da mesma.

4.3.2.1 IMPOSTO DE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÕES

O Imposto de transmissão 18 causa mortis e doações (ITCMD) tem como fato


gerador a transmissão gratuita de bens móveis ou imóveis por ocasião de contrato
de doação ou do falecimento do titular dos respectivos bens (CREPALDI, 2019, p.
238).
O ITCMD é um imposto de competência estadual, previsto na Constituição
Cidadã, em seu art. 155, I (BRASIL, 1988).
De acordo com Crepaldi (2019, p.239), embora cada ente federativo possa
estabelecer a base de cálculo do ITCMD, o próprio Código Tributário Nacional, em
seu art. 38 (BRASIL, 1966), estabelece que referida base não pode ser superior ao
valor venal do imóvel ou ainda ao valor da doação ou dos direitos transmitidos.
A alíquota sofre variação conforme o Estado da federação. Entretanto, a
Resolução n 9 do Senado Federal datada de 05 de maio de 1992 19, fixou o

percentual máximo de 8% para referido imposto.

18
“A transmissão consiste na passagem jurídica da propriedade de bens ou direitos de uma pessoa
para outra. Dá-se em caráter não oneroso pela ocorrência de morte (causa mortis) ou doação (ato de
liberalidade).” (SABBAG, 2021, p.301)
19
Art. 1º A alíquota máxima do Imposto de que trata a alínea "a", inciso I, do art. 155 da Constituição
Federal será de oito por cento, a partir de 1º de janeiro de 1992.
43

Em Santa Catarina, segundo dados extraídos do sítio eletrônico da Secretaria


de Estado da Fazenda de Santa Catarina 20, o ITCMD está disposto na Lei Estadual
13.136/04 21 (SC, 2004), sendo as suas alíquotas:

Destacam ainda Silva e Rossi (2017, p.132-133), que a doação de quotas da


sociedade com reserva de usufruto – que é prática usual na constituição da holding
familiar – não possui base de cálculo reduzida de ITCMD, como muitos acreditam.
Segundo os autores, o que ocorre na realidade é a “antecipação do custo
tributário que se efetivaria apenas com o passamento dos proprietários dos bens”.
Por outra vertente, entende Carneiro (2019, p. 211 - 212) que na doação com
reserva de usufruto, diferentemente do usufruto convencional22, “transmite-se
apenas a nua-propriedade, reservando-se ao doador os poderes inerentes ao uso,
gozo e fruição”.
Assim, continua o autor, ocorrendo o passamento do usufrutuário, “a
propriedade plena se consolida na pessoa do nu-proprietário”; e nas leis estaduais
não se encontra previsão de incidência do ITCMD ao estabelecer-se a propriedade
plena derivada da extinção do usufruto.

20
https://www.sef.sc.gov.br/servicos/assunto/45/ITCMD Acesso em 07/06/2021.
21
Dispõe sobre o imposto sobre transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos -
ITCMD. https://leisestaduais.com.br/sc/lei-ordinaria-n-13136-2004-santa-catarina-dispoe-sobre-o-
imposto-sobre-transmissao-causa-mortis-e-doacao-de-quaisquer-bens-ou-direitos-itcmd
22
Usufruto convencional: “o proprietário transmite os poderes de uso, gozo e fruição do bem para
terceiro e reserva para si a nua-propriedade.” (CARNEIRO, 2019, p.211)
44

4.3.2.2 IMPOSTO DE TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS

O Imposto de Transmissão de Bens Imóveis - ITBI, ou, imposto de


transmissão inter vivos é de competência municipal, conforme preconiza a
Constituição Federal em seu art. 156, II.
Conforme a Carta Magna, “o ITBI não incide sobre os direitos reais de
garantia, como a hipoteca, o penhor, a anticrese e a alienação fiduciária em
garantia.” (CARNEIRO, 2019, p. 100)
A base de cálculo do ITBI, segundo Sabbag (2018, p.212), é o valor venal do
imóvel transmitido ou dos direitos reais cedidos, de acordo com o art. 156, II da
CF/88 e art. 35 do CTN (BRASIL, 1966), ou seja: “é o valor de mercado, não sendo
importante o preço de venda constante da escritura.”
Em relação ao lançamento do tributo, Rezende et al (2013, p. 115), esclarece
que o mesmo é feito por meio de declaração do valor da transação entre as partes,
podendo o Município, se considerar o preço inferior ao de mercado, arbitrar valor
diverso, com base em avaliações que o próprio município dispõe para fins de cálculo
do valor do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano)23
O ITBI tem como contribuinte, segundo Machado Segundo (2019, p. 306)
“qualquer das partes da operação tributada (no caso de uma compra e venda, ou o
comprador ou o vendedor), dependendo do que dispuser a lei municipal (CTN, art.
42).”
Destacam Silva e Rossi (2017, p.134), que a integralização de capital da
holding é fato gerador de ITBI, uma vez que ao integralizar o capital da empresa com
bens imóveis ocorre transmissão de propriedade, deixando o imóvel de pertencer a
pessoa física e passando a pertencer a pessoa jurídica, enquanto o transmitente
passa a ser proprietária de quotas ou ações da sociedade. Valendo a mesma regra
no caso de pessoa jurídica que integraliza bens próprios em outra pessoa jurídica.
Entretanto o legislador optou, na Carta Magna, em seu art. 156, inciso I, §2º
(BRASIL, 1988) pela não incidência do ITBI nesse tipo de operação, destacando
ainda uma exceção a essa regra, conforme assinalam Silva e Rossi (2017, p. 136).

23
O IPTU está previsto nos arts. 32 e ss. do CTN e no art. 156, I, da CF, dispondo-se ambos ser o
Município o sujeito ativo competente para instituição do imposto. (SABBAG, 2018, p. 207)
45

O parágrafo único do art. 36 do CTN (BRASIL, 1966), declara que também


não incide ITBI sobre a desincorporação do patrimônio, desde que o bem retorne ao
mesmo alienante.
Destaca-se ainda, que caso a atividade preponderante da holding seja
compra e venda de bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento
mercantil, o ITBI será devido, (SILVA E ROSSI, 2017, p.137).
Por fim, oportuno sublinhar a decisão (datada de 05/08/2020) com
repercussão geral do Supremo Tribunal Federal no RE 796.376/SC – Tema 796
(BRASIL, 2014) 24, de relatoria do Ministro Alexandre de Morais, em que a Corte
decidiu pela limitação da imunidade do ITBI quando da integralização do bem ao
capital social da empresa.

4.3.2.3 IMPOSTO DE RENDA

Dispõe o Código Tributário Nacional, em seu artigo 43 (BRASIL, 1966) e


incisos a respeito do Imposto de Renda:

Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de


qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade
econômica ou jurídica:
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da
combinação de ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos
patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.

O Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas é amparado pelas leis 8.981/95


(BRASIL, 1995) 25 e 9.430/96(BRASIL, 1996)26.
De acordo com Paulsen (2019, p. 401) “Não se pode admitir, a título de
tributação da renda ou de proventos de qualquer natureza, a tributação do próprio
capital ou mesmo do faturamento, sob pena de extrapolação da base econômica.”

24
Tema 796, fixada a seguinte tese de repercussão geral: “A imunidade em relação ao ITBI, prevista
no inciso I do § 2º do art. 156 da Constituição Federal, não alcança o valor dos bens que exceder o
limite do capital social a ser integralizado".
25
Lei 8.981/95 - Altera a legislação tributária Federal e dá outras providências.
26
Lei 9.430/96 - Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade
social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências.
46

Acrescenta o autor, nesse sentido, por exemplo, que é pacifico na jurisprudência que
não incide Imposto de Renda sobre o valor de indenizações.
O art. 1º da já citada Lei 9.430/96 (BRASIL, 1996), estabelece a forma de
apuração da base de cálculo da pessoa jurídica, que pode ser com base no lucro
real, presumido ou arbitrado.
São cinco as hipóteses de enquadramento de pessoa jurídica para fins da
legislação tributária, em relação à tributação sobre o resultado: SIMPLES Nacional,
lucro real, lucro presumido, lucro arbitrado e imune/isenta. (PÊGAS, 2017, p. 318).
O Estatuto das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, Lei
Complementar 123/2006 (BRASIL, 2006), estabelece que pessoas jurídicas que
participam do capital de outra pessoa jurídica, bem como aquelas que apenas
detenham bens imóveis familiares com o objeto social de exercer atividades
imobiliárias, como é o caso de algumas holdings, são impedidas por lei de
beneficiarem-se do regime simplificado – SIMPLES.
Em relação às alíquotas do IR, segundo Mazza (2020, p. 424), no caso de
pessoas jurídicas, a alíquota é proporcional, sofrendo variação de acordo com o
chamado modo de apuração, quais sejam, lucro presumido, lucro real ou arbitrado 27.
Muito didaticamente esclarece Longo (2011), que na transferência
patrimonial, como a que ocorre na holding quando da integralização do capital,
incide IR quando o bem for transferido por valor superior ao que constar como custo
de aquisição na declaração de imposto de renda do proprietário original,
independente do mesmo ser transmitente, doador ou falecido. Entretanto, caso a
transferência do bem se de pelo mesmo valor da constante na declaração de IR
original, não haverá incidência desse tributo, uma vez que não haverá qualquer
aumento patrimonial.

27
A apuração pelo lucro real, sistema utilizado como regra geral pelas pessoas jurídicas, leva em
consideração o acréscimo patrimonial efetivo.
No lucro presumido, o montante tributável é determinado pela utilização de coeficientes legais, de
acordo com o tipo de atividade, aplicados sobre a receita bruta.
Quanto ao lucro arbitrado, consiste na forma de apuração aplicada em relação a contribuintes sujeitos
em princípio aos sistemas do lucro real ou do lucro presumido, mas que, não estando com as
escriturações comercial e fiscal regularizadas, obrigam o Fisco a determinar unilateralmente, por meio
de estimativa, a base de cálculo a ser utilizada para pagamento do imposto. (MAZZA, 2020, p. 422 –
423).
47

4.3.2.4 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO

A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, criada pela Lei 7.689/88 28


destina-se ao financiamento da seguridade social, tendo como um dos fatos
geradores a aferição de lucro, e encontra respaldo legal na Constituição Federal em
seu art. 195, inciso I, alínea “c” (BRASIL, 1988).
As contribuições caracterizam-se por serem criadas para atendimento de
finalidades específicas. Diferente dos impostos que caracterizam-se pelos
respectivos fatos geradores. (MACHADO SEGUNDO, 2019, p. 318).
Pode-se optar pela tributacão pelo lucro real ou presumido. Essa opção pela
base de cálculo da CSLL, está atrelada a opção pela base de cálculo do IRPJ, tendo
que ser a mesma para ambos os tributos. A base de cálculo pelo lucro presumido
exime a pessoa jurídica da apuração do lucro real simplificando o processo tributário.
(PAULSEN, 2019, p. 505 – 506)
Afirma Klein (2018) que, segundo os arts. 29, III, “e” e 33, IV da Instrução
Normativa da SRF 1700/2017 (BRASIL, 2017)29, caso a holding opte pelo lucro
presumido a alíquota será de 9% aplicada sobre a base de cálculo de 32%, com o
custo tributário final de 2,88% 30.
Silva (2007) apropriadamente destaca que: “vale lembrar que os resultados
decorrentes de participações societárias avaliadas pela equivalência patrimonial e os
lucros e dividendos de participações avaliadas ao custo não são tributados pela
contribuição social sobre o lucro”.

28
Lei 7.689/88 - Institui contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas e dá outras
providências.
29
Dispõe sobre a determinação e o pagamento do imposto sobre a renda e da contribuição social
sobre o lucro líquido das pessoas jurídicas e disciplina o tratamento tributário da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins no que se refere às alterações introduzidas pela Lei nº 12.973, de 13 de maio
de 2014.
30
Cálculo – 9% x 32% = 2,88%
48

4.3.2.5 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL e CONTRIBUIÇÃO PARA O


FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL

Esses tributos estão disciplinados pelo art. 2º da Lei 9.718/88 de 27 de


novembro de 1998 (BRASIL, 1988) 31, sendo ambos devidos pelas pessoas jurídicas
de direito privado.
Didaticamente, Silva e Rossi (2017, p. 164-166) esclarecem que existem dois
regimes de tributação do PIS e da Cofins: cumulativo (alíquota do PIS de 0,65% e
Cofins de 3%, e não cumulativo (alíquotas de 1,65% do PIS e 7,6% da Cofins).
Dados da Receita Federal do Brasil apontam que a maioria das empresas
optam pelo regime de tributação de lucro, embora implique tal escolha em uma
tributação maior, mas que por sua vez sofre compensação por conta do chamado
custo de conformidade 32 menor. (VASCONCELLOS, 2015, p. 92)
Embora as holdings, incluindo as familiares, caso não tenham como atividade
precípua a locação de imóveis, sofram a incidência de tributação de PIS e COFINS,
na ordem de alíquota de 0,65% e 3% respectivamente; de acordo com a tabela
progressiva do referido tributo, as pessoas físicas podem ser taxadas em até 27,5%,
tornando a opção pela holding também atrativa sob a análise desse aspecto
tributário. (VISCARDI, 2016).

4.3.3 TRIBUTAÇÃO DOS SÓCIOS DA HOLDING

Diferentemente da tributação da pessoa jurídica que se submete ao regime de


competência, a tributação da pessoa física se dá pelo regime de caixa, ou seja,
“quando há o recebimento efetivo de rendimentos, proventos, ganhos de capital e
demais denominações previstas.” (SHINGAKI, 2016, p. 151)
As legislações tributária e societária preveem três tipos de remuneração dos
sócios (GOMES, 2020): pro labore, distribuição de lucros e dividendos e juros sobre
o capital próprio.

31
Lei 9.718/1998 - Altera a Legislação Tributária Federal
32
O custo de conformidade é fator determinante na opção da maioria das empresas brasileiras pelo
regime de tributação de lucro. (VASCONCELLOS, 2015, p. 92)
49

Chama-se pro labore, o pagamento pelo trabalho de administração dos sócios


da sociedade. (MAMEDE, 2019, p. 158)
Os lucros ou dividendos encontram respaldo legal no art. 10 da Lei 9.249/95
(BRASIL, 1995) 33, como se observa: (...) “pagos ou creditados pelas pessoas
jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão
sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte”.
Já a terceira hipótese de remuneração dos sócios, os chamados Juros sobre
o capital próprio, está regulada pelo art. 9º da Lei 9.249/95 (BRASIL, 1995): “A
pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros
pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de
remuneração do capital próprio (...).”
Afirma Bergamini (2003): “a redução da carga tributária incidente sobre os
rendimentos da pessoa física (IRPF) se feita com a intermediação da pessoa
jurídica, tributada com base no lucro presumido”, encontra na holding uma de suas
maiores vantagens.
Por fim, oportuno destacar que segundo Assaf Neto (2020, p.375), a liquidez
de caixa da empresa, bem como sua capacidade de investimentos fica prejudicada
pelo pagamento de dividendos. Afirma também o autor que, a “política de
dividendos” é uma decisão de financiamento, vez que se relaciona a distribuição ou
não dos lucros aos acionistas.
Cabe destacar a comparação entre alíquota de Imposto de Renda na hipótese
de venda de imóvel por pessoa física e por meio de holding, de acordo com Isabelle
Araújo (2021): “No caso de venda de imóveis a tributação do imposto de renda feita
para pessoas físicas é feita com a alíquota de 15% sobre a diferença entre o valor
da venda do imóvel e seu custo de aquisição, o chamado ganho de capital.” A
alíquota cai para 6,75 sobre o valor total da venda no caso de uma administradora
de bens próprios. Assim, ressalta a autora que cada caso deve ser avaliado para
saber se é mais vantajosa a venda do bem como pessoa física ou como holding.
Por fim, diante do exposto acredita-se que a holding familiar é uma excelente
alternativa como instrumento no planejamento sucessório, destaca-se que a doutrina

33
Lei 9.249/95 - Altera a legislação do imposto de renda das pessoas jurídicas, bem como da
contribuição social sobre o lucro líquido, e dá outras providências.
50

é praticamente uníssona em afirmar que cada caso deve ser minuciosamente


analisado; não só no aspecto tributário e econômico, mas também devem ser
considerados fatores outros como as questões sociais, além do exame das
expectativas e características de cada família, com vistas a opção pela constituição
ou não da holding.
51

5 CONCLUSÃO

Por todo o exposto conclui-se que a holding familiar, apesar de não tão
difundida no país, em muitos casos, é uma vantajosa ferramenta que, além de outras
benesses, possui várias vantagens fiscais, tributárias e ainda mostra-se um
excelente meio de proteção do patrimônio, através de uma série de prerrogativas
advindas da legislação.
Como resposta ao problema identificado nesse trabalho, o autor defende o
planejamento sucessório realizado através da holding familiar como a melhor
alternativa aos métodos tradicionais de sucessão.
Destaca-se que, por tratar-se de um instrumento não tão utilizado no Brasil,
as referências bibliográficas relativas a holding familiar são mais esparsas do que
costumeiramente se observa em outros institutos inseridos no campo do Direito Civil.
Infere-se da pesquisa e do estudo realizados que a forma societária mais
utilizada, quando da opção pela constituição da holding familiar, é a sociedade
limitada. Muito embora, conforme visto, são diversos os tipos societários que
viabilizam essa ferramenta.
Observa-se também que a blindagem patrimonial decorrente da elisão fiscal
proporciona, de forma lícita e efetiva, a atenuação dos custos tributários, sendo essa
uma das vantagens que se destacam na opção pela constituição da holding.
Oportuno e relevante assinalar que a holding familiar não é isenta de
tributação, muito embora seu exercício permita, através de expedientes
oportunizados pela própria legislação, minimizar não só o custo fiscal, mas também
o custo operacional e financeiro.
Além disso, constata-se que, por meio de cláusulas especiais, como a
cláusula de inalienabilidade, por exemplo, o patriarca mantém a prerrogativa de
resguardar seus bens ou a direção da empresa familiar de pessoas estranhas à
família, dando ao seu patrimônio, em vida, a destinação que melhor lhe parece.
Nesse sentido, percebe-se que, como forma de minorar eventuais conflitos
decorrentes do processo sucessório entre os herdeiros, e designar o gestor da
empresa familiar, seja ele um familiar ou um terceiro, a fim de manter a saúde
financeira e até a própria sobrevivência da empresa ao longo das gerações, a
holding familiar se mostra como um mecanismo ideal e eficiente.
52

Vale ressaltar que embora por todo o estudo realizado, entenda-se que a
escolha da holding familiar como instrumento de planejamento sucessório apresenta
numerosas vantagens em relação aos métodos sucessórios tradicionais, é
imprescindível que a família tenha uma clareza em relação aos objetivos pessoais
de seus entes, bem como dos propósitos da sociedade seja ela decorrente
exclusivamente da universalidade de bens, ou da empresa familiar, para que a
utilização dessa ferramenta resulte em uma decisão eficaz, benéfica e satisfatória.
Conclui-se portanto, pelo presente estudo, que a holding familiar tem grande
probabilidade de tornar-se uma forma corriqueira de ferramenta afigura-se como o
principal instrumento de planejamento sucessório num horizonte não muito distante.
53

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Anexo

De acordo com o relatório de 2015 da Tax Foundation, estas são algumas


alíquotas pelo mundo:

PAIS PERCENTUAL
Japão 55
Coreia do Sul 50
França 45
Reino Unido 40
EUA 40
Irlanda 33
Bélgica 30
Alemanha 30
Chile 25
Finlândia 19
Turquia 10
Itália 4

Segundo o ranking da OECD, países como o México, Austrália, Noruega,


Portugal, Israel e Suécia aboliram o imposto sobre herança, como parte de sua
política fiscal. (CAPITAL RESEARCH, 2019)

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