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Florianópolis
2021
ALVARO DE CAMPOS LOBO NETO
______________________________________________________
Fátima Kamel Abed Deif Allah Mustafa, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof. Jeferson Puel, Msc.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof. Patricia Russi de Luca, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a
Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a
Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca deste
Trabalho de Conclusão de Curso.
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente
em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.
________________________________________
ALVARO DE CAMPOS LOBO NETO
Ao meu querido Pai, Alvaro (in memorian),
que sempre me apoiou em meus
caminhos e sempre será grande
inspiração de força e engenhosidade.
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9
2 HOLDING: NOÇÕES PROPEDÊUTICAS ............................................................. 12
2.1 ESPÉCIES DE HOLDING............................................................................................ 13
2.2 ASPECTOS SOCIETÁRIOS DE CONSTITUIÇÃO DE UMA HOLDING ............. 14
2.2.1 Sociedade Anônima................................................................................................. 15
2.2.2 Sociedade Limitada ................................................................................................. 18
2.2.3 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada e a Sociedade
Unipessoal Limitada ........................................................................................................... 19
3 HOLDING FAMILIAR COMO INSTRUMENTO DE SUCESSÃO ..................... 22
3.1 O DIREITO À SUCESSÃO .......................................................................................... 22
3.2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO ...................................... 24
3.3 MÉTODOS SUCESSÓRIOS TRADICIONAIS ......................................................... 25
3.3.1 Inventário .................................................................................................................... 26
3.3.1.1 Inventário Extrajudicial ............................................................................................ 29
3.3.1.2 Inventário Judicial .................................................................................................... 30
3.3.2 Testamento ................................................................................................................ 33
3.3.3 Holding familiar......................................................................................................... 34
4 VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DA HOLDING FAMILIAR COMO
FERRAMENTA NO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO ................................................. 36
4.1 BLINDAGEM PATRIMONIAL ...................................................................................... 37
4.2 CLÁUSULAS ESPECIAIS............................................................................................ 38
4.3 ASPECTOS FINANCEIROS E TRIBUTÁRIOS DA HOLDING FAMILIAR .......... 40
4.3.1 GESTÃO FISCAL DA HOLDING E BENEFÍCIOS DE SUA
CONSTITUIÇÃO.... ............................................................................................................... 41
4.3.2 ELEMENTOS TRIBUTÁRIOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE
CONSTITUIÇÃO DA HOLDING FAMILIAR ..................................................................... 42
4.3.2.1 IMPOSTO DE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÕES .................... 42
4.3.2.2 IMPOSTO DE TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS ........................................ 44
4.3.2.3 IMPOSTO DE RENDA ............................................................................................ 45
4.3.2.4 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO.................................. 47
4.3.2.5 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL e CONTRIBUIÇÃO PARA O
FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL ............................................................... 48
4.3.3 TRIBUTAÇÃO DOS SÓCIOS DA HOLDING........................................................ 48
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 51
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 53
ANEXO .................................................................................................................................... 67
9
1 INTRODUÇÃO
A legislação brasileira prevê a holding certo tempo, mesmo que não utilize a
expressão em si. Na Lei de Sociedade Anônima - 6.404/76, em seu artigo
2º, inciso III, estabelece que "a empresa pode ter por objetivo participar de
outras empresas..." Apesar de constar na LSA - 6.404/76, não significa que
necessariamente esta empresa cujo objeto social seja participar de outras
empresas deve ser uma sociedade anônima, podendo adotar outro tipo
societário e constituição. Não existe vedação legal para que a empresa seja
constituída como sociedade contratual (quotas) com responsabilidade
limitada, ou mesmo outros tipos societários.
1
Portanto, quando se fala em sociedades de responsabilidade limitada, na verdade, esse foco da
limitação se refere ao sócio e não a sociedade.(...) Daí ser imprópria a designação de sociedade de
responsabilidade limitada ou ilimitada, uma vez que a responsabilidade da sociedade é sempre
ilimitada. (Campinho 2020, p. 61)
15
De todo modo nos parece que fica clara a noção de que a sociedade
limitada é adequada para os propósitos do planejamento societário a partir
da constituição de uma holding familiar, mormente considerando sua
limitação de responsabilidade, a proteção contra a entrada de terceiros
estranhos, menor complexidade em relação à sociedade anônima e,
consequentemente, menor custo de manutenção.
2
Lei 6404/76 - Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
16
Cabe destacar que, para situações em que a Lei 6.404/1976 (BRASIL, 1976)
for omissa, a situação será resolvida aplicando-se os artigos correspondentes do
Código Civil, conforme dispõe o art. 1.089: “A sociedade anônima rege-se por lei
especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste Código.”
(BRASIL, 2002)
Em relação ao limite de responsabilidade dos acionistas da sociedade
anônima, Campinho (2020, p. 31) afirma que a mesma é sempre limitada, ficando
restrita ao valor de emissão das respectivas ações subscritas ou na fase de
constituição da companhia ou por conta do aumento de seu capital social, não tendo
o acionista responsabilidade pelas obrigações sociais, nem mesmo de forma
subsidiária.
A sociedade anônima poderá ter o capital aberto, onde as ações são
negociadas em bolsa de valores ou mercado de balcão, ou ser de capital fechado,
limitando sua negociação às conveniências dos sócios, conforme lecionam Lamy
Filho e Pedreira (1997, apud Marlon Tomazette, 2019, p. 447):
Sem muito esforço, percebe-se, que apesar das benesses trazidas pela
alteração legislativa, tal exigência, não favoreceu plenamente a regularização de
muitos negócios informais, como era um dos escopos da criação da empresa
individual de responsabilidade limitada, uma vez que tal valor de integralização de
capital restringe a opção pela EIRELI a um grupo de pessoas, conforme Silva
(2013).
Entretanto, em 2019 através da Lei 13.874 (BRASIL, 2019) 3, foi aberta a
possibilidade da constituição de uma sociedade limitada, com apenas um sujeito,
oportunizando ao mesmo a subscrição do capital, objetivando também estimular o
empreendedorismo e a regularização de atividades de profissionais liberais, que
segundo Sílvio Venosa (2020, p.181), até então só tinham a seu dispor a opção de
EIRELI, caso não possuíssem sócios, pois em decorrência do regulamento do
Imposto de Renda, não lhe é facultado optar por Empresa Individual, a chamada EI.
A lei 13.874/2019 alterou, portanto, o art. 1052 do Código Civil Brasileiro,
incluindo o parágrafo único, para instituir que a sociedade limitada pode ser
constituída por uma ou mais pessoas:
3
A Lei 13.874/2019 instituiu a chamada Declaração de Direitos de Liberdade Econômica
21
A sucessão em geral, segundo o fato que lhe dá origem, pode operar-se por
ato inter vivos ou causa mortis. A sucessão inter vivos – situada no campo
do Direito das Obrigações, do Direito das Coisas, do Direito de Família, etc.
é aquela provocada pelos negócios jurídicos inter vivos, cujos efeitos
translativos de direitos, poderes-deveres jurídicos ou o exercício respectivo
devam vir a ocorrer durante a vida do declarante, ou declarantes, em regra
por força da vontade humana, o que acontece nos contratos em geral. [...]
Já a chamada sucessão hereditária ou causa mortis, objeto de nosso
estudo denominada de sucessão stricto sensu é aquela cuja transferência
23
No Brasil, o direito à herança foi respaldado pela nossa mais alta lei em um
de seus títulos mais importantes, qual seja, o que trata dos direitos e garantias
fundamentais, art. 5º, inciso XXX, onde o legislador expressamente garante o direito
de herança. (BRASIL, 1988):
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
4
O ITCMD será melhor estudado no tópico 4.3.2.1 do presente estudo.
25
A sucessão pode ser classificada conforme o fato que lhe dá origem em:
sucessão inter vivos 5 e sucessão causa mortis 6.
Conforme dispõe o art. 1.784 do Código Civil (BRASIL, 2002), aberta a
sucessão, em decorrência do falecimento da pessoa, a herança “transmite-se, desde
logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”.
Conforme bem observa Madaleno (2020):
3.3.1 Inventário
Quando ocorre a morte de uma pessoa natural com bens para serem
partilhados, é iniciado o prazo de abertura da sucessão. A partir daí, tem-se um
5
A sucessão inter vivos – situada no campo do Direito das Obrigações, do Direito das Coisas, do
Direito de Família etc. – é aquela provocada pelos negócios jurídicos inter vivos, cujos efeitos
translativos de direitos, poderes-deveres jurídicos ou o exercício respectivo devam vir a ocorrer
durante a vida do declarante, ou declarantes, em regra por força da vontade humana, o que acontece
nos contratos em geral. Nesse sentido, na compra e venda, o comprador assume o lugar do vendedor
em relação ao seu objeto; na doação, o donatário passa a ser titular do bem doado; na permuta, os
permutantes substituem-se mutuamente na titularidade dos bens permutados. (CARVALHO, 2019,
p.13)
6
Já a chamada sucessão hereditária ou causa mortis – denominada de sucessão stricto sensu –, é
aquela cuja transferência patrimonial dar-se-á por causa ou concausa da morte da pessoa física ou
natural, só operando seus efeitos a partir daí. (CARVALHO, 2019, p.13)
27
7
Rodrigues (2019, p. 185, apud, RIZZARDO, 2003, p. 11), nos ensina que são frequentemente
motivo de curiosidade a utilização de certos nomes e expressões em nosso mundo jurídico, e uma
delas é a expressão “de cujus”. A expressão de cujus, é tirada da sentença latina de cujus sucessione
agitur, isto é, de cuja sucessão se trata. Em decorrência da economia vocal trazida pelo costume ao
longo do tempo, passou-se a falar “de cuja sucessão”, que acabou por tornar-se “de cujus”,
expressão hoje largamente empregada por toda a doutrina.
8 o
Lei 11.441/2007 - Altera dispositivos da Lei n 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de
Processo Civil, possibilitando a realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio
consensual por via administrativa.
28
9
Exemplificando tem-se que: A Lei nº 8.213/91, que dispõe sobre os planos de benefícios da
Previdência Social e dá outras providências, prescreve no artigo 112 que o valor não recebido em
vida pelo segurado só será pago aos dependentes habilitados à pensão por morte ou, na falta
30
desses, aos seus sucessores na forma da lei civil, independentemente de inventário ou arrolamento.
Carvalho (2019, p. 25).
31
10
A expressão “alta indagação” refere-se às questões que necessitam fazer prova em juízo, como as
relativas à propriedade dos bens, condição de herdeiro, investigação de paternidade, nulidade de
atos praticados pelo finado, exclusão de herdeiro, sonegação de bens, entre outras. São questões
que não podem ser resolvidas no processo de inventário, exigindo elementos externos trazidos pelos
interessados e que só podem ser apreciados no rito ordinário próprio. (CARVALHO, 2020, p. 165)
11
Na prática, na maioria dos casos, não existe essa fase de avaliação dos bens, considerando que a
Fazenda Pública Estadual procede à avaliação ao serem declarados os bens e direitos ao Fisco
antecipadamente, para o recolhimento do imposto causa mortis nos Estados em que é concedido
descontos e evitar multas, ou na fase das primeiras declarações. Discordando os herdeiros da
avaliação do Fisco ou existindo herdeiros incapazes, com intervenção do Ministério Público, procede-
se à avaliação judicial. (CARVALHO, 2020, p. 165)
33
3.3.2 Testamento
herdeiros cotas ou ações na forma que melhor lhe convir, tendo a opção ainda de
conservar para si, em usufruto vitalício essas participações. Assim, pode continuar
administrando todo o seu patrimônio, conforme leciona Oliveira (2014, p.25).
Com vistas à escolha dessa ferramenta no planejamento sucessório,
destacam-se as considerações de Silva e Rossi (2017, p.17) acerca dos benefícios
da utilização da mesma com esse objetivo. Segundo o citado autor, através da
holding familiar pode-se alcançar um planejamento societário, sucessório e tributário
mais pormenorizado, abrigado pela legislação, visando minorar os inúmeros riscos
inerentes ao desenvolvimento da atividade empresarial, bem como evitar os
inconvenientes da sucessão hereditária de bens e ainda estruturar a parte fiscal,
resultando numa diminuição da carga tributária.
No próximo capítulo serão apresentadas algumas vantagens da utilização da
holding familiar como instrumento sucessório, objetivando-se a avaliação de seus
vários aspectos positivos.
36
Código Civil (BRASIL, 2002) 12, ou seja, deve haver justa causa para impedir a
alienação, penhora ou comunicação patrimonial.
A doutrina pátria destaca vários benefícios oriundos da utilização da
ferramenta da holding familiar com o propósito de proteção ao patrimônio da família,
por meio de lícita e legal blindagem patrimonial, a qual será estudada no próximo
tópico.
12
Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer
cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.
13
O usufruto é um direito real (artigo 1.225, IV, do Código Civil) que, em se tratando de imóveis, se
constitui mediante registro no Cartório de Registro de Imóveis (artigo 1.391). Não se pode transferir o
38
Oportuno destacar que, segundo Silva e Rossi (2017, p. 133): “na doação das
quotas da holding como parte do planejamento envolvendo o adiantamento da
legítima, o que ocorre é a antecipação [e redução] do custo tributário que se
efetivaria apenas com o passamento dos proprietários dos bens.”
Outras benesses da utilização da holding familiar como ferramenta de
planejamento sucessório, são as chamadas cláusulas especiais nos contratos de
doação, que serão examinadas na sequência.
usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso (artigo
1.393). Mamede (2015, p.102-103)
39
14
O Código de Processo Civil, no art. 833, estabelece inúmeros bens impenhoráveis, como os
salários e os instrumentos de trabalho. A Lei nº 8.009, de 1990, em seus arts. 1º e 2º, também
ressalva da constrição o imóvel residencial e os móveis que o guarnecem. Da mesma forma a
Constituição Federal, no art. 5º, inc. XXVI, no tocante à pequena propriedade rural. (RIZZARDO,
2019, p. 377)
40
15 o
Altera dispositivos da Lei n 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional.
16
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os
seus efeitos:
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias
materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos
termos de direito aplicável.
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos
praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos
elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos
16
em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
17
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – ADI 2446 Origem: DF - DISTRITO FEDERAL
Relator: MIN. CÁRMEN LÚCIA
42
18
“A transmissão consiste na passagem jurídica da propriedade de bens ou direitos de uma pessoa
para outra. Dá-se em caráter não oneroso pela ocorrência de morte (causa mortis) ou doação (ato de
liberalidade).” (SABBAG, 2021, p.301)
19
Art. 1º A alíquota máxima do Imposto de que trata a alínea "a", inciso I, do art. 155 da Constituição
Federal será de oito por cento, a partir de 1º de janeiro de 1992.
43
20
https://www.sef.sc.gov.br/servicos/assunto/45/ITCMD Acesso em 07/06/2021.
21
Dispõe sobre o imposto sobre transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos -
ITCMD. https://leisestaduais.com.br/sc/lei-ordinaria-n-13136-2004-santa-catarina-dispoe-sobre-o-
imposto-sobre-transmissao-causa-mortis-e-doacao-de-quaisquer-bens-ou-direitos-itcmd
22
Usufruto convencional: “o proprietário transmite os poderes de uso, gozo e fruição do bem para
terceiro e reserva para si a nua-propriedade.” (CARNEIRO, 2019, p.211)
44
23
O IPTU está previsto nos arts. 32 e ss. do CTN e no art. 156, I, da CF, dispondo-se ambos ser o
Município o sujeito ativo competente para instituição do imposto. (SABBAG, 2018, p. 207)
45
24
Tema 796, fixada a seguinte tese de repercussão geral: “A imunidade em relação ao ITBI, prevista
no inciso I do § 2º do art. 156 da Constituição Federal, não alcança o valor dos bens que exceder o
limite do capital social a ser integralizado".
25
Lei 8.981/95 - Altera a legislação tributária Federal e dá outras providências.
26
Lei 9.430/96 - Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade
social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências.
46
Acrescenta o autor, nesse sentido, por exemplo, que é pacifico na jurisprudência que
não incide Imposto de Renda sobre o valor de indenizações.
O art. 1º da já citada Lei 9.430/96 (BRASIL, 1996), estabelece a forma de
apuração da base de cálculo da pessoa jurídica, que pode ser com base no lucro
real, presumido ou arbitrado.
São cinco as hipóteses de enquadramento de pessoa jurídica para fins da
legislação tributária, em relação à tributação sobre o resultado: SIMPLES Nacional,
lucro real, lucro presumido, lucro arbitrado e imune/isenta. (PÊGAS, 2017, p. 318).
O Estatuto das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, Lei
Complementar 123/2006 (BRASIL, 2006), estabelece que pessoas jurídicas que
participam do capital de outra pessoa jurídica, bem como aquelas que apenas
detenham bens imóveis familiares com o objeto social de exercer atividades
imobiliárias, como é o caso de algumas holdings, são impedidas por lei de
beneficiarem-se do regime simplificado – SIMPLES.
Em relação às alíquotas do IR, segundo Mazza (2020, p. 424), no caso de
pessoas jurídicas, a alíquota é proporcional, sofrendo variação de acordo com o
chamado modo de apuração, quais sejam, lucro presumido, lucro real ou arbitrado 27.
Muito didaticamente esclarece Longo (2011), que na transferência
patrimonial, como a que ocorre na holding quando da integralização do capital,
incide IR quando o bem for transferido por valor superior ao que constar como custo
de aquisição na declaração de imposto de renda do proprietário original,
independente do mesmo ser transmitente, doador ou falecido. Entretanto, caso a
transferência do bem se de pelo mesmo valor da constante na declaração de IR
original, não haverá incidência desse tributo, uma vez que não haverá qualquer
aumento patrimonial.
27
A apuração pelo lucro real, sistema utilizado como regra geral pelas pessoas jurídicas, leva em
consideração o acréscimo patrimonial efetivo.
No lucro presumido, o montante tributável é determinado pela utilização de coeficientes legais, de
acordo com o tipo de atividade, aplicados sobre a receita bruta.
Quanto ao lucro arbitrado, consiste na forma de apuração aplicada em relação a contribuintes sujeitos
em princípio aos sistemas do lucro real ou do lucro presumido, mas que, não estando com as
escriturações comercial e fiscal regularizadas, obrigam o Fisco a determinar unilateralmente, por meio
de estimativa, a base de cálculo a ser utilizada para pagamento do imposto. (MAZZA, 2020, p. 422 –
423).
47
28
Lei 7.689/88 - Institui contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas e dá outras
providências.
29
Dispõe sobre a determinação e o pagamento do imposto sobre a renda e da contribuição social
sobre o lucro líquido das pessoas jurídicas e disciplina o tratamento tributário da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins no que se refere às alterações introduzidas pela Lei nº 12.973, de 13 de maio
de 2014.
30
Cálculo – 9% x 32% = 2,88%
48
31
Lei 9.718/1998 - Altera a Legislação Tributária Federal
32
O custo de conformidade é fator determinante na opção da maioria das empresas brasileiras pelo
regime de tributação de lucro. (VASCONCELLOS, 2015, p. 92)
49
33
Lei 9.249/95 - Altera a legislação do imposto de renda das pessoas jurídicas, bem como da
contribuição social sobre o lucro líquido, e dá outras providências.
50
5 CONCLUSÃO
Por todo o exposto conclui-se que a holding familiar, apesar de não tão
difundida no país, em muitos casos, é uma vantajosa ferramenta que, além de outras
benesses, possui várias vantagens fiscais, tributárias e ainda mostra-se um
excelente meio de proteção do patrimônio, através de uma série de prerrogativas
advindas da legislação.
Como resposta ao problema identificado nesse trabalho, o autor defende o
planejamento sucessório realizado através da holding familiar como a melhor
alternativa aos métodos tradicionais de sucessão.
Destaca-se que, por tratar-se de um instrumento não tão utilizado no Brasil,
as referências bibliográficas relativas a holding familiar são mais esparsas do que
costumeiramente se observa em outros institutos inseridos no campo do Direito Civil.
Infere-se da pesquisa e do estudo realizados que a forma societária mais
utilizada, quando da opção pela constituição da holding familiar, é a sociedade
limitada. Muito embora, conforme visto, são diversos os tipos societários que
viabilizam essa ferramenta.
Observa-se também que a blindagem patrimonial decorrente da elisão fiscal
proporciona, de forma lícita e efetiva, a atenuação dos custos tributários, sendo essa
uma das vantagens que se destacam na opção pela constituição da holding.
Oportuno e relevante assinalar que a holding familiar não é isenta de
tributação, muito embora seu exercício permita, através de expedientes
oportunizados pela própria legislação, minimizar não só o custo fiscal, mas também
o custo operacional e financeiro.
Além disso, constata-se que, por meio de cláusulas especiais, como a
cláusula de inalienabilidade, por exemplo, o patriarca mantém a prerrogativa de
resguardar seus bens ou a direção da empresa familiar de pessoas estranhas à
família, dando ao seu patrimônio, em vida, a destinação que melhor lhe parece.
Nesse sentido, percebe-se que, como forma de minorar eventuais conflitos
decorrentes do processo sucessório entre os herdeiros, e designar o gestor da
empresa familiar, seja ele um familiar ou um terceiro, a fim de manter a saúde
financeira e até a própria sobrevivência da empresa ao longo das gerações, a
holding familiar se mostra como um mecanismo ideal e eficiente.
52
Vale ressaltar que embora por todo o estudo realizado, entenda-se que a
escolha da holding familiar como instrumento de planejamento sucessório apresenta
numerosas vantagens em relação aos métodos sucessórios tradicionais, é
imprescindível que a família tenha uma clareza em relação aos objetivos pessoais
de seus entes, bem como dos propósitos da sociedade seja ela decorrente
exclusivamente da universalidade de bens, ou da empresa familiar, para que a
utilização dessa ferramenta resulte em uma decisão eficaz, benéfica e satisfatória.
Conclui-se portanto, pelo presente estudo, que a holding familiar tem grande
probabilidade de tornar-se uma forma corriqueira de ferramenta afigura-se como o
principal instrumento de planejamento sucessório num horizonte não muito distante.
53
REFERÊNCIAS
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Paulo: Editora Saraiva, 2018. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553601592/ Acesso em 28
maio de 2021.
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negócios? 2021. Disponível em: https://conube.com.br/blog/o-que-e-holding-
patrimonial/ Acesso em 10 jun. 2021.
BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito Societário . São Paulo: Grupo Gen, 2020.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026429/.
Acesso em: 14 de junho de 2021.
BRASIL. Lei 5.172/66. Dispõe sobre o sistema tributário nacional e institui normas
gerais de direito tributário aplicáveis à união, estados e municípios. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm. Acesso em 09 jun.
2021.
BRASIL. Lei 7.689/88. Institui Contribuição Social sobre o lucro das pessoas
jurídicas e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7689.htm. Acesso em 09 jun. 2021.
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58
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Anexo
PAIS PERCENTUAL
Japão 55
Coreia do Sul 50
França 45
Reino Unido 40
EUA 40
Irlanda 33
Bélgica 30
Alemanha 30
Chile 25
Finlândia 19
Turquia 10
Itália 4