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08/03/2023, 09:11 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.

DO EMPRÉSTIMO

I – Conceito:

Empréstimo é o contrato pelo qual uma pessoa entrega a outra, gratuitamente,


uma coisa, para que dela se sirva, com a obrigação de a restituir.

II – Espécies:

Duas são as espécies de empréstimo: o Comodato e o Mútuo.

III – Do Comodato:

Comodato é o contrato unilateral, a título gratuito, pelo qual alguém entrega a


outrem coisa infungível, para ser usada temporariamente e depois restituída. (art.
579 do CC).

IV - Características:

- unilateral: coloca só uma das partes na posição de devedor, ou seja, o


comodatário.
- gratuito: é um contrato gratuito, observando-se, porém, que o comodatário
poderá assumir a obrigação de pagar impostos ou taxas que recaiam sobre o
bem, sem que com isso se descaracterize o contrato.
- real: é um contrato que só se complementa com a tradição da coisa. Recorde-se
que a posse indireta ficará com o proprietário.
- intuito personae: o objeto do contrato de comodato não poderá ser cedido pelo
comodatário a terceiro. O contrato é feito tendo em vista características do
próprio contratante, daí o seu caráter personalíssimo.
- infungibilidade e não consumibilidade do bem: o bem objeto do contrato de
comodato deve ser infungível e não poderá ser consumido, tendo em vista que, ao
final do contrato, deverá haver a restituição do mesmo ao proprietário.
- temporariedade: Diz o art. 581 do CC que “se o comodato não tiver prazo
convencional, presumir-se-lhe á o necessário para o uso concedido; não podendo
o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz,
suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional,
ou o que se determine pelo uso outorgado”.
- obrigação de restituir a coisa emprestada: caso não haja a devolução pacífica do
bem objeto , poderemos dizer que está havendo esbulho, sendo cabível
reintegração de posse.

V - Requisitos:

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1) Subjetivo: Exige-se dos contratantes a capacidade genérica para praticar os


atos da vida civil. Observar que o art. 580 do CC traz restrições a algumas figuras
de representação no ato de praticar o comodato.
2) Objetivo: só podem ser dados em comodato bens infungíveis e inconsumíveis,
móveis ou imóveis.
3) Formal: a forma do contrato de comodato é livre, não exigindo qualquer
solenidade. Admite-se que seja feito, também, sob a forma oral, observando-se
que a jurisprudência tem decidido que, na dúvida, entre este e a locação,
presume-se a última.

VI - Obrigações do Comodatário:

São obrigações do comodatário:


1o.) guardar e conservar a coisa emprestada como se fosse sua (art. 582 do CC);
2o.) limitar o uso da coisa ao estipulado no contrato;
3o.) restituir a coisa empregada in natura;
4o.) responder pela mora derivada da não devolução do bem no prazo estipulado;
5o.) responder pelos riscos da coisa no caso do art. 583 do CC;
6o.) responsabilizar-se, solidariamente, se houver mais comodatários.

VII - Obrigações do Comodante:

1o) não pedir a restituição do bem dada em comodato antes do prazo ajustado,
salvo as hipóteses previstas no art. 581 do CC. Se o prazo for indeterminado, o
bem poderá ser retomado a qualquer tempo sem qualquer justificativa.
2o.) pagar as despesas extraordinárias e necessárias feitas pelo comodatária na
conservação da coisa.
3o.) responsabilizar-se pela posse útil e pacífica da coisa por parte do
comodatário. Não terá, porém, o comodante, responsabilidade pela evicção ou
pelos vícios redibitórios, que se presumem comutativos (art. 441 do CC) e
onerosos (art. 447 do CC).

VIII – Extinção do comodato:

1o.) advento do prazo.


2o.) resolução por inexecução contratual: O comodante poderá requerer a
resolução antes do final do contrato, pleiteando perdas e danos, se o comodatário
utilizar o bem de maneira diversa da estipulada.
3o.) resilição unilateral:
a) O comodante, devido a gratuidade do contrato, poderá resolve-lo, se provar a
superveniência de necessidade urgente e imprevista à época do negócio;
b) o comodatário poderá, a qualquer tempo, resilir tal negócio porque, se foi
contratado em seu interesse, não está obrigado a conservar objeto de cujo uso se
desinteressou.
4o.) distrato.
5o.) morte do comodatário se fora convencionado que o uso da coisa era
estritamente pessoal.

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6o.) a alienação da coisa emprestada (exceto quando o adquirente assumir a


obrigação de manter o comodato).

Mútuo:

I – Conceito:

Mútuo é o contrato pelo qual um dos contratantes transfere a propriedade de bem


fungível ao outro, que se obriga a lhe restituir coisa do mesmo gênero, qualidade
e quantidade (art. 586 do CC).

II - Características:

- unilateral: uma vez entregue o bem emprestado, apenas o mutuário contrairá


obrigações.
- gratuito: de regra o mutuante nada recebe do mutuário em troca do favor que
lhe faz. Pode, porém, vir a se tornar oneroso se houver a estipulação de juros.
- real: o contrato de mútuo só se perfaz com a tradição da coisa.
- translatividade do domínio do bem emprestado: por ser fungível, e em regra,
consumível, se possibilita a transferência de sua propriedade para terceiros.
Assim, o mutuário pode consumi-lo, abandoná-lo, aliená-lo, sem autorização do
mutuante.
- Fungibilidade da coisa emprestada: o bem objeto do contrato de mútuo deve ser
fungível.
- temporariedade: O art. 592 do CC, traz hipóteses de prazos do contrato de
mútuo:
I – até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas;
II – de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;
III – do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa
fungível.
- obrigação de restituição de outra coisa da mesma espécie, qualidade e
quantidade. Não há que se falar em devolução in natura, ou seja a própria coisa
emprestada. O mutuário, conforme o art. 590 do CC, poderá exigir garantia dessa
restituição, se, antes do vencimento do prazo, o mutuário vier a sofrer notória
mudanças na sua situação econômica.

Requisitos:

1) Subjetivo: Necessária a capacidade dos contratantes.


Pelo art. 558 do CC, o mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização
daquele sob cuja guarda estiver, não poderá ser reavido nem do mutuário, nem de
seus fiadores. Referida norma deixa de ser aplicada:
a) 589, I, do CC: se houver ratificação posterior da pessoa responsável pelo
menor;
b) 589, II, do CC: se o empréstimo contraído for para alimentos (abrangendo
estudos, vestuário, etc.);
c) 589, III, do CC: se o menor tenha adquirido bens com seu trabalho, situação
em que a execução não poderá ultrapassar o patrimônio do menor;
d) 588, IV do CC: se o empréstimo se reverteu em benefício do menor;
e) 180 do CC: se o menor obteve o empréstimo maliciosamente, por exemplo,
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ocultando a sua idade. (ninguém pode invocar a sua própria malícia – art. 589, V,
do CC).
2) Objetivo: o objeto do contrato de mútuo deve ser fungível, por se tratar de
empréstimo de consumo.
3) Formal: o contrato de mútuo não requer forma especial, exceto se oneroso,
situação em que se exigirá seja convencionado expressamente.

Efeitos Jurídicos:

1o) gera obrigações ao mutuário: a) restituir o que recebeu em coisa da mesma


espécie, qualidade e quantidade, dentro do prazo estipulado e; b) pagar juros, se
oneroso.
2o.) confere direitos ao mutuante: a) exigir garantia da restituição nos termos do
art. 590 do CC; b) reclamar a restituição de coisa equivalente, uma vez vencido o
prazo ajustado. No silêncio, pode haver o reclamo em qualquer tempo; c)
demandar a resolução do contrato se o mutuário deixar de pagar os juros.
Extinção:
1o.) vencimento do prazo convencionado para a sua duração.
2o.) resolução por inadimplemento das obrigações contratuais: ex: não-
pagamento dos juros convencionados no tempo e forma devidos.
3o.) resilição unilateral por parte do devedor: presume-se que se o prazo foi
concedido em seu favor, poderá pôr fim ao negócio a qualquer momento.(art. 133
do CC)
4o.) distrato.
5o.) ocorrência das hipóteses do art. 592 do CC (prazos).

Exercício resolvido:

O que é contrato de comodato? Quais são as suas características?


Comodato é o contrato unilateral, a título gratuito, pelo qual alguém entrega a
outrem coisa infungível, para ser usada temporariamente e depois restituída. As
suas características são: gratuidade é um contrato gratuito, observando-se,
porém, que o comodatário poderá assumir a obrigação de pagar impostos ou
taxas que recaiam sobre o bem, sem que com isso se descaracterize o contrato;
rea, já que é um contrato que só se complementa com a tradição da coisa; intuito
personae, pois o objeto do contrato de comodato não poderá ser cedido pelo
comodatário a terceiro. O contrato é feito tendo em vista características do
próprio contratante, daí o seu caráter personalíssimo; infungibilidade e não
consumibilidade do bem, uma vez que o bem objeto do contrato de comodato
deve ser infungível e não poderá ser consumido, tendo em vista que, ao final do
contrato, deverá haver a restituição do mesmo ao proprietário; temporariedade:

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