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CAVALEIROS DO APOCALIPSE
EXERCÍCIOS
PROPOSTOS
01. (ENEM) A existência em Jerusalém de um hospital voltado
para o alojamento e o cuidado dos peregrinos, assim como
daqueles entre eles que estavam cansados ou doentes, fortaleceu
o elo entre a obra de assistência e de caridade e a Terra Santa.
Ao fazer, em 1113, do Hospital de Jerusalém um estabelecimento
central da ordem, Pascoal II estimulava a filiação dos hospitalários
do Ocidente a ele, sobretudo daqueles que estavam ligados à
peregrinação na Terra Santa ou em outro lugar. A militarização do
Hospital de Jerusalém não diminuiu a vocação caritativa primitiva,
mas a fortaleceu.
A urbanização medieval foi herdeira direta das Cruzadas, DEMURGER, A. Os Cavaleiros de Cristo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002 (adaptado).
expedições católicas conclamadas no Concílio de Clermont
pelo Papa Urbano II, em 1095, com o objetivo de expulsar os O acontecimento descrito vincula-se ao fenômeno ocidental do(a)
muçulmanos da Terra Santa.
a) surgimento do monasticismo guerreiro, ocasionado pelas
Apesar das Cruzadas serem originalmente uma devoção cruzadas.
claramente católica contra o Islã, estas expedições acabaram por
b) descentralização do poder eclesiástico, produzida pelo
provocar a retomada do comércio da Europa Ocidental com o Oriente
feudalismo.
via mar Mediterrâneo, alimentando um renascimento comercial e
urbano e, sobretudo, favorecendo o surgimento de uma nova classe c) alastramento da peste bubônica, provocado pela expansão
de comerciantes especializados que chamaremos de “burguesia”. comercial.
No século XIV, a Europa assistiu a uma grave crise que d) afirmação da fraternidade mendicante, estimulada pela
levaria à superação da Idade Média e do seu respectivo conjunto reforma espiritual.
de características feudais, como a economia essencialmente e) criação das faculdades de medicina, promovida pelo
agrária, os rígidos laços de dependência de homem para homem renascimento urbano.
e, principalmente, a fragmentação do poder público. A fome,
conhecida da Europa desde tempos imemoráveis, foi agravada 02. (ENEM) Mas era sobretudo a lã que os compradores, vindos da
pela Peste Negra, a qual dizimou parte considerável da população Flandres ou da Itália, procuravam por toda a parte. Para satisfazê-
europeia sem distinguir grupo social e atingindo praticamente todo los, as raças foram melhoradas através do aumento progressivo
o continente. A Peste Negra contribuiu para agravar os problemas das suas dimensões. Esse crescimento prosseguiu durante todo o
de produção de alimentos, já que os camponeses eram dizimados século XIII, e as abadias da Ordem de Cister, onde eram utilizados
aos milhares, levando aos extremos de atos de religiosidade os métodos mais racionais de criação de gado, desempenharam
apocalíptica e novas revoltas camponesas que ameaçavam a certamente um papel determinante nesse aperfeiçoamento.
ordem social. Somado a este quadro terrível, as guerras também DUBY, G. Economia rural e vida no campo no Ocidente medieval. Lisboa: Estampa,
cobravam seus tributos sobre a população europeia, como, por 1987 (adaptado).
exemplo, a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), que envolveu as
monarquias que centralizariam os Estados Nacionais da França e O texto aponta para a relação entre aperfeiçoamento da
Inglaterra na última grande guerra medieval. Este conflito acabaria atividade pastoril e avanço técnico na Europa ocidental feudal,
produzindo dois grandes mitos nacionais: Joana D’Arc, heroína que resultou do(a)
francesa queimada como herege pelos ingleses e canonizada pela a) crescimento do trabalho escravo.
Igreja Católica, e o rei Henrique V, eternizado como herói nacional
b) desenvolvimento da vida urbana.
pelo renascentista William Shakespeare.
c) padronização dos impostos locais.
As relações de comércio com o Oriente também agravaram
a situação europeia no século XIV, uma vez que o comércio de d) uniformização do processo produtivo.
especiarias – que tinham seu destaque seja pelo tempero ou e) desconcentração da estrutura fundiária.
conservação de alimentos – estava esvaindo todo o metal precioso
do Velho Mundo. A Europa não contava com minas que pudessem 03. (ENEM)
repor a grande quantidade de ouro e prata que a cada ano deixavam
o continente em troca de produtos exóticos, provocando uma
balança comercial deficitária que sangrava suas divisas.
O historiador inglês Perry Anderson, em Linhagens do
Estado Nacional Absolutista, identificou a crise do século XIV
como o momento em que uma nobreza temerosa pela ameaça
de convulsão social passou a apoiar o projeto de centralização
política como uma “nova carapaça da aristocracia”. De fato, seria
o Estado Nacional o principal agente patrocinador do ambicioso
projeto de expansão marítima e comercial europeia que iria ampliar
os horizontes geográficos da Europa Ocidental e, principalmente,
superar a crise europeia através de uma política mercantil de
colonialismo e metalismo.
DUARTE, P.A. Fundamentos de cartografia. Florianópolis: UFSC, 2002.
As diferentes representações cartográficas trazem consigo as 06. (ENEM) Veneza, emergindo obscuramente ao longo do início da
ideologias de uma época. A representação destacada se insere no Idade Média das águas às quais devia sua imunidade a ataques, era
contexto das Cruzadas por: nominalmente submetida ao Império Bizantino, mas, na prática, era
a) Revelar aspectos da estrutura demográfica de um povo. uma cidade estado independente na altura do século X. Veneza era
única na cristandade por ser uma comunidade comercial: “Essa gente
b) Sinalizar a disseminação global de mitos e preceitos políticos. não lavra, semeia ou colhe uvas”, como um surpreso observador do
c) Utilizar técnicas para demonstrar a centralidade de algumas século XI constatou. Comerciantes venezianos puderam negociar
regiões. termos favoráveis para comerciar com Constantinopla, mas também
d) Mostrar o território para melhor administração dos recursos se relacionaram com mercadores do islã.
naturais. FLETCHER, R. A cruz e o crescente: cristianismo e islã, de Maomé à Reforma. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2004.
e) refletir a dinâmica sociocultural associada à visão de mundo
eurocêntrica. A expansão das atividades de trocas na Baixa Idade Média,
dinamizadas por centros como Veneza, reflete o(a)
04. (ENEM) No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média a) importância das cidades comerciais.
— no Ocidente — nasceu com elas. Foi com o desenvolvimento
urbano ligado às funções comercial e industrial — digamos b) integração entre a cidade e o campo.
modestamente artesanal — que ele apareceu, como um desses c) dinamismo econômico da Igreja cristã.
homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se d) controle da atividade comercial pela nobreza feudal.
impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever
e) ação reguladora dos imperadores durante as trocas comerciais.
ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um
homem que, profissionalmente, tem uma atividade de professor e
erudito, em resumo, um intelectual — esse homem só aparecerá 07. (ENEM) Se a mania de fechar, verdadeiro habitus da
com as cidades. mentalidade medieval nascido talvez de um profundo sentimento
LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.
de insegurança, estava difundida no mundo rural, estava do mesmo
modo no meio urbano, pois que uma das características da cidade
O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no era de ser limitada por portas e por uma muralha.
texto evidencia o(a) DUBY, G. et al. “Séculos XIV-XV”. In: ARIÈS, P.; DUBY, G. História da vida privada da
Europa Feudal à Renascença. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado).
a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato.
b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão do trabalho. As práticas e os usos das muralhas sofreram importantes
mudanças no final da Idade Média, quando elas assumiram a
c) importância organizacional das corporações de ofício.
função de pontos de passagem ou pórticos. Este processo está
d) progressiva expansão da educação escolar. diretamente relacionado com
e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos. a) o crescimento das atividades comerciais e urbanas.
b) a migração de camponeses e artesãos.
05. (ENEM)
c) a expansão dos parques industriais e fabris.
TEXTO I
d) o aumento do número de castelos e feudos.
Não é possível passar das trevas da ignorância para a luz da
ciência a não ser lendo, com um amor sempre mais vivo, as obras e) a contenção das epidemias e doenças.
dos Antigos. Ladrem os cães, grunhem os porcos! Nem por isso
deixarei de ser um seguidor dos Antigos. Para eles irão todos os 08. (ENEM) Para uns, a Idade Média foi uma época de trevas, pestes,
meus cuidados e, todos os dias, a aurora me encontrará entregue fome, guerras sanguinárias, superstições, crueldade. Para outros,
ao seu estudo. uma época de bons cavaleiros, damas corteses, fadas, guerras
BLOIS, P. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e testemunhas. honradas, torneios, grandes ideais. Ou seja, uma Idade Média “má”
São Paulo: Unesp, 2000. e uma Idade Média “boa”. Tal disparidade de apreciações com
relação a esse período da História se deve:
TEXTO II
a) Ao Renascimento, que começou a valorizar a comprovação
A nossa geração tem arraigado o defeito de recusar admitir tudo o documental do passado, formando acervos documentais que
que parece vir dos modernos. Por isso, quando descubro uma ideia mostram tanto a realidade “boa” quanto a “má”.
pessoal e quero torná-la pública, atribuo-a a outrem e declaro: —
b) À tradição iluminista, que usou a Idade Média como contraponto
Foi fulano de tal que o disse, não sou eu. E para que acreditem
a seus valores racionalistas, e ao Romantismo, que pretendia
totalmente nas minhas opiniões, digo: — O inventor foi fulano de
ressaltar as “boas” origens das nações.
tal, não sou eu.
BATH, A. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e testemunhas. c) À indústria de videojogos e cinema, que encontrou uma fonte de
São Paulo: Unesp, 2000. inspiração nessa mistura de fantasia e realidade, construindo
uma visão falseada do real.
Nos textos são apresentados pontos de vista distintos sobre d) Ao Positivismo, que realçou os aspectos positivos da Idade
as mudanças culturais ocorridas no século XII no Ocidente. Média, e ao marxismo, que denunciou o lado negativo do modo
Comparando os textos, os autores discutem o(a) de produção feudal.
a) produção do conhecimento face à manutenção dos e) À religião, que com sua visão dualista e maniqueísta do mundo,
argumentos de autoridade da Igreja. alimentou tais interpretações sobre a Idade Média.
b) caráter dinâmico do pensamento laico frente à estagnação dos
estudos religiosos.
c) surgimento do pensamento científico em oposição à tradição
teológica cristã.
d) desenvolvimento do racionalismo crítico ao opor fé e razão.
e) construção de um saber teológico científico.
TEXTO I
É da maior utilidade saber falar de modo a persuadir e conter
o arrebatamento dos espíritos desviados pela doçura da sua
eloquência. Foi com este fim que me apliquei a formar uma
biblioteca. Desde há muito tempo em Roma, em toda a Itália, na
Germânia e na Bélgica, gastei muito dinheiro para pagar a copistas
e livros, ajudado em cada província pela boa vontade e solicitude
dos meus amigos.
GEBERTO DE AURILLAC. Lettres. Século X. Apud PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. História da
Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.
TEXTO II
Eu não sou doutor nem sequer sei do que trata esse livro; mas, como
a gente tem que se acomodar às exigências da boa sociedade de
Córdova, preciso ter uma biblioteca. Nas minhas prateleiras tenho
um buraco exatamente do tamanho desse livro e como vejo que
tem uma letra e encadernação muito bonitas, gostei dele e quis
comprá-lo. Por outro lado, nem reparei no preço. Graças a Deus
sobra-me dinheiro para essas coisas.
AL HADRAMI. Século X. Apud PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. A Península Ibérica entre o
Oriente e o Ocidente: cristãos, judeus e muçulmanos. São Paulo: Atual, 2002.
GABARITO
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. A 03. C 05. A 07. A 09. A
02. B 04. B 06. A 08. B 10. A