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Artigo 1.431 CC
Nos exatos termos do art. 1.431 do Código Civil, constitui-se o penhor
pela efetiva entrega de coisa móvel, suscetível de alienação, do devedor
pignoratício ao credor pignoratício, como garantia de pagamento de uma
dívida principal.
O penhor tem em sua definição intrínseca a entrega (tradição) do bem
móvel pelo devedor pignoratício, de forma a assegurar o credor do pagamento
da dívida antes contraída. Entretanto, em determinadas espécies de penhor
não se opera a tradição do bem, permanecendo este nas mãos do próprio
devedor, por força da cláusula constitui, conforme se verifica no penhor rural,
industrial, mercantil e de veículos.
O penhor é um direito acessório, posto que assegura o pagamento de
uma relação creditícia considerada principal. Só em caso de inadimplência do
débito principal é que o bem empenhado será levado a leilão, a fim de que o
credor possa pagar-se integralmente.
Artigo 1.432 CC
Formas de constituição do penhor. pelo contrato (penhor comum), onde
as partes manifestam a livre vontade em constituir a garantia pignoratícia
quanto à obrigação principal, podendo ser efetuado por instrumento particular
ou público, registrado junto ao Cartório de Títulos e Documentos, a fim de que
passe a gerar efeitos erga omnes. Pela lei (penhor legal), quando a norma
permite a alguns tipos de credores a retenção dos bens do devedor como
garantia do pagamento integral da dívida, tal como ocorre com os 3. No que diz
respeito às espécies de hospedeiros ou fornecedores de pousadas, quanto às
bagagens dos hóspedes (art. 1.467).
No que diz respeito às espécies de penhor, podemos dividi-los em duas
grandes categorias: penhor comum e penhor especial. Penhor comum (ou
tradicional) é aquele oriundo da vontade das partes, incidindo sobre bem
corpóreo, entregue pelo devedor ao credor pignoratício no momento da
constituição do negócio (Rodrigues, 2003, p.353). Penhor especial, refere-se a
diversas categorias: a) penhor rural (agrícola e pecuário); b) penhor industrial e
mercantil, c) penhor de títulos de créditos; d) penhor de veículos; e) penhor
legal.
Artigo 1.433 CC
O dispositivo trata dos direitos do credor pignoratício, estabelecendo em
seu inciso I o direito à posse da coisa empenhada. Essencial nos casos do
penhor comum, a posse do credor pignoratício pode ser protegida pelos
interditos possessórios.
Artigo 1.434 CC
A primeira parte do artigo evidencia a indivisibilidade da garantia real,
estabelecendo que o credor não pode ser obrigado a devolver nem mesmo
parte da coisa enquanto não ocorrer o pagamento integral. A regra poderá ser
excepcionada nas hipóteses em que o devedor requerer autorização judicial
para a venda de uma das coisas dadas em garantia ou de parte da única coisa,
para que obtenha valor suficiente para o cumprimento do restante da
obrigação, o que atende ao princípio de que a execução deverá ser realizada
na forma menos onerosa ao devedor.
Artigo 1.435 CC
O credor pignoratício deve conservar a coisa empenhada, equiparando-se ao
depositário, devendo ressarcir ao dono a perda ou deterioração do bem quando
for culpado, podendo a importância da responsabilidade ser compensada na
dívida.
A posse direta do credor pignoratício não anula a posse indireta do
proprietário (devedor pignoratício), incumbindo-lhe a defesa da sua posse e a
obrigação de dar ciência ao dono a respeito de eventual ameaça, turbação ou
esbulho, uma vez que a eventual perda ou deterioração da coisa não extinguirá
a dívida, de modo que o prejuízo será do devedor.
A apropriação dos frutos pelo credor constitui adiantamento do
pagamento, devendo imputar aqueles valores apropriados nas despesas de
guarda e conservação, nos juros e no capital.
O credor pignoratício não é proprietário do bem empenhado, tendo os
deveres de entregar a coisa e, no caso de execução judicial, o de entregar o
produto que exceder o valor da dívida.
Artigo 1436 CC
A primeira causa extintiva do penhor é a extinção da obrigação por ele
garantida. Em se tratando de direito acessório, extingue-se com a extinção do
principal, salientando-se que, nos casos de pagamento, este deve ser integral,
tendo em vista o disposto no artigo 1.421.
Artigo 1.437 CC
A extinção do penhor produzirá efeitos apenas depois da averbação do
seu cancelamento no registro, devendo ser produzida prova da causa extintiva
ao oficial do cartório.
Referência Bibliográfica: Manual de Direito
Civil - Volume Único Flávio Tartuce; Código
Civil Comentado: Doutrina e jurisprudência –
Lei n. 10.406;