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Direitos Reais de Garantia

São direitos que têm por finalidade garantir ao credor o recebimento de seu crédito, por vincular
bens pertencentes ao devedor.

Um bem garante a dívida por vínculo real;


Existem três tipos: penhor, hipoteca e anticrese;
Somente quem tem o direito de alienação pode dar o bem como garantia;
O bem deve ser descrito detalhadamente, nos termos do art. 1.424 do CC;
O princípio da gravitação jurídica é aplicado, ou seja, o acessório segue o principal;
O direito real de garantia é sempre acessório, de forma a assegurar que a relação principal
será cumprida.

Efeitos e características

1. Preferência: o produto da venda judicial da coisa dada em garantia deve ser usado,
primeiramente, para liquidar a dívida. Se houver saldo restante, ficará para o devedor ou
será utilizado para quitar dívidas posteriores;
2. Indivisibilidade: é em relação ao valor, não a coisa. A garantia só será liberada se a dívida
for paga por completo. Pode haver venda de uma das coisas ou de parte dela para o saldo.
3. Sequela: direito de reclamar e perseguir a coisa, independentemente de com quem ela se
encontre – para onde o bem vai, o direito acompanha.
4. Excussão: alienação em hasta pública da coisa dada em garantia
Os credores não podem ficar com o bem (após o vencimento da dívida) sem levá-lo a
excussão.

Requisito objetivo

Apenas quem é o proprietário pode oferecer o bem em garantia real

Se o casamento for em comunhão de bens é necessário o consentimento do cônjuge para


a alienação;
Se duas ou mais pessoas forem proprietárias da coisa, é necessário o consentimento de
todas;

Requisito subjetivo

O bem dado em garantia deve ser alienável, nos termos do art. 86 do CC/02.

Vencimento da dívida de garantia


Art. 1.425. A dívida considera-se vencida:

I - se, deteriorando-se, ou depreciando-se o bem dado em segurança, desfalcar a


garantia, e o devedor, intimado, não a reforçar ou substituir;

II - se o devedor cair em insolvência ou falir;

III - se as prestações não forem pontualmente pagas, toda vez que deste modo se achar
estipulado o pagamento. Neste caso, o recebimento posterior da prestação atrasada
importa renúncia do credor ao seu direito de execução imediata;

IV - se perecer o bem dado em garantia, e não for substituído;

V - se se desapropriar o bem dado em garantia, hipótese na qual se depositará a parte


do preço que for necessária para o pagamento integral do credor.

Penhor
O maior exemplo do penhor é o penhor de jóias, que são oferecidas a um banco como garantia
do cumprimento da obrigação principal (um empréstimo, por exemplo). Há uma grande
diferença entre penhor e penhora, não podemos confundir! O penhor é um instituto de direito
real (direito material), enquanto a penhora é um instituto do direito processual civil, que pode
ocorrer na fase de execução como forma de satisfação da dívida que foi levada à juízo.

Regra geral: é constituído de bens móveis;


Ocorre a transferência de posse do devedor para o credor mediante tradição.
Os penhores rurais, industriais, de veículos e mercantil não precisam da entrega da
coisa.
O bem deve ser alienável;
Eficácia erga omnes;
É um contrato acessório, pois a dívida é o principal.

Partes

Devedor pignoratício: transfere a posse e deve pagar a dívida;


Credor pignoratício: recebe a posse e o direito real de garantia em seu favor.

Para lembrar:

Penhor: acordo de vontades em que há entrega da coisa para garantir uma dívida. O bem é
empenhado.

Penhora: ato judicial pelo qual se apreende bens do devedor para saldar uma dívida não paga.
O bem é penhorado.

Direitos e deveres do credor pignoratício

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Direito à posse e retenção da coisa até que haja indenização das despesas justificadas e
isentas de culpa;
Ele pode ser ressarcido se houver prejuízo por vícios ocultos da coisa;
Direito a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada;
Se a coisa empenhada tiver chance se de perder ou deteriorar, o credor pode realizar a
venda antecipada mediante autorização judicial.
O devedor pode substituir a coisa ou oferecer outra garantia real para impedir a venda
antecipada
Ser depositário da coisa e ressarcir ao dono qualquer perda ou deterioração da qual for
culpado;
Defender a posse e informar ao dono se usar ação possessória;
Restituir a coisa empenhada com os frutos e acessões quando a dívida for paga;
Se a coisa foi vendida a preço superior ao da dívida, a diferença deve ser devolvida ao
devedor.

Classificação

1. Quanto à origem
Legal: em determinadas situações, o credor pode se apossar dos bens do devedor:

Art. 1.467, CC. São credores pignoratícios, independentemente de


convenção:

I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as


bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus consumidores ou
fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos,
pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito;

II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro


ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas.

Convencional: resultado do acordo de vontades.


2. Quanto ao tipo
Comum ou tradicional: resulta do acordo de vontades e requer entrega da coisa
Especial: estão sujeitos a regras específicas
Rural: o devedor é o depositário da coisa e o credor é o depositante;
Industrial e mercantil: é uma obrigação oriunda de negócio jurídico empresarial e
ele recai sobre quaisquer bens móveis que são usados nessa atividade;
De direito e títulos de crédito: podem ser gravados os bens incorpóreos, como
patentes, direitos autorais e créditos.

Extinção do penhor

Extinção da obrigação principal;


Perecimento da coisa: a dívida persiste como quirografária (sem garantias);

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Renúncia ou perdão do credor;
Confusão: o credor e devedor se tornam a mesma pessoa;
Remição ou venda da coisa, feita pelo credor ou autorizada judicialmente.

Hipoteca
É um direito real de garantia que grava a coisa pertencente ao devedor ou a terceiro, regra geral
imóvel, sem transmissão de posse, conferindo ao credor o direito de vendê-la judicialmente,
assegurando o recebimento preferencial de seu crédito.

Deve ser registrada no Cartório de Imóveis;


Pluraridade de hipotecas: pode-se registrar mais de uma hipoteca no mesmo bem, mas os
registros seguirão a ordem em que foram requeridos, determinando assim a prioridade e a
preferência de cada hipoteca;
A segunda tem o nome de sub-hipoteca.
É um direito acessório e indivisível;
Exige especialização e publicidade;
Não há transferência do bem ao credor.

Partes

Devedor hipotecante: dá a coisa em garantia, podendo ser o devedor ou um terceiro;


Credor hipotecário: tem o benefício do crédito e o direito real;

Objeto

Art. 1.473, CC. Podem ser objeto de hipoteca:

I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles;

II - o domínio direto;

III - o domínio útil;

IV - as estradas de ferro;

V - os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se


acham;

VI - os navios;

VII - as aeronaves.

VIII - o direito de uso especial para fins de moradia;

IX - o direito real de uso;

X - a propriedade superficiária

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Origem

1. Convencional: acordo de vontade entre as partes da obrigação;


2. Legal: determinada pela lei em favor de quem precisa de proteção jurídica nos termos do
artigo 1.489 do CC;
3. Judicial: recai sobre os bens do vencido em algum litigio para satisfazer os créditos do
processo e do vencedor.

Efeitos

Em relação ao devedor: pode usar e fruir do bem;


Em relação ao credor: pode promover a venda se a dívida não for paga; pode exigir a
conservação do bem;
Em relação a terceiros: é erga omnes e, por isso, o hipotecário tem direito de sequela.

Remição (liberação)

Pelo devedor: antes da assinatura ou publicação da sentença;


Pelo credor da segunda hipoteca: quando o devedor não se oferece para pagar a dívida;
Pelo adquirente do imóvel hipotecado;

Extinção

Art. 1.499, CC. A hipoteca extingue-se:

I - pela extinção da obrigação principal;

II - pelo perecimento da coisa;

III - pela resolução da propriedade;

IV - pela renúncia do credor;

V - pela remição;

VI - pela arrematação ou adjudicação.

A extinção também deve ser registrada no Cartório de Imóveis.

Anticrese
É um direito real que recai sobre um imóvel, pelo qual o credor recebe a posse da coisa,
podendo perceber-lhe os frutos e descontá-los do pagamento da dívida. Não se pode promover
a venda judicial da coisa.

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Um imóvel dado em anticrese pode ser hipotecado e o imóvel hipotecado pode ser dado em
anticrese.

Características

Deve ser registrada no Cartório de Imóveis e com a autorização do cônjuge quando em


comunhão de bens;
Não há direito de preferência ao credor, somente de retenção;
Remição: é necessário pagar a dívida na sua totalidade e antes do vencimento;
Há transferência do bem (posse com tradição).

Partes

Devedor anticrético: aquele que dá o imóvel em garantia e transfere a posse;


Credor anticrético: recebe o imóvel em garantia e fica com a posse.

Efeitos

1. Em relação ao credor
Pode ter a posse por até 15 anos ou até pagar o crédito;
Apresenta contas de sua administração anualmente;
Responde por deterioração culposa;
Pode alienar para terceiros;
Não terá preferência na indenização do seguro caso o bem seja destruído.
2. Em relação ao devedor
Pode alienar o bem;
Pode pedir a conservação do bem.

Extinção

Pagamento;
Término do prazo legal;
Desapropriação;
Perecimento do bem;
Venda judicial promovida por outros credores;
Renúncia do credor.

Fidúcia
Transfere-se a propriedade resolúvel (posse indireta) de um bem móvel e infungível, como
garantia de seu débito até o inadimplemento da obrigação.

Partes

Fiduciante: devedor – quem transfere a propriedade mas fica com a posse;


Fiduciário: credor – quem fica com a propriedade resolúvel e a posse indireta do bem.

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Efeitos

1. Em relação ao fiduciário:
Pode protestar o título se houver inadimplência;
No caso de inadimplemento, pode reivindicar o bem;
Pode mover a ação de depósito contra o devedor para a restituição do objeto;
Se a dívida não for paga no vencimento, ele não pode ficar com a coisa.
2. Em relação ao fiduciante:
Não pode dispor da coisa;
Terá a propriedade plena quando pagar a dívida;
No caso de inadimplemento, deve entregar o bem;
A divida ainda existirá se o produto da venda judicial não for suficiente para pagar a
dívida.

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