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Teoria Geral e Contratos em Espécie


Das Diversas Classificações dos Contratos

Quanto aos Direitos e Deveres das Partes Envolvidas


Contrato sempre resulta da convergência de vontade de pelo menos duas partes.
Pode existir um negócio jurídico bilateral ou plurilateral.

Unilateral - negócio jurídico que decorre da declaração de uma só parte, há contrato, ex.
testamento. Onde apenas um dos contratantes tem obrigação a cumprir.

Bilaterais - os contratos onde todos os contratantes são simultânea e reciprocamente credores e


devedores uns dos outros.

Esta classificação exige a assunção de obrigações dentre as partes envolvidas no negócio


jurídico bilateral.

💚 Exemplos:
São unilaterais a doação pura, o comodato (empréstimo de bem infungível para uso), a
fiança, o mútuo (empréstimo de bem fungível para consumo).
São
bilaterais a compra e venda, a locação, a doação gravada, o depósito.

Compra e Venda - Típico Contrato Bilateral:

Vendedor - dever de entregar coisa e o direito de receber o preço;

Comprador - dever de pagar o preço e receber a coisa;

De Acordo com o Sacrifício Patrimonial das Partes Contratantes

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Contratos Gratuitos - uma das partes não aufere vantagem econômica imediata.
A parte que não obtém ganho econômico pratica uma liberdade.
Seu interesse imediato no contrato não é econômico - podendo ser de razões de ordem religiosa,
moral, psicológica ou oportunidade.

Exemplos - empreiteiro (alguém que faz construções) que está fazendo um trabalho de
construção sem receber dinheiro de seu pai. Além disso, ele está fazendo trabalhos de publicidade
para a empresa de um amigo sem cobrar dinheiro por isso.
Contratos Onerosos - regular execução do contrato implica vantagem econômica para todas as
partes - todas as partes ganham algo de valor quando o contrato é cumprido corretamente.
Alguns contratos SÃO ESSENCIALMENTE ONEROSOS OU GRATUITOS

Na compra e venda e na locação, a onerosidade é essencial, assim como na doação e comodato a


gratuidade não pode deixar de existir.
Compra e venda gratuita é doação: Se você dá algo a alguém sem receber dinheiro em troca, isso
é uma doação. É como dar um presente.
Doação onerosa se descaracteriza, vira compra e venda: Se uma doação tem alguma condição
em que a pessoa que recebe precisa dar algo em troca (como dinheiro), isso deixa de ser uma
doação e passa a ser uma compra e venda. Ou seja, se há um pagamento ou algo em troca, não é
mais uma doação, é uma transação de compra e venda.

Quanto Aos Riscos Envolvidos com a Prestação


Contratos Cumulativos - São contratos onde as coisas que cada pessoa vai fazer ou dar já são
conhecidas desde o começo. O que cada pessoa dá ou faz tem um valor aproximadamente igual
ao que ela recebe em troca.

Será um Contrato bilateral e oneroso, isso significa que ambas as partes têm obrigações uma com
a outra, e ambas ganham algo de valor. Não é apenas uma pessoa dando e a outra recebendo, é
uma troca justa onde ambas ganham algo - Exemplo Compra e Venda.

Contratos Aleatórios - São contratos onde uma das partes não tem certeza do que vai dar ou
fazer, parte não consegue calcular com certeza o que está dando, porque depende de algo incerto.
Dependem de um acontecimento incerto (álea – sorte/êxito) - esses contratos dependem de algo
que ainda não aconteceu e é incerto, como um evento de sorte ou sucesso.
Contrato perfeito desde o começo, mesmo sabendo que pode haver variação na entrega das
partes, e a incerteza está relacionada à extensão das vantagens e desvantagens para cada parte.

Os Contratos Aleatórios Envolvem o Risco Futuro


Seção VII
Dos Contratos Aleatório - Art. 458 do CC

Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco
de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber
integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou
culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.

Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o
risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o

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preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em
quantidade inferior à esperada.

Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante
restituirá o preço recebido.

Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco,
assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa
já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.

Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como
dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do
risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.

De Existência - Adquirente assume o risco da existência ou não da coisa - Exemplo Compra de


Safra Futura

Obrigação do adquirente pagar o valor pactuado mesmo se a coisa não veio a existir - Só não será
obrigado a pagar o valor pactuado se houver culpa do vendedor.
De Quantidade - O adquirente assume o risco da coisa, independentemente da quantidade. Se vier
a mais do que o planejado, paga somente o pactuado; se vier a menor do que o planejado, paga o
valor pactuado.
Bens Existentes Expostos a Riscos: ao comprar algo que já existe, como de um site chinês, a
pessoa aceita o risco de que os bens possam ser retidos na alfândega e que terá que pagar
tributos para liberá-los. Ela paga o valor acordado mesmo nessas situações.

De Acordo com a Forma do Contrato


Contratos Consensuais: são contratos que se realizam quando as pessoas envolvidas concordam
voluntariamente, como no caso da compra e venda, onde o acordo sobre preço e objeto é o que
importa para torná-lo válido.

💚 Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita,


desde que as partes acordarem no objeto e no preço.

A locação, o mandato, prestação de serviços, empreitada, seguro, transporte, corretagem, são


outros exemplos de contratos consensuais.

Contratos Formais ou Solenes - são contratos que precisam ser feitos por escrito, conforme
determinado pela lei. Se não seguirem essa forma, não são válidos e são considerados nulos.

Exemplos de contratos formais, em que a lei exige alguma forma especial: Doação (artigo 541, do
CC), exceto de bens móveis de pequeno valor (§ único); fiança (Artigo 819); transação (Artigo
842, do CC).

Contratos Reais: contratos reais exigem a entrega física de um objeto para que o compromisso
seja estabelecido, e apenas concordar (Consentimento das Partes) ou formalizar o contrato não é o
bastante.

De Acordo com a Execução do Contrato/ do Momento do Seu


Cumprimento

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Contratos Instantâneos - são contratos em que cada parte cumpre sua parte com uma única ação,
como na compra e venda à vista, onde o vendedor entrega a coisa e o comprador paga, tudo em
um só ato.

Contratos Instantâneos podem ser executados imediatamente, onde a ação ocorre


simultaneamente com a formação do contrato, ou de forma diferida, onde a ação ocorre em um
momento posterior à formação do contrato.

Contrato de Execução Continuada - são contratos que se estendem no tempo, envolvendo uma
sucessão de ações ao longo da sua duração, como no caso de locação (paga o aluguel
mensalmente) e seguro .

De Acordo com a Previsão Legal


Contratos Típicos - são contratos em que a lei define o que cada parte pode fazer e o que deve
cumprir, regulando seus direitos e obrigações, ex. Compra e venda; doação; locação de bens
imóveis (Lei 8.245/91).

Contratos Atípicos - são importantes para permitir liberdade de escolha, sendo permitidos desde
que sigam as regras gerais e respeitem os princípios do direito contratual, observadas as normas
gerais, por ele fixadas
(conforme o artigo 425 do CC).

💚 Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais
fixadas neste Código.

De Acordo com a Liberdade de Contratar


Os contratos podem ser voluntários ou necessários. No primeiro caso, as partes têm a alternativa
de não contratar; no segundo, essa opção, para pelo menos
uma delas não existe.

São exemplos: o contrato de seguro em favor de terceiros para veículos automóveis; o contrato
com empresa fornecedora de energia elétrica.

De Acordo com a Área do Direito Envolvida


Contrato de trabalho: É um contrato entre pessoas privadas que envolve a prestação de serviços
pessoais, subordinados, não eventuais e com remuneração. Mesmo que seja denominado de outra
forma, se atende a essas condições, é considerado um contrato de trabalho conforme o Artigo 3º
da CLT.

Contrato comercial: É um contrato onde ambas as partes são empresários, ou seja, estão
envolvidas em atividades econômicas organizadas para produção ou circulação de bens ou
serviços.
Contrato civil: É um contrato onde nenhuma das partes é uma pessoa jurídica de direito público,
empresário, empregado ou consumidor. Inclui situações como compra e venda entre não
profissionais, locação residencial, doação, comodato e outros contratos do direito privado.

Contrato de Consumo: são acordos entre consumidores e fornecedores, onde o consumidor é


quem utiliza o produto ou serviço final, e o fornecedor é quem o disponibiliza no mercado. O

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Código de Defesa do Consumidor oferece garantias e proteções para os consumidores nesses
contratos.

Quanto à Independência do Contrato


Contrato principal: É um contrato completo em si mesmo, não dependendo de outro contrato para
produzir efeitos.
Contratos acessórios: São contratos que dependem de um contrato principal para existir, ser
válido ou eficaz. Exemplos são o contrato de sublocação e o contrato de fiança.

Quanto a Negociação das Partes - Contrato de Adesão


Contrato de Adesão é unilateral é aquele em que as cláusulas são definidas unilateralmente pela
parte mais poderosa economicamente, sem a possibilidade de discussão ou modificação
substancial pelo outro contratante.

Um contrato de adesão é um tipo de contrato em que uma das partes, chamada de aderente ou
adotante, tem pouca ou nenhuma capacidade de negociar ou modificar suas cláusulas, pois estas
são disposições de forma unilateral pela outra parte, chamada de estipulante ou predisponente.

A adesão geralmente precisa apenas concordar ou discordar das condições previamente definidas.

Esse tipo de contrato é comum em transações de massa, como contratos de serviços públicos,
contratos bancários, planos de seguro, termos de serviço de aplicativos e contratos de adesão em
geral. O aderente, em muitos casos, não tem poder de barganha para negociar as cláusulas, pois
são termos padronizados que visam facilitar a oferta de um serviço ou produto em grande escala.

Isso significa que o contrato não é negociado bilateralmente. Nem todo contrato de consumo é de
adesão, e nem todo contrato de adesão é de consumo. Um exemplo de contrato de adesão que
não é de consumo é o contrato de franchising.
DIRIGISMO CONTRATUAL - a mudança na percepção da força dos contratos, destacando que
agora não é avaliada apenas pela moralidade de cumprir a palavra, mas pela busca pelo bem
comum. Isso implica em limitar a autonomia da vontade para reduzir possíveis violações
contratuais. Além disso, é mencionada a Lei da Liberdade Econômica (Lei 13.874/2019), que
promove a intervenção mínima nas relações contratuais.

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