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1. Conceito:
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir
o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Se o pagamento for através de um serviço, também não será contrato de compra e venda,
tampouco troca, e sim será um contrato atípico, em que se assume uma obrigação de dar em
troca de uma de fazer, de prestar assessoria jurídica, por exemplo.
Frisa-se a existência de uma relação obrigacional – contrato é uma das fontes das obrigações,
pois ele gera obrigações – apesar de um ato ilícito também o ser.
Para bens móveis, a transferência se dá apenas com a tradição, a entrega da coisa. Ou seja,
pelo simples pagamento, o sujeito não se torna dono da coisa antes da tradição, o sendo,
ainda, o vendedor. Res peret domino segue esse mesmo exemplo, de ter sido ou não efetuada
a tradição.
Para bens imóveis, a transferência se dará com o registro da escritura pública (averbar a
escritura no Cartório de Registro de Imóveis). Atentar para a promessa de compra e venda,
que é contrato preliminar! O reles pagamento não transfere o domínio da coisa, sendo,
portanto, necessário fazer o registro da escritura pública. Se o promitente comprador não
paga IPTU, por exemplo, numa situação em que há apenas promessa de compra e venda, ele
não se subrroga no lugar do promitente vendedor. O promitente vendedor deve pagar o
débito e ingressar com ação regressiva, por exemplo, não tendo sido o ajuizamento da ação de
execução fiscal equivocado (IPTU tributo municipal).
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da
tradição.
No nosso ordenamento, portanto, a compra e venda tem efeitos apenas obrigacionais, e não
reais. Desse modo, não se pode ingressar com uma ação possessória, por exemplo, havendo
apenas o direito de que se entregue a coisa. Res peret domino (a coisa perece para o dono)
outra vez.
2. Relação obrigacional:
Efeitos meramente obrigacionais, e não reais, o que quer dizer que o sujeito ainda não é
proprietário da coisa antes do registro/tradição, apenas tem o direito de que ela lhe seja
entregue.
3. Classificação:
Típico e nominado: típico por estar previsto, tipificado, e nominado por ter nome:
contrato de compra e venda, sendo esta a nomenclatura brasileira. É o primeiro dos
contratos típicos do nosso CC, vindo logo após a parte geral.
b. compra da coisa esperada (emptio rei speratae): art. 459 – nessa hipótese não há
incerteza na prestação, e sim sobre sua quantidade – ex. se quer-se comprar filhotes
de uma cadela prenha, se paga um valor X, nascendo 5 ou 10 filhotes, mas, se todos
nascerem mortos, não se comprou a esperança, então a álea será do vendedor,
devendo restituir os valores o valor adiantado pelo comprador.
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando
o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá
também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver
concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à
esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não
haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.
Informal ou solene: por exemplo, a compra e venda de um carro pode se dar de
maneira verbal, bastando que um sujeito deposite o dinheiro e o outro dê a chave,
assinando o Duty e Data apenas por questões de direito administrativo, informando o
DETRAN para repassar as multas, como uma segurança ao vendedor. O sujeito já será
o dono com a tradição, ainda que o carro esteja no nome do primeiro dono. A
informalidade é a regra!
Há necessidade de formalidade quando se fala em imóveis, sendo acima de 30
SM é preciso que seja por escritura pública, não podendo sê-lo por instrumento
particular.
**Não confundir contratos com instrumentos contratuais!! Contratos são feitos a todo
momento, através da vontade, da assunção, por exemplo, mas não significa que seja
necessário assinar documentos. Ex. entrar no ônibus, estacionar carro em shopping são
celebrações de contratos, refletindo o fato de que a maioria dos contratos existentes são
informais, em que se aplica o princípio da informalidade dos negócios jurídicos do art. 108 do
CC (108? Art. 104 ou 107). Apenas alguns contratos trazem a solenidade.
a. Coisa:
É preciso dizer que ela necessita ter uma existência, ou seja, em regra é nula a venda de coisa
inexistente ou ilícita. Entretanto, é possível uma existência potencial da coisa no momento da
celebração do contrato, como por exemplo, a compra de uma colheita esperada.
A coisa deve ser determinada ou determinável, bem como deve estar disponível, ou seja, não
pode estar fora do comércio – ex. imóvel com cláusula de inalienabilidade grava no registro é
inalienável; ex. direitos da personalidade não podem ser comprados, o que ocorre é que se
paga pela sua cessão; ex. o mesmo ocorre com diversos direitos autorais, se cede uma marca,
se cedem direitos autorais – sua venda é tida como nula, por ser ilícita, dada sua
inalienabilidade.
Proibição de compra de herança de pessoa viva – pacta corvina – ex. não pode comprar o
apartamento que um sujeito vai herdar (potencial herdeiro, não proprietário) de seu pai ainda
vivo. Art. 426 do CC.
b. Preço:
A doutrina diz que deve ter pecuniariedade, ou seja, a compra e venda necessariamente deve
envolver dinheiro ou redutível a dinheiro, não exatamente cédulas, podendo ser cartão de
crédito, cheque, título de crédito. O que não pode ocorrer é um pagamento diferente de
dinheiro, o que poderá configurar troca ou permuta, mas não compra e venda.
Se, ao contrário do dinheiro, se paga com uma obrigação de fazer, configura-se um contrato
atípico, não sendo compra e venda tampouco troca ou permuta.
A seriedade é outra característica do preço, não podendo ser vil, irrisório ou ínfimo, sob pena
de se descaracterizar o contrato de compra e venda. Ex. vende-se um apartamento de 1M por
mil reais – pode-se, inclusive, fazer uso de institutos para alegar lesão, e esse exemplo cabe
também para situações opostas, em que se paga um valor exorbitante por um objeto regular
(cuidado com obras de arte!, cuja precificação é mais subjetiva). Entretanto, a lei não exige
que necessariamente esse preço seja o de mercado, podendo sim haver uma certa
desproporção, desvalorização, por exemplo.
O preço deve ser determinado ou determinável, não podendo ter uma indeterminação
absoluta, sendo esta uma cláusula puramente potestativa, portanto, esse contrato será nulo.
Ex. cláusula com “pagarás o quanto quiseres”.
c. Consentimento:
A compra e venda deve ser celebrada de maneira livre e desembaraçada.
Diferença entre capacidade geral (ex. menor não pode alienar bem ser estar devidamente
representado) e capacidade específica (legitimação ou legitimidade – ex. anuência de
cônjuge/outorga uxória ou marital para venda de imóvel, ainda que esteja somente no nome
de um) para o exercício de determinados atos.
5. Consequências jurídicas:
Primeira: a responsabilidade pelos riscos, presente no art. 492 – aplica-se o princípio do res
pereti dominus, ou seja, havendo compra e venda, a coisa perece para o dono, sendo este
aquele que já recebeu a coisa (tradição ou registro).
Segunda: repartição das despesas, no art. 490 – salvo convenção em contrário (autonomia
privada), quem paga ITIV (chamado assim na Bahia – é municipal) e o custo de registro da
escritura pertence ao comprador. Já o custo de entrega da coisa é do vendedor.
Terceira: direito de reter a coisa ou o preço no art. 491 – esse direito de retenção é uma
afloração ao princípio da exceção de contrato não cumprido (art. 476).
a. Venda de bens móveis e imóveis de ascendentes a descendentes: art. 496 – a lei diz que é
anulável a venda de ascendentes a descendentes sem que os outros consintam, a evitar, sendo
esta a ratio legis, as doações inoficiosas, fraudulenta, em favorecimento de um dos filhos – o
sujeito se torna um herdeiro indigno. Quando a lei diz que é anulável sem dizer prazo
decadencial, aplica-se a regra supletiva do art. 179, de 2 anos.
Figura da pessoa interposta: ocorre uma simulação, que pode também ser subjetiva à pessoa,
a exemplo de não poder vender para o filho para o fazer para a nora, por exemplo.
En. 177 da Jornada de Direito Civil: “Por erro de tramitação, que retirou a segunda hipótese de
anulação de venda entre parentes (venda de descendente para ascendente), deve ser
desconsiderada a expressão ‘em ambos os casos’, no parágrafo único do art. 496”.
Artigo correlato ao 496 é o 533, II: “É anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e
descendentes, sem o consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante”. Ex.
quer-se trocar um apto com um filho; se os valores são iguais, não há problemas, mas, o que
não se pode é trocar por um de valor inferior, pois, nesta hipótese, há necessidade de
anuência dos outros.
En. 545 da Jornada de Direito Civil: “O prazo de 2 anos é contado da ciência do ato, a qual é
presumida na data do registro da transmissão do imóvel”.
Se a recusa de um outro herdeiro for imotivada, se pode pedir um suprimento judicial e anular
a intervenção, a negativa desse filho, evitando abusos de direito.
A lei diz que é proibido, então o negócio será nulo, não anulável. Nas hipóteses do artigo, diz-
se que a justificativa é que nesses casos haveria um conflito de interesses, ou seja, ainda que
se tenham boas intenções e se pague um preço justo por aquilo, a sociedade pode desconfiar
da situação, com toda a razão, dada a supremacia do interesse público.
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta
pública:
O legislador diz, para imóveis indivisos (que ainda não foram divididos), que é preciso
cientificar e dar um direito de preferência ao coproprietário. Se um quer vender a fração ideal,
os outros devem ter ciência para dizer se querem/podem comprar ou não, preferencialmente
face a terceiros.
Esse é um caso típico de direito de preferência legal, não sendo uma proibição e sim uma
restrição à venda, através do direito de informar ao coproprietário para ver se ele deseja ou
não praticar seu direito de preferência – isso também se aplica ao inquilino tendo preferência
à compra do imóvel.
A expressão “tanto por tanto” se refere não apenas ao mesmo valor, bem como às mesmas
condições.
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos,
se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der
conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a
estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta (chamada de
convencional – presença de pacto antinupcial): I – alienar ou gravar de ônus real os
bens imóveis; (...).
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um
dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.
Nos casos de união estável, é necessária uma outorga convivencial? É uma questão a se
discutir, pois a lei não traz essa modalidade. Ou seja, não se fazendo um pacto prévio, mesmo
em união estável, pode-se considerar ou não como comunhão de bens. Entretanto, a
jurisprudência e doutrina majoritárias dizem que o convivente tem direito à metade da venda,
mas não pode anular o negócio, prejudicando o terceiro de boa-fé, que deve ser protegido.
Paulo Lobo diz que é preciso sim a outorga convivencial! Mas não há previsão legislativa.
Art. 499 do CC. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos
da comunhão.
Por exemplo, se alguém casa em comunhão parcial, e um dos cônjuges já tinha um bem, esse
não irá se comunicar, caso um divórcio ocorra, salvo comunhão universal de bens.
Em relação aos bens excluídos da comunhão, é possível a compra e venda entre os cônjuges.
Ou seja, a regra é a da exclusão.
Se o sujeito herda um apartamento, casa, e o aliena para dar entrada num novo apartamento,
ele deve indicar, no registro, que o valor dado por ele foi proveniente da herança, para que
não se comunique, tratando-se do regime de comunhão (universal ou parcial?) de bens.
A mens legis desse artigo é evitar a compra e venda dos bens que se comunicam.
**Em todos os casos o primeiro passo é observar se há simulação (ex. doação travestida de
compra e venda), dolo ou fraude!!! Pois, daí o contrato já será nulo.
7. Modalidades de venda de imóveis:
É a venda por medida de extensão, ou seja, o preço do imóvel é estipulado por medida
de extensão, que pode ser por m², hectare, etc. Disposto presente no caput do art. 500 do CC.
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se
determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às
dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não
sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional
ao preço.
Sobre o caput, o sujeito compra um imóvel e detecta, ao se imitir na posse, ao ter acesso
a ele, que não possui a medida relatada pelo vendedor, portanto, ele pagou a mais. Esse artigo
estabelece a solução: se a área não corresponder ao que o vendedor diz, terá direito de exigir
a sua complementação (quer que entregue a metragem a mais! Quando possível, lógico, pois
pode existir imóvel contíguo); quando não possível a complementação, o comprador poderá
exigir a resolução do contrato ou o abatimento proporcional do preço.
Sobre o parágrafo primeiro, é válido ressaltar que 1 vigésimo é igual a 1/20 avos, e é
igual a 5%. Nesse sentido, na venda ad mensuram, há um limite de tolerância de 5% da área
total enunciada, e existe uma presunção relativa de que o comprador deve tolerar essa
variação. Ou seja, em diferença de até 5% não há direito para questionar nada no que tange à
compra e venda.
Art. 500. § 2o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos
para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha,
completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
Há uma ação (ex empto ou ex vendito) trazida pelo 501 para solucionar a questão –
prazo contado da transcrição do título, que é o do registro da escritura de compra e venda.
RESP 438.853 DF – esse recurso especial versa sobre o caso de uma imobiliária que
vendeu inúmeros imóveis fraudando a metragem, mas sempre era inferior à 5%. A ministra
disse que não poderia ser considerada simplesmente enunciativa a referência feita nos
contratos de compra e venda de imóvel adquirido na planta, devendo tais contratos serem
regidos pelo CDC, face a evidente relação de consumo aí presente. Ou seja, ela entendeu pela
aplicação do art. 51, I do CDC, que diz que é nula de pleno direito a cláusula que atenue a
responsabilidade do fornecedor.
O professor diz que é óbvio que aqui houve uma fraude, um vício do produto, no caso da
relação de consumo. O CDC, portanto, mitiga esse limite de tolerância, o abranda, não se
podendo hoje tolerar o vendedor de má-fé que abusa do direito de venda até o limite de
tolerância.
Essa expressão está no próprio Código, e vem de corpo, como se fosse feita a venda do
todo. Fala-se coloquialmente como uma venda “de porteira fechada”, não importando a
metragem e sim pagando-se pelo todo:
a. Retrovenda:
Seria uma cláusula em que o vendedor assegura um direito de reaver a coisa, num prazo
máximo decadencial de 3 anos, acrescentando no contrato uma cláusula especial de
retrovenda. Ou seja, é um negócio jurídico condicionado, subordinado a evento futuro e
incerto.
Portanto, ela é uma cláusula adjeta de compra e venda pela qual o vendedor se reserva
o direito de recobrar (reaver) o imóvel alienado, no prazo máximo de 3 anos, não precisando
da anuência do comprador.
A doutrina entende que nessas situações não haveria uma nova compra e venda, não
aplicando, por exemplo, a incidência de ITIV (3% do valor do imóvel). Portanto, o exercício do
direito de reaver não constitui nova alienação.
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo
máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as
despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram
com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
O professor diz que, na prática, isso não se vê, pois gera uma insegurança gigantesca aos
compradores. Ele diz também que a jurisprudência encontrada trata de agiotas que utilizam
desse mecanismo para garantir o pagamento de um empréstimo, como uma simulação. Assim,
se desvirtua o instituto para fins de empréstimos usurários.
Embora não seja considerado um direito real, ela pode ser exercida contra um terceiro
adquirente, segundo o art. 507 (quem comprou pode vendar, pois não há uma cláusula de
inalienabilidade). Mas quem comprar deve saber que o vendedor inicial tem o direito de
reaver o imóvel em 3 anos. Por isso a doutrina fala em EFICÁCIA REAL em relação a novos
adquirentes, embora o direito de resgate/de retrato não seja real.
Esse artigo superior disse que é um direito transmissível, seja por ato inter vivos ou
causa mortis. A jurisprudência geralmente se refere a contratos de mutuo, em que os agiotas
imbuem juros excessivos, ou seja, simula o contrato de mútuo através de um de venda com
retrovenda, em que, se o sujeito não pagar o dinheiro, ele tem a possibilidade de retomar o
bem.
b. Venda a contento:
A doutrina diz que há, nessa hipótese, uma cláusula ad gustum, que significa gosto.
Portanto, se diz que essa compra e venda possui uma cláusula adjeta, uma condição
suspensiva, que faz com que esse contrato, que essa compra e venda só se é considerada
perfeita e acabada se o comprador declarar que gostou da coisa, que aquilo lhe satisfaz. Ex.
compra de obras de arte.
Doutrinadores dizem que enquanto o comprador não se aprazer, não aprovar, a entrega
da coisa não será considerada tradição, havendo uma mera transferência da posse direta, não
da propriedade. Transfere a coisa e, se o sujeito gostar, ele paga e fica, e se torna proprietário.
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição
suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita,
enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
Paulo Lobo diz que a entrega da coisa pelo vendedor, para o comprador dizer se gostou,
não equivale a uma tradição, a um título de transferência do domínio/propriedade. Nesse
caso, se a coisa perecer, se aplica o res pereti domino, arcando o vendedor com tal ônus, a não
ser que o comprador, com a posse direta, tenha recaído em comportamento culposo; nesse
último caso, o comprador responderá. Pensar também no venire contra factum próprio.
O sujeito pode recusar se o objeto não estiver de acordo com os moldes aos quais foi
pactuado, fora isso, não há subjetividade quanto ao gosto ou ao querer do comprador. Ex. se
um sujeito vende um armário para o outro, e este chega fora das medidas, ou em outro
material, pode ser recusado – entretanto, o simples “não gostar” não permite a recusa.
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva
de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim
a que se destina.
Há sim uma condição, mas não ligado ao gosto ou satisfação do comprador, e sim se ela
atende às especificações apregoadas ou ditas pelo vendedor.
d. Preempção:
A palavra preempção significa preferência, para vias de ajudar no raciocínio lógico. Essa
cláusula também é chamada, portanto, de preferência ou prelação.
A preempção é um pacto adjeto a compra e venda, pelo qual o comprador de uma coisa
móvel ou imóvel se obriga a oferecê-la ao vendedor, na hipótese de pretender futuramente
vendê-la ou dá-la em pagamento, para que o este use do seu direito de preferência em
igualdade de condições.
Paulo Lobo diz que o tema de direito de preferência se estende do contrato de compra e
venda, devendo estar na parte da teoria geral dos contratos, pois ele pode estar para além do
de compra e venda, por exemplo, no contrato de edição, típico da área autoral – celebra-se a
primeira edição com direito de preferência em relação à segunda, tendo a editora inicial
direito de preferência em relação a uma outra, nas mesmas condições que esta última
oferecer.
RETROVENDA PREEMPÇÃO
somente imóveis móveis ou imóveis
a preferência só
o vendedor tem o direito
pode ser exercida
de reaver a coisa,
se e quando o
independentemente da
comprador
vontade do comprador
revender a coisa
direito
direito transmissível (art. personalíssimo, não
507) se transmite a
terceiros (art. 520)
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em
obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço
atual da coisa.
e. Reserva de domínio:
Art. 521 ss. = Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade,
até que o preço esteja integralmente pago.
Questão da propriedade fiduciária: não se confunde com esse instituto – aqui ocorre a
chamada alienação fiduciária, que ocorre em muitas compras de carro, apartamentos, etc. –
nessa alienação há uma terceira pessoa, que é o financiador/banco, enquanto que na compra
e venda com reserva de domínio existem apenas as duas figuras comuns.
f. Venda de documentos:
A doutrina se limita a dizer que esse tipo de venda é muito aplicado no comércio
exterior, com a finalidade de agilizar os negócios de importação e exportação.
Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do
seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio
deste, pelos usos.
TROCA OU PERMUTA
1. Conceito:
Segundo Clóvis Bevilácqua, é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa
por outra que não seja dinheiro – se um dos objetos da troca for dinheiro, é compra e venda –
se for obrigação de fazer em troca de obrigação de dar, será contrato atípico.
Às vezes a pessoa dá uma entrada e faz uma troca do valor restante – a doutrina discute
se é contrato de troca ou compra e venda – o professor diz que não faz diferença, pois, na
prática de aplicam os institutos de compra e venda na troca ou permuta, sendo uma discussão
meramente livresca, sem importância prática, pois as consequências da troca ou permuta
serão similares às de compra e venda por ambos serem contratos onerosos (evicção, vícios
redibitórios, etc.).
A doutrina fala em saldo ou torna, que é uma importância de dinheiro que se troca pela
diferença.
2. Vocábulos:
3. Classificação:
4. Objeto:
Pode ser uma coisa móvel ou imóvel, mas deve ser uma coisa por outra, não por
dinheiro. Também não pode ser coisa por obrigação de fazer (contrato atípico). Pode sim ser
uma coisa móvel por uma intelectual (permutar uma marca com um quadro, por exemplo – o
termo mais correto, no caso de bem intelectual, é cessão, e não venda).
O caput do 533 diz que se aplicam à troca as disposições referentes a compra e venda,
com modificações.
O Inciso I diz que as despesas serão divididas, por exceção, apenas um – o oposto ocorre
no 490, já na compra e venda, o comum é que o comprador arque com as custas da compra, e
o vendedor com as custas da entrega, sem divisão.
Já o inciso II (correlato ao art. 496) que fazer com que os demais descendentes exerçam
o direito de fiscalização d aparte legítima para que não haja fraude, isso se os valores dos bens
trocados forem desiguais.
CONTRATO ESTIMATÓRIO
1. Conceito:
Art. 534 traz o conceito: Pelo contrato estimatório, o consignante (Editoras) entrega
bens móveis ao consignatário (Jorge livreiro), que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele
o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.
A doutrina diz que o consignatário tem uma obrigação alternativa, ou seja, ele se livre da
obrigação, a cumpre, de duas maneiras: paga o preço estimado, previamente ajustado, OU
devolve a coisa.
2. Classificação:
Típico e nominado.
Bilateral.
Oneroso.
Comutativo.
De eficácia real: ou seja, só existe a consignação quando o consignante entrega a coisa
ao consignatário, caso contrário, ainda não existirá um contrato estimatório.
De duração: o prazo pode ser determinado ou indeterminado, por exemplo, dizendo
que o consignatário tem 1 ano para vender.
Além da posse, os riscos também são transferidos. Ou seja, ainda que não haja culpa do
consignatário, ele arcará com um possível perecimento da coisa – ex. briga no bar que quebra
todas as garrafas de cerveja – o dono do bar irá arcar com o prejuízo frente à fábrica – sempre
cabendo ação regressiva face a quem efetivamente causou o dano. Aqui não se aplica a regra
do res pereti domino, que ainda é o consignante (possuidor indireto).
A doutrina civilista diz que há uma responsabilidade objetiva com risco integral, ou seja,
não abarca as excludentes de responsabilidade.
4. Impossibilidade de penhora:
Não se pode penhorar o bem pois somente se tem a posse, entretanto, segundo o art.
536, se já quitou o pagamento, já é proprietário, de pode, caso contrário, se pode ingressar
com embargo de terceiro.
Art. 537. O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe
ser comunicada a restituição.
Ou seja, o consignante não pode dispor do bem até devolver a coisa ou pagar. Ex. o
pintor não pode vender sua obra que está na galeria, isso feriria o princípio da boa-fé, mesmo
que o dono da galeria não esteja fazendo nada para vender.
DOAÇÃO
1. Conceito:
Contrato em que uma das partes (doador), por liberalidade, transfere do seu patrimônio
bens ou vantagens para o de outra pessoa (donatário).
O professor diz que há um certo dever de gratidão do donatário, tanto que, em caso de
ingratidão (não é qualquer modalidade, é o que o Código diz, ao provar-se a presença de um
dos vícios de consentimento, por exemplo), o contrato pode ser revogado.
Por exemplo, pode-se doar coisas móveis, imóveis ou intangíveis (cessão gratuita).
O art. 539 trata dessa questão da doação tácita. Se a doação por pura e simples, a
chamada típica ou genuína, por não possuir encargos, e o sujeito ciente do prazo não
responde, seu silencio é dado como uma aceitação. Entretanto, se a doação for com um
encargo, o silencio não equivale a aceitação:
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a
liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a
declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que
se trate de doação pura.
2. Classificação:
Típico e nominado.
Bilateral da origem (ambas as partes precisam anuir) e unilateral nos efeitos (somente
o doador é quem sofre os efeitos – não sendo doação com encargo, pois, se houver,
terá também efeito sobre o donatário, que arcará com tal ônus).
Orlando Gomes diz que contrato unilateral, pois gera efeitos tão somente para o
doador, e que a com encargo não é bilateral, pois não há um sinalagma entre doador e
donatário.
Formal (essencialmente): este contrato necessita ser por escrito, segundo o art. 541. O
par. único representa a exceção, chamada de doação manual, que é a doação de
objeto de pequeno valor:
Há duas correntes doutrinárias sobre o que seria bem de pequeno valor. A primeira faz uma
linha mais restritiva, em analogia com o furto privilegiado do art. 155, par. 2º do CP, que traz o
pequeno valor em até 1 salário mínimo. Outra corrente, que é seguida pelo prof. Rodrigo
Morais, diz que pequeno valor depende do caso concreto, portanto, a apreciação será
casuística, por exemplo, um carro pode ser um objeto de pequeno valor para uns, e de grande
valor para outros.
RESP 155.240/RJ – entendeu o STJ que se a pessoa foi abastada, mesmo as coisas de valor
elevado podem ser doadas mediante simples doação manual (não podendo alegar, portanto,
nulidade do negócio jurídico por não ter atendido a formalidade escrita). Portanto, acolhendo
a segunda corrente, a mais flexível.
Por que o Código diz que deve ser por escrito? Pela escrita representar a ciência do fato, ou
seja, quando se redige algo, dá-se a entender que houve um momento, nem que seja ínfimo,
de reflexão. Gera, portanto, uma segurança jurídica maior.
Gratuito e benéfico (beneficia somente uma das partes): portanto, aplica-se o art. 114
do CC, que diz que a interpretação deve ser restritiva, no caso, em benefício do
doador. Ex. doou-se um carro, com um som dentro – na dúvida sobre o som integrar
ou não a doação, se interpreta restritivamente em benefício do doador, ou seja, que o
som não foi doado.
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se
estritamente.
3. Objeto: É todo bem que possua valor econômico e possa ser alienado.
4. Espécies:
Pura e simples: é a feita por liberalidade plena, sem qualquer encargo ao donatário – é
mais usual.
Com encargo, modal, onerosa ou gravada: a doutrina diz que o encargo não é uma
contraprestação, sendo menos extenso do que o benefício recebido pelo donatário,
não descaracterizando a gratuidade do contrato, portanto.
Aqui não cabe aceitação tácita ou presumida do donatário! Devendo esta ser expressa.
Mas nada impede que ela seja manual, se podendo mesclar, inclusive, as
classificações.
Por ser onerosa não significa ser bilateral, por não chegar ao ponto de formar um
sinalagma, obrigações recíprocas entre as partes.
Contemplativa ou meritória: é aquela que se atenta para os motivos que ensejaram a
doação. Ex. doar um livro para o melhor aluno da turma = doação pura e simples, mas
contemplativa ou meritória por haverem razões que ensejaram a doação.
Isso não se confunde com promessa de recompensa, pois nesta há um ato unilateral
gerador de obrigações, ou seja, é sinalagmático.
Remuneratória: também presente no art. 540. Essa doação é aquela que se faz como
recompensa a serviços prestados pelo donatário, sendo a retribuição o verdadeiro
intento do doador.
A doutrina critica essa expressão “remuneratória”, por não haver uma obrigação em
doar, por não ser uma dação em pagamento, mas foi prestado um serviço e a parte
que o recebeu sente-se à vontade para dar um quê a mais, uma recompensa.
Ex. advogado combina 20% de honorários, e o cliente dá 30%, sendo esses 10% a mais
uma espécie de doação remuneratória, por não haver a obrigação de pagar este valor.
**Não há tecnicamente uma diferença entre uma doação tácita e uma presumida. Segundo o
professor, na segunda modalidade é o próprio Código que presume, enquanto na primeira se
trabalha com o silêncio representando um sinal positivo de aceitação.
**En. 622 do CJF – Jornadas de Direito Civil – segue opinião da doutrina majoritária: Art. 541 “
para a análise que seja bem de pequeno valor, nos termos do que consta do art. 541, par.
único, do CC, deve-se levar em conta o patrimônio do doador”.
**A aceitação do donatário pode ser expressa, tácita (art. 546), presumida (art. 539), ficta (art.
543).
Feita a nascituro: por sua vez, nascituro é o ente concebido, mas ainda não nascido. O
nascituro pode ser donatário, ou seja, contemplado pela doação, mas fica subordinada
a um evento futuro e incerto, que é a aceitação do representante legal.
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.
À prole eventual: aqueles que ainda estão nos planos para nascer. Não pode haver
revogação por ingratidão nessa hipótese (art. 564, IV) – a doutrina traz como uma
proteção ao ente familiar.
Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada
pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que,
de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará
sem efeito se o casamento não se realizar.
De pais a filhos:
Filhos são herdeiros necessários, ou seja, têm direito a 50% do todo, sendo esta parte
chamada de LEGÍTIMA (parte intocável e indisponível que representa metade do patrimônio
da pessoa quando ela tem herdeiro(s) necessário(s) – ela tem uma finalidade positiva, que é de
proteger o menor incapaz, tanto que um pai/mãe não pode doar todos os seus bens à
instituições beneficentes – o professor Rodrigo Moraes discorda da legítima, mas não segue a
linha de acreditar sê-la inconstitucional).
Se pode doar, em vida, algo para um filho, por exemplo, um carro. Isso é chamado de
adiantamento da legítima (a lei fala em adiantamento do que lhes cabe por herança), se não
for dito, no momento da doação, que o carro é da cota disponível do doador/pai/mãe.
Os arts. 2.005 e 2.006, por exemplo, tratam da colação (direito das sucessões):
Art. 2.005. São dispensadas da colação as doações que o doador determinar saiam da
parte disponível, contanto que não a excedam, computado o seu valor ao tempo da
doação.
Art. 2.006. A dispensa da colação pode ser outorgada pelo doador em testamento, ou no
próprio título de liberalidade.
Art. 2.010. Não virão à colação os gastos ordinários do ascendente com o descendente,
enquanto menor, na sua educação, estudos, sustento, vestuário, tratamento nas
enfermidades, enxoval, assim como as despesas de casamento, ou as feitas no interesse de
sua defesa em processo-crime.
Ou seja, um sujeito doa muito para determinada instituição (se pode até programar essa
doação no banco – enquanto existir o animus donandi), e ele falece. Seus filhos não são
obrigados a continuarem doando, a não ser que o falecido deixe testamento direcionando
parte da sua herança disponível.
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo
o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do
donatário.
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se
sobreviver ao donatário.
Conjuntiva:
Doação feita a mais de uma pessoa de maneira simultânea. Se não disser a cota de cada um,
entende-se que será 50% para cada. Sobre o parágrafo único, considera-se união estável e
homoafetiva – aqui, permanecerá/subsistirá toda a doação para quem estiver vivo (o cônjuge
supérstite é aquele sobrevivente), se o outro morrer.
Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa
entende-se distribuída entre elas por igual.
“Propter nuptias”:
Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada
pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos
que, de futuro (prole eventual), houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta
de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
Por procuração:
É uma construção doutrinária, e diz-se apenas que esta não pode ser genérica, ou seja, não se
pode deixar vago o donatário nem o objeto doado, devendo se deixar claro o que é para quem
será doado.
A entidade futura:
Por exemplo, uma associação em construção, que ainda não tem CNPJ.
Art. 554. A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver
constituída regularmente.
O CC não trata dessa matéria, sendo esta doutrinária e jurisprudencial. Por sua vez, a doutrina
clássica dizia que não há nenhuma obrigatoriedade do promitente doador em doar, pois
haveria falta do elemento subjetivo da doação, sendo este o espírito de liberalidade (animus
donandi).
Em algumas situações essa promessa de doação gera uma expectativa que, se volta-se atrás,
tem-se um comportamento contraditório (atentar para o venire contra factum proprio),
envolvendo muitas questões de divórcio do direito de família – se faz promessa que vai doar
algo para o filho, por exemplo, como consequência, a outra parte cede no recebimento do
valor dos alimentos, mas depois o sujeito tenta desistir de cumprir a promessa de doação. Tem
sim exigibilidade, a partir da boa-fé objetiva, que zela pela legítima expectativa gerada e
fragilizada pelo comportamento contraditório.
En. 549 do CJF: “A promessa de doação no âmbito da transação constitui obrigação positiva e
perde o caráter de liberalidade previsto no art. 538 do CC”. O enunciado cobre as promessas
expressas no corpo do instrumento da transação, não “promessas” verbalmente feitas.
6. Invalidade da doação:
Em negócio jurídico foi estudado a fraude contra credores, que se relaciona diretamente com
doação, pois ninguém pode doar prejudicando credores – essa doação prejudicial pode gerar
uma ação pauliana/revogatória, sendo disciplinada na parte geral do CC, não no capítulo dos
contratos.
Doação Universal: ela torna o negócio jurídico nulo – é a doação de todos os bens do
doador, ou seja, quando o doador se despoja de todo o seu patrimônio,
independentemente se for para entidade beneficente – o legislador proíbe isso no art.
548, e se a doação for nula, ela não está suscetível a prazo decadencial, podendo ser
arguida a qualquer tempo e de ofício pelo juiz, se alegação das partes, por ser matéria
de ordem pública.
Professor falou de Fachin e do mínimo existencial, pois se a pessoa se desfaz de
tudo, e vive num estado de penúria, ela se torna um problema social.
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda
suficiente para a subsistência do doador.
Existe jurisprudência que trata desse tipo de doação, em especial com a
ascensão das Igrejas influenciando os fiéis a realizarem vultuosas doações – ou não tão
vultuosas, mas que representa a base do sustento ou da sobrevivência dos indivíduos.
As doações universais são as únicas vedadas, mas as não universais não geram a
obrigação de devolver, segundo o professor Rodrigo, como um modo de evitar
tamanha insegurança jurídica, além de possíveis comportamentos discriminatórios por
parte dos juízes, que autorizariam a devolução de bens por mero preconceito, sem
fundamento. Entretanto, isso não impede que se prove que o doador, ao doar, estava
acometido de incapacidade relativa – aqui se anula o negócio por falta de capacidade
da parte, não pela tutela da vedação à doação universal.
De acordo com o 548, por exemplo, se a mulher é mãe, viúva, e doa todos os
bens ao único filho, em reserva de usufruto (direito de poder alugar e lucrar, podendo
ainda usufruir dos bens) não é doação universal, pois ela mantém renda suficiente
para subsistência. Falou-se do exemplo do filho pois, neste caso, ela não poderia doar
universalmente a outrem, dada a existência da legítima.
Doação inoficiosa: inoficiosa vem de quem não cumpre o ofício de pai (ou mãe) –
doação inoficiosa é aquela que contraria o ofício de pai, portanto. Vimos que, quando
existem herdeiros necessários (descendentes e ascendentes*), há a legítima, portanto,
a doação inoficiosa é aquela que atinge a legítima, a parte intocável, a que não pode
ser doada.
Lembrar que o artigo traz o termo “exceder”, ou seja, não é toda a doação que
vai ser declarada nula, e sim a que atinge a legítima, a que excede a quota disponível
(50%). Ex. se o pai tem 4 apartamentos, doa 2 para uma filha e 1 para a outra, ele deve
deixar claro que o 2º apartamento doado àquela saiu da sua parte disponível, para que
o negócio não seja nulo.
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o
doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo
outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de
dissolvida a sociedade conjugal.
7. Revogação da doação:
Tem a ver com voltar atrás na palavra empenhada. Portanto, a regra é: doou, está feito.
Descumprimento do encargo:
Sobre as doações com encargo: se for de interesse geral, o MP tem legitimidade para
exigir o cumprimento – ou seja, a eficácia da doação fica subordinada ao encargo,
podendo ser exigido sobre pena de revogação – quando não há prazo, se pode
notificar o donatário para constitui-lo em mora – se não cumprir, pode se pedir que
devolva o valor doado.
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o
donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o
doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo
razoável para que cumpra a obrigação assumida.
Ingratidão do donatário: ressalta-se que trocar namorada por outra NÃO é ingratidão
pelo CC.
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
I – se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de
homicídio doloso contra ele;
Ofensa física não é exemplificada pelo Código, a exemplo de ter gerado lesão corporal
grave ou leve.
Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do
artigo anterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou
irmão do doador.
O professor Rodrigo diz que existem duas atecnias no artigo acima; primeiro “ainda
que adotivo”, refletindo uma postura conservadora e preconceituosa, pois, para o
direito, ser adotivo ou legítimo não implicam diferenciações; segundo, é trazer o
cônjuge mas não o companheiro, podendo-se, por óbvio, se fazer uma aplicação
analógica.
Além disso, não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar. Se pode perdoar o
donatário que tenta matar o doador, o que não pode é doar e o donatário, premeditando
causar-lhe um mal, o indica a colocar cláusula de perdão, abrindo mão da renúncia. O
legislador visa proibir que o donatário se beneficie da própria torpeza.
Os direitos adquiridos por terceiros não podem ser prejudicados por essa revogação. Ex. se
comete um ato contra o doador, ele revoga mas o donatário já vendeu a terceiro, e este último
comprou de boa-fé. O donatário vai dever ao doador o valor do bem, mas se preserva o
negócio.
Art. 563. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros,
nem obriga o donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas
sujeita-o a pagar os posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas
doadas, a indenizá-la pelo meio termo do seu valor.
Ou seja, quando houver serviços praticados pelo donatário. Essa ingratidão, de uma doação,
não gerará revogação, pois houve o serviço.
Se for doação com encargo, não pura e simples, e o encargo foi cumprido, não se revoga a
doação.
Obrigação natural é a inexigível, e se ela já foi cumprida, também não se pode haver revogação
em caso de ingratidão. Sendo obrigação natural e o sujeito calunia o outro, por exemplo.
Doação propter núpcias, do art. 546, também não pode ser revogada por ingratidão (entende
que a doação foi feita para toda a família se beneficiar).
Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um
ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e
de ter sido o donatário o seu autor.
Quem tem o direito de revogar é apenas o doador, portanto é um direito intuito personae – os
herdeiros do doador só poderão continuar com uma ação já proposta por ele, caso morra, por
exemplo, no curso do processo.
COMODATO
1. Conceito:
O conceito de comodato está no art. 579, e advém de cômodo, que é a coisa dada a
proveito de alguém. Portanto, comodato é o empréstimo gratuito de coisa infungível. Ex.
antena de TV a cabo, em que, terminando o contrato, devolve-se o objeto. Ex. empréstimo de
freezer de cervejaria com a condição de que só se venda aquela marca. Ex. empréstimo de
apartamento em que o comodatário apenas arca com condomínio e IPTU (isso não
descaracteriza o contrato!, se não houver pagamento de aluguel).
Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a
tradição do objeto.
Quem empresta, a posse que o comodatário tem é precária (não convalesce), pois não
há um animus domni, ou seja, de se tornar proprietário. Então o comodatário não poderá
usucapir o bem.
Além disso, não é apenas o proprietário que tem legitimidade para ser comodante, pois
um usufrutuário pode emprestar, não tendo direito real de propriedade, mas possuindo o de
gozar, usar e fruir a coisa.
2. Características:
Infungibilidade do objeto: o objeto deve ser infungível, podendo ser coisa móvel ou
imóvel. Se pode emprestar apartamento, carro, quadro, livro (sobretudo autografados,
o que reforça a infungibilidade), área de um terreno, etc.
*Ex re [mora automática, em que não há necessidade de constituir o devedor em mora, pois o
dia do vencimento interpela pelo homem – ex. conta de luz];
Notificação pode ser extrajudicial, por AR, Zap, etc. Sendo apenas necessário que se o
comprove.
O art. 581 traz uma obrigação para o comodante, que deve respeitar o prazo
inicialmente cedido para uso da coisa – para ele fazer isso, precisa comprovar situação de
necessidade imprevista e urgente.
Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa
emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela,
sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além
de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo
comodante.
Pelo final deste artigo, o contrato não deixa de ser comodato para configurar-se como
locação. Aqui também se aplica o res pereti domino – se houver um sinistro, o comodante que
arca com o prejuízo. Entretanto, se o sujeito estiver em mora enquanto ocorrer o sinistro, a
coisa vai parecer para ele, para o comodatário, pois a mora indica o aumento do risco, mesmo
sem culpa dele.
Além disso, esse aluguel significa um aluguel-pena, ou seja, o preço que o comodatário
vai pagar não é aquele que se cobraria no mercado, ou seja, deve haver um cunho de
desestímulo, pois o preço de um uso autorizado não pode ser o mesmo de um uso
desautorizado (valor arbitrado em juízo). O que também reforça a ideia de que o contrato de
comodato não virou locação!
Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do
comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante,
responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força
maior.
O art. 583 veda a chamada prática da “farinha pouca, meu pirão primeiro”, pois, ainda
que ocorra caso fortuito ou força maior, sem culpa do comodatário, ele deve salvar primeiro
os bens do comodante, SE HOUVER POSSIBILIDADE DE SALVAMENTO. Ex. sujeito tem dois
celulares, o dele e o do comodante, e um assaltante chega para roubar o celular – ele deve
entregar o seu, não o do comodante.
Em geral, o comodante não adquire obrigações, mas é possível que elas surjam, por
exemplo, o pagamento de despesas extraordinárias e urgentes feitas pelo comodatário. Nesse
sentido da extraodinariedade, não se opõe ao artigo 584 (este tutela situações como o sujeito
ter emprestado o carro para o comodatário e este pedir reembolso pelos seus gastos com
gasolina).
Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas
com o uso e gozo da coisa emprestada.
Além disso, não pode solicitar a restituição da coisa salvo necessidade imprevista e
urgente.
5. Legitimação para ser comodante:
Esse artigo diz que, nesses casos, deve haver uma autorização especial (judicial) para que se dê
em empréstimo o bem do pupilo ou curatelado, evitando conflitos de interesses e
autobenefícios em prejuízos dos interesses do curatelado/pupilo.
CONTRATO DE MÚTUO
1. Conceito:
É o empréstimo de coisa fungível. A lei diz apenas que é um empréstimo, não gratuito nem
oneroso. Coisa fungível geralmente é dinheiro, mas pode ser comida, por exemplo,
empréstimo de açúcar entre vizinhos.
2. Características:
Gratuito ou oneroso: diferente do comodato, que só pode ser gratuito (oneroso tem a
pena de ser chamado de locação). O mútuo oneroso (onerosidade que o mutuante
ganha) também é chamado de feneratício ou frutífero – ex. empréstimos bancários.
Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja
conta correm todos os riscos dela desde a tradição.
Não solene ou informal: geralmente o banco quando faz um contrato, nele coloca
cláusulas com parcelas, taxas de juros, mas a forma escrita não é pressuposto de
validade do negócio. Pai que empresta verbalmente dinheiro a filho não tem esse
contrato como nulo por não ser solene.
Regra proibitiva:
Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja
guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.
Caso do “senatus consulto macedomimo” – Paulo Lobo explica a origem: no ano 47, um jovem
romano de nome Maceno, cheio de dívidas, estava prestes a matar o pai para conseguir o
necessário dinheiro. Dado isso, houve um estímulo do Senado para editar tal norma.
Exceções à regra proibitiva – evitar enriquecimento sem causa do menor – traz hipóteses em
que se considera exigível essa cobrança:
III – se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do
credor não lhes poderá ultrapassar as forças;
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes
diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação
pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que
aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
5. Prazo do contrato:
III – do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa
fungível.
6. Contrato “vaca-papel”:
RESP 441.903
1. Conceito:
Contratos aleatórios, por não se saber exatamente qual a contraprestação que se dará, e
por esta prestação estar sujeita a uma álea, que é a simultaneidade de se ter prejuízo e lucro.
Contratos distintos, o de jogo e de aposta. Jogo tem a participação ativa dos jogadores, e
na aposta os sujeitos são meros espectadores.
Jogo é o negócio jurídico por meio do qual duas ou mais pessoas prometem realizar
determinada prestação, que em geral, vai ser pecuniária, a quem conseguiu resultado
favorável na prática de um ato que todos participem.
Conceito de aposta: o negócio jurídico em que duas ou mais pessoas, com opiniões
diferentes sobre certo acontecimento, prometem realizar determinada prestação, também,
em geral, de conteúdo pecuniário, àquela cuja opinião prevalecer. Aposta é sobre resultado de
algum evento futuro e incerto, e não se exige a participação ativa dos sujeitos, sendo estes
meros expectadores.
2. Espécie de jogo:
Ilícitos e proibidos: são aqueles vedados expressamente por normas legais, como o jogo de
bicho, que, inclusive, é contravenção penal – a lei de contravenção também traz roleta e jogo
de dados. Aqui importa na impossibilidade de reconhecer a validade dessas avenças, sendo
obrigações inexigíveis (obrigação natural).
Orlando Gomes diz que não é obrigação natural o jogo ilícito, sendo difundido o
equívoco, pois o credor não pode reter a coisa – se o jogo é ilícito não gera obrigação
natural, pois essa tem duas características a inexigibilidade (credor não pode exigir) e a
irrepetibilidade (é o pedir de volta, que é vedado). Caso o devedor tenha pago
espontaneamente, o credor não tem o direito de reter, devendo devolver! Não gera
obrigação natural pois se se paga algo que é fruto de atividade ilícita, o credor não tem
direito de reter, o que justamente não configura obrigação natural.
Tolerados: todo aquele jogo e aposta que não está tipificado é considerado lícito – ex.
jogo de cartas em ambiente familiar, rifas de formaturas, bingos beneficentes, bolões
entre colegas de trabalho, etc. Obrigação inexigível e irrepetível, o que gera uma
obrigação natural. Ou seja, o único que gera obrigação natural é essa modalidade.
A regra do contrato de jogo e aposta é que não são exigíveis, mas o par. 3º do art. 814 prevê
que as promessas de recompensa, tendo as naturezas elencadas, devem ser pagas, não sendo
jogo ou aposta, e sim dívida exigível:
Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode
recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o
perdente é menor ou interdito.
4. Consequências jurídicas:
Inexigibilidade (art. 814 = não obrigam o pagamento) e irrepetibilidade (art. 814 = não se pode
recobrar a quantia). Essa inexigibilidade também se estende a títulos de crédito, novação,
qualquer ônus estendido por este jogo ou aposta, até mesmo a confissão de dívida – ou seja,
mesmo que o sujeito confesse, a criar nova obrigação, esta última não será também exigível,
evitando que os sujeitos criem melindres para a cobrança.
Exceção à irrepetibilidade, segunda parte do art. 814 = mas não se pode recobrar a quantia,
que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou
interdito.
O CC disse menos do que deveria, pois também pode ser invocada uma exceção de
irrepetibilidade em casos de erro, coação, etc.
Sujeito pede 500 mil emprestado em um banco e joga – o sujeito não pode chegar para o
banco e dizer que é inexigível, por ter a finalidade de jogo ou aposta – foco em “no ato de
apostar ou jogar”, em que o legislador quem desincentivar quem joga e quem empresta para o
jogo. O mutuante deve estar no local do jogo para não haver tal inexigibilidade.
Art. 815. Não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo ou aposta, no
ato de apostar ou jogar.
6. Contratos diferenciais:
Art. 816. As disposições dos arts. 814 e 815 não se aplicam aos contratos sobre títulos
de bolsa, mercadorias ou valores (CONTRATOS DIFERENCIAIS), em que se estipulem a
liquidação exclusivamente pela diferença entre o preço ajustado e a cotação que eles
tiverem no vencimento do ajuste.
Nem tudo que tem o elemento sorte presente se considera jogo, ex. distribuição de processos
em varas, recursos, sorteio em garagem de prédio, etc.
CONTRATO DE FIANÇA
1. Conceito:
Art. 818. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma
obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra.
É o contrato em que uma pessoa (fiador) garante satisfazer ao credo uma obrigação
assumida pelo devedor (afiançado), caso este não a cumpra.
O contrato de fiança é celebrado entre fiador e credor, não entre fiador e afiançado. O
devedor, afiançado, não faz parte da relação obrigacional.
Não existe mais no Código de 2002 a chamada subfiança, na qual havia a figura do
abonador, que era o fiador do fiador – pelo princípio da liberdade contratual, essa figura pode
sim aparecer, sem configurar qualquer ilicitude.
Penhorabilidade:
Lei 8.245/91, que é a lei de locação de imóvel urbano, acrescentou mais um inciso à lei
de fiança (8.009/90), trazendo mais uma hipótese de exceção à regra da impenhorabilidade,
que é o ser fiador em contrato de locação de bem imóvel.
Silvio Capanema diz que esse inciso acrescido é inconstitucional, todos os demais
também são – uma coisa é direito à moradia, outro é ter direito à propriedade.
Súm. 549 STJ: “É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de
locação”. Ou seja, o STJ já pacificou essa questão.
Pela boa-fé objetiva o credor deve avisar ao fiador que o afiançado parou de pagar.
Garantias:
Real: ex. hipoteca e penhor. É a garantia dada por uma coisa, seja ela móvel (penhor)
ou imóvel (hipoteca).
2. Características:
Intuito persona: personalíssimo – o sujeito acredita no fiador, não apenas pela sua
capacidade econômica, como também por sua conduta ilibada. Celebrado entre o
credor e o fiador em razão dessa confiança.
Acessório: pois só existe fiança pelo fato de existir outro contrato principal, podendo
ser um mútuo, locação, ou outro qualquer. Aqui se aplica o princípio da gravitação
jurídica, que diz que o acessório segue o principal, portanto se o principal for nulo,
nula também será a fiança, mas a recíproca não é verdadeira.
Formal: art. 819 – portanto, afiançar verbalmente gera tão somente uma obrigação
moral, sendo uma fiança inválida, por não atender a um dos pressupostos de validade
de negócio jurídico que é a forma escrita. Assim determina a lei por segurança jurídica,
visto que as consequências jurídicas da fiança são gravíssimas, segundo o professor.
Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.
Ou seja, se não está no contrato que a parte vai pagar o IPTU, presume-se que ela
apenas irá arcar com o aluguel. Se houve algo não dito, presume-se que o fiador não responde
por esta obrigação que não está expressamente prevista.
Súm. 214 STJ – anterior a essa mudança da lei de locação de 2009: “O fiador, na locação,
não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu”. Não foi
cancelada, só que, se tratando dos contratos regidos pela Lei de Locação – imóveis urbanos – a
jurisprudência do STJ vem entendendo que somente os contratos celebrados anteriormente à
Lei 12.112/09 se protegem por esta súmula. Esta lei “engrossou” a situação do fiador.
Em 2009 surge a lei 12.112, que alterou a lei 8245/91, que é a de locação de imóvel
urbano, modificando seu art. 39, portanto, endureceu a situação para o fiador, no sentido de
que a súmula anterior não se aplica mais, na prática. “Salvo disposição em contrário, qualquer
das garantias de locação se estende...”
Sujeito esquece que assinou com fiador e fica mais 5 anos no imóvel, e resolve não
pagar, ficando 1 ano e meio assim, e se demora 2 anos para despejá-lo. Sujeito entra com ação
contra fiador, e ele diz que só foi por x meses, não por esse tempo todo. Mas isso não se
aplica, pela nova disposição legislativa, havendo regra própria para fiança de locação de bem
imóvel – o fiador responde até a entrega da chave, havendo uma prorrogação automática da
fiança ex legem. Ou seja, o CC traz a visão de que, se prorrogar, precisaria da anuência do
fiador, mas a lei específica não segue isso.
Nada impede que, pelo art. 40, X da lei do inquilinato, o fiador possa pedir a exoneração
da fiança, mas, mesmo assim, ficará responsável por 120 dias. Ex. passou o prazo acordado
inicialmente de 30 meses – no 34 mês o fiador não quer mais sê-lo, e, como já acabou o prazo
acordado, pode notificar o locador para pedir a exoneração. A lei melhora para o locador e
piora para o fiador. Se nada foi dito no contrato para limitar, a prorrogação será automática.
Não acabou a interpretação restritiva pois a fiança não se aplica apenas a imóveis
urbanos!
En. 169 da Jornada de Direito Civil – “duty to mitigate the loss” = o credor deverá evitar
o agravamento do próprio prejuízo – dever que integra o princípio da boa-fé objetiva.
PL 2074/99 (tenta inserir o art. 40-A: sob pena de extinção da garantia, o locador
notificará o fiador sempre que o locatário deixar de pagar 3 alugueis ou acessórios = o dever
que hoje é implícito, como de mitigar o próprio prejuízo, passaria e ser taxativo, sob pena de
extinção da garantia), PL 4459/2001, PL 4353/2012 – seguem sentidos parecidos, em que há a
mesma intenção de melhor proteger o fiador, obrigando que o locador informe a mora do
locatário.
Quando o fiador paga, há uma subrrogação legal, em que ele passa a ser o credor da
obrigação, não mais o locador.
4. Espécies
Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a
contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor.
Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo,
deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados,
quantos bastem para solver o débito.
Parágrafo único. Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente pela
parte que, em proporção, lhe couber no pagamento. = o benefício de divisão exclui a
solidariedade.
Art. 823. A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal e contraída em
condições menos onerosas, e, quando exceder o valor da dívida, ou for mais onerosa
que ela, não valerá senão até ao limite da obrigação afiançada.
AVAL FIANÇA
Declaração unilateral de vontade (obrigação
Contrato
cambial)
A resp. do fiador, em regra, é
Responsabilidade do avalista sempre é
subsidiária, podendo, contudo, ser
solidária
solidária
A outorga conjugal é imprescindível A outorga conjugal é imprescindível
Garantia fidejussória (pessoal) Garantia fidejussória (pessoal)
Obrigação acessória (nula a fiança,
Obrigação autônoma (nulo o título de
aplica-se o princípio da gravitação
crédito, persiste o aval)
jurídica, e nulo será o acessório)
Cabível nos títulos de crédito (ex. Cabível em relação a qualquer
promissória) negócio jurídico
Parágrafo único. A exceção estabelecida neste artigo não abrange o caso de mútuo
feito a menor.
Não abrange empréstimo de bem fungível feita a menor. Esse caput consiste numa
exceção à regra de que o acessório segue à sorte do principal, ou seja, esse art. deve estar em
conexão com o 588 do CC, que trata do mútuo feito a pessoa menor sem autorização de quem
tem sua guarda.
Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja
guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
A mera vênia, autorização conjugal, não torna o cônjuge que autorizou um cofiador,
apenas respondendo com seu patrimônio o próprio fiador. Ou seja, o mais seguro é colocar os
dois como cofiadores, não através da mera autorização.
E a união estável? Luiz Felipe Salomão diz que seria inviável exigir que o contratante
percorra inúmeros cartórios de notas averiguando se há união estável. REsp 1.299.894 – segue
a linha de decisões que diz que à união estável não se aplica essa regra restritiva que exige a
vênia conjugal, limitando-se às pessoas que são casadas. Portanto, não existiria a vênia do
companheiro (a).
Súmula do STJ 332 – “A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a
ineficácia total da garantia”.
8. Benefício de Ordem
En. 364: ”No contrato de fiança é nula a cláusula de recusa antecipada do benefício de ordem
quando em contrato de adesão”. O professor Rodrigo discorda, sendo esta uma mera opinião
doutrinária, não vinculando o julgador.
9. Subrrogação legal:
Art. 831 que é um exemplo do 346, III – subrrogação legal (morte natural que é o
adimplemento, ou formas indiretas: dação, confusão, novação, etc.).
Relação com substituição – o fiador pagou, ele se subrroga, passa a ter as mesmas
garantias e direitos que o credor originário.
Art. 831. O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do
credor; mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota.
Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de
tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança,
durante sessenta dias após a notificação do credor.
Esse prazo de 60 dias não pode ser confundido com o prazo da Lei de Locação de Imóvel
– a fiança nesse contrato de locação há prazo próprio de exoneração, no art. 40, X = fica
responsável, o fiador, por 120 dias.
Art. 836. A obrigação do fiador passa aos herdeiros; mas a responsabilidade da fiança
se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças
da herança.
Morreu o fiador, a partir dali cessa a sua obrigação, não podendo deixar dívidas aos seus
herdeiros fora da quantia do patrimônio. Se ele deia dívida de fiança de 80 mil, não deixando
nenhum patrimônio, os herdeiros não têm obrigação de arcar com tal ônus.
II – se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação nos seus direitos e
preferências;
= imagine que o credor tome uma atitude que impossibilite uma futura
subrrogação, por exemplo, renunciando o direito de preferência em razão do
direito real de garantia, a exemplo de penhora ou hipoteca – se ele abre mão
disse, não é justo imputar ao fiador maior risco do que o que naturalmente
decorre desse contrato – credor pignoratício/hipotecário. O credor devolve o
quadro, renunciando o bem empenhado, prejudicando a fiadora, que deixa de ter
as mesmas preferências do credor – ela não teria aceitado a ser fiadora se
soubesse que o sujeito devolveria o bem empenhado.
DEPÓSITO
1. Conceito:
Art. 627 do CC – Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para
guardar, até que o depositante o reclame.
Carlos Roberto Gonçalves: é o contrato em que uma das partes, nomeada depositário, recebe
da outra, denominada depositante, uma coisa móvel, para guardá-la, com obrigação de
restituí-la na ocasião ajustada ou quando lhe for reclamada.
Ex. se você deixa seu cachorro com seu vizinho, para você sair do país; estacionar no shopping;
depósito que visa conservar o sêmen em bancos de esperma – todos são contratos de
depósito, realizados verbalmente, não de modo escrito. A jurisprudência fala que há um dever
de guarda do depositário, sendo uma má-fé colocar placas em que o estabelecimento se isenta
de responsabilidade pela guarda dos carros em estacionamentos, inclusive pelos objetos que
ali dentro estão.
Não se confunde com o comodato, pois o comodatário pode usar a sua coisa, enquanto que o
depositário tem o dever de se abster – não se pode estacionar o carro num shopping e o
manobrista faz uso dele.
Súmula 130 do STJ: “A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto
de veículo ocorridos em seu estacionamento”.
A jurisprudência majoritária entende que a Zona Azul não equivale a contrato de depósito,
sendo, portanto, uma locação de espaço público, com a finalidade de rotação entre os
ocupantes das vagas visando a consecução de outro interesse público (arrecadar?).
2. Classificação:
a. Típico e nominado.
b. Real: precisa, para se aperfeiçoar, que o depositante entregue a coisa para o depositário.
Pelo art. 628 há uma presunção de gratuidade – Orlando Gomes, desde o Código de 16, diz
que há um descompasso entre a lei e a realidade fática, devendo haver uma presunção de
onerosidade, pois ninguém é depositário de maneira gratuita. Crítica da doutrina de que a lei
traz uma presunção juris tantum de gratuidade, devendo ser o contrário.
d. Não solene: pode ser verbal, por exemplo – não se exige forma específica
e. Coisa móvel: uma parcela da doutrina diz que pode haver depósito de coisa imóvel, mas a
doutrina só traz de móvel.
3. Espécies:
I – o que se faz em desempenho de obrigação legal; = ex. artigos que versam sobre a
descoberta. (1.233 e 1.234)
II – o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o
naufrágio ou o saque. = enumeração que não é exaustiva – ex. inundação e um móvel do
vizinho vem parar em sua guarda.
DA DESCOBERTA:
Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo
possuidor.
Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar,
entregará a coisa achada à autoridade competente.
Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito
a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas
que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la.
O professor diz que toda a questão é probatória. Jurisprudência diz que se a coisa é valiosa e o
hotel disponibiliza um cofre, você deve deixar dentro do cofre para que o estabelecimento
possa ser responsabilizado (vide).
Art. 649. Aos depósitos previstos no artigo antecedente é equiparado o das bagagens
dos viajantes ou hóspedes nas hospedarias onde estiverem.
4. Obrigações do depositante:
d. Direito de retenção: o depositário tem o direito de reter a coisa, quando depósito oneroso –
art. 644.
Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição
devida, o líquido valor das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior,
provando imediatamente esses prejuízos ou essas despesas.
5. Obrigações do depositário
e. Requerer o depósito público da coisa ilícita – se você descobre que ali tem um narcótico,
como depositário, você tem o dever de informar à autoridade pública:
No CPC de 73 havia um procedimento especial para a ação de depósito, mas o CPC/15 não o
traz – hoje, para obrigar o depositário a devolver a coisa seria pelo procedimento ordinário,
cabendo tutela de urgência para tal.
Art. 652. Seja o depósito voluntário ou necessário, o depositário que não o restituir
quando exigido será compelido a fazê-lo mediante prisão não excedente a um ano, e
ressarcir os prejuízos.
Não existe mais prisão do depositário infiel – alienação fiduciária (decreto que dizia que
se o sujeito estivesse em dívida, automaticamente passaria a ser considerado um depositário
infiel – a lei dizia que o sujeito era um depositário, havendo uma desnaturação do contrato,
pois nunca se poderia ser fiduciário na alienação fiduciária, por haver nesta última uma
possibilidade de usar a coisa – professor diz que foi uma artimanha legislativa feita em prol dos
bancos, para conseguir uma busca e apreensão com mais facilidade).
Súmula vinculante 25/2009: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que
seja a modalidade do depósito”.
Súmula 419 STJ, de 2010: “Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel” – ex. havia
uma penhora e, quando se foi fazer a remoção, o sujeito havia vendido o bem – bem
penhorada o sujeito tem o dever de guarda, por ser depositário.
Hoje o juiz não pode mais mandar prender esse sujeito depositário infiel.
TRANSPORTE
1. Conceito:
2. Natureza jurídica:
Contrato bilateral
Típico
De duração
Comutativo
Não formal: não há necessidade de uma forma escrita.
Consensual
Art. 736. Não se subordina às normas do contrato de transporte o feito gratuitamente, por
amizade ou cortesia.
Parágrafo único. Não se considera gratuito o transporte quando, embora feito sem
remuneração, o transportador auferir vantagens indiretas.
Sobre a carona, há a súmula 145 do STJ: “No transporte desinteressado, de simples cortesia, o
transportador só será civilmente responsável por danos causados ao transportado quando
incorrer em dolo ou culpa grave”.
Ou seja, se houver culpa leve, não haverá responsabilidade civil por parte do motorista. O que
é culpa leve, média ou grave?
A doutrina costuma criticar essa súmula sob o argumento de que se o sujeito atropela um
transeunte, um terceiro fora do automóvel, por culpa leve, não se aplica a súmula, ou seja, o
terceiro poderá ser indenizado por culpa leve do motorista, sendo responsabilidade civil
aquiliana. Entretanto, se o motorista gera um acidente com consequências para o carona, para
a doutrina, haveria um tratamento desigual, pois não há qualquer responsabilização. Apesar
das críticas, ela continua sendo aplicada.
Função social da carona: segue a ideia de que a carona deve ser estimulada, por ser benéfica
tanto à sociedade quanto ao meio ambiente.
O que não é carona: o fato do transporte ser gratuito não significa que ele seja desinteressado,
configurando a mera carona.
3. Espécies:
2ª fase do STJ: prevaleceu o CDC, em que se zela pela responsabilidade civil integral do
dano, e de forma não tarifada; “indenizar pela metade é responsabilizar a vítima pelo resto”,
art. 6º, VI e VIII, CDC.
Em maio de 2017, o pleno do STF concluiu pela prevalência das Convenções de Varsóvia
e Montreal sobre o CDC. RE 636.331 + Informativo n. 866 = representa um grande retrocesso.
Argumento: a proteção do consumidor não é a única diretriz a orientar a ordem econômica, ou
seja, pelo art. 178 da CF, deve-se observar os acordos internacionais quanto à ordenação do
transporte aéreo internacional.
3ª fase do STJ: influenciada pelo RE do STF; existem diversas decisões nesse sentido,
pelo STJ.
TRANSAÇÃO
1. Conceito:
O professor diz que é possível colocar cláusulas penais, a exemplo de uma multa
convencional.
É diferente de adimplemento! Mentalizar o “concessões mútuas”.
2. Natureza jurídica:
É um contrato – houve uma mudança topográfica no CC, pois tanto a transação como o
compromisso estavam na parte de forma de extinção das obrigações (Código de 16), e agora
estão na parte de contratos em espécie.
3. Terminologia:
Tem uma acepção ampla – aqui, o sentido utilizado é o técnico estrito, sendo um
contrato típico.
4. Espécies:
a. Extrajudicial:
O código de ética, em seu art. 2º, diz que o advogado é obrigado a explorar todas as
formas de conciliação antes do ajuizamento da ação.
b. Judicial:
É aquela extintiva ou terminativa de litígios. Aqui já existe uma ação e o sujeito peticiona
e faz esse acordo em própria mesa de audiência. Pode ser feita fora de mesa de audiência,
bastando que se peticione para informar o juízo.
O art. 487, III, b do CPC diz que a transação gera extinção do processo com julgamento
de mérito – portanto, é título judicial e gera coisa julgada. A doutrina diz que homologada a
transação, não cabe ação rescisória, portanto, a ação própria seria uma anulatória (art. 966, IV,
CPC).
5. Objeto:
O que pode ser objeto de transação – um dano moral, no entanto, pode ser objeto de
transação, pois ele acaba se transformando em valor:
6. Interpretação restritiva:
7. Forma:
Art. 842. A transação far-se-á por escritura pública, nas obrigações em que a lei o
exige, ou por instrumento particular, nas em que ela o admite; se recair sobre direitos
contestados em juízo, será feita por escritura pública, ou por termo nos autos,
assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz.
Se for uma judicial, faz-se escritura pública ou termo e peticiona nos autos, a fim de
serem homologados pelo juiz.
8. Evicção:
Art. 845. Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transigentes, ou por ele
transferida à outra parte, não revive a obrigação extinta pela transação; mas ao evicto
cabe o direito de reclamar perdas e danos.
Quando se fala em evicção, o art. 845 é diferente do art. 359 – a transação, portanto,
não se confunde com a dação em pagamento, pois nesta última o credor aceita prestação
diversa da pactuada, e, diferentemente da transação, não há concessões mútuas. Além disso, a
dação é extinção de obrigação, não sendo contrato. Na dação ressurge a obrigação primitiva,
enquanto que na transação não.
Evicção é perda – o evicto é quem perde, e o evictor é o dono da coisa – casos de venda
a non domino – obrigação extinta pela transação não se desfaz
9. Efeitos:
Art. 844. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela intervierem,
ainda que diga respeito a coisa indivisível.
§2º Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a obrigação deste para
com os outros credores.
§3º Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em relação
aos co-devedores.
A transação limita-se aos transigentes e gera a extinção das obrigações acessórias. Há
um enunciado, o 442 da Jornada de Direito Civil, que diz que “a transação, sem a participação
do advogado credor dos honorários, é ineficaz quanto aos honorários de sucumbência
definidos no julgado”.
Por exemplo, uma causa de 500.000 transitou em julgado e o advogado tem direito a
15%, só que o filho do autor se forma em direito e realiza uma procuração para que esses
honorários sejam redirecionados a esse filho – se o filho fizer uma transação, a juíza vai
homologar, mas será ineficaz quanto aos honorários de sucumbência.
10. Indivisibilidade:
Art. 848. Sendo nula qualquer das cláusulas da transação, nula será esta.
Art. 849. A transação só se anula por dolo, coação, ou erro essencial quanto à pessoa ou
coisa controversa.
Parágrafo único. A transação não se anula por erro de direito a respeito das questões
que foram objeto de controvérsia entre as partes.
Contrato de Compromisso
1. Aspectos contratuais da arbitragem:
Art. 851. É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios entre
pessoas que podem contratar.
Historicamente, temos no direito romano uma intensa conexão com a arbitragem de hoje,
sendo mais semelhante que o juízo estatal. O Pretor dava o direito de ação à tutela de alguém,
o judex, que se assemelhava a um árbitro – era este último que ia resolver o mérito de uma
ação que era identificada pelo pretor. Ou seja, historicamente, o terceiro imparcial, a
heterotutela, pertencia a sujeitos privados.
Frisa-se que o Estado não abre mão de sua soberania, apenas juridicamente abre mão de sua
jurisdição, que é a capacidade de tutelar determinados conflitos não desejáveis socialmente.
Esses sujeitos, se a lei estabelecer, também são unidades de jurisdição.
Pontes de Miranda não apoiava a prática da arbitragem, pois reconhecia a plena capacidade
de tal tutela ser prestada pela jurisdição estatal. Entretanto, ele não considerava aspectos
como o interesse em demandar de forma mais privada, a própria morosidade judicial.
Pensar nos meios adequados de solução de conflitos – Prof. Carmona – reconhece que existem
conflitos em que a jurisdição estatal se mostra falha, existindo conflitos que são melhor
solucionados por árbitros privados, e não pela jurisdição estatal. Pensar no sistema
multiportas.
Jurisdições arbitrais internacionais – nesses exemplos, não convém que conflitos entre países
sejam solucionados por um juízo estatal ou outro, sendo essencial juízos mais neutros, tendo
estes natureza arbitral.
A autonomia da vontade usada nos contratos pode ser direcionada para outras formas de
conflitos, abarcando questões não apenas de direito material, incluindo as de direito
processual, podendo-se escolher, por exemplo, qual a lei que se deseja que regule eventual
litígio entre comerciantes do Brasil e da Bélgica, indicando a francesa. Questões cotidianas no
comércio internacional.
Negócio jurídico processual (atípicos – arbitragem – ex. cláusula de eleição de foro) – delimita-
se posições jurídicas de direito processual, não material. DIREITOS PATRIMONIAIS E
DISPONÍVEIS, DE PARTES CAPAZES, via de regra.
O árbitro só tem a jurisdição que a lei de arbitragem dá a ele, para exigir e certificar direitos, e,
eventualmente, recorre a juízes estatais para promover a execução, por não possuírem tal
competência.
1991 – Operação Arbiter com Petrônio Muniz, em Recife – gestada no Instituto Liberal de
Pernambuco.
Lei 9.307/96 – a lei especial a qual se refere o art. 853 é esta, mas, antes de chegarmos a essa
lei de arbitragem, houveram inúmeras voltas.
Lei 13.129/15 – reforma da lei de arbitragem – pensar que o regramento da lei é baseado na
vontade.
Art. 8º da lei diz que a cláusula compromissória é autônoma, no sentido de, sendo nulo o
contrato, este não implica a sua nulidade, podendo ela ser mantida diante do surgimento de
um litígio. Autonomia da cláusula arbitral como uma proteção, evitando que facilmente se
ingresse no Judiciário – arguir a nulidade do contrato, mas diante dos árbitros, a princípio.
A arbitragem pode ser institucional (resolução de conflitos em Câmaras Arbitrais, que
organizam-nas quanto aos procedimentos, etc. – nessas Câmaras se tem regulamentos, e é por
meio deles que se disciplina como serão processadas as arbitragens, ex. o da FIESP é diferente
do da CAMARB) ou ad hoc (a Lei de Arbitragem não obriga o acesso às Câmaras, permitindo
esta modalidade ad hoc, que não tem nenhuma regra pré-estabelecida, salvo que
determinados sujeitos serão os árbitros – pouco utilizadas).
Também não é preciso utilizar determinada legislação para que seja feita a arbitragem,
podendo esta ser feita pela equidade.
MANDATO
Apesar disso, há representação sem mandato, como a legal (decorre da lei – filhos
menores representados pelos pais, que não se dá através de mandato), judicial (inventariante
representando o espólio) – a negocial tem mandato sim. Assim, assegura-se que não há
mandato sem representação, mas o oposto ocorre.
O mandante outorga poderes a outrem, este sendo o mandatário, para agir em seu
nome, segundo às suas instruções. Quando o mandatário age, na verdade, quem o faz é o
mandante, pois o mandatário é uma mera figura representativa, tanto que, quando o
mandatário age com excesso de poderes (poderes que não lhe foram conferidos), não há
mandato, pois considera-se que o sujeito age em nome próprio.
Existe atos, por sua natureza personalíssima, não podem ser praticados por meio de
representante. Ex. o depoimento pessoal, da pessoa física; o serviço militar; prestação de
concurso público.
Gratuito ou oneroso – presumível oneroso toda vez que o objeto do mandato coincidir
com o exercício de uma atividade profissional pelo mandatário, ex. mandato para
advogado se presume oneroso, pois não se pode esperar que este trabalhe de graça, o
mesmo ocorre para os despachantes aduaneiros, pois fazê-lo é o seu ofício.
Intuito personae ou fiduciário – exige uma relação de confiança entre as pessoas, por
isso, ele pode ser resilido unilateralmente (hipótese de extinção por desinteresse);
quando a confiança cessa, mesmo que antes do prazo estabelecido, tanto o mandante
pode revogar o interesse, quanto o mandatário pode renunciar aos poderes.
Fenômeno da pós-eficácia das obrigações contratuais = contratos que produzem
efeitos mesmo depois de extintos, por exemplo, se renuncia-se aos poderes que são
outorgados por mandato judicial, deve-se continuar a praticar atos no processo por,
pelo menos, 10 dias depois da notificação da renúncia, evitando algum prejuízo ao
mandante – a renúncia do mandatário só produz efeitos 10 dias depois da notificação
formal do mandante – se a extinção for feita pelo mandatário, a lei regula, mas se for o
mandante, provavelmente o contrato irá regular.
Unilateral se for gratuito: como qualquer contrato, é preciso que a parte contrária
pratique determinado ato, ou seja, o mandato também reivindica aceitação. a
aceitação pode ser expressa, quando há um contrato escrito de mandato e ele é
assinado, ou tácita, que se verifica pelo comportamento do mandatário, incompatível
com a vontade de rejeitar o mandato (ex. se protocola um documento cujo poder para
tal adveio de um mandato tácito).
O sub é a cessão, a transferência dos poderes que foram outorgados ao mandatário e que ele,
autorizado pelo mandante, outorga a terceiros.
Objeto do mandato:
Pode ser geral ou especial – toda vez que se quiser que alguém pratique ato além dos poderes
gerais de administração, se deve especificar na procuração. Os poderes gerais são indicados
pelo bom senso, por exemplo, poderes para administrar o imóvel: pagar IPTU, alugar e
observar o contrato de aluguel, não podendo, por exemplo, vender ou hipotecar o imóvel sem
poderes especiais.
Mandato judicial: comparecer a audiência, mas não de renunciar direitos, confessar, receber
citação, sendo estes poderes especiais – o professor diz que o único poder especial que deve
estar presente é o de transigir (fazer transações) e, ainda assim, se deve colher a assinatura do
cliente ao transacionar, para evitar controvérsias.
Obrigações do mandatário:
Agir em nome do mandante nos limites que lhes são oferecidos: se os limites forem
observados, o mandante sempre tem que cumprir o que foi acordado com o terceiro.
Se age com excesso de poderes, o mandante não responde por este ato. Mesmo que o
mandatário não cumpra as instruções, o mandante deve cumprir a obrigação perante
terceiros, o que não deve cumprir é quando um dos poderes não contemplados tenha
sido praticado, ex. mandante diz que o mandatário é seu representante para comprar
determinados bois, mas não estabelece, na procuração, sua natureza, e o mandatário
compra animais totalmente distintos do interesse do mandante – o mandante deve
sim pagar ao terceiro o que foi acordado. Uma coisa são as instruções, que é a forma
de agir, outra é o que fazer, o que é o “agir”, neste último exemplo sim o mandante
não é obrigado a cumprir, ex. vender carro a terceiro quando a procuração falava
apenas em alugar. No caso de descumprimento de instruções, o mandante não tem o
direito de descumprir obrigação com o terceiro, mas tem o direito de receber
indenização do mandatário. Quando uma instrução consta na procuração ela vincula
também o terceiro.
Prestar contas dos seus atos de representação: quanto gastou, motivos de não ter
voltado no dia combinado, morte/nascimento de prole de gado, etc.
Mesmo depois de extinto o mandato, o mandatário pode praticar um ato para evitar
um prejuízo grande para o mandante – reflete a eficácia pós-negocial. Por exemplo, a
morte do mandante ou mandatário extingue o mandato, entretanto, num caso em que
o sujeito está negociando há anos, e o mandante morre no dia da firma do negócio – o
sujeito pode sim cumprir o desejo do de cujos enquanto vivo, se provada a vantagem.
Observar a pós-eficácia das obrigações, mesmo extinto o contrato, pode-se celebrar
negócio não apenas para evitar prejuízo, bem como para consumar um lucro almejado
– a lei fala só em evitar prejuízo.
Obrigações do mandante:
Por ser um contrato fiduciário, todo mandato comporta a resilição unilateral. Entretanto, há
mandatos que são irrevogáveis, na verdade, não são mandatos, apenas a esses documentos
são atribuídos esse nome – na verdade, deixa de ter natureza jurídica de mandato para tornar-
se, como natureza jurídica, uma CESSÃO DE DIREITOS. Ex. casos de financiamento de imóveis,
em que, na verdade, o que ocorre é compra e venda, como cessão de direitos reais incidentes
sobre aquele imóvel.
Hipóteses de extinção:
Teoria da aparência – decorrência da teoria dos atos próprios – história de seguir mesmo com
a morte, para evitar prejuízos. VIDE
MANDATO JUDICIAL:
Características:
LOCAÇÃO DE COISAS
1. Conceito
O CC trata de locação de coisas móveis, sendo que, para a de imóveis, há lei própria, que
é a lei do inquilinato/locação n. 8245/91 – os doutrinadores civilistas não falam da lei de
locação, sendo uma disciplina a parte, que é o Direito Imobiliário. Sobre a lei do inquilinato, o
prof. indica Sylvio Capanema, Maria Helena Diniz, Silvio Feitosa.
Código Civil: Art. 2.036. A locação de prédio urbano, que esteja sujeita à lei especial, por
esta continua a ser regida.
No Direito Romano, a expressão “locação” era utilizada para coisas, serviços (CC/02
passou a trazer o contrato de prestação de serviços) ou obras (CC/02 como contrato de
empreitada). O CC/16 trazia essa concepção do Direito Romano.
Conceito extraído do CC – contrato em que uma das partes (locador) se obriga a ceder à
outra (locatário ou inquilino), por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa infungível,
mediante certa retribuição:
Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo
determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição
(chamada de aluguel).
2. Importância prática:
3. Características:
a) Bilateral ou sinalagmático
c) Consensual: se aperfeiçoa com o simples acordo de vontade das partes – não é real.
d) Comutativo: não é aleatório, não envolve riscos, as pessoas sabem, de antemão, quais são
suas prestações.
e) Não solene: sua forma é livre, informal – inclusive, pode haver locação formal (verbal
também = informal) de imóvel, segundo a própria lei do inquilinato. Fiança, como acessório ao
de locação, exige forma escrita (quem afiançar verbalmente, tem o contrato como nulo, pois
fere pressupostos de validade* do negócio)! Ou seja, no corpo escrito, no mesmo instrumento
contratual, ainda que não esteja expresso no título, ali existem dois contratos: uma locação e
uma fiança.
Aqui fala-se de uma CLAUSULA DE VIGÊNCIA: para a hipótese de alienação, está prevista
no art. 8º da Lei de Locação, estabelecendo que é preciso que haja um contrato de locação por
escrito e que ele esteja devidamente averbado no cartório de registro de imóveis – caso
contrário, o locatário não terá direito a permanecer no imóvel até o fim do contrato. Na
prática, é difícil haver essa cláusula de vigência – além dela é preciso a averbação do contrato,
se exceção! Essa cláusula de vigência é exceção ao princípio da relatividade dos efeitos do
contrato = significa que o contrato só vincula as partes contratantes. Mesmo não sendo direito
real, a cláusula tem eficácia contra terceiros, contra os compradores do imóvel. Se for com
prazo determinado, o locador deve respeitar o contrato até o fim, mas não o comprador, que
só é obrigado a respeitar o contrato, portanto, não despejar o locatário, se houver uma
cláusula de vigência.
Requisitos a ela: contrato por escrito, conter a cláusula de vigência e ser averbado no
cartório de imóveis (junto a matrícula de imóvel, para que o terceiro adquirente respeite o
contrato até o fim), com base na Lei de Locação.
REsp: 1.269.476/SP – STJ se contrapões ao dito pela lei. Entenderam que mesmo sem a
averbação no cartório de imóveis, se o comprador/adquirente do imóvel teve conhecimento
inequívoco da cláusula de vigência, deverá respeitar a locação até o seu termo final em
consonância com o princípio da boa-fé (um dos seus subprincípios é que o terceiro não pode
se comportar como se desconhecesse o contrato entre os sujeitos = doutrina civilista
mitigando o princípio da relatividade dos efeitos do contrato, e a juíza mitigou também a
formalidade do registro indicado na lei de locação).
4. Elementos essenciais:
a) Coisa:
Pode ser móvel infungível ou imóvel – se a coisa for móvel e fungível é mútuo. Se for
imóvel é preciso saber se é aplicada a Lei do Inquilinato ou o Estatuto da Terra (versa sobre a
locação de imóveis rurais, n. 4.505/64).
O par. único do art. 1º da lei de locação diz que: continuam regulados pelo CC e pelas
leis especiais as locações de imóveis e propriedades dos entes públicos, de vagas autônomas
de garagem ou espaços para estacionamento de veículos...
b) Preço:
A doutrina diz que deve ser sério, real, não podendo ser irrisório – geralmente é feito
em dinheiro e periódico. Admite-se pagamento antecipado no caso de locação de temporada
(art. 20, I da Lei do Inquilinato), não podendo ultrapassar 90 dias – não se pode cobrar o
aluguel antecipado de um imóvel para locação de 3 anos.
Deve ser feito até 6º dia útil do mês seguinte ao vencido – os salários são pagos até o 5º
dia útil.
c) Consentimento:
Expresso ou tácito. Para alugar um imóvel, não é preciso de vênia conjugal, entretanto,
se o prazo for superior ou igual a 10 anos, a Lei do Inquilinato exige em seu art. 3º.
d) Tempo:
Determinado ou indeterminado.
5. Obrigações do locador:
6. Obrigações do locatário:
Com a redação atual não se faz mais referência ao CC/02, pois o art. 924 do CC/16 dizia que a
cláusula penal era paga proporcionalmente*, mas não é mais nesses moldes.
En. 357 da Jornada: “O art. 413 do CC é o que complementava o caput do art. 4º da lei
8245/91” – a redação do art. 4º hoje não diz que o juiz deve reduzir de ofício – redução
equitativa pois o cliente cumpriu em parte (adimplemento substancial), se o juiz julgar e
reduzir equitativamente ele agirá ultra petita. Com o CC novo, e a lei de locação, como fica a
clausula penal? É matéria de ofício, ou o juiz pode reduzir, por exemplo, se o advogado
esquecer de pedir na contestação? Por esse entendimento, o enunciado diz que deve ser
aplicado o art. 413, que diz que “deve o juiz reduzir”, sendo matéria de ordem pública,
podendo, portanto, fazê-lo de ofício, reduzindo o valor da cláusula penal.
Art. 4º, par. único – caso prático em que o locatário recebe uma ordem do empregador para
trabalhar em outro local (não significa, necessariamente, município diverso, no caso da
doutrina civilista, podendo ser uma mudança de bairro), e ficou oneroso o sujeito permanecer
naquele imóvel – ele estará dispensado da multa, portanto.
8. Transferência dos direitos e deveres por causa de morte do locador ou locatário numa
locação de imóveis urbanos:
Não é contrato intuito personae, é intuito família, sendo que essas pessoas se subrrogam nos
direitos do locatário falecido.
Havendo morte do locador, pelo art. 10 da Lei – a locação transmite-se aos herdeiros.
Art. 12 da Lei – se houver divórcio, a locação continua para o cônjuge ou companheiro que
permanecer no imóvel – se subrrogando no lugar do que saiu, sendo hipótese de prorrogação
automática no contrato. O locador tem direito a exigir a substituição do fiador.
10. Prazo prescricional:
Art. 206 do CC, par. 3º, I – alugueis têm o prazo prescricional de sua cobrança em 3 anos.