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1 - Que cuidados devo ter ao comprar um imóvel?

Em primeiro lugar, procure o Cartório de Registro de Imóveis para saber quem é o dono do
imóvel. Só é dono quem tem o registro do imóvel feito no cartório. Quem compra imóvel de
quem não é dono não consegue registrá-lo em seu nome e, portanto, não vai ser dono perante
a lei.

É importante que o dono do imóvel não tenha problemas com a Justiça. Por exemplo, se ele
estiver sendo processado por causa de uma dívida e não tiver como pagar, o credor poderá
pedir ao juiz para que o imóvel do devedor seja vendido para pagar a dívida. Nesse caso,
mesmo que o imóvel já tenha sido vendido para terceira pessoa, a venda será desfeita e o
comprador ficará sem o imóvel, podendo apenas pedir seu dinheiro de volta ao vendedor.
Dessa forma, a fim de saber se o vendedor tem alguma dívida, o comprador deve exigir que ele
apresente os seguintes documentos:

• certidões de protesto, que podem ser obtidas no Cartório Central de Distribuição de Títulos;

• certidões de distribuição cíveis e criminais, estaduais e federais, que devem ser obtidas no
Fórum Central da Capital (João Mendes) e na Justiça Federal;

• certidão negativa de débito junto ao INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social;

• certidão de distribuição da Justiça do Trabalho;

• certidão negativa de débito municipal, a ser obtida na Secretaria de Finanças da Prefeitura.

2 - Como descobrir qual o Cartório de Registro de Imóveis em que o imóvel está


registrado?

Se tiver dúvida, procure qualquer Cartório próximo à sua residência e pergunte. Eles sempre
sabem e tal informação, por ser simples, não precisa ser paga.

3 - A compra de um imóvel deve ser feita por escrito?

SIM, SEMPRE. A lei proíbe a compra de imóveis “de boca” (verbal) e considera como se ela
nem existisse.

4 - Qual o documento que faz o imóvel passar do nome do vendedor para o nome do
comprador?

É a ESCRITURA PÚBLICA, feita em qualquer Tabelião de Notas (ou Cartório de Notas).


Deverão comparecer o comprador e o vendedor acompanhados de seu marido ou mulher
quando casados. Normalmente, quem paga a escritura e o imposto de transmissão é o
comprador.

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5 - Para que serve a escritura?

Segundo a lei, a escritura é o único documento capaz de fazer com que o comprador se torne
dono do imóvel, porque é ela que será levada ao Cartório de Registro de Imóveis para ser
registrada.

6 - Quando é que o vendedor tem a obrigação de passar a escritura?

Quando o comprador pagar todo o valor da venda. Assim, por exemplo, se o valor da venda for
R$10.000,00, o vendedor somente será obrigado a passar a escritura quando o comprador
pagar R$10.000,00. O valor da compra que constar na escritura deve ser exatamente o valor
pago no negócio.

7- E se o comprador pagar a vista?

Se o comprador pagar a vista, ele deve EXIGIR que o devedor passe a escritura
imediatamente. O pagamento, nesse caso, deve ser feito no momento em que a escritura é
assinada pelo comprador e vendedor.

8 - E se o comprador pagar a prazo (em prestações)?

A lei manda que se faça antes um CONTRATO PARTICULAR DE COMPRA E VENDA com o
nome e assinatura do comprador e do vendedor (e também do marido ou da mulher quando
casados), o valor das parcelas e descrição do imóvel comprado, além de outras informações.
Só após o pagamento de todas as parcelas é que o vendedor fica obrigado a passar a
escritura. Por isso, é muito importante para quem compra um imóvel EXIGIR SEMPRE
RECIBO ESCRITO DO PAGAMENTO DAS PRESTAÇÕES.

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9 - Depois de feita a escritura, o que o comprador deve fazer?

Depois de feita a escritura, o comprador deve levá-la ao Cartório de Registro de Imóveis para
registrar o imóvel em seu nome. SÓ DEPOIS DO REGISTRO DA ESCRITURA NO CARTÓRIO
DE REGISTRO DE IMÓVEIS É QUE O COMPRADOR É CONSIDERADO DONO PERANTE A
LEI.

Os contratos particulares de compra e venda (no caso de pagamento em parcelas – veja a


pergunta 8) também devem ser registrados no Cartório de Registro de Imóveis para evitar que
o vendedor passe o imóvel para outra pessoa.

10 - E se, mesmo pagando todo o valor da compra, o vendedor se recusar a passar a


escritura?

De acordo com a lei, o vendedor não pode se recusar a passar a escritura se ele receber todo
o pagamento. Se isso acontecer, procure um advogado e leve TODOS os recibos de
pagamento em mãos para entrar com ação judicial. Esse processo pode ser movido mesmo
nos casos em que o vendedor morreu ou desapareceu.

11 - Sou proprietário de um imóvel junto com outra pessoa. Cada um de nós construiu
uma casa e agora pretendemos dividir o terreno. O que devemos fazer?

É preciso consultar a Prefeitura para saber se é possível fazer o DESMEMBRAMENTO (que é


mesmo que divisão ou desdobro) do terreno, pois a lei exige que haja uma metragem mínima
para cada imóvel. Caso seja possível, a própria Prefeitura irá fazer o desmembramento através
de um processo específico.

12 - Estou sendo processado na justiça por dívida de IPTU. Posso perder minha casa se
não pagá-la?

SIM. O imóvel do devedor pode ser penhorado e vendido em leilão feito pela Justiça para
pagamento de dívida de IPTU, mesmo que seja a única moradia do devedor e sirva para
abrigar sua família. Portanto, procure pagar em dia seus impostos e, no caso de atraso,
procure fazer um acordo com a Prefeitura para pagar a dívida aos poucos.

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13 - Moro em terreno onde existem várias casas, mas um único relógio de água e de luz.
Se as contas não forem pagas, quem será o responsável?
O responsável pelas contas é sempre o dono do terreno ou a pessoa que consta na
fornecedora de água/luz como responsável pelo pagamento. Ele deve pagar a conta toda e não
só a parte que eventualmente corresponda ao seu consumo. Nada impede, porém, que depois
de pagar a dívida, o responsável cobre daqueles que ocupam o mesmo imóvel a sua parte na
conta.
Sempre que houver um único relógio de água ou de luz servindo várias casas de um mesmo
terreno, a melhor coisa a fazer é pedir para que a Eletropaulo e/ou a Sabesp coloquem um
relógio em cada casa para que não haja confusão.
Saiba que a colocação separada de relógios de água e de luz gera economia, pois as contas
ficam mais baixas.

14 - Minha casa teve a luz cortada por falta de pagamento. Posso puxar o fio de luz da
rua para não ficar no escuro?
NÃO, pegar a luz da rua é CRIME. Existem outras maneiras de conseguir a luz de volta, como
fazer uma reclamação no PROCON ou entrar com uma ação para religar a luz no Juizado
Especial Cível (pequenas causas). Nesses órgãos (PROCON e Justiça) também é possível
fazer acordo de parcelamento da dívida com orientação de profissionais especializados.

15 - Fiz um financiamento com o banco para comprar a minha casa, mas o valor das
prestações está aumentando demais. É possível fazer a revisão do contrato?
Sim. Desde que não esteja devendo qualquer parcela vencida, o comprador pode pedir ao juiz
que analise o índice de correção das prestações do contrato. Isso deve ser feito sempre
através de um advogado que deverá analisar o caso e dizer se é possível ou não pedir a
revisão.

16 - Posso transferir o financiamento do imóvel para outra pessoa sem permissão do


financiador?
NÃO. Você deverá se dirigir com o interessado na compra até o financiador. Caso contrário, o
contrato continuará em nome do comprador e eventual acordo com a terceira pessoa não terá
validade.
Cuidado com os chamados “contratos de gaveta” de venda de imóveis da CDHU e COHAB/SP.
Mesmo tendo passado o imóvel “para frente” (vendido), o vendedor continua responsável pelas
parcelas do financiamento enquanto não fizer a transferência do contrato para o comprador
junto à COHAB/SP e CDHU. A mesma recomendação vale para outros tipos de financiamento
feitos diretamente com bancos (por exemplo: Caixa Econômica Federal).
Assim, no caso do comprador não pagar as parcelas à financiadora, é o nome do vendedor que
vai ficar “sujo”, e não o do comprador.

17- Construí minha casa no terreno de outra pessoa. Quem é o dono da casa?
Aquele que constrói no terreno de outra pessoa acaba perdendo para ela a construção.
Entretanto, se o dono do terreno concordou com a construção, aquele que construiu tem direito
de receber indenização pelo que gastou.

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18 - Moro em uma casa emprestada, mas agora o dono quer que eu desocupe o local.
Tenho algum direito sobre o imóvel?
Quem mora em imóvel emprestado não tem direito de pedir que seja considerado dono, ainda
que esteja no local há muitos anos. O morador terá apenas direito de indenização por
eventuais reformas ou reparos, necessários ou úteis, que foram feitos no imóvel.

19 - Como posso saber se as melhorias que fiz no imóvel serão indenizadas?


Existem três tipos de melhorias, chamadas pela lei de benfeitorias, que podem ser feitas no
imóvel:
As que precisam ser feitas para dar segurança ao imóvel. Por exemplo, se as fundações da
casa estão com problema, surge necessidade de arrumá-las para que ela não caia. Se a obra
não for feita, as pessoas que moram no imóvel podem se machucar ou até morrer em caso de
desabamento ;
Estas benfeitorias, são indenizadas, pois necessárias à segurança do imóvel.

As que são feitas para melhorar as condições de moradia do imóvel. Por exemplo, a troca de
piso de uma casa faz com que ela fique mais agradável e limpa;
Estas benfeitorias podem ser indenizadas caso a pessoa que emprestou tenha autorizado as
construções. Para sua garantia, pegue sempre autorização por escrito e assinada;
As obras que são feitas apenas para deixar o imóvel mais luxuoso, como por exemplo a
construção de uma piscina numa casa para diversão da família.
Estas benfeitorias nunca serão indenizadas.
ATENÇÃO: Se por acaso existir contrato de empréstimo onde esteja escrito que nenhuma
benfeitoria será indenizada, a pessoa que construiu, em regra, não receberá nada. Nesses
casos, consulte um advogado para esclarecer quais são seus exatos direitos, e se eles
existem.

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20 - Posso morar em um imóvel sem a permissão do dono?

NÃO. Pela lei, quem entra no imóvel dos outros sem permissão é considerado INVASOR,
mesmo que não tenha outro lugar para morar e abrigar sua família. O dono do imóvel e até
mesmo quem residia no local podem retirar o invasor por sua própria força, desde que o façam
logo depois da invasão e sem violência, recomendando-se o auxílio da polícia. Caso isso não
seja possível, a vítima da invasão deve pedir ao juiz para que retire o invasor do imóvel por
meio de um processo judicial chamado “ação de reintegração de posse”.

O advogado deve ser consultado para entrar com a ação o mais rápido possível, pois no caso
de invasão com prazo inferior a um ano e um dia, o juiz pode determinar a saída do invasor
logo no começo do processo. Já se a invasão tiver duração maior que este prazo, o invasor,
em regra, só sai no final do processo.

21 - O invasor tem direito a receber indenização pelas melhorias que fez no imóvel
invadido?

Depende. Em primeiro lugar a pessoa deve comprovar no processo que fez a benfeitoria para
ter direito à indenização. Assim, guarde sempre as notas fiscais dos serviços realizados e
materiais comprados.

Se ao invadir ele sabia que o imóvel era de outra pessoa (má-fé), o invasor só recebe se
comprovar o que gastou para tornar o imóvel mais seguro (item a da pergunta 18). Se por
exemplo fizer pintura, troca de piso, janelas e portas e obras de luxo, não terá direito à
indenização.

Agora, se ao entrar no imóvel estava de boa fé, tem direito à indenização se comprovar o que
gastou com as benfeitorias feitas para tornar o imóvel mais seguro e/ou para melhorar as
condições de moradia (itens a e b da pergunta 18), podendo pedir ao juiz para permanecer no
local enquanto não receber a indenização.

22 - O que fazer quando chegar uma carta ou documento mandado pelo juiz referente à
invasão?

Procure IMEDIATAMENTE um advogado para saber quais são seus direitos e obrigações.

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23 - Se o invasor estiver pagando os impostos, condomínio e contas de água e de luz,
ele é considerado dono do imóvel?

NÃO, muita gente acha que é dono de um imóvel só porque paga imposto e despesas de
condomínio, água e luz. Lembre-se: só quem compra o imóvel através de escritura pública
registrada no Cartório de Registro de Imóveis é considerado dono do imóvel.

Da mesma forma, as despesas de água, luz e condomínio não podem ser cobradas de volta.
Afinal, foi o próprio invasor quem usou a água, luz e o condomínio no tempo em que morou no
imóvel invadido.

24 - O que preciso fazer para me tornar dono de um imóvel em que resido há muitos
anos mas não comprei?

A maneira de se tornar dono do imóvel onde o ocupante mora por muitos anos sem que tivesse
comprado do dono é através da ação de usucapião.

25 - Quanto tempo de ocupação é necessário para que alguém se torne dono de um


imóvel por usucapião?

O tempo varia de acordo com o tamanho e localização do imóvel. A Lei hoje prevê:

Quando a área for urbana

• se o terreno não tiver mais que 250 metros quadrados, a pessoa que nela reside se torna
dona se ficar no imóvel por pelo menos 5 anos, desde que não seja dono de outro imóvel;

• se o terreno for maior que 250 metros quadrados, o ocupante se torna dono se ficar no
imóvel por pelo menos 10 anos, desde que possua documentos do imóvel que, embora
aparentemente legítimos, não são capazes de torná-lo proprietário;

• também na hipótese de área maior que 250 metros quadrados e na falta de documentos, o
ocupante se torna dono se ficar no imóvel por pelo menos 15 anos. Mas se tiver realizado
obras ou serviços produtivos no terreno, ou ali estabelecer sua moradia, o prazo de 15 anos
pode ser reduzido para 10 anos.

Quando a área for rural:

• a lei estabelece que aquele que ocupa área rural não superior a 50 hectares pode adquirir a
terra por usucapião desde que a use por pelo menos 5 anos, não seja proprietário de outro
imóvel e estabeleça no local a sua moradia e torne produtiva a terra.

26 - Eu já completei o prazo do usucapião. E agora, o que devo fazer?

Procure um advogado para entrar com o pedido de usucapião na justiça. Caso ganhe o
processo, o juiz mandará registrar o imóvel em seu nome.

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27 - E se, completado o prazo de usucapião, o dono aparecer e pedir a desocupação do
imóvel?

Se os prazos para o usucapião forem completados, não saia do local, a não ser que a ordem
tenha partido da justiça. Procure imediatamente um advogado se o pedido de desocupação foi
feito judicialmente para apresentação de sua defesa.

28 - Uma pessoa que mora de aluguel ou de favor (empréstimo) pode pedir usucapião do
imóvel em que reside?

Em regra, NÃO. Apenas pode ser considerado dono por usucapião aquele que ocupa o imóvel
como se fosse dono, o que não acontece com quem paga aluguel ou recebe imóvel
emprestado.

Mas se o dono desaparecer e demorar muito para pedir o imóvel de volta, procure um
advogado para esclarecer seus direitos. Dependendo do caso, será possível pedir o usucapião
ao juiz.

29 - Posso pedir usucapião de terreno da Prefeitura?

NÃO. Os terrenos públicos, que são aqueles que pertencem à Prefeitura, ao Estado ou à
União, não podem ser adquiridos por usucapião. A lei proíbe. Confira no Cartório de Registro
de Imóveis se o imóvel que você ocupa é ou não do Governo.

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LOCAÇÃO

30 - O que é locação de imóvel?


É um contrato no qual uma pessoa (locatário ou inquilino) se compromete a pagar a outra
(locador) um aluguel mensal para poder usar um imóvel.

31 - Esse contrato deve ser sempre feito por escrito?


Para maior garantia do locador e do inquilino recomenda-se sempre que o contrato seja feito
por escrito, fixando o valor do aluguel, tempo de duração da locação, multa por atraso,
reajustes, etc. Mas a lei permite também o contrato de locação verbal (de boca) que é muito
menos seguro por não prever por escrito as exatas obrigações das partes. Lembre-se: às
vezes, as palavras vão com o vento. Faça sempre tudo por escrito!

32 - Quais são os principais deveres do locador?


O locador é quem recebe o aluguel. Seus principais deveres são:
- Entregar o imóvel ao inquilino em boas condições de moradia;
- Garantir que o inquilino use o imóvel sem ser incomodado;
- Fazer as reformas necessárias para que o imóvel continue com condições mínimas de
moradia, como por exemplo troca de instalações elétricas e encanamento, conserto de telhado
etc.
- Dar ao inquilino recibo do pagamento de aluguel.
- Pagar os impostos e taxas relativas ao imóvel (por exemplo: IPTU), salvo se o inquilino
assumir esta obrigação no contrato. Lembre-se que hoje na maioria dos contratos determina-se
que o inquilino é o responsável por este pagamento. Confira o seu.
- Pagar as despesas extraordinárias de condomínio, como por exemplo rateios, fundos de
obras, fundo de reserva, obras de pintura de fachada de prédio e reparo de áreas comuns etc.
A taxa de condomínio propriamente dita deve ser paga pelo locatário.

ATENÇÃO: Se o locador descumprir um de seus deveres, o inquilino pode pedir o


desfazimento do contrato de aluguel (locação).

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33 - Quais são os principais deveres do inquilino?

Inquilino ou locatário é quem paga o aluguel. Seus principais deveres são:

- Pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, sob pena de ser despejado;

- Pagar as contas de água, luz e telefone;

- Pagar o condomínio;

- Utilizar o imóvel conforme acertado com o locador, ou seja, se alugou para morar, o inquilino
não pode instalar um comércio no local;

- No final do contrato, devolver o imóvel do mesmo jeito que recebeu;

- Comunicar a ocorrência de danos ou defeitos no imóvel que ao locador compete consertar


(vazamento de canos, curto-circuitos na rede elétrica etc);

- Consertar tudo o que ele e os demais moradores quebraram no imóvel;

- Não modificar a forma interna e externa do imóvel sem a prévia concordância por escrito do
locador, como por exemplo, derrubar paredes para aumentar cômodos e mudar a cor da casa
ou apartamento.

34 - O que acontece se o inquilino não pagar o aluguel?

Conforme já visto, é dever do inquilino pagar o aluguel em dia. Se não fizer isso, o locador
pode procurar a justiça para pedir a DECRETAÇÃO DO DESPEJO. Este processo é rápido e
simples, e faz com que o inquilino saia do imóvel mesmo que não queira (despejo forçado).
Além disso, ele é obrigado pelo juiz ao pagamento de todos os aluguéis em atraso com juros,
multa e correção monetária. Assim, sempre que houver atraso, procure rapidamente o locador
para tentar fazer um acordo de parcelamento da dívida e evitar o despejo. E se receber um
aviso de despejo da justiça, procure imediatamente um advogado para ser orientado.

35 - É possível pagar a dívida para não ter que sair do imóvel mesmo após o locador ter
pedido ao juiz a decretação do despejo?

SIM. A lei permite que o inquilino, logo que for chamado para o processo, pague a dívida
cobrada para evitar o despejo. Mas o pagamento deve ser feito sempre à vista e por intermédio
de um advogado.

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36 - E se o locador “sumiu” ou não quiser receber o aluguel?
Pagar o aluguel não é apenas uma obrigação do inquilino, mas também um direito. No caso de
recusa do locador em receber o aluguel, o inquilino deve procurar imediatamente um advogado
para fazer o depósito em juízo e, assim, evitar um pedido de despejo. A ação se chama
“consignação em pagamento” e precisa de testemunhas para provar a recusa do recebimento
do aluguel ou o “sumiço” do locador.

37 - Como inquilino, eu posso alugar, ceder ou emprestar o imóvel a outras pessoas?


A lei permite a cessão, sublocação e o empréstimo do imóvel. Entretanto, você deve antes
perguntar ao dono do imóvel se ele autoriza e pegar sua concordância por escrito, sob pena de
ser despejado do imóvel.

38 - O inquilino tem direito de ser reembolsado dos reparos indispensáveis que fizer no
imóvel? E os reparos úteis?
Desde que o contrato nada fale em contrário, os reparos indispensáveis e emergentes
realizados pelo inquilino no imóvel (por ex: conserto de encanamento e instalações elétricas),
desde que não causados por ele, deverão ser reembolsados pelo locador mesmo que ele não
autorize. Afinal, tais despesas são de responsabilidade do dono do imóvel e não do locatário.
Já os reparos úteis, que tenham por objetivo melhorar a utilização do imóvel (ex: colocação de
piso e azulejos), a AUTORIZAÇÃO POR ESCRITO do locador é indispensável para que depois
o inquilino peça reembolso. Caso contrário, o locatário pode não receber nada.
Nas duas hipóteses, caso seja reconhecido o direito de indenização, o inquilino não poderá ser
retirado do imóvel enquanto não for reembolsado. A lei chama isso de “direito de retenção por
benfeitorias”.

39 - O que acontece se o prazo do contrato acabar e o inquilino não sair do imóvel?


Se o contrato tiver prazo de duração igual ou superior a 30 meses, ele terminará assim que
tempo da locação tiver sido completado, devendo o locador enviar ao inquilino aviso escrito
solicitando a desocupação do imóvel. Se ele não mandar o aviso e o locatário continuar
morando no imóvel por mais de 30 dias, o contrato será prorrogado por prazo indeterminado.
Se o contrato tiver prazo de duração menor que 30 meses, a prorrogação por prazo
indeterminado é automática.

40 - Posso sair do imóvel antes do fim do prazo de duração do contrato de locação? Se


sair, terei que pagar multa?
Os contratos de locação por escrito são, em regra, feitos com prazo certo de duração. Se por
exemplo o contrato tinha validade de 12 meses, é obrigação do inquilino morar no imóvel
durante os 12 meses e pagar os aluguéis correspondentes. Todavia, se o inquilino quiser, ele
pode sair antes do fim do contrato. Mas terá que pagar ao locador uma multa proporcional ao
tempo que falta até o fim do contrato. Assim, por exemplo, se um contrato tem prazo de
duração de 12 meses e o inquilino resolve desocupar o imóvel em 6 meses (metade do tempo),
a multa é reduzida pela metade. Para ser cobrada, esta multa deve estar prevista no contrato.

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41 - E se o prazo do contrato já passou e eu continuar morando no imóvel, posso
desocupá-lo a qualquer tempo sem pagar multa?
Nesses casos, o inquilino pode desocupar o imóvel sem pagar multa desde que avise o locador
por escrito com antecedência mínima de trinta dias. Se não fizer isso, terá que pagar o valor
correspondente a um mês de aluguel e demais encargos (condomínio, contas de água e luz
etc).

42 - Se o locador colocar o imóvel à venda durante a locação, o inquilino tem direito de


preferência?
SIM. Se o locador resolver vender o imóvel, deve obrigatoriamente oferecê-lo ao inquilino,
notificando-o para que no prazo de 30 dias informe se deseja ou não comprar o imóvel. Na
notificação deverá constar, dentre outras informações, o valor de venda do imóvel. Se nesses
trinta dias o inquilino não se manifestar, ele perde o direito de preferência.

43 - Quais são os tipos de garantia que o locador pode exigir do inquilino para fazer um
contrato de locação?
Quando se faz um contrato de locação, é comum que o locador exija do inquilino uma garantia
para o caso de não pagamento do aluguel. A lei prevê três tipos de garantia: fiança, caução e
seguro-fiança locatícia.
A caução constitui a entrega de um bem ou determinada quantia em dinheiro ao locador. O
exemplo mais comum é o depósito em dinheiro de três meses de aluguel que no final do
contrato deve ser devolvido com correção monetária ao inquilino, desde que ele tenha
cumprido em dia sua obrigação de pagar o aluguel e demais encargos.
Na fiança, uma terceira pessoa se obriga a cumprir a obrigação de pagar o aluguel e demais
encargos caso o inquilino não a cumpra.
No seguro-fiança, uma seguradora se obriga a pagar ao locador os aluguéis que o inquilino
deixar de pagar. Quem contrata o seguro é o inquilino em favor do locador.

44 - O locador pode exigir mais de uma garantia do inquilino?


Não, ele pode exigir apenas uma das três garantias acima mencionadas. Exigir mais de uma
garantia é crime.

45 - É verdade que a casa do fiador pode ser vendida pelo juiz para pagamento de dívida
do inquilino mesmo se for seu único imóvel onde reside com sua família?
SIM, pois a lei não considera a moradia do fiador como bem de família, podendo ser penhorada
e vendida pelo juiz para pagamento de dívida do inquilino. Portanto, pense muito bem antes de
aceitar o encargo de fiador, pois você pode perder sua casa para pagamento de uma dívida
que nem é sua.
Se o fiador pagar a dívida, ele pode cobrar o que gastou do inquilino.

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46 - É preciso fazer um outro contrato quando um casal se separa e quem fica no imóvel
é o esposo(a) ou companheiro(a) que não assinou o contrato de locação?

Não. Nos casos de separação, o contrato passa automaticamente para a responsabilidade do


companheiro ou cônjuge que permanecer no imóvel, que deverá avisar por escrito o locador do
ocorrido.

CONDOMÍNIO
47 - O que é condomínio de apartamentos?
Condomínio é o conjunto de apartamentos e áreas comuns (escadas, cobertura, corredores,
etc.) de um prédio que os moradores usam e administram de forma coletiva. Todos os
moradores são responsáveis pela conservação não só de seus apartamentos como também
das áreas comuns.

48 - O que é e para que serve a taxa de condomínio?


É uma taxa obrigatória, fixada em Assembléia Geral, que tem por finalidade cobrir as despesas
do condomínio (água, luz, manutenção, pagamento de funcionários e outros); ou seja, serve
para pagar as contas de todo o condomínio.

49 - É importante manter o condomínio em dia?


Sim. Assim como você, o condomínio tem muitas despesas para pagar. É necessário que se
pague em dia esta taxa para que o condomínio também possa manter suas contas em dia,
evitando cortes nos serviços públicos (por exemplo, água e luz) e outros problemas com o
prédio.

50 - O que acontece se eu atrasar o pagamento de taxa de condomínio e rateios?


No caso de atraso, o condomínio entra com uma ação na justiça para cobrar as taxas não
pagas, acrescidas de juros de 1% ao mês, além de multa. Se o condomínio venceu antes de
11/01/03, a multa é de 20%. Após esta data, a multa não pode ser maior que 2% conforme
manda o novo Código Civil.
Lembre-se que um acordo de parcelamento da dívida é um bom caminho para evitar a
cobrança judicial. Assim que o atraso começar, procure logo o síndico para tentar fazer um
acordo. Quanto mais rápido melhor, pois a dívida não estará tão grande.

Conheça seus Direitos de Moradia 14


51 - É verdade que se eu não pagar a dívida de condomínio posso perder meu imóvel?

Infelizmente é verdade. Apesar da lei nada prever expressamente, os juízes permitem que o
condomínio penhore sua moradia para pagamento da dívida. Se o morador não pagar o que
deve ou não fizer acordo de parcelamento, o juiz manda seu imóvel para leilão.

52 - Dicas para viver melhor em condomínio.

Quem vive em condomínio não vive isolado. É seu dever conservar as escadas, corredores,
jardins, praças e vias públicas. Afinal, tudo isso nada mais é do que uma extensão de seu lar.
Portanto, ajude a preservá-los com as seguintes dicas:

Não jogando o lixo ou qualquer objeto na rua ou áreas de uso comum (jardins, calçadas,
corredores). O lixo deve ser recolhido em sacos plásticos ou em depósitos adequados e depois
colocados no local correto de coleta;

Não pregando cartazes de anúncio ou inscrições nas fachadas, janelas, portas, escadas ou em
qualquer outro lugar do condomínio;

Não atrapalhando ou fechando vias de acesso, áreas ou caminhos internos ou deixando neles
detritos de qualquer natureza. Por isso, não deixe móveis ou volumes de qualquer natureza em
áreas comuns (escadas, corredores, etc);

Não estendendo roupas, tapetes, toalhas, etc. nas janelas, parapeitos das varandas, terraços
ou em qualquer outro local visível do exterior, ou permitindo que as circulações internas dos
blocos sirvam de áreas para colocação de varais.

Não realizando serviços domésticos nas áreas de uso comum, como por exemplo lavar roupas
no páteo;

Evitando brigas, discussões, algazarras e festas barulhentas.

Não utilizando aparelhos de som, rádio e televisão em volume alto;

Não abrigando animais, aves ou qualquer tipo de criação que causem incômodos aos demais
moradores;

Respeite seu vizinho para ser respeitado. Se tiver algum problema com ele, converse de forma
franca e amigável para que uma boa solução possa ser encontrada;

Não jogue papel higiênico ou outros detritos no vaso sanitário. Ele pode entupir e prejudicar
todos os outros moradores com obras de encanamento;

Evite colocar vasos ou qualquer objeto na beira de janelas. Eles podem cair e machucar outros
moradores. Em casos extremos, podem até matar;

Conserve o seu imóvel. Assim você estará cooperando com a comunidade e valorizando o seu
patrimônio;

Conserte os defeitos, limpe e repare o que precisa de cuidados.

Conheça seus Direitos de Moradia 15


Evite os insetos, não deixando restos de alimentos espalhados.

Em qualquer tipo de serviço em seu imóvel, procure contratar pessoas especializadas no


assunto tais como encanador, eletricista, pedreiro, etc. Evite o “quebra galho”, pois o barato
pode sair muito caro se o serviço for mal feito.

DIREITO DE VIZINHANÇA

53 - O dono ou possuidor de imóvel pode usar sua casa como bem entender sem
respeitar os direitos do vizinho?

Não. Muita gente acha que pode fazer e construir o que quiser no seu imóvel. Isto não é
verdade, pois o direito de propriedade termina quando começam os direitos do vizinho, sem
falar nas regras de construção impostas pelo Governo. Segundo a Lei, o dono do imóvel deve
respeitar o direito do vizinho ao sossego, saúde e segurança.

54 - O que devo fazer se meu vizinho iniciar uma obra que afete a segurança da minha
casa?

Procure imediatamente um advogado para que ele peça ao juiz a interrupção da obra ou até
mesmo sua demolição. Ele também poderá orientá-lo sobre a regularidade das construções
feitas pelo vizinho, em especial a observância de regras municipais e das distâncias mínimas
para construção. Avise também a Prefeitura para verificar se a obra é regular ou não.

Exemplo de obra perigosa é a escavação de buracos que afetem as fundações da casa


vizinha, ou então a construção de parede encostada a muro não projetado para suportar tanto
peso, podendo, portanto, desmoronar.

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55 - A Lei permite que eu possa entrar na casa do vizinho para poder consertar a minha?

Sim, desde que você avise o vizinho com antecedência e que a entrada na casa dele seja
inevitável e temporária. Algumas obras só podem ser feitas se entrarmos na casa do vizinho.
Por exemplo: Você mora num apartamento e sua tubulação de esgoto está vazando. Como
todos os tubos passam pelo teto do apartamento de baixo, para consertá-los será necessário
entrar no apartamento do vizinho que mora ali. Nesse caso, o vizinho é obrigado a deixar você
entrar na casa dele para fazer o conserto.

56 - O que fazer se para ter acesso à rua preciso passar pela casa do meu vizinho e este
me impede?

O vizinho poderá ser obrigado a suportar a passagem daquele que não tem acesso à rua. Isso
pode ser feito através de pedido ao juiz, que poderá fixar uma indenização a ser paga pelo que
usar o imóvel do outro para ter passagem para a rua.

57 - Sou obrigado a permitir que cabos de eletricidade ou tubulações de esgoto do


vizinho passem pelo meu imóvel?

Se não houver outra forma, você é obrigado a permitir que estes cabos e tubos passem por
seu terreno. Nesse caso, você terá direito de exigir indenização pelo transtorno e pela
desvalorização do terreno, desde que seja provada a existência de prejuízo ao seu sossego,
segurança ou saúde.

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