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CONTRATO DE COMPRA E VENDA

PROFa. Esp.Thalita Furtado Mascarenhas Lustosa


CONCEITO

Art. 481 do CC. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se


obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo
preço em dinheiro.

O contrato em apreço pode ter por objeto bens de toda natureza:


corpóreos, compreendendo móveis e imóveis, bem como os incorpóreos.
Todavia, para a alienação dos últimos reserva-se, como mais adequada e
correta tecnicamente, a expressão cessão (cessão de direitos hereditários,
cessão de crédito etc.)
Para Farias e Rosenvald, 2017, p.648 :
É o negócio jurídico pelo qual uma das partes assume a obrigação de
transferir o domínio de algo, mediante o pagamento de um valor
pecuniário."
• No direito brasileiro a compra e venda não implica, por si só, aquisição de
propriedade.
• A propriedade é adquirida pelo REGISTRO, se imóvel, ou pela
TRADIÇÃO, se móvel.
• Art. 1267, CC → A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios
jurídicos antes da tradição.
• Art. 1245, CC → Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o
registro do título translativo no Registro de Imóveis
CLASSIFICAÇÃO DO CONTRATO DE COMPRA E
VENDA

 Bilateral ou ou sinalagmático: Há reciprocidade de obrigações entre os


contratantes que se obrigam a transferir o domínio de uma coisa ao outro
mediante pagamento de certo preço em dinheiro.
 Ex: comprador transferir o domínio;
 vendedor pagar

Oneroso: Ambas as partes tem vantagens patrimoniais.


Translativo: serve de instrumento para a transferência e aquisição da
propriedade.
CLASSIFICAÇÃO DO CONTRATO DE COMPRA E
VENDA

• Comutativo: Há equivalência aproximada das prestações e certeza


quanto ao valor de ambas;
• Aleatório: Na hipótese de surgir dúvida quanto à existência de uma
das prestações (venda de colheita futura) ou quanto ao valor dela
(venda de colheita, desde que haja safra, qualquer que seja o seu
valor).
• Obs.: Geralmente é comutativo, sendo aleatório excepcionalmente.
A compra e venda é um contrato consensual (que tem
aperfeiçoamento com a manifestação da vontade) ou
real (o aperfeiçoamento ocorre com a entrega da
coisa)?
Projeto de Captação de Alunos

Em regra, a compra e venda, é consensual já que, para a sua


formação/aperfeiçoamento basta a vontade das partes.
• A entrega da coisa ou o registro do negócio no Cartório de Registro
Imobiliário (CRI), não tem qualquer relação com o seu
aperfeiçoamento de validade, e sim com o cumprimento do contrato,
com a eficácia do negócio jurídico, particularmente com a aquisição
da propriedade pelo comprador.
CLASSIFICAÇÃO DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA

• Informal e não solene


• Em regra, não exige forma específica.
• Porém, em determinados casos, o ordenamento jurídico exige
formalidade para a celebração do contrato de compra e venda, ou
seja, assumirá natureza de contrato solene. Exemplo: compra e venda
de bens IMÓVEIS.
• Nesses casos, a forma integrará a substância do ato, razão pela qual
será NULA a compra e venda que desatender a forma de lei.
ELEMENTOS ESSENCIAIS

CONSENTIMENTO

COISA

PREÇO
• Art. 482 CC. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á
obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e
no preço.
• COMPRA E VENDA PURA inexistente “termo” ou “condição”
DO CONSENTIMENTO

• O consentimento deve ser manifestado de forma livre e


desembaraçada, devendo ser espontâneo. O consentimento viciado é
causa de anulabilidade do contrato (teoria do NJ).
• Ademais, o consentimento deve ser manifestado por pessoa capaz.
Para algumas pessoas, além da capacidade do manifestante, exige-se
também legitimação.
• Legitimação é um requisito específico para a prática de determinados
atos, razão pela qual só é exigida para quem tem capacidade.
• Ex: Compra e venda entre marido e mulher;
Preço

• Toda compra e venda tem uma expressão monetária.

• Se o adquirente, ao invés de pagar o preço, puder entregar outra coisa,


trata-se de troca ou permuta e não compra e venda.

• O preço não precisa ser necessariamente determinado; basta que seja


DETERMINÁVEL. O que não se permite é uma indeterminação absoluta,
como, por exemplo, na cláusula “pague quando quiseres”, deixando ao
arbítrio do comprador a taxação do preço.
DO PREÇO

• “Em princípio, o preço deverá ser fixado pelas próprias partes, segundo
a autonomia de suas vontades. Entendemos, contudo, que a autonomia
da vontade, no caso específico, não é absoluta, uma vez que o preço
deve observar o princípio da equivalência material das prestações, bem
como deve ser considerado sério (no sentido de não ínfimo), pois, em
caso contrário, configurar-se-ia uma doação simulada.”( p.336
DO PREÇO

• Art. 485 do C.C. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de


terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem
designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o
contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra
pessoa.
• O preço deve apresentar os seguintes caracteres:
• Pecuniariedade – por constituir uma soma em dinheiro (C.C., art. 481;
lei 10192/2001; Decreto-lei 857/1969, art.2º) que o comprador paga
ao vendedor em troca da coisa adquirida. Porém, nada obsta que seja
pago por coisas representativas de dinheiro ou a ele redutíveis, como
cheque, duplicata, letra de câmbio, nota promissória.
DO PREÇO
• Seriedade – pois deverá ser sério, real e verdadeiro, indicando firme
objetivo de se constituir numa contraprestação relativamente ao
dever do alienante de entregar a coisa vendida, de modo que não
denuncie qualquer simulação absoluta ou relativa.
• Valor da coisa não vil ou fictício. A venda de um edifício suntuoso
pelo preço de R$1,00 constitui, na verdade, doação.
• Não se exige, contudo, exata correspondência entre o valor real e o
preço pago, pois muitas pessoas preferem negociar o bem por preço
abaixo do valor real para vendê-lo rapidamente.
DO PREÇO

• Certeza – isto é, deverá ser certo ou determinado para que o


comprador possa efetuar o pagamento devidamente.

• Logo, nula será a venda subordinada à cláusula “pague o que quiser”. O


preço, em regra, é fixado pelos contraentes (C.C, art. 482) no ato de
contratar, não podendo, portanto, ser estipulado arbitrariamente por
um deles, sob pena de nulidade do ato negocial (C.C., art. 489)
COISA

• Existência da coisa – ainda que potencial, no momento da realização


do contrato, seja ela corpórea (como imóveis, móveis e semoventes),
seja ela incorpórea (como valores cotados na Bolsa, direitos de
invenção, créditos, direitos de propriedade literária, científica ou
artística); apesar de o contrato que objetiva à transmissão de bem
incorpóreo ser comumente designado de cessão, esta reger-se-á pelas
normas da compra e venda
COISA

• Individualização da coisa - pois o contrato de compra e venda, por


criar obrigação de dar, deverá recair sobre coisa perfeitamente
determinada, ou pelo menos determinável, ou melhor, suscetível de
individuação no momento de sua execução, pois já foi indicada pelo
gênero e pela qualidade (C.C. art. 243)
COISA
• DISPONIBILIDADE DA COISA – uma vez que sua inalienabilidade
natural, legal ou voluntária impossibilitaria a sua transmissão ao
comprador.
• A indisponibilidade da coisa será natural, quando ela for insuscetível
de apropriação pelo homem, pela própria natureza, como o ar, o
mar,o mar, a luz solar;
• legal, quando ela, apesar de poder ser apropriada por sua natureza,
estiver fora do comércio em virtude de lei (C.C. art. 100 e 1.717);
• voluntária, quando sua inalienabilidade for oriunda de declaração de
vontade por ato inter vivos (doação) ou causa mortis (testamento)
As despesas e riscos do contrato

• Art. 490 do CC. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de


escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as
da tradição.
QUESTÕES ESPECIAIS REFERENTES À COMPRA E
VENDA

1-VENDA DE ASCENDENTE PARA DESCENDENTE

Art. 496 do CC. É ANULÁVEL a venda de ascendente a descendente,


salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, DISPENSA-SE O CONSENTIMENTO
do cônjuge se o regime de bens for o da SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA.
A compra e venda de descendente para ascendente
necessita do consentimento dos demais interessados ?
VENDA DE ASCENDENTE PARA
DESCENDENTE

Note-se que para doar para descendente não precisa de autorização


dos demais descendentes, mas para vender aí sim precisa.
• A compra e venda de descendente para ASCENDENTE NÃO necessita
do consentimento dos demais interessados. Isso porque o art. 496 do
CC é uma norma restritiva de direito, o que significa que não pode
haver interpretação ampliativa.
VENDA DE ASCENDENTE PARA DESCENDENTE

JDC177 - Por erro de tramitação, que retirou a segunda hipótese de


anulação de venda entre parentes (venda de descendente para
ascendente), deve ser desconsiderada a expressão “em ambos os
casos”, no parágrafo único do art. 496.

JDC368- O prazo para anular venda de ascendente para descendente


é decadencial de 2 anos (art. 179 do Código Civil).
VENDA DE ASCENDENTE PARA DESCENDENTE

Art. 179, CC - Quando a lei dispuser que determinado ato é


anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação,
será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.

Enunciado 368, IV Jornada de Direito Civil → O prazo para


anular venda de ascendente para descendente é decadencial de
dois anos (art. 179 do Código Civil).
Para que a venda de ascendente para descendente seja anulada (art. 496
do CC), é imprescindível que o autor da ação anulatória comprove, no caso
concreto, a efetiva ocorrência de prejuízo aos herdeiros necessários, não
se admitindo a alegação de prejuízo presumido. Isso porque este negócio
jurídico não é nulo (nulidade absoluta), mas sim meramente anulável
(nulidade relativa).
PARA DOAR É NECESSÁRIO AUTORIZAÇÃO DOS DEMAIS DESCENDENTES?
VENDA A CÔNJUGE

Um cônjuge pode vender um bem


para o outro?
VENDA A CÔNJUGE

Art. 499 do CC. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a
bens excluídos da comunhão.
• Regime de comunhão parcial: a compra e venda poderá se dar desde
que seja relacionada a bens particulares.
• Regime de comunhão universal: a compra e venda poderá se dar desde
que seja de bens incomunicáveis ou excluídos da comunhão, como
bens de uso pessoal e utensílios de trabalho.
• d. Regime de separação legal ou convencional: a compra e venda
poderá ocorrer normalmente.
DA VENDA ENTRE CÔNJUGES

• Art. 499 do CC. É lícita a compra e venda entre cônjuges,


com relação a bens excluídos da comunhão.

• Somente é permitida a venda dos bens que não fazem parte


da comunhão. Se um bem for vendido, já fazendo parte da
comunhão, a venda é nula, por impossibilidade do objeto
(art. 166, II do CC/2002);
Os cônjuges casados no regime da comunhão universal de
bens não poderão celebrar compra e venda entre si, porque
todos os bens pertencem a ambos os cônjuges.
De acordo com Cristiano Chaves, “é possível a compra e venda entre
pessoas conviventes em união estável por não se tratar de norma
restritiva, limitadora, de direitos. Um companheiro pode, então, vender
bens para outro companheiro, desde que tais bens não integrem o
patrimônio comum do casal, sendo bens particulares”
DA VENDA DE BENS SOB ADMINISTRAÇÃO

• Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
• I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua
guarda ou administração;
• II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que
servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
• III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários
ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou
conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
• IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
• Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
DA VENDA DE BENS EM CONDOMINIO OU
VENDA DE COISA COMUM

• Bens em condomínio (art. 504 do CC/2002):


• O condômino não pode vender a sua parte a estranho, se o outro
condômino desejar adquirir, desde que a parte não esteja dividida;
• Art. 504, CC →Não pode um condômino em coisa indivisível vender a
sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O
condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá,
depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o
requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
DA VENDA DE BENS EM CONDOMINIO OU
VENDA DE COISA COMUM

Sobre a leitura do referido dispositivo podemos afirmar que:

“Como resta claro pela leitura do dispositivo, a restrição tem aplicação em casos de
negócios jurídicos celebrados por um dos condôminos com terceiros, em detrimento do
direito de outros condôminos. Não incide, portanto, para vendas entre os próprios
condôminos. Corroborando a afirmação, na VIII Jornada de Direito Civil, promovida pelo
Conselho da Justiça Federal em abril de 2018, aprovou-se o Enunciado n. 623, a saber:
“ainda que sejam muitos os condôminos, não há direito de preferência na venda da
fração de um bem entre dois coproprietários, pois a regra prevista no art. 504,
parágrafo único, do Código Civil, visa somente a resolver eventual concorrência entre
condôminos na alienação da fração a estranhos ao condomínio”.’ (Tartuce; 2020)
DA VENDA DE BENS EM CONDOMINIO OU
VENDA DE COISA COMUM
• Uma casa que possui três proprietários ; é um bem indivisível, cada um é dono de
uma parte ideal do imóvel.

direito de preferência
DA VENDA DE BENS EM CONDOMINIO OU
VENDA DE COISA COMUM

• Venda da parte indivisa do condomínio


• Condomínio tradicional, bem indivisível
• O direito de preferência só ocorre na alienação onerosa; não se aplica na
alienação gratuita.
• Se houver a venda sem observância da preferência, o negócio é INEFICAZ
em relação os condôminos preteridos.
• Não se aplica o direito de preferência se a venda foi para outro
condômino.
• Ação de Preempção – 180 dias decadencial
DA VENDA DE BENS EM CONDOMINIO OU
VENDA DE COISA COMUM

Art. 504 do CC. (...)

Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver


benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se
as partes forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a
quiserem, depositando previamente o preço.
DA VENDA DE BENS EM CONDOMINIO OU
VENDA DE COISA COMUM

• Sendo muitos os condôminos, deverá ser respeitada a seguinte


ordem, conforme parágrafo único do art. 504 do CC:

• 1. quem tiver benfeitoria de maior valor;


• 2. quem tiver o maior quinhão;
• 3. quem depositar judicialmente o preço
SITUAÇÕES ESPECIAIS DE COMPRA E VENDA

Venda mediante amostra:

• Art. 484 do CC. Se a venda se realizar à vista de amostras,


protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura
ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.
• Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo,
se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se
descreveu a coisa no contrato.
 
• Amostra: reprodução
  perfeita do objeto a ser entregue;

• Protótipo: é o primeiro exemplar do objeto criado que será entregue;

• Modelo: é um exemplo do objeto que será entregue.


Venda mediante amostra, protótipo ou modelo

Nesta modalidade o vendedor se responsabiliza para que a


qualidade do bem a ser entregue ao adquirente corresponda
efetivamente à do objeto constante do mostruário. A venda
suspensiva, se não houver a entrega da coisa de acordo com o
apresentado poderá a venda ser desfeita.
DA VENDA AD MENSURAM E AD CORPUS

• Art. 500 CC. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se
determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões
dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o
.
de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
• § 1 o Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a
diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao
comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
• § 2 o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a
medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor
correspondente ao preço ou devolver o excesso.
• § 3 o Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido
como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões,
ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus.
DA VENDA AD MENSURAM E AD CORPUS

• VENDA AD CORPUS
• É a venda de imóvel como corpo certo e determinado,
independentemente das medidas especificadas no instrumento.
• O objeto da venda é um bem compreendido como um todo. Exemplo:
uma casa, um apartamento, uma fazenda.
DA VENDA AD MENSURAM E AD CORPUS

VENDA ad mensuram

É a venda por medida de extensão, ou seja, é aquela em que o preço é


fixado com base na dimensão da área;

Exemplo: pagará 10 mil reais o metro quadrado.


DA VENDA AD MENSURAM E AD CORPUS

Na venda ad mensuram, caso a área seja superior a um vinte avos da real


(5%), poderá o comprador:
1. Se menor, exigir o complemento da área;
2. Resolver o contrato, recebendo o valor pago, através da ação redibitória;
3. Abatimento proporcional do preço, através da ação estimatória.

* Ação redibitória: desfazimento, resolução do contrato.


* Ação estimatória (quanti minoris): redução proporcional do preço pago.
DA VENDA AD MENSURAM E AD CORPUS

No entanto, se houver uma variação superior ao tolerável, então haverá


um vício. Neste caso, o comprador poderá exigir:
• Complementação da área;
• Abatimento do preço (ação quanti minoris);
• Resolução do contrato.

Além disso, se ficar evidenciada a má-fé do vendedor, haverá cumulação


com perdas e danos.
• O vendedor poderá reclamar o pagamento de diferença em virtude
do excesso, desde que provado que o desconhecia.
DA VENDA AD MENSURAM E AD CORPUS

• Art. 501. “Decai


. do direito de propor as ações previstas no artigo
antecedente o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de
um ano, a contar do registro do título.
• Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel,
atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência.”
CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA
OU PACTOS ADJETOS
CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA

RETROVENDA
.

VENDA A CONTENTO

PREEMPÇÃO

RESERVA DE DOMINIO

VENDA SOBRE DOCUMENTOS


RETROVENDA OU CLÁUSULA DE RESGATE (ARTS.505 a
508 CC) :

CONCEITO:
.

É o pacto inserido pelo qual o vendedor reserva-se o direito de reaver o


imóvel alienado dento de um determinado prazo, restituindo o preço e
reembolsando todas as benfeitorias feitas no período de resgate.
- Aplica-se somente a bens imóveis.
RETROVENDA OU CLÁUSULA DE RESGATE:

Art. 505. O vendedor


. de coisa imóvel pode reservar-se o direito de
recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o
preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as
que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização
escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
RETROVENDA OU CLÁUSULA DE RESGATE

• Natureza jurídica:
• Trata-se de um. pacto acessório, adjeto ao contrato de compra e venda.
Caracteriza-se como condição resolutiva expressa, trazendo como
consequência o desfazimento da venda, retornando as partes ao estado
anterior.
• Não constitui nova alienação e, por isso, não incide o imposto de
transmissão inter vivos.
• Prazo decadencial máximo de 03 (três) anos.
• Avençada a retrovenda por prazo maior, operará o limite legal;
CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA

• RECUSA- DEPÓSITO JUDICIAL INTEGRAL

• Art. 506. Se o. comprador se recusar a receber as quantias a que faz


jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará
judicialmente.
• Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não
será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não
for integralmente pago o comprador.
CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA

• TRANSMISSÃO A HERDEIROS E LEGATÁRIOS E EXERCIDO CONTRA


TERCEIROS .

• Art. 507 do CC. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a


herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro
adquirente.
• A retrovenda .pode ser oposta a terceiros, por isto deve ser expressa
• Assim, a cláusula de retrovenda grava o bem em si mesmo, de forma
que os terceiros devem ser compelidos a respeitar a retrovenda: é uma
eficácia erga omnes dentro de uma relação obrigacional.
CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA

• DIREITO CONJUNTO E SÓ UM EXERCE A ELE PERTENCERÁ O BEM


.

• Art. 508 do CC. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato


sobre o mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar
as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem
haja efetuado o depósito, contanto que seja integral.
VENDA A CONTENTO ( ART 509 CC)

• É uma cláusula subordinativa de efeitos (condição suspensiva) fazendo


com que a eficácia
.
do negócio fique subordinada ao agrado do
comprador.

• Se o comprador se agradar, o contrato produz seus regulares efeitos.

• Depende exclusivamente da vontade do comprador


VENDA A CONTENTO ( ART 509 CC)

Art. 509 do CC .
A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob
condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se
reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
VENDA A CONTENTO ( ART 509 CC)

.
CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA

• O comprador que recebe a coisa será considerado comodatário –


empréstimo gratuito
. de coisas infungíveis- ate que se manifeste
aceitando-a ou não
• Prazo para que se manifeste deve ser fixado no contrato, em sua
falta poderá intimar o comprador judicialmente ou não para que
exerça seu direito em prazo determinado pelo vendedor.
VENDA SUJEITA A PROVA

• Contrato se reputa celebrado depois que o comprador comprovar que


a coisa tem as. qualidades asseguradas pelo vendedor e seja adequada
para a finalidade a que destina;

• Na venda a contento basta que o produto não seja de seu agrado;

• Aplica-se as mesmas disposições da venda a contento


VENDA A CONTENTO E SUJEITA A PROVA

• Art. 511 do CC. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que


recebeu, sob condição
. suspensiva, a coisa comprada, são as de mero
comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.
• Art. 512 do CC. Não havendo prazo estipulado para a declaração do
comprador, o vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou
extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.
PREEMPÇÃO

.
•Na preempção o comprador se obriga a oferecer ao vendedor
a coisa objeto do contrato (móvel ou imóvel), se caso o
comprador for vendê-la a terceiro ou dá-la em pagamento,
para que o comprador use de seu direito de prelação na
compra.
PREEMPÇÃO

Prazo para o exercício da preempção:


.
a)se a coisa for móvel, não poderá exceder 180 dias.

b)se for imóvel, não poderá exceder 2 anos.

Obs. – inexistindo prazo estipulado o direito de preempção


caducará em 3 dias se for móvel, ou 60 dias se for imóvel.
PREEMPÇÃO

Se houver cláusula
.
de preempção e o comprador alienar a
coisa sem ter dado ciência ao vendedor do preço e das
vantagens que por ela lhe ofereceram, responderá por
perdas e danos. Se o adquirente estiver de má fé,
responde solidariamente.

O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos


herdeiros
VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO

• Domínio permanece com o vendedor até o adimplemento final;


• Consiste em uma
. venda condicional aperfeiçoada com a pagamento
• Restringe-se a bens movéis
• Exige forma escrita
• Se o comprador está em mora, o vendedor tem duas opções: mover
ação de cobranças das prestações vencidas e vincendas e o que mais
lhe for devido ou reaver a posse da coisa vendida
Ocorre a reserva de domínio quando se estipula em contrato
de compra e venda de coisa móvel infungível (regra), que o
vendedor reserve
. para si a propriedade do bem, até o
momento em que se realize o pagamento integral do preço,
quando o negócio terá eficácia plena. O vendedor transfere
ao comprador a posse da coisa, mas conserva a propriedade
até o pagamento.
VENDA SOBRE DOCUMENTOS

Não há tradição
. da coisa substituída pela entrega do seu título
representativo.
Pagamento deve ser efetuado na data e no lugar da entrega dos
documentos
O contrato é executado mediante a entrega de documentos
que representam a coisa, ou seja, tradição simbólica da coisa
CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA

Ano: 2008 Banca: FMP Concursos Órgão: TCE-MT Prova: FMP


Concursos - 2008
. - TCE-MT - Procurador de Contas
A cláusula de retrovenda pode ser aplicada
A somente a imóveis.
B a qualquer bem, móvel ou imóvel.
C a coisas consumíveis.
D somente a bens fungíveis.
E nos contratos internacionais sobre bens futuros.
CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA

• Ano: 2019 Banca: FUNDATEC Órgão: Prefeitura de Chuí - RS Prova:


FUNDATEC - 2019 - Prefeitura de Chuí - RS - Advogado
• Em relação à compra e venda, a cláusula de reserva de domínio:
.
• A É vedada expressamente pelo Código Civil.
• B É permitida para alienação de bens imóveis.
• C Pode ser estipulada por escrito ou ser acordada verbalmente.
• D Terá por objeto bens fungíveis, sendo vedada para negociação de bens
infungíveis.
• E É aquela em que o vendedor reserva para si a propriedade, até que o
preço seja integralmente pago.
CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA

.
CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA

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