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COMPRA E VENDA
TOMO II
Modalidades e perturbações típicas
da compra e venda
• 1. Venda com reservada propriedade
• 2. Venda de bens futuros, frutos pendentes e de partes
componentes ou integrantes de uma coisa
• 3. Compra e venda de bens de existência ou titularidade incerta
• 4. Compra e venda de coisas sujeitas a pesagem, contagem e
medição
• 5. Venda a contento e sujeita a prova
• Venda a retro
• Venda a prestações
• Locação-venda
• Compra e venda sobre documentos
• A, antiquário, vende a B, uma cómoda pelo preço de 1000 euros.
O contrato contém uma cláusula por força da qual A reserva para
si a propriedade do bem até que B lhe pague a totalidade do
preço. Entretanto B, mesmo sem pagar o devido, vende a cómoda
a C. C apresenta-se, então, junto de A e exige a entrega da
cómoda. A invoca a cláusula de reserva de propriedade, mas C
responde que o por se tratar de uma cláusula de um contrato
entre A e B essa cláusula é relativamente a ele res inter alios e,
destarte, lhe não é oponível. Tem razão?
•1: A v B
•2: B v A
• Há dois negócios
• Não se aplica, na retrovenda, ao negócio de B
para A (2) o regime dos artigos 432.º e
seguintes do Código Civil.
• Vale, isso sim para este negócio o regime da
compra e venda – cabendo a A todos os
normais direitos de um comprador – e
nomeadamente a disciplina das respetivas
perturbações típicas
• Ainda assim o esquema contratual complexo
constituído pela retrovenda não ficará, parece,
totalmente alheio às regras da venda a retro.
• Na verdade, as limitações existentes a
propósito da venda a retro quanto a prazos e
preços devem considerar-se extensíveis à
retrovenda. É a identidade de situações, a este
nível, a justificá-lo. Não fosse assim estava
aberta a porta para defraudar o regime da
venda a retro.
• A Venda a retro foi frequentemente temida
por se entender que podia representar um
negócio usurário. O nosso Direito admitiu a
compra e venda a retro mas com cautelas.
• Quais são essas cautelas?
• Em primeiro lugar o preço a pagar pela
resolução não pode ser superior ao da compra
e venda inicial.
• Como forma de evitar que a eficácia real da
cláusula de venda a retro represente, por
tempo excessivo e indeterminado, um entrave
à circulação de bens o nosso Código Civil fixou,
no art. 929.º, um prazo improrrogável para o
exercício do direito de resolução:
• dois ou cinco anos a contar da data da venda
consoante esta seja de bens móveis ou
imóveis, salvo estipulação de prazo mais
curto.
• Decorrido o prazo deixa de ser possível
proceder à resolução da venda, mesmo
quando o comprador dê o seu assentimento a
essa resolução. Esse assentimento pode levar
a uma nova compra e venda, mas não à
resolução da compra e venda a retro.
• A existência de um prazo imperativo para o
exercício do direito de resolução não impede
as partes de, dentro desse prazo resolutivo,
fixarem um prazo suspensivo, de modo a
apenas permitir a resolução do contrato
decorrido certo período.
• Se a venda a retro respeitar a coisas imóveis, a
resolução deverá ainda ser reduzida a
escritura pública ou documento particular
autenticado nos quinze dias imediatos, com
ou sem intervenção do comprador (artigo
930.º do Código Civil).
• No silêncio do contrato, a resolução fica sem
efeito se, dentro do prazo de quinze dias, o
vendedor não fizer ao comprador oferta real
das importâncias líquidas que haja de pagar-
lhe a título de reembolso do preço e das
despesas e outras acessórias (artigo 931.º do
Código Civil).
• Neste caso o comprador recusa-se
antecipadamente a entregar a coisa. O
vendedor pode invocar a exceção de não
cumprimento.
• Cumpridos os requisitos da resolução tem o
comprador a obrigação de entregar a coisa ao
vendedor.
• No tocante ao risco de perda ou deterioração
da coisa considera PEDRO ROMANO
MARTINEZ correr ele por conta do comprador,
nos termos do artigo 796.º/3 do Código Civil.
• Porém, a resolução do contrato é colocada na
dependência da vontade de uma das partes:
logo não estamos diante de uma autêntica
condição resolutiva.
• na venda a retro, o comprador é possuidor de
boa fé. Significa isso responder ele apenas
pela perda ou deterioração da coisa se tiver
procedido com culpa (1269.º do Código Civil).
Havendo, pois, negligência ou dolo do
comprador, se o vendedor pretender exercer o
direito de resolução do contrato pode
demandar o comprador pelos prejuízos
causados.
• Tratando-se de perda fortuita o que sucederá,
normalmente, é o vendedor não exercer o
direito de resolução, por não ter nisso
qualquer interesse, acabando a propriedade
por se consolidar na esfera jurídica do
comprador que, destarte, acaba por ter de
suportar o risco de perda da coisa, mas por
motivo completamente diverso do artigo
796.º/3 do Código Civil.
• Além disso, se o alienante, ignorando o
desaparecimento da coisa, notificar o
comprador da resolução: