A serva de propriedade tem uma função de garantia, pois em falta de pagamento
do preço o vendedor poderá invocar a resolução do contrato, não funcionando,
nesta hipótese o limite ao direito de resolução estabelecido pelo artigo 886º. Por outro lado, o bem vendido não poderá ser penhorado por outros credores do adquirente, pois a propriedade ainda não lhe pertence. Ou seja, essa coisa continua na titularidade do vendedor que de tal forma se protege perante os riscos de insolvência do adquirente. àQuestão da oponibilidade da cláusula de reserva de propriedade aos credores e adquirentes do vendedor. No caso de insolvência, atendendo ao artigos 104/1o do Código de insolvência e da recuperação de empresas, o comprador poderia exigir (CONTINUAR) De acordo com as informações que nos são fornecidas, importa determinar se for respeitada a forma. Relativamente à forma, a cláusula de reserva de propriedade está sujeita às mesmas exigências e formalidades que o contrato no qual se encontra inserida, podendo ser consensual se a própria venda o for. Uma vez que se trata de um quadro (coisa móvel), estamos no âmbito do preceito 219o do CC que contempla o princípio da liberdade de forma.à104/4o atenção (para efeitos de insolvência) Finalidade ( da clausula de garantia para o vendedor Quando Bernardina vende o quadro a Carlos, ainda não é proprietária desse bem. Desse modo poderíamos considerar que Bernardina vendeu coisa alheia.
Ainda assim, importa aferir a oponibilidade da cláusula de reserva de propriedade
quando não esteja sujeita a registo, a terceiro: • Por um lado temos a posição do Senhor Professor Pedro Romano Martinez e Vaz Serra que consideram que a cláusula de reserva de propriedade terá eficácia interpartes mas não será oponível a terceiros. • Por outro lado, temos a posição do senhor professor regente, que é a communis opinio da qual extraímos a ideia de que, não havendo obrigatoriedade de registo, a cláusula de reserva é sempre oponível a terceiros de boa-fé. (Apesar de, face a terceiros, o comprador aparentar ser o proprietário, o vendedor pode opor a sua situação de proprietário a terceiro). Argumentação do Senhor Professor à Em relação à ideia de uma necessidade de tutela da aparência e paralelo com a figura do penhor (669o) e compra e venda a comerciante (1301o): o professor diz-nos que não procede o argumento. A solução estaria vertida nessas duas hipóteses mas não na compra e venda com reserva da propriedade (não admite analogia). à Em relação à relatividade dos contratos (406o/2 do CC). Para o professor este argumento também não procede pois significaria que a transferência da coisa e a titularidade não poderiam ser alegadas perante terceiros. Isso não acontece, porque se trata de direito real oponível perante terceiros. à Sobre o argumento de que não faria sentido que, nos imóveis, dependesse do registo, a oponibilidade da cláusula, e que, nos móveis, fosse oponível erga omnes. O Senhor Professor responde que levada às ultimas consequências: os negócios sobre coisas móveis nunca poderiam ser oponíveis perante terceiros de boa fé. àPor fim, em relação à ideia de que em caso de incumprimento, designadamente pela falta de pagamento de preço, cabe ao vendedor resolver o contrato nos termos admitido no 886o do CC, mas nos termos do 435o/1 do CC, a resolução não prejudica os terceiros de boa-fé. Mas o professor argumenta que na compra e venda com reserva de propriedade, o vendedor não afeta nenhum direito adquirido por terceiro, dado o comprador, por não ser proprietário, não poder transmitir ou alienar mais do que os próprios direitos de que é titular. Pode a cláusula de reserva de propriedade ser invocada por Afonso? Sim, pode. Concluir-se que que a cláusula poderia ser invocada por A. Natureza; transmissibilidade; pagamento (condição); transferência de risco; cumprimento de propriedade