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Oposição à penhora:

Atendendo a que já sabemos que fundamentos podem existir para a oposição à


penhora, que nós vamos encontrar aqui nestes dois artigos que estão previstos no
código, e que nós temos de ligar isto com as regras que nós vimos acerca do que é que
pode ou não, ser penhorado, ou seja, do que é absolutamente impenhorável, do que é
relativamente impenhorável, daquilo que objetivamente não é penhorável, uma penhora
que ultrapasse os limites do razoável, etc.

Quanto “a uma penhora que ultrapasse os limites do razoável”, nós na última


aula tínhamos falado nas limitações à penhora, no que diz respeito a ela não puder ser
desproporcionada, e de não puder ser também ultrapassar determinados padrões
(aqueles 20% ou 30%), ou seja, o próprio agente de execução tem de estar atento para
ver se não ultrapassa na penhora, aquilo que a lei faz determinar, nomeadamente, no que
é a previsão dos custos com a execução. Tão depressa tem de estar limitado a isso, como
vimos na última aula, como tem de estar limitado à proporcionalidade. Além de haver
uma sequência lógica na penhora naquilo que é mais convertível em dinheiro,
naturalmente.

Neste medida, todos os exemplos que nós vimos de impenhorabilidades parciais


ou totais, absolutas ou relativas, todos esses exemplos são fundamentos para não tendo
sido observados, serem um fundamento para oposição à penhora. O que eu vou atacar
na oposição à penhora é que eu não quero que aquele bem, ou eu não quero que na
totalidade daquele bem, ou eu não quero que primeiramente aquele bem, responda pelo
crédito.

Dentro daqueles exemplos, eu também posso ter que o agente de execução,


quando faz o auto de penhora, em relação a um bem móvel, estima, para além do
capital, dos juros, e de todas aquelas verbas que nós falamos atrás, ele também tem
de estimar aquilo que são os juros vincendos.

Portanto, há ali uma parte aleatória, no sentido que há ali uma oscilação que
pode vir a ser liquidado afinal. Mas quando se ultrapassa, nessa previsão, aqueles
valores dos 20%, 15% ou 5% dependente do valor da causa, também temos um
fundamento para nos opormos à penhora de um bem que ultrapassa e muito o valor que
está mal calculado.

O artigo 735º CPC faz aqui algumas referências à limitação daquilo que pode
ser objeto de penhora, no fundo, da execução dos bens que podem ser penhorados.

Artigo 735.º: Objeto da execução


1 - Estão sujeitos à execução todos os bens do devedor suscetíveis de penhora que, nos termos da lei substantiva,
respondem pela dívida exequenda.
2 - Nos casos especialmente previstos na lei, podem ser penhorados bens de terceiro, desde que a execução tenha
sido movida contra ele.
3 - A penhora limita-se aos bens necessários ao pagamento da dívida exequenda e das despesas previsíveis da
execução, as quais se presumem, para o efeito de realização da penhora e sem prejuízo de ulterior liquidação, no
valor de 20 %, 10 % e 5 % do valor da execução, consoante, respetivamente, este caiba na alçada do tribunal da
comarca, a exceda, sem exceder o valor de quatro vezes a alçada do tribunal da Relação, ou seja superior a este
último valor.

No fundo este artigo é um reflexo do princípio da proporcionalidade, por


exemplo, tenho bens móveis, com certeza na casa de alguém, para cobrar 150 euros de
uma execução, eu não vou estar a penhorar, por exemplo, primeiro a casa de uma
pessoa, quando se pode primeiro penhorar os móveis dessa mesma casa daquela pessoa,
porque é desproporcionado. Eu não estou a atacar a divida em si, o valor do crédito,
eu não estou a dizer que não pode haver execução, eu estou a dizer que este bem, não
deve ser ele a responder pela divida, deve ser outro.

Portanto, a ordem da realização cá esta neste artigo 751º CPC. No número 1


refere-se aquilo que seja mais adequado, mais proporcional, lá está, que seja de mais
fácil realização, por isso é que um salário é mais fácil que penhorar do que ir andar atrás
de automóvel, embora a penhora seja imediatamente feita:

Exemplo: eu tenho uma divida de 5 mil euros e só tenho 1 automóvel, que vale 7, 500
euros, e alguém vai ser o primeiro numa ordem temporal, em penhoras sucessivas, a que
aquele bem seja sujeito. O mesmo bem pode ser sujeito a várias penhoras, em
processos diferentes. Coisa diferente é saber que eu só tenho este bem que vale 7, 500
euros. A primeira execução, a que entra em primeiro no tribunal, não é a primeira a ser
paga com o produto da venda deste bem que venha a ser penhorado. Qual é a primeira
a que vem a ser paga? A que tiver o primeiro registo, no caso dos bens que são
sujeitos a registo. Nos que não são sujeitos a registo, a partir da data do auto da penhora
de apreensão efetiva.

Artigo 751.º: Ordem de realização da penhora


1 - A penhora começa pelos bens cujo valor pecuniário seja de mais fácil realização e se mostrem adequados ao
montante do crédito do exequente = (ADEQUAÇÃO/PROPORCIONALIDADE).
2 - O agente de execução deve respeitar as indicações do exequente sobre os bens que pretende ver
prioritariamente penhorados, salvo se elas violarem norma legal imperativa, ofenderem o princípio da
proporcionalidade da penhora ou infringirem manifestamente a regra estabelecida no número anterior.
3 - Ainda que não se adeque, por excesso, ao montante do crédito exequendo, é admissível a penhora de bens
imóveis que não sejam a habitação própria permanente do executado, ou de estabelecimento comercial, desde que
a penhora de outros bens presumivelmente não permita a satisfação integral do credor no prazo de seis meses.
4 - Caso o imóvel seja a habitação própria permanente do executado, só pode ser penhorado:
a) Em execução de valor igual ou inferior ao dobro do valor da alçada do tribunal de 1.ª instância, se a penhora de
outros bens presumivelmente não permitir a satisfação integral do credor no prazo de 30 meses;
b) Em execução de valor superior ao dobro do valor da alçada do tribunal de 1.ª instância, se a penhora de outros
bens presumivelmente não permitir a satisfação integral do credor no prazo de 12 meses.
5 - A penhora pode ser reforçada ou substituída pelo agente de execução nos seguintes casos:
a) Quando o executado requeira ao agente de execução, no prazo da oposição à penhora, a substituição dos bens
penhorados por outros que igualmente assegurem os fins da execução, desde que a isso não se oponha o exequente;
b) Quando seja ou se torne manifesta a insuficiência dos bens penhorados;
c) Quando os bens penhorados não sejam livres e desembaraçados e o executado tenha outros que o sejam;
d) Quando sejam recebidos embargos de terceiro contra a penhora, ou seja a execução sobre os bens suspensa por
oposição a esta deduzida pelo executado;
e) Quando o exequente desista da penhora, por sobre os bens penhorados incidir penhora anterior;
f) Quando o devedor subsidiário, não previamente citado, invoque o benefício da excussão prévia.
6 - Nos casos previstos na alínea a) do número anterior em que se verifique oposição à penhora, o agente de
execução remete o requerimento e a oposição ao juiz, para decisão.
7 - Em caso de substituição, e sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo 745.º, só depois da nova penhora é
levantada a que incide sobre os bens substituídos.
8 - O executado que se oponha à execução pode, no ato da oposição, requerer a substituição da penhora por caução
idónea que igualmente garanta os fins da execução.

Há um artigo aqui no código que diz que os agentes de execução têm 3 prazos
com que lidar:
 um grupo deles são os prazos definidos na lei: por exemplo, ele cita o
executado para pagar ou nomear bens à penhora; ou para se opor à
execução, e ele tem de aguardar, por exemplo, os 20 dias que são
concedidos ao executado para fazer qualquer uma das 3 coisas, para a
seguir praticar qualquer ato. Porquê? porque ele tem de esperar que
corram os 20 dias para o executado fazer alguma coisa.
 Depois para a prática de notificações, e afins, tem 5 dias;
 E, para todos os outros atos, 10 dias.

O quê que isto quer dizer? é importante porque temos de saber que ele tem
prazos para praticar os atos, porque se ele não praticar, no limite, posso reclamar
com o juiz. Claro que também tenho um prazo para reclamar com o juiz dos atos
do agente de execução.

Portanto, isto tem de ser observado, e todas estas coisas que não se verificam,
podem, realmente, ser fundamento para oposição à penhora. Então, o artigo 784º
CPC faz nos esta referência, e diz nos quais são os 3 grupos de hipóteses, que as
pessoas têm para opor-se à penhora:

Artigo 784.º: Fundamentos da oposição


1 - Sendo penhorados bens pertencentes ao executado, pode este opor-se à penhora com algum dos seguintes
fundamentos:
a) Inadmissibilidade da penhora dos bens concretamente apreendidos ou da extensão com que ela foi realizada;
b) Imediata penhora de bens que só subsidiariamente respondam pela dívida exequenda;
c) Incidência da penhora sobre bens que, não respondendo, nos termos do direito substantivo, pela dívida
exequenda, não deviam ter sido atingidos pela diligência.
2 - Quando a oposição se funde na existência de patrimónios separados, deve o executado indicar logo os bens,
integrados no património autónomo que responde pela dívida exequenda, que tenha em seu poder e estejam sujeitos
à penhora.

1. Inadmissibilidade da penhora dos bens concretamente apreendidos ou da


extensão com que ela foi realizada.
Exemplo: penhoras de um jazi.

2. Imediata penhora de bens que só subsidiariamente respondam pela dívida


exequenda.
Exemplo: uma divida de só um dos cônjuges em que eu primeiro começo
pela meação, invés de ir primeiro aos bens próprios daquele cônjuge.
Porquê? porque há uma regra de subsidiariedade: ou quando eu estou a
demandar, o devedor principal e fiador, em que não foi afastado o benefício
da excussão prévia, portanto, eu primeiro tinha que ir ao património de 1, e
só depois é que podia ir ao património do outro. Não estou a atacar a
obrigação exequenda, nem estou a atacar pressupostos processuais.
Estou a atacar o bem que está a ser objeto de penhora.

3. Bens que, não respondendo, nos termos do direito substantivo, pela dívida
exequenda, não deviam ter sido atingidos.
Exemplo: apesar de aqui dizer “nos termos do direito substantivo”, temos
também regras, que falamos anteriormente, sobre não puder penhorar mais
do que 1/3 do salário, tudo aqui são verdadeiramente normas substantivas
sobre penhorar ou não um determinado bem.

Este artigo tem haver com os fundamentos, e o artigo seguinte tem haver com o
processamento do incidente:

Artigo 785.º: Processamento do incidente


1 - A oposição é apresentada no prazo de 10 dias a contar da notificação do ato da penhora.
2 - O incidente de oposição à penhora segue os termos dos artigos 293.º a 295.º, aplicando-se ainda, com as
necessárias adaptações, o disposto nos n.os 1 e 3 do artigo 732.º.
3 - A execução só é suspensa se o executado prestar caução; a suspensão circunscreve-se aos bens a que a oposição
respeita, podendo a execução prosseguir sobre outros bens que sejam penhorados.
4 - Se a oposição respeitar ao imóvel que constitua habitação efetiva do executado, aplica-se o disposto no n.º 5 do
artigo 733.º.
5 - Quando a execução prossiga, nem o exequente nem qualquer outro credor pode obter pagamento na pendência
da oposição, sem prestar caução.
6 - A procedência da oposição à penhora determina que o agente de execução proceda ao levantamento desta e ao
cancelamento de eventuais registos.

Portanto, voltamos a ter aqui um incidente, que corre por apenso, que é o
juiz que vai conhecer dele. Portanto, tal como os embargos de executado; tal como os
embargos de terceiro; tal como, por exemplo, uma habilitação que se faça porque morre
alguém durante a execução; tal como quando eu quero fazer aquelas diligências
complementares-iniciais para liquidar/ para tornar líquida a obrigação, ou seja, a
obrigação não é líquida, há uma sentença que condena a pagar X + aquilo que resultar
dos danos decorrentes de uma operação que ainda vai fazer depois da condenação, ainda
tem que fazer uma estética. Nós vimos, que tem no início da execução, liquidar aquela
verba, para saber o valor a que corresponde aquilo em termos de valor a executar.

Nesses casos, quando nós fazemos aquele incidente prévio para determinar que o
montante é, com o exercício do contraditório, o juiz também vai conhecer disso. É por
isso que nessas ações, elas saem do patamar das ações que seguem a forma sumária.
Porquê? porque têm despacho liminar do juiz, o juiz tem que fazer exercer o
contraditório, ele tem que ver o requerimento inicial, vê que a parte quer liquidar uma
verba com base nisto e naquilo, e agora vai fazer com que o contraditório se exerça.

Portanto, todas estas lógicas têm a ver com aquilo que é, mais um incidente, em
que o juiz vai conhecer desta questão da oposição à penhora.

Portanto, quanto ao processamento, que está no artigo a seguir, nós vemos que
estes 2 artigos estão na parte relativa à execução ordinária. Mas também há oposição à
penhora na sumária, prevista no artigo 856º CPC:
Artigo 856.º: Oposição à execução e à penhora
1 - Feita a penhora, é o executado citado para a execução e, em simultâneo, notificado do ato de penhora, podendo
deduzir, no prazo de 20 dias, embargos de executado e oposição à penhora.
2 - A citação do executado deve ter lugar no próprio ato da penhora, sempre que ele esteja presente; se não estiver,
a citação realiza-se no prazo de cinco dias, contados da efetivação da penhora.
3 - Com os embargos de executado é cumulada a oposição à penhora que o executado pretenda deduzir.
4 - Quando não se cumule com os embargos de executado, é aplicável ao incidente de oposição à penhora o disposto
nos n.os 2 a 6 do artigo 785.º.
5 - O executado que se oponha à execução pode, na oposição, requerer a substituição da penhora por caução idónea
que igualmente garanta os fins da execução.

O artigo inicia por “feita a penhora”, o que mais uma vez demonstra que
primeiro penhorasse, e só depois é que alguém se pode vir opor quer à execução,
quer à penhora. O executado é citado para a execução e, em simultâneo, notificado
do ato de penhora. Embora, aquilo vá tudo no mesmo momento, temos de saber que
cita para a execução e notifica propriamente para a penhora.

O número 1 conclui a dizer que podendo deduzir no prazo de 20 dias, as duas


formas de exercer o contraditório/ de se defender: embargar de executado e/ou opor-
se à penhora.

Aqui são 20 dias, porque na outra são 10 dias. É importante novamente


relembrar o seguinte:

Ação ordinária

Entra o requerimento inicial.


Cita-se o executado para pagar ou nomear bens à penhora.
Se ele não paga nem nomeia bens à penhora. Então, o agente de execução vai atrás
dele para fazer a Penhora.
Os embargos decorrem, não têm efeito suspensivo (por regra), portanto continua a
ação executiva, e o exequente nomeia à penhora, o bem XPTO.
O incidente dos embargos está a acontecer, e continua a ação executiva, portanto, o
momento a seguir é ele não indicou bens à penhora, então agora vai o exequente
dizer ou vai o agente de execução atrás, lá naquela tal busca, dizer que vão penhorar +
do máximo que podem do salário, mais do que é possível.
Então, ele vai ser notificado da penhora, tal como a entidade patronal vai ser
notificada para fazer à penhora, ele depois também é e vai se opor à penhora.
A partir do momento em que ele é notificado, decorrida a dilação, e aqui tem 10 dias
para se opor à penhora.
Lá atrás ele teve 20 dias para se opor à penhora, mas agora, noutro momento, vai ter
10 dias se se quiser opor à penhora.

Exemplo: Imaginem que ele tem procedência numa oposição à penhora, e, entretanto o
exequente nomeia outro bem, por ali por uns tempos, descobre que ele tem uma mota a
arranjar e penhora, ele (o executado) vai ser notificado outra vez, portanto, por cada
bem penhorado, o executado é notificado. Portanto, notificam-no outra vez, e ele tem
10 dias para se opor, e vem dizer que foi ele que a foi pôr a arranjar mas é apenas um
mero arrendatário, possuo em nome de X pessoa. Lá vem ele outra vez opor-se nos 10
dias, dizendo que a mota não era dele, e tem de ser notificado para o fazer.
Ação sumária

É diferente, da ação ordinária, porque numa primeira fase, tudo acontece ao mesmo
tempo.
Ele é conhecedor da execução e da penhora, porque primeiro tem de ser penhorado
os bens.
Neste caso, se penhorar mais bens depois, a coisa já vai correr de outra forma,
porque este consumir dos 10 dias da oposição à penhora, nos 10 dias da oposição
por embargos, faz sentido, porque este é maior, consome o mais pequeno e é tudo
ao mesmo tempo. O prazo maior consome o menor.
Mas se for uma penhora mais para a frente vai ser os 10 dias na mesma.

Exemplo: Imaginem, se mais tarde, ele opõe-se à penhora e tem sucesso, daqui por 3
meses nomeia-se outro meio à penhora, ele só vai ter 10 dias, porque ele só tem os 20
dias à custa de se estar a opor à execução, e a execução só se pode opor apenas uma vez
(a primeira vez). Ele só poderá, em relação à execução, factos supervenientes, isto é,
questões que supervenientemente sejam admissíveis perante o direito, que ele possa vir
trazer ao processo, caso contrário não pode, é um ónus que preclude.

Nos termos do número 4 do artigo 856º CPC, “quando não se cumule com os
embargos de executado, é aplicável ao incidente de oposição à penhora o disposto
nos números 2 a 6 do artigo 785.º. CPC”, precisamente porque, posteriormente eu
posso nomear um bem à penhora, e posso querer me opor à execução, e claro que aqui
não vou ter 20 dias, mas sim 10 dias.

Também temos aqui a nota do número 5 do artigo 856º CPC, em que “o


executado que se oponha à execução pode, na oposição, requerer a substituição da
penhora por caução idónea que igualmente garanta os fins da execução”. Aqui na
oposição à penhora, contrariamente ao que acontece na oposição à execução através de
embargos, em que os motivos para se requerer a suspensão são taxativos e
fundamentados, mesmo naquele caso em que pode ser o executado a requerer o efeito
suspensivo, ele tem de demonstrar o prejuízo que possa ter com a prossecução da
ação executiva.

Eu tenho de demonstrar porque que eu estou a requerer a suspensão, que


tem que ficar condicionada à prestação de uma caução, demonstrando e alegando
factos que justifiquem, fundamentem, que há um inconveniente grave se a
execução prosseguir; ou então tem que ser um dos outros exemplos que estão lá
taxados e que são possíveis de querer a suspensão.

Ele aqui pode querer suscitar a caução, requerer-lha, sem ter de justificar o
porquê, desde que garanta que com a caução fique assegurado os juros, as despesas do
agente de execução, etc. senão o juiz não consegue.

Aqui é diferente, quer neste artigo quer na possibilidade lá atrás que nós
estávamos a ver do processamento do incidente, previsto no artigo 785º CPC.
Portanto, não podemos esquecer que quando estamos a falar de ação ordinária é este
regime do artigo 785º CPC, e quando estamos a falar da ação sumária temos de ir ao
artigo 856º CPC. Portanto, aqui temos 10 dias, segue os termos dos artigos 293º a
295º CPC, são os normativos para os incidentes da instância, tudo o que tiver de haver
com os incidentes, quando a se aplica, quando/como é que se invoca a prova, não pode
ser indicada mais do que 3 testemunhas, etc. são regras muito importantes que temos de
fazer remissão no nosso código.

Depois o número 3 volta a ter aqui relevância, que se prende com o que é que o
executado pode fazer se lhe penhoraram um bem que não é dele ou que não pode
responder totalmente pela divida, temos que ir ver se havia fundamento para aquela
hipótese, ser um fundamento de oposição à penhora. E depois, e se ele deitar mão do
número 3 do artigo 785º CPC, ele pode requerer a prestação de caução para
suspender a execução, para não ficar com a indisponibilidade efetiva daquele bem que
está penhorado.

Aqui o que diz “a suspensão circunscreve-se aos bens a que a oposição


respeita, podendo a prossecução seguir quanto aos outros”.

Portanto, era isto que tínhamos a dizer no que diz respeito à oposição à
penhora.

Nota: o artigo 784º CPC não é uma oposição à penhora.

Qual é o exercício do contraditório do executado numa ação executiva?


 Opor-se à execução se quiser atacar a obrigação exequenda e os
pressupostos processuais.
E/ OU (ele pode cumular as duas coisas)
 Opor-se não à execução (ou seja, ele não põe em causa que deve, que aquilo é
um título executivo, está tudo certo) mas aquele bem não pode ser penhorado.
E, o executado vai se opor à penhora o executado. Só se pode opor à penhora
o executado, o exequente ou um terceiro não podem.

Quais são os fundamentos para oposição através de embargos de terceiro?


 Ser possuidor ou ser proprietário ou ser detentor de um direito
incompatível com a penhora.

É por isso que temos de ver os efeitos da penhora, porque há direitos que não
são incompatíveis com a penhora, por exemplo, se eu tiver um arrendamento
sobre um bem que é propriedade do executado, desde que não seja um
arrendamento sujeito a registo (superior 16 anos) porque esses são sujeitos a
registo e depois funcionam por ordem temporal, mas se for um arrendamento
normal, o senhor transmite na venda do bem penhora, o bem com o
arrendamento atrás, porque o direito obrigacional não é incompatível com o
direito real de garantia, que é a penhora.

Se invés do arrendamento, se tiver um usufruto, já estamos a falar noutro


domínio. Aqui nós temos realmente um direito incompatível, se eu quiser
vender a totalidade da propriedade do bem, já não posso, porquê? Porque o
terceiro (usufrutuário) vem dizer, que não pode ser porque ele tem o usufruto,
eles só podiam querer vender a nua propriedade, o prédio todo não podem.
Então, ele vem defender o seu direito, que é o direito de usufruto que é
incompatível com a penhora.
Também podemos ter outra hipótese: imaginem que o terceiro é arrendatário,
ou seja, tem o arrendamento em nome do executado. Nós já sabemos que
presume-se a propriedade a quem tem a posse do bem arrendado. Se o
terceiro, arrendatário, que não é parte, vem dizer que tem um arrendamento, e
portanto, diz que se vem opor com legitimidade a esta penhora, e o exequente
contesta, são recebidos os embargos, se tiverem em prazo e se tiverem o
fundamento que a lei prevê, são recebidos pelo juiz (há despacho liminar nos
embargos de terceiro, nos embargos de executado, e na oposição à penhora,
contrariamente a execução propriamente dita que corre sob a forma ordinária,
essa também tem, mas a sumária não tem, os outros incidentes têm todos
intervenção primeira do juiz, ele recebe-os ou recusa-os, podem estar fora do
prazo, podem não ter o fundamento previsto na lei, e o juiz indefere, nem chega
ao conhecimento do exequente) mas ele recebe-os e depois é que notifica a outra
parte para contestar/exercer o contraditório. Mas bem o exequente vem
contestar. Não pode ser, isto tem que improceder, porque este terceiro, apesar de
ser terceiro, ele possui em nome do executado, portanto, o bem pode ir.

Se ele possuir em nome de outra pessoa, imaginem que ele é arrendatário de


um senhor emigrado na Suíça, que por acaso é vizinho do executado, portanto,
houve ali uma confusão nas casas, aí ele pode defender-se e vai ganhar os
embargos se disser que possui, mas que possui em nome de um terceiro que é o
senhor XPTO, que é o meu senhorio, o arrendatário, neste regime obrigacional, e
ele pode usar estes argumentos, para, em nome do proprietário, defender a posse,
a posse faz presumir a propriedade, o exequente é que tem de ilidir a presunção,
se ninguém disser mais nada, caso contrário, se ele não vier dizer nada e se ele
for arrendatário do executado, este terceiro ganha os embargos.

Mas, se realmente ninguém dizer mais nada, face à presunção, quem tem
que ilidir a presunção é o outro, se o outro não ilidir, ele ganha os
embargos.

Se ele possuir em nome de uma terceira pessoa, pode estar sozinho a defender a
propriedade subjacente à posse, bem dizer que possui mas que possui em nome
de um terceiro, e vai ganhar os seus embargos.

O mesmo acontece com o usufrutuário. Só se vende a nua propriedade e


não o usufruto.

NÃO NOS PODEMOS ESQUECER QUE EMBARGA DE TERCEIRO QUEM É


TERCEIRO, E EMBARGA NA OPOSIÇÃO ATRAVÉS DE EMBARGOS DE
EXECUTADO, QUEM É EXECUTADO. TEMOS QUE VER SE ELE É TERCEIRO
OU SE É PARTE, SE FOR PARTE NÃO POSSO CHAMAR EMBARGOS DE
TERCEIRO, SE É TERCEIRO NÃO POSSO CHAMAR DE EMBARGOS DE
EXECUTADO, NEM OPOSIÇÃO À PENHORA.

Ainda dentro desta matéria, é relevância ainda a questão da sequência do


tempo das penhoras vs. outros direitos reais. Nós já aqui falámos no artigo 824º
CPC.
Quando nós estamos a penhorar um bem, aquele bem pode ser alvo ou ter sido
alvo de várias formas, e através de vários processos de ser garantia para várias
obrigações do devedor, que é dono daquele bem.

Exemplo: Portanto, eu tenho uma casa que está hipotecada desde que eu fiz o
empréstimo bancário há 20 anos (primeira hipoteca). Entretanto, fiz uma hipoteca
voluntária posteriormente a isso, porque quis fazer umas obras e o banco voltou a
emprestar mais dinheiro. Até foi outro banco que me emprestou o dinheiro (segunda
hipoteca). Depois tenho uma dívida agora do mútuo, que fiz, particular em que estou a
dever 5 mil euros ao exequente. E nós dizemos assim, ele está a cumprir com um banco
e está a cumprir com o outro banco, só não está a cumprir com a pessoa que lhe
emprestou os 5 mil euros. É verdade. Agora é que entramos na parte em que os
credores, podem reclamar sobre o mesmo bem os seus créditos.

Citações e concurso de credores


Artigo 786.º: Citações
1 - Concluída a fase da penhora e apurada, pelo agente de execução, a situação registral dos bens, são citados para
a execução:
a) O cônjuge do executado, quando a penhora tenha recaído sobre bens imóveis ou estabelecimento comercial que o
executado não possa alienar livremente, ou quando se verifique o caso previsto no n.º 1 do artigo 740.º;
b) Os credores que sejam titulares de direito real de garantia, registado ou conhecido, sobre os bens penhorados,
incluindo penhor cuja constituição conste do registo informático de execuções, para reclamarem o pagamento dos
seus créditos.
2 - O agente de execução cita ainda a Fazenda Nacional e o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, I. P.,
exclusivamente por meios eletrónicos, nos termos a regulamentar por portaria dos membros do Governo responsáveis
pelas áreas das finanças, da justiça e da segurança social.
3 - Os credores a favor de quem exista o registo de algum direito real de garantia sobre os bens penhorados são
citados no domicílio que conste do registo, salvo se tiverem outro domicílio conhecido.
4 - Os titulares de direito real de garantia sobre bem não sujeito a registo são citados no domicílio que tenha sido
indicado no ato da penhora ou que seja indicado pelo executado.
5 - Tem ainda lugar a citação do cônjuge do executado nos termos especialmente previstos nos artigos 741.º e 742.º.
6 - A falta das citações prescritas tem o mesmo efeito que a falta de citação do réu, mas não importa a anulação das
vendas, adjudicações, remições ou pagamentos já efetuados, dos quais o exequente não haja sido exclusivo
beneficiário; quem devia ter sido citado tem direito de ser ressarcido, pelo exequente ou outro credor pago em sua
vez, segundo as regras do enriquecimento sem causa, sem prejuízo da responsabilidade civil, nos termos gerais, da
pessoa a quem seja imputável a falta de citação.
7 - Não tem lugar a citação edital quando se trate de citar os credores, nos termos previstos nos números anteriores.
8 - A citação referida na alínea a) do n.º 1 é realizada no prazo de cinco dias a contar do apuramento da situação
registral dos bens.
9 - As citações referidas na alínea b) do n.º 1 e no n.º 2 são realizadas no prazo de cinco dias a contar do termo do
prazo de que o executado dispõe para deduzir oposição à penhora.

Concluída a fase da penhora, o agente de execução vai ver se está perante


bens que são sujeitos a registo, e nesse caso, ele vai citar, como diz o artigo, para a
execução: o cônjuge do executado (alínea a), não para ser executado, mas sim para
“quando se incida sobre bens imóveis ou estabelecimento comercial que o
executado não possa alienar livremente ou quando se verifique o caso previsto no
n.º 1 do artigo 740.º”.

Então ele é notificado para dar o consentimento, será que pode dizer que
não quer que o bem seja penhorado? Claro que não é para isto, é para apenas ele
controlar, eventualmente, irregularidades no processo executivo, que possam
afetar isto.

Depois também são citados quem? (isto é obrigatório)


o Os credores que sejam titulares de um direito real de garantia,
registado ou conhecido, sobre os bens penhorados, incluindo penhor
cuja constituição conste do registo informático de execuções, para
reclamarem o pagamento dos seus créditos (alínea b).

Portanto, feita a penhora, ou porque se conhece que possa haver pessoas com
garantias sobre aquele bem, ou naqueles que são registados (como é óbvio consegue-
se logo ver quem é que tem registos quando se trata de bens sujeitos a registo, p.ex o
Banco tem lá a hipoteca) vamos ter de os citar, porquê? porque lá está o tempo a
funcionar aqui a prioridade.

Então, se eu tenho um bem, tenho 2 hipotecas e tenho uma penhora, apesar de


estar a cumprir perante os bancos, se o bem for vendido para pagar os 5 mil euros, os
outros ficam sem a garantia. Se eu vendesse o bem para pagar o empréstimo pessoal,
que é o último na sequência temporal de registos de direitos reais de garantia, os outros
credores ficavam sem a garantia, porque a seguir eu não conseguia pagar uma coisa que
já nem era minha, depois do bem vendido, já não ia pagar prestação nenhuma.

Então, o quê que a lei determina? é um ónus para quem é credor: estes
credores que têm estas garantias, têm esta situação que acabamos de referir acima,
naqueles artigos, podem e devem vir ao processo reclamar os seus créditos. É por
isso que quando alguém vê uma casa penhorada, apesar de andar a pagar ao Banco, de
repente cai a dívida toda do Banco, liquidam tudo, vendesse tudo, e vêm os bancos
reclamar o seu crédito. Porquê? Porque é o primeiro no tempo.

E, sendo o primeiro no tempo, ele (o Banco) tem prazo para fazer isso, tem que
demonstrar que tem a garantia real, tem que demonstrar um título executivo (e,
normalmente os bancos têm, neste caso, naturalmente, tem uma escritura pública com o
mútuo que se junta a ela, e que é título executivo), e vêm no prazo legal reclamar o seu
crédito, mostrando as contas todas.

QUE É PARA DEPOIS O QUÊ?

Exemplo: Imaginem que o imóvel, que aliás, já foi muito pago ao Banco, já está há 20
anos, vale 500 mil euros, eu só devo 150 mil euros ao primeiro banco, 100 mil euros ao
segundo e 100 mil euros ao terceiro. Ora, eu consigo pagar a toda a gente com aquele
dinheiro (vou pagando por ordem). Mas pode não chegar, e se não chegar tenho de
encontrar outros bens.

E o quê que depois resulta daqui? que feita esta reclamação de créditos que
é um ónus (se não o fizerem, se se esquecerem, preclude, ficam sem o bem, a hipoteca
fica lá atrás), e quando o bem é vendido, depois disto ser feito, o juiz neste apenso, o
juiz vai graduar os créditos: o primeiro no tempo ou o primeiro na prioridade.

Portanto, o juiz gradua de acordo com a lei, a regra geral é que é o tempo que
dita, e depois há estas preferências legais, e depois vai atribuir que é para quando o bem
for vendido, haver uma ordem. É isto que o juiz faz no incidente de reclamação de
penhora.

Finalmente, temos a matéria da venda, pois o processo executivo termina com


a venda.

Venda: artigo 795º e ss. CPC


SECÇÃO V
Pagamento
SUBSECÇÃO I
Modos de pagamento
Artigo 795.º: Modos de o efetuar
1 - O pagamento pode ser feito pela entrega de dinheiro, pela adjudicação dos bens penhorados, pela consignação
dos seus rendimentos ou pelo produto da respetiva venda.
2 - É admitido o pagamento em prestações e o acordo global, nos termos previstos nos artigos 806.º a 810.º, devendo
em qualquer caso prever-se o pagamento dos honorários e despesas do agente de execução.

O pagamento pode ser feito nos termos do número 1, pela:


 Entrega em dinheiro;
 Adjudicação dos bens penhorados (p. ex. o salário que vem para mim
todos os meses aquele valor que eu tenho como possibilidade).
 Consignação de rendimentos (p. ex. o imóvel que tem uma renda
mensal dada por um inquilino e, puder o exequente, pagar-se com o
recebimento direto ele da renda do imóvel);
 Produto da respetiva venda.

Na adjudicação do salário, a lei prevê na penhora de salários, bónus e rendas
(número 4), que feita essa penhora e a adjudicação para o futuro, o agente de execução
acaba, finda a execução, o exequente passa a receber diretamente da entidade patronal a
verba penhorada, e extingue-se a execução.

Depois, se entretanto ele deixa de pagar, renova-se a instância, e volta-se a


ter uma ação executiva, no momento processo, tem de se pagar a taxa, tem de se
pagar ao agente de execução, e retoma-se.

SUBSECÇÃO VI
Venda
DIVISÃO I
Disposições gerais
Artigo 811.º: Modalidades de venda
1 - A venda pode revestir as seguintes modalidades:
a) Venda mediante propostas em carta fechada;
b) Venda em mercados regulamentados;
c) Venda direta a pessoas ou entidades que tenham direito a adquirir os bens;
d) Venda por negociação particular;
e) Venda em estabelecimento de leilões;
f) Venda em depósito público ou equiparado;
g) Venda em leilão eletrónico.
2 - O disposto no artigo 818.º, no n.º 2 do artigo 827.º e no artigo 828.º para a venda mediante propostas em carta
fechada aplica-se, com as necessárias adaptações, às restantes modalidades de venda e o disposto nos artigos 819.º
e 823.º aplica-se a todas as modalidades de venda, excetuada a venda direta.

Finalmente também temos as modalidades de venda, das quais se destaca as


previstas no artigo 811º CPC:
 A negociação particular surge apenas como último reduto daquilo
que, hoje em dia, são os leilões eletrónicos, preferencialmente.
 Se houver um bem que tem uma garantia real que, por exemplo, que
esteja afeta a uma:
Exemplo: penhorei ações, vende-se na praça, não vai para uma
negociação particular, nem vai para um leiloeiro, vende-se na bolsa
de valores. Portanto, aí, quando há entidades que são as próprias que
têm aqueles bens para efeitos de transações comerciais, é ela que
deve fazer a venda, dito por outras palavras, a venda deve ser feita
ali.

Extinção: artigo 846º e ss. CPC


Artigo 846.º: Cessação da execução pelo pagamento voluntário
1 - Em qualquer estado do processo pode o executado ou qualquer outra pessoa fazer cessar a execução, pagando as
custas e a dívida.
2 - O pagamento é feito mediante entrega direta ou depósito em instituição de crédito à ordem do agente de
execução.
3 - Nos casos em que as diligências de execução são realizadas por oficial de justiça, quem pretenda usar da
faculdade prevista no n.º 1 solicita na secretaria, ainda que verbalmente, guias para depósito da parte líquida ou já
liquidada do crédito do exequente que não esteja solvida pelo produto da venda ou adjudicação de bens.
4 - Efetuado o depósito referido no número anterior, susta-se a execução, a menos que ele seja manifestamente
insuficiente, e tem lugar a liquidação de toda a responsabilidade do executado.
5 - Quando o requerente junte documento comprovativo de quitação, perdão ou renúncia por parte do exequente ou
qualquer outro título extintivo, suspende-se logo a execução e liquida-se a responsabilidade do executado.

Nestes artigos diz como é que ela cessa:


 Pode ser pelo pagamento;
 Pode ser pela liquidação da divida por outra pessoa em nome do
executado;
 Pode ser pela desistência do exequente;
 Pode haver também a tal renovação;
 Pode se extinguir porque com o produto da venda já se teve a
recuperação de tudo, e, portanto, a seguir extingue-se pelo pagamento.

Nota: ver o procedimento extrajudicial pré-executivo (dl 42/2014 de 30 de maio).

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