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 Apresentação da professora:
 RENATA DE LIMA PEREIRA (profrenata.direito@gmail.com;@renatadelimapereira) Mestra em Direito
Privado pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Advogada na área de Direito Privado.
Especialista pela Escola de Magistratura de Pernambuco. Professora de Direito Civil e Empresarial do
Centro Universitário Estácio do Recife e da ASCES-UNITA. Professora de Direito Empresarial em diversos
cursos preparatórios para concurso. Autora de obras jurídicas.
 Objetivo da disciplina
 Assuntos a serem tratados

ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL/PREPOSTOS

Prof. Msc. RENATA DE LIMA PEREIRA

ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

(artigos que você deve ler referentes a esta matéria: 1142 a 1149 CC c/c arts. 51 a 54 da Lei do
Inquilinato: 8245/91):

# Conceito: é a soma de bens corpóreos + incorpóreos + clientela (são as pessoas que mantêm continuamente
relação com a empresa) + aviamento (possibilidade de produzir lucro que a empresa possui).

# Trespasse: é a venda de todo o estabelecimento empresarial de um empresário para outro, observadas as


condições da lei, nos termos do art. 1145, vistas em sala.

# Sub-rogação das obrigações no trespasse: é importante observarmos a disposição do enunciado 8º


aprovado na I Jornada de Direito Comercial do STJ:

“Há sub-rogação do adquirente nos contratos de exploração atinentes ao


estabelecimento adquirido, desde que não possuam caráter pessoal, é a regra geral,
incluindo o contrato de locação.

É relevante ainda destacarmos tal situação, pois de acordo com a dicção do art. 1148:

“Salvo disposição em contrário, a transferência (do estabelecimento – acrescentei)


importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do
estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o
contrato em 90 dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa,
ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante”.

Ou seja, o que se quer dizer é que o novo dono continuará observando os contratos do dono anterior, a não ser
que possuam caráter estritamente pessoal.

# Locação empresarial: dentro do tema ora em análise, é importante que falemos algo sobre a locação
empresarial. Explique-se: a locação empresarial confere maiores direitos ao locatário do que a residencial. O que
as define não são os sujeitos das mesmas (locador/locatário), mas sim, a finalidade para a qual é utilizada (civil ou
comercial), em regra. Ambas são tratadas pela mesma legislação, qual seja, a Lei do Inquilinato (8245/91). Tal
matéria encontra-se prevista a partir do art. 51 da mencionada lei.

Observemos o que dissemos acima: basicamente, o que define o fato da locação ser empresária é a sua
finalidade. Tal regra encontra-se excepcionada se o locatário for pessoa jurídica e o imóvel, destinar-se ao uso de
seus titulares, diretores, sócios, gerentes, executivos ou empregados.

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Observemos: o principal direito que o inquilino de locação empresarial possui é o da chamada renovação
compulsória. Mas, para que essa ocorra, são necessários os seguintes requisitos (que devem aparecer de
maneira concomitante) (obs.: a ação a seguir descrita é denominada de Renovatória ou garantia de inerência ao
ponto comercial):

“Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a
renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente:

I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado;

II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos


contratos escritos seja de cinco anos;

III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e
ininterrupto de três anos”.

Além disso, outra exigência encontra-se presente, qual seja, o momento da propositura da dita Ação Renovatória:
a mesma terá que se proposta pelo locatário no máximo até antes 01 ano do fim do contrato, e no mínimo, até 06
meses antes (todos esses direitos também podem ser exercidos pelos sucessores). Exemplo: João tem uma loja
no imóvel de Pedro. O contrato irá se encerrar dia 31\12\12. Com isso, João terá entre 31\12\11 a 30\06\12,
depois de tais prazos, podemos afirmar que o locatário decaiu de seu direito.

Mas, a própria legislação, em seu art. 52 transcreve as hipóteses em que o locador não é obrigado a proceder à
renovação. Leia-se:

“Art. 52. O locador não estará obrigado a renovar o contrato se:

I - por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que importarem
na sua radical transformação; ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o
valor do negócio ou da propriedade;

II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de
comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador,
seu cônjuge, ascendente ou descendente”.

Ainda são requisitos da Ação Renovatória, além dos descritos alhures:

“Art. 71. Além dos demais requisitos exigidos no art. 282 do Código de Processo Civil, a
petição inicial da ação renovatória deverá ser instruída com:

I - prova do preenchimento dos requisitos dos incisos I, II e III do art. 51;

II - prova do exato cumprimento do contrato em curso;

III - prova da quitação dos impostos e taxas que incidiram sobre o imóvel e cujo
pagamento lhe incumbia;

IV - indicação clara e precisa das condições oferecidas para a renovação da locação;

V - indicação de fiador quando houver no contrato a renovar e, quando não for o mesmo,
com indicação do nome ou denominação completa, número de sua inscrição no
Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, endereço e, tratando-se de pessoa
natural, a nacionalidade, o estado civil, a profissão e o número da carteira de identidade,
comprovando, em qualquer caso e desde logo, a idoneidade financeira;

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V – indicação do fiador quando houver no contrato a renovar e, quando não for o
mesmo, com indicação do nome ou denominação completa, número de sua inscrição no
Ministério da Fazenda, endereço e, tratando-se de pessoa natural, a nacionalidade, o
estado civil, a profissão e o número da carteira de identidade, comprovando, desde logo,
mesmo que não haja alteração do fiador, a atual idoneidade financeira; (Redação dada
pela Lei nº 12.112, de 2009)

VI - prova de que o fiador do contrato ou o que o substituir na renovação aceita os


encargos da fiança, autorizado por seu cônjuge, se casado for;

VII - prova, quando for o caso, de ser cessionário ou sucessor, em virtude de título
oponível ao proprietário”.

Por outro lado:

“Art. 72. A contestação do locador, além da defesa de direito que possa caber, ficará
adstrita, quanto à matéria de fato, ao seguinte:

I - não preencher o autor os requisitos estabelecidos nesta lei;

II - não atender, a proposta do locatário, o valor locativo real do imóvel na época da


renovação, excluída a valorização trazida por aquele ao ponto ou lugar;

III - ter proposta de terceiro para a locação, em condições melhores;

IV - não estar obrigado a renovar a locação (incisos I e II do art. 52)”.

Em todo o caso, não sendo renovada a locação, será expedido mandado de despejo para que haja desocupação
em 30 dias.

Precisamos ter em mente o seguinte: quando o legislador confere esse direito ao locatário, qual seja, o da
renovação compulsória (ou direito de inerência ao ponto) o faz por alguns motivos básicos: primeiro, o locatário
acabou por valorizar aquele ponto; além do que, diferente do locatário de residência que por pior que seja a sua
situação pode ir morar em qualquer lugar, o mesmo não se dá em relação a uma empresa, pois para onde a
mesma vai? Se mudar o seu lugar, com certeza, isso afetará a sua clientela, o que pode resultar em prejuízo dos
grandes. Mais direitos ainda possui o locatário empresarial de Shopping Center.

De outra banda, a denúncia no contrato de locação empresarial poderá ocorrer nas seguintes hipóteses, ou seja,
não é impossível o fim da locação empresarial, como pode parecer :

“Art. 56. Nos demais casos de locação não residencial, o contrato por prazo determinado
cessa, de pleno direito, findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou
aviso”.

“Art. 57. O contrato de locação por prazo indeterminado pode ser denunciado por escrito,
pelo locador, concedidos ao locatário trinta dias para a desocupação”.

# Cláusula de não concorrência: por fim, em termos de estabelecimento empresarial, é bom que se diga que o
alienante não pode fazer concorrência ao adquirente nos 5 anos subsequentes à transferência, salvo previsão
contratual em sentido contrário.

PREPOSTOS

(artigos que você precisa ler referentes a este tema: 1169 a 1178 CC):

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# Prepostos: o CC achou por bem tipificar tais figuras. Na definição de De Plácido e Silva: “Preposto é pessoa ou
empregado que, além de ser um locador de serviços, está investido no poder de representação do empregado”.
Explicando tal conceito: preposto é “pessoa” (autônomo) ou “empregado” (nos termos da CLT), o qual presta
serviços e pode representar o preponente. Todas as pessoas que nesta categoria se encontram são assim
consideradas, mas o legislador preferiu tratar expressamente de duas (contabilistas e gerentes).

Abaixo, vamos fazer algumas observações sobre os artigos citados.

# Relação dos terceiros perante os prepostos:

a) a entrega de valores/papéis feita a prepostos considera-se perfeita e acabada;

b) responsabilidade dos atos praticados por eles perante terceiros: o preponente responde, salvo
comprovada má-fé por parte do preposto;

c) atos praticados dentro do estabelecimento: obrigam ao preponente, ainda que não estejam por escrito;

d) atos praticados fora do estabelecimento: só obrigam ao preponente aqueles que constarem por escrito;

e) os prepostos não podem fazer concorrência aos respectivos preponentes;

f) prática de atos culposos perante terceiros: o preponente responde, mas o preposto responde diante do
preponente;

g) prática de atos dolosos perante terceiros: preponente e preposto respondem solidariamente.

# Prepostos trazidos taxativamente pelo CC (visto que, outros também podem existir):foram o gerente e o
contabilista, vejamos:

Segue a definição de “gerente”:

“Art. 1.172. Considera-se gerente o preposto permanente no exercício da empresa, na


sede desta, ou em sucursal, filial ou agência”.

Na Junta, deverão estar descritos todos os poderes a eles conferidos para que possam ser válidos perante
terceiros.

É bom ainda que destaquemos que o gerente tratado pela lei, não é do gerente que também é sócio, aqui, a lei
trata do tema “prepostos”, portanto, estamos apenas diante de mais um empregado que tem mais poderes e mais
responsabilidades que os demais.

O contabilista, por sua vez, será o profissional a quem cabe praticar todo o lado contábil de uma empresa. Por
isso mesmo, uma empresa dele não pode prescindir.

PROPRIEDADE INDUSTRIAL (lei 9279/96):

Logo ao nos depararmos com a lei em comento, podemos constatar que o art. 2º prega que a proteção ao
desenvolvimento tecnológico neste país, dá-se das seguintes maneiras (conforme Marcelo Hugo da Rocha, em
sua obra: Como passar no Exame de Ordem):

CONCESSÃO: de patentes (através da carta de invenção;


patente ou carta de
privilégio): de modelo de utilidade
(também dito pequena
invenção);

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de registro: de marca;

de desenho industrial;

REPRESSÃO: às falsas indicações ___


geográficas;

à concorrência desleal. ___

Órgão que rege a matéria: tudo isso é regido pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).

Espécies desses bens: móveis, para todos os fins legais. Por tal motivo, são passíveis de cessão, seja através
de atos inter vivos ou causa mortis.

# Patente: refere-se à invenção e modelo de utilidade (conceitos vistos em sala de aula). Algo importante sobre a
patente é o prazo (improrrogável), a saber:

Invenção: 20 anos, contados a partir do depósito no


INPI (regra geral);

caso demore muito a sair a carta patente, o


prazo não poderá ser inferior a 10 anos,
contatos da expedição da carta patente;
Modelo de utilidade: 15 anos, contados a partir do depósito no
INPI (regra geral);

caso demore muito a sair a carta patente, o


prazo não poderá ser inferior a 07 anos,
contatos da expedição da carta patente.

Mesmo a patente fazendo parte da propriedade intelectual de seu autor, ele poderá perdê-la nas hipóteses
previstas em lei, tais como:

a) fim do prazo;
b) renúncia por parte de seu titular (desde que não sejam prejudicados os direitos de terceiros);
c) caducidade;
d) falta de pagamento da retribuição anual ao INPI;
e) falta de representante no Brasil, quando o titular for domiciliado no exterior.

Ps.: em havendo a perda por quaisquer desses motivos, a patente cairá em domínio público.

- Quem pode requerer uma patente:

a) o próprio inventor;

b) inventores em conjunto;

c) herdeiros;

d) o cessionário.

– O que não é invenção nem modelo de utilidade:

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Art. 10. Não se considera invenção nem modelo de utilidade:

I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;

II - concepções puramente abstratas;

III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de
sorteio e de fiscalização;

IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética;

V - programas de computador em si;

VI - apresentação de informações;

VII - regras de jogo;

VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para
aplicação no corpo humano ou animal; e

IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que
dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos
naturais.

– O que não é patenteável:

Art. 18. Não são patenteáveis:

I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas;

II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação
de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes
de transformação do núcleo atômico; e

III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos três
requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não
sejam mera descoberta.

Caros alunos, é bem chato tentar memorizar os dois artigos acima, mas a OAB e os concursos em geral, já os
cobraram por diversas vezes.

# Registro: refere-se à marca e à desenho industrial (design), conceitos tratados em sala.

A lei nos oferece os seguintes tipos de marcas, descritos a seguir, das quais, a mais importante é a primeira, a
saber:

Marca de PRODUTO ou SERVIÇO É aquela usada para distinguir produto ou


serviço de outro idêntico, semelhante ou afim,
de origem diversa;
Marca de CERTIFICAÇÃO é aquela usada para atestar a conformidade
de um produto ou serviço com determinadas
normas ou especificações técnicas,
notadamente quanto à qualidade, natureza,
material utilizado e metodologia empregada;
Marca COLETIVA é aquela usada para identificar produtos ou
serviços provindos de membros de uma

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determinada entidade.

É importante destacar que o nome de domínio (site), visto na primeira aula, não tem proteção resguardada pelo
INPI, e sim, pelo NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto Br), entidade de direito privado sem fins
lucrativos. Prevalecendo neste, a ordem de chegada. Em havendo conflito de anterioridade com o registro de
marca no INPI, prevalecerá o que estiver neste último.

A extinção do registro dá-se quase que pelas mesmas maneiras da extinção da patente, só que, a taxa de
retribuição da patente, é anual; ao passo que, a do registro, é quinquenal.

OBSERVAÇÃO 1: é indispensável, caro aluno, que você faça a leitura dos artigos aos quais eu me referi. As
bancas costumam cobrar muito em suas provas, texto literal de lei. Assim sendo, o ideal é que você os leia. Mas,
não basta fazer a leitura, você precisa compreender o conteúdo dos mesmos. De preferência, você poderia fazer
um resumo de tais dispositivos legais, visto que, não são muitos.

OBSERVAÇÃO 2: este material não tem intuitos comerciais, são apenas textos de apoios para os alunos,
constituindo o mesmo como um resumo das principais obras de concurso juntamente com minhas percepções
próprias.

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