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Introdução
Primeiramente faço a introdução, dizendo que de facto este trabalho surgiu em prol
de proposta para método avaliativo, relativamente à nossa unidade curricular de
Direito da Insolvência, orientada pela Docente Letícia Marques Costa, relativamente
ao Mestrado com especialização em Ciências Jurídico-Empresariais, na
Universidade Lusófona do Porto, no ano letivo de 2022/2023.
Tramitação
Segundo os termos do disposto no Art.º 36 do CIRE pelo que podemos dizer que o
processo inicia “pelo fim”, no sentido em que, apenas após a sentença, é que
possivelmente poderão surgir os ditos apensos respeitantes ao processo de
insolvência, e por isso, podemos afirmar então que o processo inicia “do fim”, ao
contrário daquilo que acontece com os Processos Penais e Civis.
Terá de vir o Tribunal emitir a sentença que declare o devedor como estando em
situação de insolvência, para que se possa proceder com a liquidação total do seu
património, sendo que e tal como nos refere a jurisprudência, “a sentença é o único
título executivo suscetível de servir de base á execução universal e coletiva em que
a insolvência se resolve”.
Será ainda relevante apontar que o será sempre de a competência dos juízos do
comércio preparar e julgar as causas que digam respeito à insolvência e os processos de
revitalização, visto estar consagrado tal facto no Art.º 128, nº 1, alínea a) da Lei nº
62/2013, de 26 de agosto que diz respeito à Lei da Organização do Sistema Judiciário.
Há que referir que a qualificação da situação de insolvência não possui força
vinculativa no que diz respeito às ações de responsabilidade contra o devedor
insolvente, assim como também responsáveis legais e terceiros, e ainda também,
para respetivos efeitos de causas penais.
De referir que na fase inicial do processo, ou seja, antes de ser proferida a sentença,
pode- se proceder à adoção de medidas cautelares, para salvaguardar e
consequentemente proibir uma agravação da situação insolvente, segundo o constante
do Art.º 31 do CIRE.
Artigo 31.º
Medidas cautelares
1 - Havendo justificado receio da prática de actos de má gestão, o juiz, oficiosamente ou a pedido do requerente,
ordena as medidas cautelares que se mostrem necessárias ou convenientes para impedir o agravamento da situação
patrimonial do devedor, até que seja proferida sentença.
2 - As medidas cautelares podem designadamente consistir na nomeação de um administrador judicial provisório com
poderes exclusivos para a administração do património do devedor, ou para assistir o devedor nessa administração.
3 - A adopção das medidas cautelares pode ter lugar previamente à citação do devedor, no caso de a antecipação ser
julgada indispensável para não pôr em perigo o seu efeito útil, mas sem que a citação possa em caso algum ser
retardada mais de 10 dias relativamente ao prazo que de outro modo interviria.
4 – (Revogado).
Verificaremos que a ação poderá ser apresentada, tanto pelo próprio devedor
insolvente, como também pelos credores, que terão legitimidade para o efeito,
assim como terceiros que tenham legitimidade para tal, como por exemplo, um
senhorio.
1) Despacho inicial de exoneração do passivo restante:
O processo de insolvência é encerrado quando for proferido o despacho inicial
de exoneração do passivo restante.
Contudo, nestes processos de insolvência pessoal com exoneração do passivo restante,
quando for proferido o respetivo despacho inicial e ainda existirem bens ou direitos por
liquidar, o encerramento do processo determina apenas o início do período de 3 anos de
cessão do rendimento disponível.
2) Conclusão da liquidação:
1
() Artigo 36, nº 1, alínea j) do CIRE, que refere especificamente o seguinte: “Designa prazo, até 30 dias,
para a reclamação de créditos”.
Ocorre o encerramento do processo de insolvência quando é concluída a liquidação
(apreensão e venda) de todos os bens e direitos do património do insolvente e se
procede à repartição do respetivo dinheiro obtido pelos credores.
Podemos falar rateio final, que consiste na distribuição proporcional do produto da
liquidação pelos credores, de acordo com a sua hierarquia e graduação.
3) Plano de insolvência:
O Juiz profere sentença de encerramento do processo de insolvência após o trânsito em
julgado da sentença de homologação do plano de insolvência, se a isso não se opuser o
conteúdo deste.
4) Plano de pagamentos:
O Juiz profere sentença de encerramento do processo de insolvência após o trânsito em
julgado da sentença de homologação do plano de pagamentos e da sentença de
insolvência (que ocorre ao mesmo tempo).
5) Insuficiência da massa insolvente:
Ocorre ainda o encerramento do processo de insolvência quando o administrador de
insolvência verifique que há inutilidade da prossecução do processo de insolvência por
insuficiência da massa insolvente para pagar as dívidas da massa insolvente (custas do
processo, honorários do administrador de insolvência, despesas de liquidação, etc...).
6) A pedido do devedor:
O processo de insolvência pode ser encerrado a pedido do devedor:
Incidente de Qualificação
Artigo 350.º
(Presunções legais)
1. Quem tem a seu favor a presunção legal escusa de provar o facto a que ela conduz.
2. As presunções legais podem, todavia, ser ilididas mediante prova em contrário, excepto nos casos em que a lei o
proibir.
- A fixação de residência;
- A entrega imediata ao Administrador de Insolvência dos documentos referidos no n.º 1
do artigo 24.º, que ainda não constem dos autos;
- A apreensão dos elementos da contabilidade do devedor e dos seus bens;
- A privação dos poderes de administração e de disposição dos bens integrantes da
massa insolvente;
- A proibição de cessão de rendimentos ou de alienação de bens futuros;
- A assunção da sua representação pelo administrador de insolvência;
- O dever de apresentação e colaboração;
Efeitos Eventuais
Na obra da Doutora Catarina Serra, que vem referir alguns dos efeitos, quando afirma o
seguinte: “inibição para a administração de patrimónios de terceiros e a inibição para
o exercício do comércio e para a ocupação de certos cargos (ambas por um período de
dois a dez anos), a perda de créditos sobre a insolvência ou sobre a massa insolvente e
a obrigação de restituir os bens ou direitos recebidos em pagamento desses créditos e,
por fim, a obrigação de indemnizar os credores do insolvente no montante dos créditos
não satisfeitos”2.
2
() SERRA, Catarina, Lições de Direito da Insolvência, 2ª Edição, Lisboa, 2021, pp. 300
Essa questão acaba por ser fortemente discutida na doutrina, isto porque no
entendimento da mesma, essa disposição legal, que se encontra efetivamente prevista no
art.º 189, nº 2, alínea b) do CIRE, merece um juízo de desvalor constitucional.
- Defende então parte da doutrina esta visão, no que diz respeito à Insolvência
respeitante a pessoas singulares, visto que no seu entender, esta disposição legal
viola o disposto nos art.º 18, nº 2 e 26º da Constituição da República Portuguesa,
tratando- se estes, de Direitos Pessoais.
Releva, no entanto, referir que esta inabilitação não pretende proteger o inabilitado,
nem tão pouco defender os credores ou os seus interesses, isto porque, existe já
disposição legal que o faz, nomeadamente o art.º 81, nº 1 do CIRE 3, e, portanto,
segundo este artigo, a declaração de insolvência não permitirá então ao
administrador exercer os seus poderes de administração, ficando então inabilitado,
não podendo dispor dos bens que integram a massa insolvente, e como tal, e
analisando aquela que é a disposição legal constante no nº 6 da respetiva norma a
priori referida, serão ineficazes quaisquer atos praticados pelo devedor.
Da mesma forma, também relativamente aos efeitos, segundo alguma doutrina, em nada
irá beneficiar a proteção da massa insolvente, porque os credores não têm legitimidade
para arguir a invalidade dos atos, sendo que para tal seria necessário o consentimento do
curador.
Tal como é referido na jurisprudência, aqui existirá uma “restrição à capacidade civil do
insolvente”, que poderá ser considerada então inconstitucional e excessiva, colocando
em confronto o disposto nos termos do Art.º 186, nº 2, alínea b) e os Art.º 18, nº 2 e 26º,
nº 1 e 4, que tal como referido, se trata de disposições legais que incidem sobre direitos
pessoais.
3
() Refere o Art.º 81, nº 1 do CIRE o seguinte: “Sem prejuízo do disposto no título X, a declaração de
insolvência priva imediatamente o insolvente, por si ou pelos seus administradores, dos poderes de
administração e de disposição de bens integrantes da massa insolvente, os quais passam a competir ao
administrador da insolvência”.
relativamente à questão da possível violação constitucional e é do seu entender que de
facto tal norma não será violadora de quaisquer direitos fundamentais ou disposições
constitucionais, “não sendo arbitrária nem desproporcionada”.
Ainda no que diz respeito à insolvência, quando envolva pessoas singulares, existirá
mais um possível efeito, nomeadamente a perda dos créditos detidos sobre a
insolvência ou sobre a massa insolvente, assim como também, a possibilidade de
condenação do devedor, à restituição dos bens e dos direitos já recebidos, no
pagamento dos créditos, quando haja tal possibilidade.
Relativamente aos efeitos pessoais, serão então efeitos que dirão respeito ao
devedor, ou então aos administradores do devedor, quando tal seja o caso, e
afetarão, tal como referido supra, direitos fundamentais.
- É de referir que esse valor a ter em consideração, será calculado de acordo com o valor
total dos créditos, que tenham sido verificados aquando da sentença, que ainda não
tenham sido efetivamente satisfeitos.
Por fim, referir que os efeitos da declaração da Insolvência como sendo culposa tem
então toda a sua previsão legal no Art.º 189 do CIRE, ao longo do seu disposto, e de
facto, estes efeitos acabam então por possuir um carácter meramente sancionatório,
visto que o que se pretende será punir o devedor ou administradores do devedor
que adotaram condutas ilícitas, provocando ou contribuindo para o estado de
insolvência e não, provocar a afetação de direitos fundamentais, provocando uma
certa colisão com disposições constitucionais, tal como fora referido.
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