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Compressão das posições jurídicas dos

credores e PER: em especial, o efeito


standstill do artigo 17.º-E do CIRE e os
Credores não aderentes

Nuno Salazar Casanova

Lisboa, 1 de Junho de 2020


O efeito standstill
Princípios Orientadores da Recuperação Extrajudicial de Devedores
(Resolução do Conselho de Ministros n.º 43/2011):

• Quarto princípio. — Os credores envolvidos


devem cooperar entre si e com o devedor de
modo a concederem a este um período de
tempo suficiente (mas limitado) para obter e
partilhar toda a informação relevante e para
elaborar e apresentar propostas para resolver
os seus problemas financeiros. Este período de
tempo, designado por período de suspensão, é
uma concessão dos credores envolvidos, e não
um direito do devedor.

• Quinto princípio. — Durante o período de suspensão, os credores envolvidos não devem agir contra
o devedor, comprometendo-se a abster-se de intentar novas acções judiciais e a suspender as que
se encontrem pendentes.
Experiência internacional
US Bankrupcy Code: § 362. Automatic Stay.

Except as provided in subsection (b) of this


section, a petition filed under section (...)
operates as a stay, applicable to all entities,
of:
(1) the commencement or continuation,
including the issuance or employment of
process, of a judicial, administrative, or
other action or proceeding against the
debtor that was or could have been
commenced before the commencement of the
case under this title, or to recover a claim
against the debtor that arose before the
commencement of the case under this title;
(2) the enforcement, against the debtor or
against property of the estate, of a judgment
obtained before the commencement of the
case under this title;
Experiência internacional

Relatório do Senado n.º 95-989: “The automatic stay is one of the fundamental
debtor protections provided by the bankruptcy laws. It gives the debtor a
breathing spell from his creditors. It stops all collection efforts, all
harassment, and all foreclosure actions. It permits the debtor to attempt a
repayment or reorganization plan, or simply to be relieved of the financial
pressures that drove him into bankruptcy”
Experiência internacional
UK Schemes of arrangement
Bluecrest Mercantile NV v. Vietnam Shipbuilding Industry
Group (2013):

In conclusion, I accept that in a case of


this kind there must be special
circumstances to grant a stay and a good
reason to deny a creditor the immediate
As against it, there would, in my view,
be prejudice to the lenders generally
in allowing the claimants to go ahead
and enforce now. It is clear that a vast

fruits of the judgment on a claim to which amount of work has gone into this
there is no defence. I doubt that in the restructuring and, now that the requisite
present circumstances the test is majority of lenders are agreed and 25
different under RSC O.47, r.1(1) or CPR June 2013 is provisionally booked for the
3.1(2)(f). I consider that on authority a hearing, there is at least a reasonable
scheme of arrangement may amount to prospect of the scheme finally going
such special circumstances where there ahead.
is a reasonable prospect of the scheme
going ahead.
(...)
Experiência internacional

Ley Concursal
Artigo 5 bis (Comunicación de negociaciones y efectos): Desde la presentación de la comunicación
no podrán iniciarse ejecuciones judiciales o extrajudiciales de bienes o derechos que
resulten necesarios para la continuidad de la actividad profesional o empresarial del deudor
(...)
Artículo 235 (acuerdo extrajudicial de pagos): (...) Desde la
comunicación de la apertura de las negociaciones al juzgado
competente para la declaración del concurso, los acreedores
que pudieran verse afectados por el posible acuerdo
extrajudicial de pagos: a) no podrán iniciar ni continuar
ejecución judicial o extrajudicial alguna sobre el
patrimonio del deudor mientras se negocia el acuerdo
extrajudicial hasta un plazo máximo de tres meses. Se
exceptúan los acreedores de créditos con garantía real, que
no recaiga sobre bienes o derechos que resulten necesarios
para la continuidad de la actividad profesional o empresarial
del deudor ni sobre su vivienda habitual. (...).
Experiência internacional
Legge Fallimentare
Artigo 168.º (cordodato preventivo): Dalla data della pubblicazione del ricorso nel
registro delle imprese e fino al momento in cui il decreto di omologazione del
concordato preventivo diventa definitivo, i creditori per titolo o causa anteriore non
possono, sotto pena di nullità, iniziare o proseguire azioni esecutive e cautelari
sul patrimonio del debitore.
Artigo 182.º-bis, parágrafo 3 (accordi di ristrutturazione dei debiti): Dalla data della
pubblicazione e per sessanta giorni i creditori per titolo e causa anteriore a tale data
non possono iniziare o proseguire azioni cautelari o esecutive sul patrimonio
del debitore, nè acquisire titoli di prelazione se non concordati.
Code de Commerce
Artigo L622-t : Le jugement ouvrant la procédure emporte, de plein droit, interdiction
de payer toute créance née antérieurement au jugement d'ouverture, à
l'exception du paiement par compensation de créances connexes. Il emporte
également, de plein droit, interdiction de payer toute créance née après le jugement
d'ouverture, non mentionnée au I de l'article L. 622-17. Ces interdictions ne sont pas
applicables au paiement des créances alimentaires.
O caso Português - artigo 17.º-E(1) do CIRE

O início do PER “obsta à instauração de quaisquer acções para


cobrança de dívidas contra o devedor e, durante todo o tempo em que
perdurarem as negociações, suspende, quanto ao devedor, as
acções em curso com idêntica finalidade, extinguindo-se aquelas
logo que seja aprovado e homologado plano de recuperação, salvo
quando este preveja a sua continuação”
Os efeitos processuais do PER

EFEITO IMPEDITIVO
obsta à instauração de quaisquer acções
para cobrança de dívidas contra o
devedor...

EFEITO SUSPENSIVO
EFEITOS ... e, durante todo o tempo em que
perdurarem as negociações, suspende,
PROCESSUAIS quanto ao devedor, as acções em curso
com idêntica finalidade

EFEITO EXTINTIVO
...extinguindo-se aquelas logo que seja
aprovado e homologado plano de
recuperação, salvo quando este preveja
a sua continuação
O efeito suspensivo das acções de cobrança de
dívidas

E os Procedimentos Cautelares?...

• Suspende-se procedimento cautelar para entrega judicial de bem


locado (Ac. TRG 11-02-16, 1355/15.8T8VRL.G1; Ac. TRL 22-01-
15, 197/14.2TNLSB.L1—6)
• Não abrange procedimento cautelar para entrega de bem imóvel
locado (Ac. TRP 21-01-16, 288/15.2T8PVZ.P1; Ac. TRL de 22-10-
15, 2924/14.9TBVFX.L1-6)
• Não suspende acção para entrega de bem locado (Ac. TRG 10-
09-15, proc. 7090/13.4TBBRG.G1);
• Suspende procedimento cautelar de arresto (Ac. TRP 24-02-15,
288/15.2T8PVZ.P1)
A suspensão das acções de cobrança de dívida
Executivas e
declarativas?
O início do PER “obsta à instauração de
quaisquer acções para cobrança de dívidas
contra o devedor e, durante todo o tempo em que
perdurarem as negociações, suspende, quanto
ao devedor, as acções em curso com idêntica
finalidade, extinguindo-se aquelas logo que seja
aprovado e homologado plano de recuperação,
salvo quando este preveja a sua continuação”
(n.º 1 do artigo 17.º-E do CIRE).

As que se suspendem
extinguem-se...
O problema da suspensão das acções de
cobrança de dívida

...extinguindo-se aquelas logo que seja aprovado e homologado plano de


recuperação, salvo quando este preveja a sua continuação” (n.º 1 do artigo
17.º-E do CIRE).

• Aparentemente, as acções que se suspendem extinguem-se...

• O que sucede com os créditos não reconhecidos no PER? As


respectivas acções declarativas extinguem-se? Como é que o
devedor obtém reconhecimento do seu crédito?
O problema da suspensão das acções de
cobrança de dívida

• Não tem de existir decisão sobre créditos reclamados.


• Mas ainda que exista, o problema pode continuar a colocar-
se:
“O processo previsto no art. 17º-D do CIRE para a reclamação de créditos e organização da lista
definitiva de credores, a fim de participarem nas negociações e votação do plano de recuperação,
tem uma tramitação assaz simplificada, que não tem o contraditório indispensável a que o
tribunal possa decidir com força de caso julgado relativamente a todos os credores
eventualmente lesados com o eventual reconhecimento da garantia real a beneficiar um dos
créditos” (Ac STJ de 01-07-2014, proc. 2852/13.5TBBRG-A.G1.S1)

“A função relevante da lista definitiva de credores no PER é única e exclusivamente a de compor o


quórum deliberativo previsto no artigo 17º-F, n.º 3 do CIRE, não tendo a decisão sobre as
impugnações força de caso julgado fora do estrito âmbito do PER” (Ac RP de 29-02-2016, proc.
841/14.1TYVNG-A.P1).
O problema da suspensão das acções de
cobrança de dívida

O que sucede com os créditos não reconhecidos no PER? As


respectivas acções declarativas extinguem-se? Como é que o devedor
obtém reconhecimento do seu crédito?

Com o PER suspende-se Apenas se suspendem (e Com o PER suspendem-se


as acções executivas e extinguem com a as acções executivas e
declarativas e todas elas aprovação e declarativas, mas estas
se extinguem com a homologação do plano últimas apenas se
aprovação e (as acções executivas) extinguem com a aprovação
homologação do plano e homologação do plano se
o crédito for reconhecido
1.ª tese: suspendem-se e extinguem-se (todas) as
acções declarativas e executivas

No conceito de “acções para cobrança de dívidas” estão abrangidas


não apenas as acções executivas para pagamento de quantia certa,
mas também as acções declarativas em que se pretenda obter a
condenação do devedor no pagamento de um crédito que se pretende

ver reconhecido.
(...)
Por força do preceituado no art. 17º-E, nº 1, do CIRE, não estão
verificadas as condições para o prosseguimento da instância na acção
em que os AA. buscam a condenação da Ré no pagamento de um
crédito superior ao que foi reconhecido no PER, devendo considerar-
se, em tal circunstância, extinta a instância por inutilidade
superveniente da lide.
(ac STJ 26-11-2015, proc. 1190/12.5TTLSB.L2.S1)
1.ª tese: suspendem-se e extinguem-se (todas) as
acções declarativas e executivas

• Ac STJ 26-11-2015, proc. 1190/12.5TTLSB.L2.S1 (Ana Luísa Geraldes)


• Ac STJ 05-01-2016, proc. 172724/12.6YIPRT.L1.S1 (Nuno Cameira)
• Ac STJ 17-03-2016, proc. 33/13.7TTBRG.P1.G1.S2 (Ana Luísa Geraldes)
• Ac STJ 19-04-2016 – proc. 7543/14.7T8SNT.L1.S1 (Ana Paula Boularot)
• Ac STJ 31-05-2016, proc. 7976/14.9T8SNT.L1.S1 (Ana Luísa Geraldes)
• Ac STJ 15-09-2016, proc. 2817/09.1TTLSB.L1.S1 (António Leones Dantas)
• Ac STJ 17-11-2016, proc. 43/13.4TTPRT.P1.S1 (Ana Luísa Geraldes):
2.ª tese: apenas se suspendem e extinguem as
acções executivas

(...) não faz o menor sentido o resultado extintivo da instância, ficando sem
apreciação, explicação, nem definição, o enquadramento jurídico que as partes
legitimamente discutiram nos articulados e para cuja demonstração apresentaram,
em momento oportuno, as suas provas, acalentando a expectativa de uma resposta
judicial. Que dará tudo inútil, inconsequente, imprestável.
Seguindo a óptica oposta à que se propugna, todo o labor desenvolvido no âmbito da
tramitação dos autos (...) nada valerá, uma vez que nenhum resultado, objetivo e
visível, nestas circunstâncias irá produzir. As expectativas inevitavelmente geradas
em torno da discussão de fundo sairão incompreensivelmente (para os
intervenientes processuais) goradas, com óbvio prejuízo para a transparência na
administração da Justiça e para o prestígio da própria instituição judiciária. Todos os
gastos suportados pela A. – matéria de ordem prática, não despicienda – ficarão
inevitavelmente por sua conta, sem que exista qualquer verdadeira razão substantiva
- primordialmente relevante - que justifique esta tão singular “ morte súbita “, com tão
elevado preço a todos os níveis
(ac RL, 27-01-2016, proc. 213/14.8TTFUN-4; ac RL de 10-11-2018, proc. 495-
13.2TVLSB.L1-6).
3.ª tese: todas se suspendem mas só se
extinguem as declarativas reconhecidas no plano

Não tendo efeito preclusivo, haverá que permitir ao credor o recurso a


tribunal a fim de ver reconhecido o seu direito, e por uma questão de
economia processual, deve aproveitar-se o processo que tenha sido
suspenso nos seus termos ao abrigo da primeira parte do nº 1 do
artigo 17º-F.
Admitir a extinção da instância nos termos do artigo 17º-F, nº 1 parte
final, de outras acções que não as executivas, implicaria que os
créditos litigiosos em causa ficariam sem protecção, o que viola as
mais elementares regras e princípios do Estado de Direito
(ac TRL, de 21-04-2016, proc. 4726/15.6T8BRG.G1).
3.ª tese: todas se suspendem mas só se
extinguem as declarativas reconhecidas no plano

Ora, se é razoável que os credores, através do plano de recuperação,


decidam os efeitos de créditos constituídos, já é insustentável que
impeçam, através do mesmo plano, que um credor, que levou a sua
causa à apreciação do tribunal, não obtenha deste decisão, sob pena
de violação do princípio constitucional da tutela jurisdicional efetiva.
Esta não é certamente, a solução “mais acertada”, como não o é,
também, a necessidade de interpor nova ação, com o mesmo
conteúdo
(ac TRE, de 23-02-2016, proc. 37125/13.4YIPRT.E1).
No mesmo sentido ac TRC de 26-09-2017, proc. 1122/16.1T8GRD-
A.C1
3.ª tese: todas se suspendem mas só se
extinguem as declarativas reconhecidas no plano

I - O n.º 1 do art. 17.º-E do CIRE compreende tanto as ações


executivas como as declarativas.
II - A letra do n.º 1 do art. l7.º-E do CIRE vai além do pensamento
legislativo nele vertido, não expressando o propósito da lei de
excluir da extinção ali prevista as ações que versem sobre
créditos litigiosos, não reclamados no PER nem regulados no
plano de recuperação aprovado e homologado.
III - Está-se assim perante uma lacuna oculta, a implicar a
redução teleológica da norma de modo a excluir do seu âmbito
de aplicação a extinção das ações em que se discutem créditos
que continuam carecidos de definição jurisdicional.
Ac STJ, de 18-09-2018, proc. 190/13.2TBVNC.G1.S1 (José Rainho).
Argumentos

• Literal (cobrar significa receber)


• Direito comparado
• Sistemático (SIREVE e RERE)
• Teleológico
O drama do credor não reconhecido

O drama do credor não reconhecido:

O credor “A” não é reconhecido pelo devedor. Intenta uma acção


declarativa de condenação. Entretanto, o devedor inicia o PER, não
incluindo o credor “A”. O credor impugna a lista provisória de créditos.
Sem que chegue a haver decisão sobre o crédito, o PER é aprovado e
homologado. Os credores começam a ser pagos, com excepção do
credor “A”.
O drama do credor não reconhecido
Ac STJ 15-09-2016, proc. 2817/09.1TTLSB.L1.S1 (António Leones
Dantas):
Por outro lado, assente a impossibilidade legal de instauração de acção executiva
por parte do A., porquanto dúvidas não restam de que as acções executivas mais
não são do que as acções típicas para cobrança de dívida, de nada vale ter uma
ação a condenar a R. no pagamento do crédito, se não há depois como tornar
exequível essa mesma condenação. (...)
Na verdade, o A. intentou a presente ação que seguiu os seus trâmites e começou
por ver o seu invocado direito apreciado, sendo que o facto de ocorrer agora a
extinção da instância nos presentes autos, tal não implica uma denegação de
justiça, porquanto o A. teve a oportunidade legal, que usou, de no PER reclamar os
seus créditos.
Vale isto por dizer, que criando a lei um mecanismo que pode implicar a extinção
das ações em que os credores peticionem os seus créditos, confere-lhes, por outro,
a possibilidade e o direito de reclamarem os mesmos créditos em sede de PER. Não
podemos assim falar de negação de acesso ao direito e a uma tutela jurisdicional
efetiva.
O drama do credor não reconhecido
A não se entender assim, é caso para se perguntar quando é que a apelante poderá fazer valer o seu
crédito sobre a apelada?
No PER não conseguiu porque reclamou, a sua reclamação foi impugnada pela revitalizanda e a
impugnação não foi decidida, de onde resultou que o seu crédito não integrou a listagem dos créditos
reconhecidos e integrados no plano aprovado e depois homologado.
Na presente acção também não conseguirá, a manter-se a extinção da instância reconvencional
decretada.
Assim, só mediante acção declarativa autónoma, a instaurar após o trânsito da decisão que impender
sobre a presente acção em curso, talvez daqui a muito tempo, correndo também o risco de perda de
garantias patrimoniais, poderia a apelante lograr o reconhecimento do seu crédito, o que se revela
completamente absurdo face ao princípio da economia processual, o princípio da celeridade processual e
o princípio de aproveitamento dos actos processuais, como bem refere a apelante, pois não tem sentido
que não se aproveite a instância já em curso, com actos processuais relevantes já praticados, mormente
os probatórios, em que tudo se encontra preparado para a audiência de julgamento, obrigando-se a aqui
reconvinte apelante a vir instaurar outra acção, em tudo igual à contra-acção aqui em curso pela via
reconvencional, com tudo o que isso implica de perda de tempo, com tudo o que isso implica de redobrar
de esforços e de encargos, ainda mais quando será nesta acção reconvencional, cruzada com a principal
instaurada pela apelada revitalizanda contra a apelante, que os factos serão melhor discutidos e também
decididos, porque discutidos conjuntamente de uma forma mais clara e lúcida.
(Ac TRP 03-03-2016, proc. 596/11.1TVPRT.P1)
O drama do credor não reconhecido

Qual deveria ser o conteúdo do plano quando o devedor não


reconheça o crédito?

Artigo 209.º n.º 3 do CIRE

“O plano de insolvência aprovado antes do trânsito em julgado da


sentença de verificação e graduação dos créditos acautela os
efeitos da eventual procedência das impugnações da lista de
credores reconhecidos ou dos recursos interpostos dessa
sentença, de forma a assegurar que, nessa hipótese, seja
concedido aos créditos controvertidos o tratamento devido”.
Plano que contemple créditos litigiosos

• O plano prevê a integração de credores reconhecidos


posteriormente nos termos do plano;
• O plano prevê que o montante devido a credores
reclamantes não reconhecidos seja caucionado;
• O plano prevê a integração de credores reconhecidos
com diminuição das prestação dos restantes
Se as acções declarativas se extinguem
necessariamente....

Não deveria o juiz recusar sempre o plano?


O juiz recusa ainda a homologação se tal lhe for solicitado pelo devedor, caso este
não seja o proponente e tiver manifestado nos autos a sua oposição,
anteriormente à aprovação do plano de insolvência, ou por algum credor ou sócio,
associado ou membro do devedor cuja oposição haja sido comunicada nos mesmos
termos, contanto que o requerente demonstre em termos plausíveis, em alternativa,
que:
a) A sua situação ao abrigo do plano é previsivelmente menos favorável do que a
que interviria na ausência de qualquer plano, designadamente face à situação
resultante de acordo já celebrado em procedimento extrajudicial de regularização de
dívidas;
(...)
Novo RERE

Artigo 7.º
Protocolo de negociação
1 - O conteúdo do protocolo de negociação é estabelecido livremente entre as partes
e contém, pelo menos, os seguintes elementos:
(...)
e) Acordo relativo à não instauração pelas partes, contra o devedor no decurso do
prazo acordado para as negociações, de processos judiciais de natureza executiva,
de processos judiciais que visem privar o devedor da livre disposição dos seus bens
ou direitos, bem como de processo relativo à declaração da insolvência do devedor;
(...)
Meios de defesa do credor não reconhecido

• Pedir a não homologação do plano / recorrer da decisão


de homologação por ausência de solução para créditos
litigiosos
• Pedir a insolvência do devedor (cfr. artigo 218.º, n.º 1,
alínea b)?
• Providência cautelar de arresto?
• Providência cautelar antecipatória para ser integrado no
plano de pagamentos?
Os credores falsa ou erradamente reconhecidos

• Pode ser intentada uma impugnação pauliana?


• Pode impedir-se o devedor de cumprir o plano
relativamente a certos credores?
• Pode-se arrestar as quantias recebidas pelos (falsos)
credores?
Os negócios em curso

• No âmbito da consulta pública ao PER, o Governo rejeitou


proposta no sentido de impedir a resolução de contratos ou o
vencimento antecipado de obrigações por dívidas até ao PER
• Mas atenção a acórdão do STJ de 03-03-2015, proc
1480/13.0TYLS.L1.S1 (João Camilo)
I - Na pendência das negociações com vista à aprovação do plano de recuperação
previsto nos arts. 17.º-A a 17.º-I do CIRE, o credor não pode propor acções contra o
devedor ou, simplesmente, agir contra o mesmo, tal como prescreve o art. 17.º D, n.º
10, do mesmo código e o Quinto Princípio da Resolução n.º 43/2011 da Presidência do
Conselho de Ministros, publicada no DR, I série, de 25-10-2011.
II - Por essa razão e nesse período temporal, o credor que seja locador financeiro
incidente sobre imóveis em que o devedor seja locatário financeiro, não pode resolver
esse contrato, mesmo que tenha causa legal para o efeito, resolução essa que tornava
inviável o plano de recuperação já aprovado, apesar do voto contra do locador
financeiro.
Os negócios em curso: novo n.º 8 do artigo 17.º-E

A partir da decisão a que se refere o número anterior e durante todo o


tempo em que perdurarem as negociações, não pode ser suspensa a
prestação dos seguintes serviços públicos essenciais:
a) Serviço de fornecimento de água;
b) Serviço de fornecimento de energia elétrica;
c) Serviço de fornecimento de gás natural e gases de petróleo
liquefeitos canalizados;
d) Serviço de comunicações eletrónicas;
e) Serviços postais;
f) Serviço de recolha e tratamento de águas residuais;
g) Serviços de gestão de resíduos sólidos urbanos.
www.uria.com

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