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8 3-O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.

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da entrega da mercadoria ou, na sua falta, no prazo de seis (6) uniforme. A nulidade de tais estipulações não implica a nulidade
meses após a recepção da mercadoria. das outras disposições do contrato.

ARTIGO 26.' 2. Em especial, é nula qualquer cláusula pela qual o


transportador faz com que lhe seja cedido o benefício do seguro
Arbitragem da mercadoria ou qualquer outra cláusula análoga, assim como
Qualquer litígio emergente de um contrato de transporte a qualquer cláusula que modifique o ónus da prova.
que se aplique este Acto uniforme pode ser submetido a ARTIGO 29.'
arbitragem.
Conversáo monetária
ARTIGO 27.O
Jurisdiçio competente quanto ao transporte Para os ~ s t a d o fora
s 'da zona CFA, os montantes mencionados
entre Estados no art. 18.O são convertidos na moeda nacional à taxa de câmbio
que vigore na data da decisão ou da sentença arbitra1 ou numa
1. Em qualquer litígio emergente de um transporte realizado data acordada entre as partes.
entre Estados e regulado pelo presente Acto uniforme, se as
partes não celebraram convenção de arbitragem nem con- CAPITULO
VI I
vencionaram que seriam competentes os tribunaisde determinado DISPOSIÇOES TRANSITORIAS E FINAIS
Estado, o autor pode intentar a acção nos tribunaiydo Estado em
u ARTIGO 30.O
cujo território:
a) o réu tem a sua residência habitual, a sua sede principal ou Os contratos de transporte rodoviário de mercadorias
a sucursal ou agência por intermédio da qual foi concluído celebrados antes da entrada em vigor do presente Acto uniforme
o contrato de transporte; continuam a ser regulados pelo direito aplicável no momento da
sua formação.
b) teve lugar a recepção da mercadoria ou, ainda, nos tribugis
ARTIGO 31 . O
do Estado em cujo território se encontra prevista a
respectiva entrega. O presente Acto uniforme será publicado no Jornal oficial da
2. Quando uma acção esteja pendente numa jurisdição OHADA e será igualmente publicado nos jornais oficiais dos
crmpetente ou quando já foi proferida uma decisão no âmbito Estados membros ou divulgado pelas formas neles previstas.
dessa jurisdição, não pode ser intentada nova acção relativa à Entrada em vigor no dia 1 de Janeiro de 2004.
mesma causa e entre as mesmas partes, a menos que a decisão
da jurisdição a que a acção foi submetida em primeiro lugar não Feito em Yaoundé, aos 22 de Março de 2003.
possa ser executada no pais onde a nova acção foi intentada.
3. Logo que uma decisão proferida por uma jurisdição de um ACTO UNIFORME PARA A ORGANIZAÇÃO
Estado mewbro tenha força executiva nesse Estado, a mesma DOS PROCESSOS COLECTIVOS
tornar-se-á igualmente executória em todos os outros países DE APURAMENTO DO PASSIVO
membros, após o cumprimento das formalidades prescritas para
esse efeito pelo Estado em causa. Tais formalidades não podem TITULO PRELIMINAR
incluir qualquer processo de revisão.
ARTIGO 1.O
4. As disposições do número anterior aplicam-se as decisões
contraditórias, as decisões proferidas a revelia e as transacções O presente Acto Uniforme tem como objecto:
judiciais. As mesmas não se aplicam nem às decisões apenas organizar os processos colectivos prevent~vos,de recu-
provisoriamente executorias, nem às condenações em peração judicial de empresas e de liquidação de bens do
indemnização pronunciadas, para além da condenação no paga- devedor para apuramento colectivo do seu passivo;
mento da taxa de justiça, contra o autor, em caso de rejeição total
ou parcial do seu pedido. definir as sanções patrimoniais, profissionais e penais
K relativas as faltas do devedor e dos dirigentes da empresa
CAPITULO
VI devedora.
DISPOSIÇÕES DIVERSAS ARTIGO 2.O
ARTIGO 28.' 1. O processo preventivo é um processo destinado a evitar a
cessação de pagamentos ou a cessação de actividade da empresa
Nulidade das cláusulas contrarias ao Acto uniforme
e a permitir o apuramento do seu passivo através de uma
1. Sem prejuízo das normas dos arts. 2.O, alínea c), 15.O, n.O concordata.
1,24.O, n.O 3 e 27.O, é nula e sem efeito qualqueresti~ulaçãoque, O processo preventivo é aplicável a qualquer pessoa singular
directa ou indirectamente, modifique as normas do presente Acto ou colectiva comerciante, a qualquer pessoa de direito privado
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não comerciante e a qualquer empresa pública que tenha a


forma de uma Ressoa colectiva de direito privado que, inde- PROCESSO PREVEN'I'IVO
pendentemente da natureza das suas dividas, esteja numa
situação económica e financeira dificil mas não irremediavelmente CAPITULO
I
comprometida.
2. A recuperação judicial é um processo destinado a ARTIGO 5.'
salvaguardar a empresa e a apurar o seu passivo através de um
acordo de recuperação. A acção é interposta junto da jurisdição competente através
de requerimento do devedor expondo a sua situação económica
3 . A liquidação de bens e um processoque tem como objectivo e financeira e apresentando as perspectivas de recuperação da
a realização do activo do devedor para apuramento do seu empresa e de apuramento do passivo.
passivo.
O requerimento é dirigido ao presidente da jurisdição
4. A recuperação judicial e a liquidação de bens são aplicáveis competente e entregue na secretaria dessa jurisdição, contra
a qualquer pessoa singular ou colectiva comerciante, a qualquer recibo. O requerente deve indicar os créditos para os quais o
pessoa colectiva de direito privado não comerciante e a qualquer devedor requer a suspensão das acções individuais.
empresa pública que tenha a forma de uma pessoa colectiva de Nenhum requerimento de processo preventivo pode ser
direito privado que cesse os seus pagamentos. apresentado pelo devedor antes de decorrido um prazo de cinco
anos a contar de uma anterior decisão em processo preventivo.
ARTIGO 3.'
ARTIGO 6.'
O~processopreventivo, a recuperação judicial e a liquidaqão
de bens dependem da jurisdição competente em matéria Com o requerimento de processo preventivo, o requerente
comercial. deve juntar:

Esta jurisdição é igualmente competente para decidir sobre 1." uma certidão do registo comercial e do crédito mobiliário;
todos os conflitos decorrentes do processo colectivo, sobre os 2.") o relatório e contas incluindo, nomeadamente, o balanço,
conflitos sobre os quais o processo colectivo exerce uma in- a demonstração de resultados, um quadro financeiro dos recursos
fluência jurídica, bem como sobre os conflitos relativos a falência e do pessoal;
e as outras sanções, com excepção dos que são exclusivamente 3.7 a situação da tesouraria;
atribuídos as jurisdições administrativas, penais e sociais.
4.7 relação dos créditos e das dívidas com indicação dos
ARTIGO 4.' respectiv.os montantes bem como dos nomes e endereços dos
credores e dos devedores;
A jurisdição territorialmente competente para receber os
processos colectivos é a do lugar em que o devedor tem o seu 5.")a situação detalhada, activa e passiva, das garantias
estabelecimento principal ou, se se tratar de pessoa colectiva, a pessoais e reais prestadas e recebidas pela empresa e pelos
seus dirigentes;
sua sede social ou ainda, caso não tenha sede no território na-
cional, o seu estabelecimento principal. Se a sede social for no 6") inventário dos bens do devedor com indicação dos bens
estrangeiro, o processo corre os seus termos perante a jurisdi- móveis sujeitos a reivindicação pelos respectivos proprietários e
ção competente no lugar onde se situa o principal centro de dos afectados por uma cláusula de reserva de propriedade;
exploração situado no território nacional. 7.7 0 número de trabalhadores e o montante dos salários e
A jurisdição da sede ou do estabelecimento principal da dos encargos sociais;
pessoa colectiva é igualmente competente para decidir o processo 87 0 montante do volume de negociose dos lucros tributáveis
preventivo, a recuperação judicial ou a liquidação de bens das dos três últimos anos;
pessoas solidariamente responsáveis pelo seu passivo. 9.O)o nomee endereço dos representantesdos trabalhadores;
Qualquer contestação sobre a competência da jurisdição em 10.") tratando-se de uma pessoa colectiva, a lista dos
que corre o processo deve ser decidida no prazo de quinze dias membros solidariamente responsáveis pelas dividas sociais,
e, em caso de recurso, no prazo de um mês, pela jurisdição de com indicação dos respectivos nomes e endereços, bem como os
recurso. nomes e endereços dos respectivos dirigentes.
Se a competência for contestada com fundamento no lugar, a Todos os documentos devem ser datados, assinados e
jurisdição, se se declarar competente, deve decidir igualmente autenticados pelo requerente. ,,
sobre as questões de fundo na mesma decisão; esta ultima só Se um destes documentos não puder ser apresentado ou só
pode ser impugnada sobre a competência e.sobre o fundo por via puder ser apresentado de forma incompleta, o requerimento
3 2 recurso.
deve mencionar os motivos desse impedimento.
70 3 . O SUPLEMENTOAO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINE-BISSAU N.O 38

ARTIGO 7.O A suspensão aplica-se igualmente as acções executivas e


aos procedimentos cautelares.
Simultaneamentecom a documentação prevista no artigo 6.O
ou num prazo máximo de trinta dias após a sua junção, o devedor A S U S ~ ~ aplica-se
~ S ~ O a todos OS credores q~irografáriose

deve, sob pena de indeferimento liminar do requerimento, m ~ n i d de


0 ~privilégios gerais OU de garantias reais especiais tais
entregar uma proposta de concordata preventiva mencionando como, nomeadamente, um privilégio mobiliário especial, um
as medidas e condições previstas para a recuperaçãoda empresa, penhor, um ónus ou uma hipoteca, com excepção dos créditos de
nomeadamente: salários.

as modalidades de continuzção da empresa tais como o A suspensão das acções individuais não se aplica nem as
pedido de prorrogação de prazos de pagamento e redução acções que tenham como objecto o reconhecimento de direitos
de dívidas; a cessão parcial de activo com indicação precisa ou de créditos contestados nem as acções cambiárias inter-
dos bens a ceder; a cessão ou a locação de um estabele- postas contra os subscritores de títulos de crédito que não sejam
cimento comercial; a cessão ou a locação da totalidade da o beneficiário da suspensão das acções individuais.
empresa, sem que essas modalidades sejam limitativas ou Os prazos impostos aos credores sob pena de vencimento,
exclusivas umas das outras; de prescrição ou caducidade dos respectivos direitos são,
as pessoas obrigadas a cumprir a concordata e o conjunto consequentemente, suspensos durante todo o período de
das obrigações por si subscritas e necessárias a recupe- suspensão d.as acçóes individuais.
ração da empresa; as modalidades de manutenção e finan-
ARTIGO 10.'
ciamento da empresa, do pagamentodo passivo anterior a
decisão prevista no artigo 8." bem como, se for o caso, as Salvo renúncia pelos credores, os juros legais ou conven-
garantias dadas para assegurar o respectivo cumprimento; cionais, bem como os juros de mora e seus acréscimos conti-
essas obrigações e garantias podem consistir, nomea- nuam a correr mas não são exigiveis.
damente, num aumento de capital social a subscrever
pelos antigos sócios ou por novos sócios, na abertura de ARTIGO 11O
.
créditos pelos estabelecimentos bancários ou financeiros.
Com ressalva de autorizaçãofundamentada do presidente da
na conti"'a~'0 do c~'"~'i"'ent0 de contratos '''idos
jurisdição competente, a decisão no processo preventivo
antes do requerimento, ou na prestação de cauções;
o devedor, sob pena de inoponibilidade, de:
os despedimentos por motivos económicos que devem ser
efectuados, nas condições previstas pelas normas de direi-
- pagar, no todo ou em parte, os créditos constituídos antes
da decisão de suspensão das acções individuais e
to do trabalho;
abrangidos por esta;
a substituição de dirigentes.
- realizar actos de disposição estranhos a exploração nor-
ARTIGO 8.O mai da empresa ou prestar garantias.
Logo que a proposta de concordata preventiva seja entregue É igualmente proibido ao devedor reembolsar os fiadores que
é imediatamente transmitida ao presidente da jurisdição pagaram créditos constituidos antes da prevista no
competente que toma uma decisão de suspensão das acções
artigo 8.'.
individuais e nomeia um perito para elaborar um relatório sobre
a situação económica e financeira da empresa, as perspectivas ARTIGO 12.O
de tendo em conta as P ~ de prazos ~de 1, ~O perito analisa
~ ~ do devedor
a situação ~ ~ efeito
Para esse Ç
pagamento e redução de dívidas consentidas ou susceptíveis de
pode, não obstante qualquer disposição legislativa ou regulmentar
o serem ~ i e l o scredores e qualquer outra medida que faça parte
em contrário, obter dos revisores de contas, dos contabilistas,
das propostas de concordata preventiva.
dos representantes dos trabalhadores, das administrações
O perito ao d i s ~ O s t O 410 e ppblica~,dos organismos de segurança social, dos estabele-
4.2.'. cimentos bancários ou financeiros, bem como dos serviços
O perito é informado das Suas funções Por carta registada encarregados de centralizar os riscos bancârios e os incidentes
com aviso de recepção Ou Por qualquer outro meio escrito do de pagamento, todas as informações necessárias para ter um
presidente da jurisdição mmpetente ou do devedor no prazo de conhecimento exacto da situação e financeira do
oito dias a contar da data da decisão de suspensão das acções devedor.
individuais.
2. O perito deve informar a jurisdição competente em caso de
ARTIGO 9.' não cumprimento do disposto no artigo 1 1 . O .
A decisão prevista pelo artigo 8.' Suspende ou impede a 3. O perito ouve o devedor e os credores e presta-lhes o seu
propositura de todas as acções individuais que tenham como auxilio para chegar a conclusão de um acordo sobre as moda-
objecto obter o pagamento dos créditos designados pelo deve- lidades de recuperação da empresa e o apuramento do seu
dor e nascidos antes da referida decisão. passivo.
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ARTIGO 13." qualquer prorrogação dos prazos de pagamento e reduções de


créditos, salvo se dai resultar perigo para a empresa destes
O perito nomeado entrega na Secretaria, em dois exemplares, credores.
o seu relatório do qual deve fazer parte o acordo preventivo
proposto pelo devedor ou celebrado entre este e os credores, no Os credores de salários não podem conceder qualquer
prazo máximo de dois meses a contar da sua nomeação, com reduçãode créditos, nem podeser-lhes imposta uma prorrogação
ressalva de autorização fundamentada do presidente da jurisdição de prazo que não tenham aceite voluntariamente.
competente para prorrogar este prazo por um mês. 3. Se a jurisdição competente considerar que a situação do
O perito deve respeitâr o prazo previsto na alínea precedente, devedor não corresponde a nenhum processo colectivo ou se
sob pena de se tornar responsável perante o devedor ou os não aceitar o acordo preventivo proposto pelo devedor, anula a
credores. decisão prevista no artigo 8.'. A anulação coloca as partes na
mesma situação em que se encontravam antes da decisão.
Um exemplar do relatório deve ser entregue ao representante
do IMinistério Público pelo escrivão chefe. 4. A jurisdição competente deve proferir a sua decisão no
prazo de um mês a contar do pedido.
ARTIGO 14.'
ARTIGO 16.'
No prazo de oito dias a contar da entrega do relatório, o
presidente reúne a jurisdição competente e convoca o devedor A decisão da jurisdição competente de homologação da
para comparecer perante essa jurisdição para aí ser ouvido em concordata preventiva põe fim as funções do perito relator com
audiência não pública. O presidente deve igualmente convocar ressalva das disposições do artigo 17.". Todavia, a jurisdição
para esta audiência o perito relator bem como qualquer credor competente pode nomear um síndico e fiscais encarregados de
que considere necessário ouvir. controlar o cumprimento da concordata preventiva nas mesmas
condições que as previstas para a concordata no processo de
O devedor e, eventualmente, o ou os credores são convocados recuperação judicial.
por carta registada com aviso de recepção ou por qualquer outro
meio escrito, com o mínimo de três dias de antecedência. A jurisdição competente nomeia igualmente um Juiz
Comissário.
ARTIGO 15." ARTIGO 17."
A jurisdição competente decide em audiência não pública. A decisão do processo preventivo e publicada nas condi-
1. Se verificar a cessação de pagamentos, a jurisdição ções previstas nos artigos 36." e 37.O.
competente profere, oficiosamente e a qualquer momento, a A verificação da publicação 6 feita pelo perito nas condi-
recuperação judicial ou a liquidação de bens sem prejuízo do ções previstas no artigo 38.'.
disposto no artigo 29.".
2. Se a situação do devedor o justificar, a jurisdição com-
petente profere uma decisão no processo preventivo e homologa ÓRGAOS DO PROCESSO PREVENTIVO
a concordata preventiva com os prazos de pagamento e reduções
ARTIGO 18."
de créditos consentidos pelos credores e notificando o devedor
das medidas propostas para a recuperação da empresa. Os A homologação da concordata preventiva torna-a obrigatória
prazos de pagamento e as reduções de créditos consentidos para todos os credores anteriores a decisão no processo
pelos credores podem ser diferentes. preventivo, quer os respectivos créditos sejam quirografários ou
A jurisdição competente homologa a concordata preventiva tenham garantias, nas condições de prazos de pagamento e
se: reduções que eles consentiram ao devedor sem prejuízo das
disposições do artigo 15.O, 2. O mesmo se aplica aos que tenham
-estiverem reunidas as condições de validade da concordata prestado caução e tenham pago as dívidas do devedor cons-
- nenhum motivo decorrente do interesse colectivo ou de tituidas antes dessa decisão.
ordem pública parecer de modo a impedir a concordata; Os credores beneficiários de garantias reais não perdem as
- a concordata oferecer sérias possibilidades de recupera- respectivas garantias mas s6 podem executá-las em caso de
ção da empresa, de pagamento do passivo e suficientes anulação ou resolução da Concordata preventiva a que tenham
garantias de cumprimento; dado o respectivo consentimento ou que Ihes tenha sido imposta.
- os prazos concedidos náo forem superioresa três anos Os garantes e os co-obrigados do devedor não podem
para o conjunto dos credores nem superiores a um ano prevalecer-se das prorrogações de prazos e reduções da
para os créditos de salários. concordata preventiva.
I

Se o acordo preventivo comportar um pedido de concessão A prescrição continua suspensa em relação aos credores
de um prazo não superior a dois anos, a jurisdição competente que, em virtude dasoncordata preventiva, não podem exercer os
pode impor esse prazo aos credores que tenham recusado respectivos direitos ou acções.
12 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINE-BISSAU N.O 38

Logo que a decisão do processo preventivo transite em Se a jurisdição de recurso confirmar a decisão do processo
julgado o devedor recupera a liberdade de administração e de preventivo, admite a concordata preventiva.
disposição dos seus bens.
Se a jurisdição de recurso constatar a cessação de pa-
ARTIGO 19.' gamen'tos, deve fixar a respectiva data, ordenar a recuperação
judicial ou a liquidação de bens e reenviar o processo a jurisdi-
O perito nomeado em aplicação do artigo &'deve apresentar competente.
um relatório das suas funções ao presidente da jurisdição
competente no prazo de um mês a contar da deciçãoque admitiu No prazo de três dias a contar da decisão da jurisdição.de
a concordata preventiva. recurso, o escrivão dessa jurisdição deve enviar uma certidão da
mesma ao escrivão da jurisdição de primeira instância que
O presidente da jurisdição competente deve rubricar o
procede a publicação imposta pelo artigo 17.'.
relatório.
Se o devedor não recuperar os documentose títulos que tiver ARTIGO 24.O
entregue ao perito, este só 6 depositário dos mesrnosdurante um
período de dois anos a contar da data do seu relatório. As decisões do presidente da jurisdi$ão competente a que se
refere o artigo 11 . O só podem ser objecto de oposição a deduzir
ARTIGO 20.' perante essa mesma jurisdição no prazo de oito dias. As dis-
posições do artigo 218.Velativas a contagem dos prazos são
O sindico nomeado nos te.rmos o artigo 16.' controla o cum-
aplicáveis ao processo preventivo.
primento da concordata preventiva. Ele comunica imediatamente
ao Juiz Comissário qualquer incumprimento. Para esse efeito, as decisões são transmitidas a secretaria
O síndico deve informar, de três em três meses, o Juiz Comis- no dia em que Sã0 proferidas. Elas sã0 imediatamente notifica-
sário sobre o desenrolar das operaçoes e notificar disso o de- das ao devedor por carta registada ou outro meio escrito.
vedor. Este dispõe de um prazo de quinze dias para, caso enten-
A jurisdição competente deve decidir no prazo de oito dias a
da, fazer as suas observações e contestar.
contar do dia em que a oposição é deduzida. A oposição deduz-
O sindico que cessa as suas funções deve entregar as suas se através de declaração na secretaria. O escrivão convoca o
contas na secretaria no prazo de um mês a contar da cessação oponente, por carta registada ou qualquer outro meio escrito,
de funções.
para a audiência seguinte da Câmara do Conselho para que aí
A remuneração do sindico na qualidade de fiscal é fixada seja ouvido.
pela jurisdição que o nomeou.
As decisões da jurisdição proferidas sobre a oposição só são
ARTIGO 21 . O susceptíveis de recurso de cassação.
A pedido do devedor e mediante relatório do sindico encar-
T~TULOII
regado de controlar a execução da concordata preventiva, se
este tiver sido nomeado, a jurisdição competente pode decidir RECUPERAÇÃO JUDICIAL E LIQLIIDAÇÃO DE BENS
qualquer modificação destinada a abreviar ou a favorecer a CAPITULO
I
execução.
ABERTURADOPROCESSODERECUPERAÇAO
As disposições dos artigos 139.' a 143.' são aplicáveis a
DE EMPRESAS E DE LIQUIDAÇÃO DE BENS
resolução e a anulação da concordata preventiva.
ARTIGO 25.'
CAPITULO
III
VIAS DE RECURSO O devedor que se encontra impossibilitado de pagar o seu
passivo exigível com o seu activo disponível deve fazer uma
ARTIGO 22.'
declaração de cessação de pagamentos para obter a abertura de
A decisáo de suspensão das acções individuais prevista no um processo de recuperação judicial ou de liquidação de bens,
artigo 8.' não é susceptível de recurso. independentemente da natureza das suas dívidas.
ARTIGO 23.' Adeclaração deve ser feita no prazo de trinta dias a contar da
As decisões da jurisdição competente relativas ao processo cessação dos pagamentos e entregue na secretaria da jurisdição
preventivo são provisoriamente executivas e só podem ser competente contra recibo.
atacadas através de recurso interposto no prazo de quinze dias ARTIGO 26.'
contados da data em que foram proferidas. As disposições do
artigo 218.O relativas a contagem dos prazos são aplicáveis ao A declaração prevista no artigo 25.' devem juntar-se,
relativamente a mesma data:
processo preventivo.
1 uma certidão do registo comercial e do crédito mobiliário;
A jurisdição de recurso deve decidir no prazo de um mês a
.O)

contar da data de interposição do recurso. 2.") os relatórios e contas de exercício, incluindo, nomea-
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damente, o balanço, a demonstração dos resultados, um quadro na continuação de cumprimento de contratos concluidos
financeiro dos recursos e pessoal; antes da decisão de abertura do processo, ou na prestação
de cauções;
3.") a sifuação da tesouraria;
- os despedimentos por motivos econórnicos que devem
4." a situação dos créditos e dividas com indicação dos
ter lugar nas condições previstas pelos artigos 110.' e
respectivos montantes e dos nomes e endereços dos credores e
111.O;
devedores;
- a substituição de dirigentes.
5.7 a situação detalhada, activa e passiva, das garantias
pessoais e reais prestadas e recebidas pela empresa ou pelos ARTIGO 28.'
seus dirigentes;
O processo colectivo pode ser aberto a pedido de um credor,
6.") o inventário dos bens do devedor com indicação dos
independentemente da natureza do seu crédito, desde que seja
bens móveis que podem ser reivindicados pelos respectivos pro-
certo, liquido e exigivel.
prietários bem como dos afectados por uma cláusula de reserva
de propriedade; O pedido do credor deve indicar a natureza e o montante do
seu crédito bem como o titulo em que se funda.
7.") o número de trabalhadores e o montante de salários e
encargos sociais em divida; O devedor tem a possibilidade de fazer a declaração e a
proposta de concordata previstas nos artigos 25.O, 26.' e 27.' no
8") o montante do volume de negócios e dos lucros tributá-
prazo de um mês a contar da data do pedido do credor.
veis dos três últimos anos;
9.7 o nome e endereço do representante dos trabalhadores; ARTIGO 29.O

1O.") sendo uma pessoa colectiva, a lista dos membros soli- 1. Ajurisdição competente pode, por sua própria iniciativa,
dariamente responsáveis pelo pagamento das dívidas daquela, abrir o processo, nomeadamente com base em informações
com indicação dos respectivos nomes e endereços, bem como dadas pelo representante do Ministério Público, por revisores de
dos nomes e endereços dos seus dirigentes. contas das pessoas colectivas de direito privado, pelos sócios ou
membros dessas pessoas colectivas ou pelas instituições
Todos esses documentos devem ser datados, assinados e
representativas do pessoal que lhe indiquem factos que motivem
autenticados pelo requerente.
essa abertura do processo.
Se um desses documentos não puder ser apre-sentado ou só
O presidente manda convocar o devedor, através do escrivão
puder ser sê-10 de forma incompleta, o requerimento deve men-
e por acto extrajudicial, para comparecer perante a jurisdição
cionar o motivo desse impedimento.
competente e em audiência não pública. O acto extrajudicial
ARTIGO 27.' deve conter a reprodução integral do presente artigo.

Simultaneamente com a declaração prevista no artigo 25.O ou 2. Se o devedor comparecer, o presidente informa-o dos
n i prazo máximo de quinze dias a contar da data da sua entrega, factos de natureza a motivar a abertura oficiosa do processo e
o devedor deve entregar na secretaria uma proposta de con- recolhe as suas observações. Se o devedor reconhecer que está
cordata em que indique as medidas e condições previstas para em cessação de pagamentos ou em dificuldade ou se o presidente
a recuperação da empresa, nomeadamente: adquirir a íntima convicção de que ele está nessa situação, ele
- as modalidades de continuação da empresa tais como: o concede-lhe um prazo de trinta dias para fazer a declaração e a
pedido ou a concessão de prorrogações prazos de paga- proposta de concordata e de recuperação previstos nos artigos
mento ou reduções das dividas; a cessão parcial do activo 25.O, 26.' e 27.'. O mesmo prazo é concedido aos membros de
com indicação exacta dos bens a ceder; a cessão ou a uma pessoa colectiva que sejam ilimitada e solidariamente
locação de um estabelecimento comercial; a cessão ou a responsáveis pelo passivo social. Findo este prazo, a jurisdição
locaçáo da totalidade da empresa, sem que essas mo- competente profere a sua decisão em audiência pública.
dalidades sejam limitativas e exclusivas umas das outras;
3. Se o devedor não comparecer, a jurisdição competente
- as pessoas obrigadas a executar a concordata e o conjunto toma nota da ocorrência e delibera na primeira audiência pública
das obrigações por elas subscritas e necessárias para a seguinte.
recuperação da empresa; as modalidades da continuação
ARTIGO 30.'
e do financiamento da empresa, do pagamento do passivo
constituído antes da decisão de abertura do processo, bem Quando um comerciante morre em estado de cessação de
como, se for o caso, as garantias prestadaspara assegurar pagamentos, a jurisdição competente deve abrir o processo
o seu cumprimento; essas obrigações e garantias podem competente no prazo de um ano a contar da data do falecimento,
consistir, nomeadamente, num aumento de capital social a mediante declaração de um herdeiro ou a pedido de um credor.
subscrever pelos antigos ou por novos sócios, na abertura A jurisdição competente pode igualmente, nesse m e i m o
de créditos por estabelecimentos bancários ou financeiros, prazo, tomar a iniciativa de abrir o processo, sendo então ouvidos
14 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.' 38

ou devidamente notificados os herdeiros conhecidos. Neste Aqualquer momento no decurso do processo de recuperação
caso, é aplicável o processo do artigo 29.". judicial a jurisdição competente pode converfê-lo em liquidação
Em caso de,abertura do processo a pedido dos herdeiros, de bens se se verificar que o devedor não tem ou deixou de ter
estes devem subscrever uma declaração de cessação de a possibilidade de propor uma concordata séria.
pagamentos e entregar na secretaria uma proposta de concordata Adecisão da jurisdição competente é susceptível de recurso.
nas condições previstas nos artigos 25.', 26.' e 27.'. A jurisdição de recurso que anular ou modificar a decisão de
Em caso de abertura do processo na sequência de pedido primeira instância pode proferir, por sua própria iniciativa, a
dos credores, aplicam-se as disposições do artigo 28.'. recuperação judicial ou a liquidação de bens.

ARTIGO 31 . O ARTIGO 34.'

A abertura de um processo colectivo pode ser pedida, no Ajurisdição competentedeve fixar provisoriamente a data de
prazo de um ano a contar do cancelamento da inscrição do de- cessação de pagamentos. Se o não fizer, presume-se que essa
vedor no Registo comercial e d o crédito mobiliário se a cessação data é a da decisão que a constata.
de pagamentos for anterior a esse cancelamento.
Adata de cessação de pagamentos não pode ser anterior em
A abertura de um processo colectivo pode igualmente ser mais de dezoito meses a decisão que ordena a abertura do
pedida contra um sócio ilimitada e solidariamente responsável processo.
pelo passivo social no prazo de um ano a contar da inscrição.da
A jurisdição competente pode modificar, nos limites fixados
sua saída da sociedade no Registo comercial e do crédito
na alínea precedente, a data de cessação de pagamentos através
mobiliário quando a cessação de pagamentos da sociedade for
anterior a essa inscrição. de decisão posterior a decisão de abertura do processo.

Nos dois casos, a jurisdição competente abre o processo Nenhum pedido de fixação da data da cessação de paga-
mediante pedido dos credores ou por sua própria iniciativa nas mentos em data diferente da fixada pela decisão de abertura ou
condições previstas nos artigos 28.' e 29.". por decisão posterior pode ser aceite depois de findo o prazo
para dedução de oposição previsto no artigo 88.'. A partir do
ARTIGO 32.' último dia desse prazo, a data de cessação de pagamentos fica
estabelecida de forma definitiva e irrevogável.
A abertura de um processo colectivo de recuperação judicial
01 de liquidação de bens só pode resultar de uma decisão da ARTIGO 35.'
ju -isdição competente.
Adecisão de abertura nomeia um Juiz Comissário escolhido
Antes da decisão de abertura de um processo colectivo, o entre os juizes da jurisdição, com excepção do Juiz Presidente
presidente pode designar um juiz local ou qualquer pessoa que e com ressalva do caso de juiz único. Ela nomeia o ou os síndicos
julgue qualificada, encarregada de elaborar e lhe entregar um cujo número não pode exceder três. Se for esse o caso, o perito
relatório no prazo que ele fixar, bem como para recolher todas as nomeado no processo preventivo de um devedor não pode ser
informações sobre a situação e a actuação do devedor e a nomeado como síndico.
proposta de acordo por ele feita.
O escrivão envia imediatamente uma certidão da decisão ao
Ajurisdição competente decide na primeira audiência útil, e, representante do Ministério Publico. Essa certidão deve
se tiver lugar, sobre o relatório previsto na alínea precedente; em mencionar as principais disposições da decisão.
qualquer caso, ela não pode decidir antes de decorrido um prazo
de trinta dias a contar da abertura do processo. ARTIGO 36."
A jurisdição competente não pode inscrever o processo na Qualquer decisão de abertura de processo colectivo e
tabela geral. imediatamente mencionada no registo comercial e do crédito
ARTIGO 33.' mobiliário. Se o devedor for uma pessoa colectiva de direito
privado não comerciante a menção será feita no registo
A jurisdição competente que constatar a cessação de cronológico; para além disso, é aberta uma ficha em nome do
pagamentos deve decidir a recuperação judicial ou a liquidação interessado no ficheiro alfabético, com menção da decisão que
de bens. lhe diz respeito; são ainda indicados os nomes e endereços do
Ajurisdição decide a recuperação judicial se lhe parecer que ou .dos dirigentes bem como a sede da pessoa colectiva. A
o devedor propôs uma concordata séria. No'caso contrário, decisão é aindapublicada, sob forma de extracto, com as mesmas
decide a liquidação de bens. indicações, num jornal habilitado a receber anúncios legais na
área da jurisdição competente. Uma segunda publicação deve
A decisão que constatar a cessação de pagamentos de uma ser feita, nas mesmas condições, quinze dias depois. Para além
pessoa colectiva produz efeitos em relação a todos os membros das indicações previstas no presente artigo, os dois extractos
ilimitada e solidariamente responsáveis pelo passivo social e devem conter um aviso aos credoxes para que reclamem os
decide, contra cada um deles, a recuperação judicial ou a respectivos créditos junto do síndico, bem como a reprodução
Irquidação de bens. integral das disposições do artigo 78.".
22 DE SETEMBRO DE 2005

A mesma publicação deve ser feita no local em que o devedor bancários e os incidentes de pagamento, as informações neces-
ou a pessoa colectiva tiverem os seus principais estabeleci- sárias para dispor de uma informação exacta sobre a situação
, mentos. económica e financeira daempresa.
A publicação acima mencionada é feita, oficiosamente, pelo O Juiz Comissário elabora um relatório para a jurisdição
escrivão. competente sobre todas as contestações decorrente do pro-
ARTIGO 37." cesso colectivo.
Ajurisdição competente pode, a qualquer momento, proceder
As menções efectuadas no registo comercial e do crédito
a substituição do Juiz Comissárió.
mobiliário são enviadas, para publicação no Jornal Oficial, nos
quinze dias que se seguem a data em que a decisão foi proferida. ARTIGO 40.'
Esta publicação contém, por um lado, a indicação do devedor ou
O Juiz Comissário decide sobre os pedidos, contestações e
da pessoa colectiva devedora, do seu endereço ou sede social,
reivindicações que sejam da sua competência, no prazo de oito
do seu número de inscrição no registo comercial e do credito
dias a contar da data do requerimento; se não decidir nesse
mobiliário, da data da decisão que ordenou o processo preventivo,
prazo, presume-se que indeferiu o requerimento.
a recuperação judicial ou a liquidação de bens e, por outro lado,
indicação dos números dos jornais de anúncios legais em que As decisões do Juiz Comissário são imediatamente entregues
foram publicados os extractos previstos no artigo 36.'; esta na secretaria e notificadas pelo escrivão, por carta registada ou
publicação indica igualmente o nome e endereço do síndico outro meio escrito, a todas as pessoas a quem as mesmas sejam
junto do qual os credores devem declarar os respectivos créditos susceptiveis de causar prejuízo.
e reproduz integralmente as disposições do artigo 78.O. Essas decisões são susceptiveis de oposição, deduzida por
simples declaração na secretaria no prazo de oito dias a contar
A publicação no Jornal Oficial é efectuada, oficiosamente,
da respectiva entrega ou da respectiva notificação ou no prazo
pelo escrivão ou, se este o não fizer, pelo síndico. Esta publicação previsto na primeira alínea do presente artigo. Durante o mesmo
é facultativa se a publicação num jornal de anúncios legais tiver
prazo, a jurisdição competente.pode, por sua própria iniciativa,
sido feita de acordo com o disposto no artigo 36. Caso contrário, proferir uma decisão que anule ou modifique as decisões do Juiz
a publicação é obrigatória. Comissário.
ARTIGO 38.' Ajurisdição competente delibera na audiência mais próxima.
. Se a jurisdição competente proferir uma decisão sobre uma
O síndico deve verificar se as menções e publicações previstas
oposição deduzida contra uma decisão do Juiz Comissário, este
nos artigos 36.' e 37.' foram efectuadas.
não pode fazer parte do tribunal.
O síndico deve igualmente inscrever a decisãò de abertura
de acordo com as disposições que regulam o registo predial.

ÓRGAOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ARTIGO 41 . O


E DA LIQUIDAÇÃO DE BENS Nenhum parente directo ou por afinidade do devedor até ao
quarto grau inclusive pode ser nomeado síndico.
Quando se deva proceder aadjunção ou a substituição de um
ou vários síndicos, o Juiz Comissario deve informar a jurisdição
'ARTIGO 39.' competente que procede a nomeação.
O Juiz Comissario, colocado sob a autoridade da jurisdição ARTIGO 42.'
competente,.vela pelo rápido desenvolvimento do processo e
Ajurisdição competente pode ordenar a destituição de um ou
pelos interesses em presença.
vários síndicos mediante proposta do Juiz Comissario actuando
O Juiz Comissário recolhe todos os elementos de informação por sua própria iniciativa ou na sequência de reclamações que
que lhe pareçam úteis. Ele pode, nomeadamente, ouviro devedor lhe sejam feitas pelo devedor, pelos credores ou pelos fiscais.
ou os dirigentes da pessoa colectiva, os seus representantes, os .Se uma reclamação tiver por finalidade a destituição do
credores ou qualquer outra pessoa, incluindo o cônjuge ou os síndico, o Juiz Comissário deve, no prazo de oito dias, decidir, ,
herdeiros conhecidos do devedor falecido em estado de cessação indeferindo o pedido ou propondo a jurisdição competente a des-
de pagamentos. tituição do síndico. Se, findo esse prazo, o Juiz Comissário não
Não obstante todas as disposiç0es legislativas ou regula- tiver decidido, a reclamação pode ser feita perante a jurisdição
mentares contrárias, o Juiz comissário pode obter dos revisòres competente; essa decisão é susceptível de oposição nas con-
dições previstas pelo artigo 40.O.
de contas, dos contabilistas, dos membros e representantes do
pessoal, das administrações e organismos públicos, dos orga- Ajurisdição competente ouve, em audiência pública, o rela-
nismos de segurança social, dos estabelecimentos de crédito, tório do Juiz Comissário e as explicações do síndico. Asua deci-
.bem como dos serviços encarregados de centralizar os riscos são e proferida em audiência pública.
16 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38

ARTIGO 43." requerer comunicação de qualquer acto, livro ou documento res-


O ou os síndicos têm como missão representar os credores peitante ao processo colectivo.
com ressalva dos artigos 52,"e 5 3 O . Os síndicos têm a qualidade A falta de comunicação da informação ou de documento só
de mandatários remunerados e são civilmente responsáveis
pode ser invocada pelo representante do Ministério Público.
nos termos gerais, sem prejuízo da respectiva responsabili-
dade penal. 2. O representante do Ministério Público comunica ao Juiz
Se tiverem sido nomeados vários sindicos, estes actuam Comissário, a pedido deste ou por sua própria iniciativa, as
colectivamente. Todavia, o Juiz Comissario pode, de acordo com informações úteis para a gestão do processo colectivo prove-
as ci~cunstâncias,dar a um ou a vários de entre eles poderes nientes de qualquer processo penal, não obstante o segredo de
para actuar individualmente; nesse caso, só os sindicos que justiça.
tenham recebido esses poderes são responsáveis pelas faltas SECÇÃO IV
que cornet$m.
FISCAIS
Se for apresentada reclamação contra qualquer das opera-
ções do síndico, o Juiz Comissário deve decidir sobre ela nas ARTIGO 48."
condições previstas no artigo 40.'.
O sindico tem a obrigação de prestar contas das suas funções A qualquer momento, o Juiz Comissário pode nomear um ou
e do desenrolar do processo colectivo ao Juiz Comissário e de vários fiscais escolhidos entre os credores sem que o respectivo
acordo com a periodicidade que este determinar. Se o Juiz número possa ser no entanto superior a três.
Comissário nada determinar, o'çindico deve prestar-lhe contas
Todavia, a nomeação dos fiscais é obrigatória a pedido dos
uma vez por mês e sempre que o Juiz Comissário o pedir.
credores que representem, pelo menos, metade do total dos
ARTIGO 44.' créditos mesmo não verificados.
O síndico que cesse as suas funções deve prestar contas ao
novo síndico, na presença do Juiz Comissario, bem como ao Nesse caso, o Juiz Comissário nomeia três fiscais escolhidos,
devedor devidamente convocado carta reaistada
" ou outro respectivamente, e l l l r ? O S credores beneficiários de garantias
meio escrito. reais especiais mobiliarias ou imobiliárias, os representantes
ARTIGO 45." dos trabalhadores e os credores quirografários.
As importâncias eventualmente recebidas pelo síndico,
da
Nenhum parente directo ou uor afinidade do devedor ou dos
e~endentementeda proveniência. devem ser dirigentes pessoa colectivav, até ao quarto grau inclusive,
imbdiatamente depositadas numa conta especialmente aberta
para cada Processo colectivo num estabelecimento bancário ou pode ser nomeado fiscal ou representante de uma pessoa
'postal ou ' i a s Finanças. No prazo de oito' dias a contar do como fiscal.
recebimento das receitas, o sindico deve provar os respectivos Os fiscais podem ser destituídos pela jurisdição competente
depósitos ao Juiz Comissario. Em caso de atraso, o sindico deve
mediante proposta do Juiz Comissário. Após destituição, o Juiz
juros das somas que não tiver depositado. O Juiz Comissário
arbitra as somas necessárias às despesas gerais e judiciais, Comissario nomeia os respectivos substitutos.
Se as importâncias devidas ao devedor tiverem sido ARTIGO 49."
depositadas numa conta especial por terceiros, as mesmas devem
ser transferidas para uma conta aberta pelo síndico em nome do 0 s fiscais assistem o Juiz Comissário na sua missão de
processo Obter o levantamento de fiscalização do desenrolar do processo colectivo e defendem os
. . oposições.
eventuais
~. interesses dos credores.
As importâncias assim depositadas só podem ser levantadas
por decisão do Juiz Comissário. 0 s fiscais têm sempre o direito de verificar a contabilidade e
o estado da situação apresentada pelo devedor, de pedir contas
ARTIGO 46.' sobre o estado do processo, sobre os actos realizados pelo
sindico bem como sobre as receitas realizadas e os respectivos
O síndico é responsável pelos livros, papéis e objectos
depósitos.
entregues pelo devedor ou s ele pertencentes bem como pelos
credores ou qualquer outre pessoa que lhos entregue durante ., OS fiscais são obrigatoriamente consultados sobre a con-
cinco anos a contar da entrega das contas. tinuação da actividade da empresa no decurso do processo de
.. ,
verificação dos créditos e no momento da realização da venda
SECÇAO III dos bens do devedor.
. . MINISTÉRIO PÚBLICO Os fiscais podem apresentar quaisquer contestações junto
..
ARTIGO 47.O do Juiz Comissário que deve decidir em conformidade com o
disposto no artigo 40.".
1. O representante do Ministério Público é informado sobre o
desenrolar do processo colectivo pelo Juiz Comissário. O As funções dos fiscais são gratuitas e devem ser exercidas
representante do Ministério Público pode, a qualquer momento, pessoalmente.
22 DE SETEMBRO DE 2005

0 s fiscais só respondem pelos respectivos erros graves. Se o síndico recusar a sua assistência para praticar os actos
de administração ou de disposição, ao devedor ou aos dirigentes
s ~ c ç Á vo da pessoa colectiva, estes ou os.ficais podem obriga-lo a fazê-
lo por decisão do Juiz Comissário obtida nas condições previstas
DISPOSIÇÕES GERAIS
nos artigos 4 0 . 9 43.'
ARTIGO 50.' ARTIGO 53.'
Quando os bens do devedor não são suficientes, de imediato, A decisão que ordena a liquidação de bens de uma pessoa
para pagar as despesas da decisão de recuperação judicial ou colectiva implica, de pleno direito, a sua dissolução.
de liquidação de bens, de notificação, de editais e de publicação
da decisão nos jornais, de aposição de selos, de guarda e de A decisão que ordena a liquidação de bens implica, de pleno
direito, a contar da sua data e até ao termo do processo, o
levantamento de selos, despesas de exercício das acções
impedimento do devedor para administrar e dispor dos seus bens
declarativas de inoponibilidade, de preenchimento do passivo,
presentes e dos que puder adquirir seja a que título for, sob pena
dsextensão dos processos colectivos e de falência pessoal dos
de inoponibilidade de tais actos, excepto se se tratar de actos
,-- dirigentes das pessoas colectivas, o adiantamento dessas des-
conservatórios.
pesas é feito, por decisão do Juiz Comissário, pelas Finanças
Públicas que serão reembolsadas, com privilégio, sobre as .Os actos, direitos e acções do devedor relativos ao seu
primeiras cobranças. património são cumpridos ou exercidos, no decurso da liquidação
de bens, pelo síndico que actua, sozinho, em representação do
Esta disposição é aplicável ao processo de recurso da decisão devedor.
que ordene a recuperação judicial ou a liquidação de bens.
Se o sindico se recusar a realizar um acto ou a exercer um
ARTIGO 51 .' direito ou uma acção relativa ao património do devedor, este
último, os dirigentes da pessoa colectiva ou os fiscais, se foram
E proibido ao sindico e a todos os que participam na admi- nomeados, podem obrigá-lo a fazê-lo por decisão do Juiz
nistração do processo colectivo, comprar pessoalmente, directa Comissário obtida nas condições previstas nos artigos 40.' e
ou indirectamente, por acordo ou por venda judicial, toda ou 43.O.
parte do activo mobiliário ou imobiliário do devedor em situação
ARTIGO 54.'
de processo preventivo, recuperação judicial ou liquidação de
bens. Desde a sua entrada em funções, o sindico deve realizar
CAP~TULOIII todos os actos necessários para conservar os direitos do devedor
contra os seus devedores.
EFEITOS DA DECISAO DE ABERTURA EM RELAÇÃO
AO DEVEDOR Osíndico deve, nomeadamente, requerer, em nome da massa,
as inscrições das garantias mobiliárias e imobiliárias sujeitas a
SECÇÃO I registo que não foram requeridas pelo devedor. O síndico deve
ASSISTENCIA OU RENUNCIA DO DEVEDOR juntar ao seu requerimento uma certidão que prove a sua
ARTIGO52.O - nomeação.
A decisão que ordena a recuperação judicial implica, de ARTIGO 55.O
pleno direito, a partir da sua data e até homologação do acordo No prazo de três dias a contar da decisão de abertura, o
" ou até a conversão da recuperação judicial em liquidação de devedor deve apresentar-se ao síndico com os seus livros de
bens, assistência obrigatória do devedor para todos os actos contabilidade para exame e fecho dos mesmos.
relativos a administração e a disposição desses bens, sob pena
de inoponibilidade desses actos. Qualquer terceiro que detenha esses livros deve apresentá.
10s ao sindico quando este os pedir.
Todavia, o devedor pode realizar, validamente e sozinho, os
actos conservatórios e os actos de gestão corrente que façam Odevedorou o terceirodetentor podem fazer-se representa:
parte da actividade habitual da empresa, em conformidade com se provarem causas de impedimento reconhecidas comc
os usos e costumes da profissão, devendo no entanto informar o legítimas.
sindico dos actos que praticar.
Se o balanço não lhe tiver sido entregue pelo devedor, o
Se o devedor ou os dirigentes da pessoa colectiva se recu- síndico elabora, com base nos livros, nos documentos de contabi-
sarem a praticar um acto necessário para a salvaguarda do lidade, nos papéis e nas informações que conseguir obter, um
património, o sindico pode praticá-lo sozinho desde que seja estado da situação.
autorizado pelo Juiz Comissário. É o que se passa, nomea- ARTIGO 56.'
damente, quando se trata de tomar medidas conservatórias, de
proceder a cobrança dos títulos e créditos exigíveis, de vender Em caso de liquidaçáo de bens, as cartas destinadas ao
objectos cuja conservação seja dispendiosa ou sujeitos a devedor são entregues ao síndico, com excepção das que tenham
deterioração ou'a perda de valor iminentes, de intentar ou con- carácter pes,soal. O devedor, se estiver presente, assiste a
tinuar uma acção mobiliária ou imobiliária. abertura das cartas.
18 S 0 SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38

ARTIGO 57.' ARTIGO 60.'

A pártic da decisão de abertura de um processo colectivo i


Se a jurisdição competente tiver ordenado a aposiçáo de
contra uma pessoa colectiva, os dirigentes de direito ou de facto, selos, o Juiz Comissário pode, mediante proposta do sindico,
aparentes ou ocultos, remunerados ou não, só podem, sob pena dispensá-lo da aposição de selos ou autorizá-lo a mandá-los
d e nulidade, ceder as partes sociais, acções ou quaisquer outros retirar:
direitos sociais com a autorização do Juiz Corriissário e nas l,7dos objectos móveis e objectos indispensáveis ao devedor
condições que este fixar. e a sua família;
Ajurisdição competente decide acerca da faculdade de cessão 2.0) dos objectos sujeitos a deterioração ou a perda de valor
dos direitos sociais de qualquer pessoa que se tenha imiscuído iminente;
na gestão da pessoa colectiva em qualquer momento em que
3." dos objectos necessários a actividade profissional do
essa ingerência tenha sido verificada.
devedor ou a sua empresa quando a continuação da exploração
Os títulos representativos dos direitos sociais são entregues é autorizada.
ao síndico. Se essa entrega não for feita voluntariamente, o
sindico interpela os dirigentes para que a façam. A falta de
òs objectps são imediatamente inventariados
na presença do Juiz Comissário, que assina o auto,
entrega desses títulos é constitutiva da infracção prevista no
artigo 231 .O-7.'. ARTIGO 61 . O
O se for o caso, a menção, da 0 s selos judiciais são levantados dos livros e documentos da
pessoa colectiva e no registo do comércio e do crédito mobiliário, contabilidade e entregues ao sindico pelo Juizcomissário depois
da faculdade de cessãolda incessibilidade dos direitos sociais de ,te último os ter verificado e ter indicado, no auto, oastado
dos dirigentes. em que os encontrou.
O síndico elabora uma situação dos direitos sociais e entrega Os titulos em carteira com vencimento a curto prazo e sus-
aos dirigentes uma certidão de depósito ou de inscrição de ceptíveis de aceitação ou para os quais seja necessário realizar
incessibilidaddda faculdade de cessão para que possam actos conservatórios, são retirados dos que estão selados pelo
participar nas assembleias da pessoa colecti3;a. Juiz Comissário, descritos e entregues ao sindico para que este
faça a respectiva cobrança.
ARTIGO 58.'
ARTIGO 62.'
0 sindico garante, sob sua responsabilidade, a guarda dos
titulos que lhe são entregues pelos dirigentes sociais. No prazo de três dias a contar da aposição, o sindico requer
o levantamento dos selos para fazer o inventário.
O síndico só pode restituí-10s após homologaçáo da con-
cordata ou após encerramento das operações de liquidação dos ARTIGO 63.'
bens, com excepção da obrigação de os entregar, a qualquer
O síndico procede ao inventário dos bens do devedor na
momento, a quem a justiça o ordenar.
presença ou não deste último, devidamente convocado por carta
ARTIGO 59.' registada ou por qualquer outro meio escrito
Ao mesmo tempo que se faz o inventário, faz-se a lista dos
AdecisãO de abertura pode a a ~ O s i ç ã ode pela
móveis que não foram incluidos na aposição dos selos
autoridade judicial sobre caixas, cofres, pastas, livros. papéis,
certidão destes após inventário,
móveis, títulos, lojas e balcões do devedor e, se se tratar de
pessoa colectiva cujos membros sejam ilimitadamente res- O síndico pode pedir a ajuda de qualquer pessoa que con-
ponsáveis, sobre os bens de cada um dos membros. A aposição sidere útil para a redacção do inventário e para a avaliação dos
dos selos pode igualmente ser ordenada para os bens dos bens.
dirigentes das pessoas colectivas. As mercadorias colocadas sob apreensão alfandegária são
objecto, se o síndico tiver conhecimento, de menção especial.
O escrivão avisa imediatamente desta decisão o Juiz
Se o processo colectivo for aberto depois do faiecimento dos
Comissário que procederá a aposição dos selos.
devedores e não for feito inventário, este último deve ser efec-
Antes mesmo desta decisão, 0 presidente da Jurisdição com- tuado na presença ou não dos herdeiros conhecidos devidamente
~ e t e n t epode nomear, entre 0s seus membros, Por Sua própria convocados por carta registada ou por qualquer outro meio
iniciativa ou por requerimento de um ou vários credores, um juiz escrito,
que deve proceder a aposição dos selos, mas unicamente em
caso de desaparecimento do devedor ou de desvio de todo ou de 0 representante do Ministério Público pode assistir a0
parte do seu activo. inventário.
O Juiz Comissário ou o Juiz nomeado de acordo com o O inventário é redigido em dois exemplares: um é ime-
disposto na alínea precedente, comunica imediatamente aposição diatamente entregue na secretaria da jurisdição competente e o
dos selos ao presidente da jurisdição que a ordenou. outro fica para o síndico.
22 DE SETEMBRO DE 2005 19

Em caso de liquidação de bens e findo o inventário, as mer- realizados pelo devedor durante o período suspeito, sendo este
cadorias, o dinheiro, os valores, as letras de câmbio e os titulos o lapso temporal que medeia entre a data de cessação de
de crédito, os livros, os papéis, móveis e objectos do devedor pagamentos e a data da decisão de abertura do processo.
são entregues ao síndico que os menciona no fim do inventário.
ARTIGO 68.'
ARTIGO 64.'
São inoponíveis à massa se forem realizados durante o
O devedor pode obter, sobre o activo, para si e para a sua
família, recursos económicas fixados pelojuiz Comissário. Este período suspeiio:
último toma a sua decisão depois de ouvir o síndico. os actos de transmissão da propriedade mobiliária ou
I.")
ARTIGO 65.' imobiliária, a titulo gratuito;
2.") qualquer contrato comuiativo em que as obrigações do
1 Em caso de recuperação judicial, o síndico deve imedia-
.O)

tamente pedir ao devedor que subscreva todas as declarações devedor excedam notoriamenie as da outra parte;
que lhe incumbam em matéria fiscal, alfandegária e de segurança 3.") qualquer pagamento, independentemente do modo
social. '
utilizado, de dívidas não vencidas, com excepção das letras de
O sindico vigia a entrega dessas declarações. câmbio;
2.7Em caso de liquidação de bens, o síndico deve imedia- 4.") qualquer pagamento de dívidas vencidas efectuado por
tamente pedir ao devedor que lhe forneça todos os elementos de meio diferente de dinheiro, letra de câmbio, transferência,
informação que não resultem dos livros comerciais, necessários pagamento directo sobre a conta bancária, cartão de crédito ou
para cálculo dos impostos, direitos e encargos de segurança de pagamento, ou compensação legal, judicial ou contratual de
social devidos. dívidas que tenham uma relação de conexão entre si ou por
O síndico transmite as administrações fiscais, alfandegárias qualquer outro modo normal de pagamento;
e de segurança social os elementos de informação dados pelo 5.7qualquer hipoteca contratual ou oneração contratual ou
devedor bem como aqueles de que dispõe. constituição de penhor, constituídas sobre os bens do devedor
3.") Nos dois casos acima mencionados, se o devedor não para dívidas contraídas anteriormente;
responder ao pedido do síndico no prazo de vinte dias a contar qualquer inscrição provisória de hipoteca judicial ou de
6.O.)

do pedido, o sindico constata esse incumprimento e avisa o Juiz oneração judicial conservatoria.
Comissário; o sindico informa igualmente, no prazo de dez dias,
as administrações fiscais, alfandegárias e de segurança social e ARTIGO 69.O
transmite-lhes as informações de que dispõe sobre os negócios
realizados e sobre os salários pagos pelo devedor. 1. Podem ser declarados inoponíveis a massa falida, se lhe
causarem prejuízo:
ARTIGO 66.'
I ." os actos que importem a transmissão a título gratuito da
O síndico, no prazo de um mês a contar da data de início das propriedade mobiliária ou imobiliária realizados nos seis meses
suas funções e com ressalva de prorrogaçáo especial desse que precederam o período suspeito;
prazo concedida pelo Juiz Comissário por decisão devidamente
fundamentada, entrega a esse magistrado um relatório sumário 2." as inscrições de garantias reais mobiliárias ou
sobre a situação aparente do devedor e das causas e caracterís- imobiliárias, consentidas ou obtidas para dívidas concomitantes
ticas dessa situação, fazendo um balanço económico e social da quando o respectivo beneficiario teve conhecimento da cessação
empresa e indicando as perspectivas de recuperação que de pagamentos do devedor; I

resultam das propostas de concordata apresentadas pelo


devedor. 3.") os actos onerosos se os que trataram com o devedor
tinham conhecimento da cessação de pagamentos do devedor
O parecer dos fiscais, se tiverem sido nomeados, deve ser
junto ao relatório. no momento da conclusão;
O Juiz Comissário transmite imediatamente o relatório, com 4.") os pagamentos voluntários das dívidas vencidas se os
as suas observações, ao representante do Ministério Público. que as receberam tinham conhecimento da cessação de pa-
Se esse relatório náo lhe foi entregue no devido prazo, deve gamentos deved0r no moment0 Pagamento. '
avisar o Ministério Público e explicar-lhe as causas do atraso. 2. Em derrogaçáo ao n."4 do parágrafo 1 do presente artigo,
s ~ c ç Á 11o o pagamento feito ao portador diligente de uma letra de câmbio,
de uma Iivrança ou de um cheque é oponível a massa com excep-
ção dos seguintes casos, em que uma acção de restituição é
ARTIGO 67.O possível contra:

São inoponíveis ou podem ser declarados inoponíveis a 1 o sacador, ou aquele que deu a ordem em caso de saque
.O)

massa falida, tal como definida pelo artigo 72.O, os actos por Conta, com conhecimento da cessação de pagamentos do
?O 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38

sacado, quer no momento do saque quer no momento do paga- 5." Os actos a título oneroso declarados inoponíveis dei-
nento da letra pelo sacado; xam de produzir efeitos se ainda não tiverem sido executados.
2.") o beneficiário da livrança que teve conhecimento da Se se tratar de uma alienação já executada, o comprador
cessaçio de pagamentos do subscritoi, quer no momento do deve restituir o bem e reclamar o seu credito no passivo do de-
endosso quer no momento do pagamento que lhe foi feito pelo vedor; se houve sub-alienação a título gratuito, o sub-adquirente
subscritor; deve restituir o bem sem qualquer direito contra a massa; se
houve sub-alienação a título oneroso, o sub-adquirente deve
3.") o sacador de um cheque que teve conhecimento da restituir o bem e reclamar o seu crédito no passivo do devedor
cessação de pagamentos do sacado no momento da emissão se, no momento da aquisição do bem tinha conhecimento d o .
do cheque; carácter inoponível do acto do seu autor. ,

4.") o- beneficiário de um cheque que teve conhecimento Se o devedor tiver recebido toda ou parte da prestação do co-
da cessação de pagamentos do Sacador no momento de emis- contratante que não pode ser restituida em espécie, o credor
são do cheque; deve declarar o seu crédito pelo valor da prestação feita.
5.")o beneficiário de um cheque que teve conhecimento CAPITULO IV
da cessação de pagamentos do sacado quer no momento da
EFEITOS DA DECISAO DE ABERTURA
emissão quer no momento do pagamento do cheque.
DO PROCESSO EM RELAÇAO AOS CREDORES
ARTIGO 70.' s~cçWoi
Só o sindico pode interpor acção declarativa de inoponi- CONSTITUIÇAO DA MASSA E EFEITOS SUSPENSIVOS
bilidade dos actos realizados durante o período suspeito peran-
ARTIGO 72.'
te a jurisdição que tenha proferido a abertura do processo
colectivo. A decisão de abertura do processo constitui os credores
numa massa representada pelo sindico que, sozinho, actua em
O sindico não pode exercer este direito depois da entrega do seu nome e no interesse colectivo e pode obrigá-la.
encerramento da situação dos créditos previsto no artigo 86.O.
A massa é constituída por todos os credores cujo crédito seja
ARTIGO 71 . O anterior a decisão de abertura do processo, mesmo que a
exigibilidade desse crédito estivesse fixada para data posterior
inoponibilidade aproveita a massa. a essa decisão, desde que o crédito não seja inoponível em
1."Amassa é sub-rogada na posição do credor cuja garantia virtude dos artigos 68.' e 6 9 . O .
tiver sido declarada inoponível;
ARTIGO 73'
2.7 O acto a título gratuito declarado inoponível fica despro-
A decisão de abertura do processo suspende as inscrições
vido de efeitos se não tiver sido executado. No caso contrário, o
em curso de qualquer registo mobiliário ou imobiliário.
beneficiário do acto deve restituir o bem cuja propriedade tiver
sido transferida gratuitamente. ARTIGO 74.'
Em caso de sub-alienação a titulo gratuito, o sub-adquirente, Adecisão de abertura do processo implica, a favor da massa,
mesmo de boa fé, está sujeito a inoponibilidade e a restituição do hipoteca que o escrivão é obrigado a inscrever imediatamente
bem ou ao pagamento do seu valor a menos que o bem tenha sobre os bens imóveis do devedor e sobre os que ele vier a
desaparecido do seu património por caso de força maior. Em adquirir a medida dessas aquisições.
caso de sub-alienação a titulo oneroso, o sub-adquirente só está
sujeito a re:itituição ou pagamento do valor se, no momento da A hipoteca é inscrita de acordo com as disposiçóes relativas
aquisição do bem para si, tinha conhecimento da cessação de ao registo predial. A hipoteca toma a posição do dia em que é
pagamentos do devedor. inscrita sobre cada um dos imóveis do devedor.

De qualquer forma, o beneficiario principal do acto a título O síndico vigia o cumprimento desta formalidade e, se for
gratuito continua obrigado acl pagamento do valor do bem se o necessário, cumpre-a ele próprio.
sub-adquirente não pode ou não deve restituir o bem. -
ARTIGO 75.O
3.") O pagamento declarado inoponível deve ser restituído A decisão de abertura do processo suspende ou impede
pelo credor que deverá integrá-lo no passivo do devedor. todas as acções individuais para reconhecimento de direitos e
4.7 Se e contrato comutativo desequilibrado decla-rado de créditos bem como todas as acções executivas para obtenção
inoponível não foi executado, ja não poderá sê-10. de pagamento, intentadas pelos credores que compóem a massa,
sobre os bens móveis ou imóveis do devedor.
Se o contrato tiver sido executado, o credor apenas pode
recuperar para o passivo do devedor o justo valor da prestaqão A suspensão das acç8es individuais aplica-se igualmente
que efectuou. aos credores cujos créditos estejam garantidos por um privilegio
22 DE SETEMBRO DE 2005

geral ou por uma garantia real especial tal como, nomeadamente, garantias que componham a massa devem, sob pena de cadu-
um privilégio mobiliário especial, um penhor, um ónus ou hipoteca, cidade, reclamar os respectivos créditos ao sindico. Este prazo
com ressalva das disposições dos artigos 134.O, alínea4.', 149.O é de sessenta dias para os credores domiciliados fora do território
e 150,", alíneas 3 e 4. nacional em que o processo foi aberto.

Asuspensão das acções individuais não se aplica as acções Tem a mesma obrigação o credor que, munido de um título de
de nulidade e de resolução. crédito, tenha intentado, antes da decisão de abertura, uma
acção de condenação em virtude do título ou, se não tiver titulo,
As acções em que se pede unicamente o reconhecimento de para pedir o reconhecimento do seu direito.
direitos ou de creditos contestados ou a fixação do seu montante
Os titulares de um direito de reivindicação devem igualmente
são intentadas ou continuadas de pleno direito pelos credores,
apresentar a respectiva reclamação e indicar se pretendem
após reclamação dos respectivos créditos, se esses direitos ou
exercer esse direito. Se o não indicarem são considerados como
créditos tiverem sido definitivamente recusados ou provisória ou
credores quirografarios.
parcialmente aceites pelo Juiz Comissário. Estas acções são
intentadas ou retomadas contra o devedor e o sindico nas A reclamação interrompe a prescrição extintiva do crédito.
condições previstas nos artigos 52.O e 53.".
ARTIGO 79.'
0 s prazos impostos aos credores sob pena de caducidade,
prescrição ou resolução dos respectivos direitos são, em Todos os credores conhecidos, nomeadamente os inscritos
consequência, suspensos durante todo o periodo de suspensão no balanço e os beneficiários de uma garantia que tenha sido
das próprias acções. objecto de publicitação que não tenham reclamado os respectivos
creditos no prazo de quinze dias a contar da primeira publicação
As acções e as vias de execução que não sejam atingidas da decisão da abertura num jornal de anúncios legais, devem ser
pela suspensão só podem ser exercidas ou continuadas durante advertidos pessoalmente pelo sindico para que o façam, por
o processo colectivo contra o devedor assistido pelo sindico em carta registada com aviso de recepção ou por qualquer outro
caso de recuperação judicial ou representado pelo sindico em meio escrito dirigido, se for caso disso, ao domicílio que esco-
caso de liquidação de bens. lheram.
ARTIGO 76.O Amesma advertência é enviada, em todos os casos, ao fiscal
representante do pessoal se tiver sido nomeado um.
A decisão de abertura do processo só torna exigíveis as
dívidas não vencidas em caso de liquidação de bens e unicamente Se não declararem os respectivos créditos ou reivindicações
em relação ao devedor. no prazo de quinze dias a contar da recepção da advertência ou,
Quando as dividas são expressas em moeda estrangeira, são o mais tardar, no prazo previsto no artigo 78.", os créditos e
convertidas em moeda do lugar em que a decisão de liquidação reivindicações caducam. Este prazo 6 de trinta dias para os
dos bens foi proferida e de acordo com o câmbio a data da credores e reivindicantes domiciliados fora do território nacional
- decisão. em que o processo colectivo foi aberto.
ARTIGO 77." ARTIGO 80.'
Independentementedo tipode processo, a decisão de abertura
Os credores entregam ao síndico, directamente ou por carta
do processo suspende, unicamente em relação a massa, a registada, uma declaração em que indicam o montante que Ihes
contagem de juros legais e contratuais, de todos os juros de é devido no dia da decisão de abertura, as somas vincendas e as
mora e acréscimos de todos os creditos, quer tenham ou não respectivas datas de vencimento.
garantias reais. Todavia, tratando-se de juros resultantes de
contratos de empréstimo concluídos por um periodo igual ou A declaração deve igualmente indicar o tipo de garantia de
superior a um ano ou de contratos com cláusula de pagamento que o crédito eventualmente beneficie. O credor deve, ainda,
diferido de um ano ou mais, os juros continuam a correr se a apresentar todos os elementos necessários para provar a
decisão tiver aberto um processo de recuperação de empresa. existência-e o montante do crédito se não resultar de um título,
avaliar o crédito se não for liquido ou mencionar a jurisdição em
que corre o processo se o crédito for objecto de litígio.
A esta declaração devem juntar-se, com as facturas, os
ARTIGO 78.' documentos comprovativos de que possam fazer-se cópia.
A partir da decisão de abertura do processo e até ao termo de O sindico dá aos credores um recibo comprovativo da entrega.
um prazo de trinta dias a contar da segunda publicação num
jornal de anúncios legais prevista pelo artigo 36.' ou a contar da ARTIGO 81 .O
publicação feita no jornal oficial prevista pelo artigo 37.O, quando As declarações dos créditos das Finanças, da administração
é obrigatória, todos os credores quirografários ou munidos de das alfândegas e dos organismos de segurança social são sempre
22 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38

efectuadas com ressalva dos créditos que ainda não foram r Comissário e o credor e o reivindicante interessado por carta
determinados e das liquidações individuais. registada com aviso de recepção ou qualquer outro meio escrito;
o aviso deve indicar o objecto e o motivo da discussão e da
Estes créditos são aceites provisoriamente se resultarem de
contestação, o montante do crédito cuja admissão é contestada
uma taxação oficiosa ou de procedimento tributário, mesmo que
e conter a reprodução integral do presente artigo.
sejam contestados pelo devedor nas condições do artigo 85.'.
O credor e o reivindicante têm um prazo de quin-ze dias a
contar da recepção do aviso para dar as suas explicações escritas
Depois da assembleia de credores em caso de recuperação ou verbais ao Juiz Comissário. Decorrido esse prazo o credor e
judicial ou do encerramento das operações em caso de liquidação o reivi-ndicante deixam de poder contestar a proposta do síndico.
de bens, o síndico, a pedido dos credores, restitui os documentos O prazo é de trinta dias para os credores domiciliados fora do
que lhe foram confiados. território nacional em que o processo colectivo foi aberto.

A restituição pode ser feita desde que a verificação esteja Todavia, os credores fiscais, alfandegários e sociais só podem
terminada se se tratar de títulos cambiárias e o credor pretender ser contestados nas condições que resultam dos textos que Ihes
exercer acções cambiárias contra os outros signatários para são respectivamente aplicáveis.
além do devedor. ARTIGO 86.'
ARTIGO 83.'
Imediatamente depois do termo do prazo previsto no artigo
0 s faltosos que não apresentarem reclamação de crédito nos 78.' caso não haja discussão ou contestação, ou do prazo
prazos previstos pelos artigos 78." e 79.', só podem beneficiar previsto no artigo 85.' se houver discussão ou contestação, o
de anulação da caducidade por decisão fundamentada do Juiz síndico elabora uma relação dos créditos contendo as suas
Comissário contanto a relação de créditos não tenha sido deci- propostas de admissão definitiva ou provisória ou de recusa,
dida e entregue nas condições previstas pelo artigo 86 e se eles indicando a respectiva natureza quirografária ou garantida por
provarem que a falta de apresentação da reclamação foi devida uma garantia real e qual.
a facto que Ihes não é imputável.
O credor de que só a garantia real é contestada é admitido,
Em caso de recuperação judicial, a caducidade extingue os provisoriamente, a titulo quirografário.
créditos salvo cláusula de regresso de melhor'fortuna e sob
A relação dos créditos é entregue na secretaria após veri-
reserva das reduções concordatárias.
ficação e assinatura pelo Juiz Comissário que mencionará,
Até a assembleia de credores, a falta de apre-sentação de relativamente a cada crédito: o montante e o carácter definitivo
reclamação não é oponivel aos credores privilegiados de salários. ou provisório da admissão; a sua natureza quirografária ou
Se a jurisdição competente anular a caducidade relativamente garantido por uma garantia real e qual; se está um processo em
aos credores e aos reclamantes faltosos, a secretaria deve curso ou se a contestação não é da sua competência.
mencionar essa decisão na relação de credores. As despesas do O Juiz Comissário só pode recusar no todo ou em parte um
processo de anulação da caducidade são integralmente supor- crédito ou uma reivindicação ou declarar-se incompetente depois
tadas pelos credores faltosos, salvo se se tratar de credores de ter ouvido ou ter devidamente convocado o credor ou o
privilegiados de salários. reclamante, o devedore o sindico, por carta registada com aviso
de recepção ou por qualquer outro meio escrito.
Os credores faltosos que beneficiem da anulação do
cancelamento só podem participar nas distribuições de dividendos ARTIGO 87."
posteriores ao respectivo pedido.
O escrivão avisa imediatamente os credores e reivindicantes
ARTIGO 84.' da entrega da relação dos créditos para publicação em um ou
vários jornais de anúncios legais e publicação no Jornal Oficial
A verificação dos créditos e reivindicações e obrigatória contendo indicação do numero do jornal de anúncios legais em
independentemente da importância do activo e do passivo. que foi feita a primeira publicação.
A verificação efectua-se no prazo de três meses a contar da O escrivão deve ainda enviar aos credores uma cópia integral
decisão de abertura. da relação dos créditos.
Averificação éfeita pelo sindico a medida que as declarações O escrivão enviará igualmente, para ser recebido pelo menos
são apresentadas, na presença do devedor e dos fiscais se estes
quinze dias antes do fim do prazo previsto no artigo 88.' para
tiverem sido nomeados ou, na sua ausência se tiverem sido
deduzir reclamação, aos credores e reivindicantes cujo crédito
devidamente convocados por carta registada ou por qualquer
ou reivindicação tenha sido recusado total ou parcialmente ou
outro meio escrito.
a garantia real recusada, um aviso para os informar dessa
ARTIGO 85.'
recusa, por carta registada com aviso de recepção bu outro meio
Se o crédito, a garantia ou a reivindicação forem discutidos escrito. O aviso deve conter a reprodução integral das disposi-
ou contestados no todo ou em parte, o sindico deve avisar o Juiz ções do artigo 88.'.
22 DE SETEMBRO DE 2005

ARTIGO 88.' que cessaram os respectivos pagamentos, pode reclamar em


todas as massas, .até ao montante integral do seu crédito e
Qualquer reivindicante ou credor mencionado no balanço ou participar nas distribuições até integral pagamento se não tiver
cuja garantia real está regularmente pubticitada ou cujo crédito recebido nenhum' pagamento parcial antes da cessação de
foi reclamado pode, durante quinze dias a contar d a ~ u b l i c a ç ã o pagamentos dos seus co-obrigados.
num jornal de anúncios legais ou da recepção do aviso previsto
no artigo 87.O, deduzir reclamações por via de oposição, deduzida ARTIGO 92.'
directamente junto da secretaria ou por acto extrajudicial enviado Se o credor beneficiário de obrigações subscritas pelo devedor
a secreta,ria contra a decisão do Juiz Comissário. em situação de recuperação judicial ou de liquidação de bens e
O devedor ou qualquer pessoa interessada têm o mesmo de outros co-obrigados tiver recebido uma provisão sobre o seu
direito, nas mesmas condições. credito antes da cessação de pagamentos, só fará parte da
massa após dedução dessa provisão e conservará, sobre o que
A decisão do Juiz Comissário é definitiva em relação as lhe continua a ser devido, os seus direitos contra o co-obrigado
pessoas que não tenham deduzido oposição. ou o fiador.
ARTIGO 89.' O co-obrigado ou o fiador que fez o pagamento parcial é
incluído na mesma massa por tudo o que pagou e que era da
As reivindicações e os créditos contestados ou admitidos
conta do devedor.
provisoriamente são reenviados, pelo escrivão, a jurisdição
competente em matéria de processos colectivos, sendo aí ARTIGO 93.O
'
julgados, na primeira audiência seguinte, mediante relatório do Não obstante-a concordata, os credores conservam as
Juiz Comissário, se a matéria for da competência dessa jurisdição. respectivas acções para a totalidade dos respectivos créditos'-
O escrivão avisará as partes deste reenvio por carta registada contra os co-obrigados do respectivo devedor.
com aviso de recepção ou qualquer outro meio escrito, pelo ARTIGO 94.'
menos oito dias antes da audiência.
Se o credor tiver recebido pagamento de um dividendo na
Se a jurisdição competente não puder julgar as reclamações massa de um ou de vários co-obrigados em situação de recu-
antes do encerramento do processo colectivo, o credor ou o peração judicial ou de liquidação de bens, estes últimos não têm
reclamante é admitido a titulo provisório. qualquer direito de regresso entre si, com ressalva do caso em
No prazo de três dias, o escrivão avisará os interessados, por que a soma dos dividendos pagos nesses processos exceda o
carta registada com aviso de recepção ou qualquer outro meio montante total do crédito principal e acessórios; nesse caso,
escrito, da decisão tomada pela jurisdição competente em relação esse excedente é devolvido, de acordo com a ordem das obri-
a eles. O escrivão deve ainda mencionar a decisão da jurisdição gações, aos co-obrigados que tenham os outros como garantes
competente na relação dos créditos. e, se não houver ordem, na proporção do montante dos res-
pectivos créditos.
ARTIGO 90.O s ~ c ç Ã iov
Se a jurisdição competente em matéria de processos colec- PRIVILÉGIO DOS TRABALHADORES
tivos verificar que a reclamação do credor ou do reclamante e da
ARTIGO 95.'
competência de uma outra jurisdição, declara-se incompe-
tente e admite provisoriamente o crédito. Os créditos resultantes do contrato de trabalho ou do contrato
O escrivão avisará os interessados desta decisão nas de aprendizagem são garantidos em caso de recuperaçãp judi-
condições previstas pela última alínea do artigo 89.O. cial ou liquidação de bens pelo privilégio dos salários determinado
para as causas e o montante definidos pela legislação do Trabalho
Se o credor não fizer o seu pedido a jurisdição competente no
prazo de um mês a contar da recepção do aviso do escrivão e as disposições relativas as garantias.
previsto na última alínea do artigo 89.', o seu crédito caduca e a
ARTIGO 96.'
decisão do Juiz Comissário torna-se definitiva em relação a ele.
No prazo máximo de dez dias a contar da decisão de abertura
Não obstante qualquer disposição em contrário, os litígios
e por simples decisão do Juiz Comissário, o síndico paga todos
individuais que sejam da competência das jurisdições sociais
os créditos privilegiados dos trabalhadores, deduzindo as
não estão sujeitos as tentativas de conciliação previstas pela lei
provisões que já tiverem sido pagas.
nacional de cada Estado Parte.
Se não existir o montante necessário, os créditos devem ser
SECÇAO III
pagos com as primeiras entradas de dinheiro e antes de qualquer
CAUÇOES E CO-OBRIGADOS outro crédito.
ARTIGO 91 ."
Se os referidos créditos forem pagos graças a um adianta-
O credor beneficiário de-obrigações subscritas, endossadas mento feito pelo síndico ou qualquer outra pessoa, quem empresta
ou garantidas solidariamente por dois ou vários co-obrigados esse montante fica sub-rogado nos direitos dos trabalhadores e
24 3.O SUPLEMENTO A O BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38

deve ser reembolsado desde que haja entrada das importâncias decisão. Ele só pode exigir0 pagamento das rendas vencidas ou
necessárias, sem que qualquer outro crédito possa causar vincendas, depois da decisáo de abertura e para as quais é
obstáculo. igualmente credor da massa, a medida dos respectivos venci-
SECÇAO V mentos, se as garantias que lhe foram dadas no contrato forem
mantidas ou as que lhe tenham sido dadas após a decisão de
DIREITO DE RESOLUÇÃO E PRIVILÉGIO DO SENHORIO abertura forem julgadas suficientes.
DO IMÓVEL ARRENDADO
,

Se o contrato de arrendamento não for resolvido e forem


ARTIGO 97.' vendidos ou retirados os móveis existentes no local arrendado,
A abertura do processo colectivo não implica, só por si, a o privilégio do proprietário do imóvel garante os mesmos créditos
e exerce-se da mesma forma que em caso de resolução; o
resoluçáo do contrato de arrendamento dos imóveis afectados a
proprietário do imóvel arrendado pode, ainda, pedir a resolução
actividade profissional do devedor, incluindo os locais que,
do contrato de arrendamento a que tem direito.
dependendo desses imóveis, sirvam para habitação do devedor
ou da sua família. Qualquer estipulação em contrário e conside- Em caso de conflito entre o privilégio do proprietário do
rada como não escrita. imóvel arrendado e o do vendedor do estabelecimento comercial
sobre certos elementos móveis, prevalece o privilégio deste
O síndico, em caso de liquidação de bens, ou o devedor último.
assistido pelo síndico, em caso de recuperação judicial, pode
manter o direito de arrendamento ou transmiti-lo nas condições SECÇAOVI
eventualmente previstas no contrato celebrado com o senhorio e
com todos os direitos e obrigações que lhe são inerentes.
ARTIGO 99.'
Se o síndico, em caso de liquidação de bens, ou o devedor
assistido pelo síndico em caso de recuperação judicial, decidir A situação dos bens pessoais do cônjuge do devedor, decla-
não continuar o arrendamento, este é resolvido por simples rado em situação de recuperação judicial ou de liquidação de
notificação formulado por acto extra judicial. A resolução produz bens, é por si estabelecida, de acordo com as regras do seu
efeitos no termo do prazo de pré-aviso comunicado na notifica- regime matrimonial.
ção que não poderá ser inferior a trinta dias. A massa poderá, provando por todos os meios que os bens
O proprietário do imóvel arrendado que queira pedir ou fazer adquiridos pelo cônjuge do devedor o foram com valores deste,
verificar a resolução do contrato por causas anteriores a decisão pedir que as aquisições assim efectuadas sejam integradas no
de abertura deve, se ainda o não tiver feito, intentar a sua acção activo.
no prazo de um mês a contar da segunda publicação no jornal de As recuperações de bens, feitas com aplicação destas regras,
anúncios legais prevista pelo artigo 36.O ou a contar da publicação só podem ser efectuadas pelo cônjuge interessado com o encargo
no Jornal Oficial prevista pelo artigo 37.' alínea 3. das dividas e garantias com que os bens estiverem onerados.
O proprietário do imóvel arrendado que pretenda intentar
uma acção para resolução do contrato por causas ocorridas ARTIGO 100.O
depois da decisão de abertura, deve intentá-la no prazo de O cônjuge daquele que era comerciante no momento da
quinze dias a contar da data em que tiver tomado conhecimento celebração do casamento ou que se tornou comerciante no ano
da causa de resolução. A resolução judicial e proferida quando
seguinte ao da respectiva celebração não pode exercer, no
as garantias dadas sejam consideradas insuficientes pela
processo colectivo, nenhuma acção com base nas vantagens
jurisdição competente para garantir o privilegio do proprietário
concedidas por um cônjuge ao outro na convenção antenupcial
do imóvel arrendado.
ou durante o casamento; os credores não podem, por seu lado,
ARTIGO 98.' invocar as vantagens concedidas por um cônjuge ao outro.
Se o contrato de arrendamento for resolvido, o senhorio
beneficiará de um privilégio para os doze últimos meses de
. rendas vencidas antes da decisão de abertura, bem como para
os doze meses vencidos ou vincendos posteriores a essa decisão ARTIGO 101 . O
e para indemnização dos prejuízos a que tenha direito e de que
ele possa pedir o pagamento desde.a decisão de resolução. As acções de reivindicação só podem ser retomadas ou
O senhorio é, ainda, credor da massa por todas as rendas ven- intentadas se o reivindicante tiver reclamado e respeitado as
cidas e a indemnização atribuída posteriormente a decisão de formas e prazos previstos pelos artigos 78.' a 88.O.
abertura.
As reivindicações aceites pelo síndico, peló Juiz Comissário
Se o contrato não for resolvido, o proprietário do imóvel ou pela jurisdição competente, devem ser exercidas, sob pena
arrendado tem um privilégio para os doze últimos meses de de caducidade, no prazo de três meses a contar da informação
rendas vencidas antes da decisão de abertura, bem como para prevista no artigo 87.' alinea 3 ou da decisão judicial que aceitar
os doze meses de rendas vencidas ou vincendas depois dessa as reivindicações.
22 DE SETEMBRO DE 2005

ARTIGO 102.' decisão judicial ou pela aplicação de uma cláusula ou condição


resolutiva. i
Podem ser reivindicados, se ainda se encontrarem na carteira
de títulos do comerciante, os títulos de crédito ou outros títulos A reivindicação deve igualmente ser admitida, mesmo que a
não pagos entregues pelo respectivo proprietário para serem resolução da venda tenha sido decidida ou verificada depois da
especialmente afectados a pagamentos determinados. decisão de abertura do processo, quando a acção de resolução
tiver sido intentada antes da decisão de abertura pelo vendedor
ARTIGO 103.' que não tenha sido pago.
Podem ser exigidas, desde que se encontrem em espécie, as Todavia, não há lugara reivindicação se, antesda restituição
mercadorias consignadas e as coisas móveis entregues ao das mercadorias e objectos móveis, para além das despesas,
devedor, quer para serem vendidas por conta do proprietário, prejuízos e juros fixados, o preço for integral e imediatamente
quer a título de depósito, empréstimo, mandato, locação ou por pago pelo síndico, assistindo ou representando o devedor, con-
qualquer outro contrato com obrigação de restituição. forme o caso.
Podem igualmente ser reivindicadas as mercadorias e as SECÇAO IX
coisas móveis, se se encontrarem em espécie, vendidas com CUMPRIIVIENTO DOS CONTRATOS EM CURSO
cláusula de reserva de propriedade, quando essa cláusula tiver
ARTIGO 107.'
sido reduzida a escrito e se achar regularmente inscrita no
registo do comércio e do crédito mobiliário. Com excepção dos contratos concluídos tendo em conta a
Todavia, tratando-se de mercadorias e de coisas móveis pessoa do devedor e os expressamente previstos pela lei de
consignados ao devedor para serem vendidas, com ou sem cada Estado Parte, a cessação de pagamentos declarada por
cláusula de reserva de propriedade, não há lugar a reivindicação decisão judicial não constitui causa de resolução e qualquer
se, antes da restituição das mercadorias e das coisas móveis, o cláusula de resolução com base nesse motivo é considerada
preço for integral e imediatamente pago pelo sindico assistindo como não escrita.
ou representando o devedor, conforme o caso. ARTIGO 108.'
Em caso de alienação dessas mercadorias e coisas móveis, Só o sindico conserva, independentemente do tipo de pro-
pode ser exigido, do sub-adquirente, o preço ou a parte do preço cesso aberto, a faculdade de exigir o cumprimento dos contra-
devido se este não foi pago em dinheiro nem compensado em tos em curso, devendo fazer a prestação prometida a outra parte.
conta corrente entre ele e o devedor.
Se o contrato for sinalagmático e se o sindico não fizer a
prestação prometida, a outra parte pode invocar a excepção de
não cumprimento. Se a outra parte cumprir o contrato sem ter
DIREITOS DO VENDEDOR DE MÓVEIS recebido a prestaçã'o prometida, torna-se credora da massa.
ARTIGO 104.' O síndico pode ser interpelado, por carta registada com aviso
de recepção ou por outro meio escrito, para exercer a sua opção
Podem ser retidos pelo vendedor os objectos móveis e as
ou fazer a prestação prometida no prazo de trinta dias e sob pena
mercadorias que não sejam entregues ou enviados ao devedor
ou a um terceiro agindo por sua conta. de resolução, de pleno direito, do contrato.

Esta excepção é aceite mesmo se o preço for estipulado para ARTIGO 109.'
ser pago a credito e a transmissão da propriedade se produzir
antes da entrega ou expedição. Se o sindico não exercer a sua faculdade de opção ou não
fizer a prestação prometida no prazo imposto pela interpelação,
ARTIGO 105.' o seu não cumprimento pode dar lugar para além da resolução,
a indemnização cujo montante será incluído no passivo em
Podem ser reivindicados os objectos móveis e as mercadorias proveito da outra parte.
enviados ao devedor enquanto a tradição não for efectuada nas
suas lojas ou nas do comissionista encarregado de os vender por O co-contratante não pode compensar as provisões recebi-
sua conta ou de um mandatário encarregado de os receber. das por conta de prestações que ainda não tenha feito com a
indemnização devida em caso de resolução. Todavia, a jurisdição
No entanto, a reivindicação não será aceite se, antes da sua compe-tente que julgar a acção de resolução contra o sindico
chegada, as mercadorias e objectos móveis, tiverem já sido pode decidir a compensação ou autorizar o diferimento da
revendidos, sem fraude, sobre as facturas ou titulos de transporte restituição das provisões até a decisão final sobre a indem-
regulares. nização.
ARTIGO 106." ARTIGO 110 . O
Podem ser reivindicados, se existirem em espécie no todo ou Se os despedimentos por motivos económicos tiverem um
em parte os objectos móveis e as mercadorias cuja venda tiver carácter urgente e indispensável, o síndico pode ser autorizado
sido resolvida antes da decisão de abertura do processo, por a efectuá-los pelo Juiz Comissário de acordo com o processo
26 3.' SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38

previsto no presente artigo e no seguinte, não obstante qualquer O Juiz Comissário pode, a qualquer momento, pôr fim a
disposição em contrário, mas sem prejuízo do direito ao pré- continuação da actividade depois de ter ouvido o sindico por si
aviso e as indemnizações decorrentes da ruptura do contrato de convocado nos termos e prazos que determinar.
trabalho. O Juiz Comissário pode igualmente, se for necessário, ouvir
Antes de apresentar o seu pedido ao Juiz Comissario, o os credores e os fiscais que o tenham requerido fundamen-
sindico elabora a ordem dos despedimentos de acordo com as tadamente mediante requerimento entregue no secretariado que
disposições do direito de trabalho aplicáveis. deve avisá-lo imediatamente. Se entender necessário, o Juiz
Comissario manda convocar, pelo escrivão, os credores e fiscais,
São propostos, em primeiro lugar, os despedimentos dos para serem ouvidos, o mais tardar até oito dias depois, por carta
trabalhadores que tenham menores aptidões profissionais para registada ou qualquer outro meio escrito. O Juiz Comissário pro-
os empregos que são mantidos e, em caso de igualdade de cede a respectiva audição sendo redigido um auto com as
aptidões, os trabalhadores com menosantiguidade na empresa, respectivas declarações.
sendo essa antiguidade calculada de acordo com as disposições
O Juiz Comissário deve decidir no prazo máximo de oito dias
de direito de trabalho aplicáveis.
a contar da audição do sindico, dos credores e dos fiscais.
Para recolher os respectivos pareceres e sugestões o sin-
dico informa, por escrito, os representantes dos trabalhadores ARTIGO 1 13.O
sobre as medidas que tem a intenção de tomar, comunicando- caso de liquidação de bens, a continuação da actividade
Ihes a lista dos trabalhadores que tem intenção de despedir e sb pode ser autorizada pela jurisdição competente para as
explicando OS critérios que utilizou. OS representantes dos traba- necessidades da liquidação e unicamente se essa continuação
Ihadores devem responder, por escrito, no prazo de oito dias. não puser em perigo o interesse público e o dos credores.
A entidade patronal deve enviar a Inspecção do Trabalho a A jurisdição competente julga mediante relatório do síndico
sua carta de consulta aos delegados do pessoal e a resposta comunicado ao representante do Ministério Público.
escrita destes últimos ou indicar que não responderam no prazo A continuação da exploração ou da actividade cessa três
de oito dias. meses após a autorização a menos que a jurisdição competente
ARTIGO 11 1.O a renove, uma ou várias vezes.

ordem dosdespedimentos elaborada pelo sindico, o parecer Ela cessa um ano da data em que a de
dos representantes do pessoal se o tiverem dado e a carta de liquidação de bens tiver sido proferida, com ressalva de decisão
comunicação i Inspecção do Trabalho são entregues ao Juiz especialmente motivada da jurisdição competente e por Causa
Comissário. grave e em casos excepcionais.
O Juiz Comissário autoriza 0s despedimentos previstos 0 síndico deve, de três em três meses, comunicar 0s resul-
ou alguns de entre eles se forem necessários para a recuperação tados da exploração ao presidente da jurisdição competente e ao
da empresa, por decisão que é notificada aos trabalhadores cujo representante do Ministério Público. O sindico deve ainda indicar
despedimento foi autorizado e ao fiscal representante dos o montante das importâncias depositadas na conta do processo
trabalhadores, se tiver sido nomeado. colectivo aberta nas condições previstas pelo artigo 45.'.
Pode ser deduzida oposição contra a decisão que autorizou ARTIGO 114.'
ou recusou os despedimentos no prazo de quinze dias a contar
da sua notificação e perante a jurisdição que tenha aberto o Em caso de recuperação judicial, o Juiz Comissário, a pedido
processo, devendo esta tomar uma decisão no prazo de quinze do sindico, decide se o devedor ou os dirigentes da pessoa
dias. colectiva participarão na continuação da exploração fixando,
nesse caso, as condições em que eles serão remunerados.
A decisão da jurisdição competente não é susceptível de
recurso. Em caso de liquidação de bens, o devedor ou os dirigentesda
s~cçAox pessoa colectiva só podem ser utilizados para facilitar a gestão
CONTINUAÇÃO DA ACTIVIDADE com a autorização da jurisdição competente e nas condições por
ela previstas.
ARTIGO 112.O
ARTIGO 115.'
Em caso de recuperação judicial, a actividade continua, com
a assistência do sindico, por periodo indeterminado, com ressalva A jurisdição competente, a pedido do representante do Mi-
de decisão em contrário do Juiz Comissário. nistério Publico, do sindico ou de um fiscal, se este tiver sido
O sindico deve, no fim de cada periodo fixado pelo Juiz Co- nomeado, pode autorizar a celebração de um contrâtode locação
missário e pelo menos de três em três meses, comunicar os re- de estabelecimento nos casos em que o desaparecimento ou a
sultados da exploração ao Juiz Comissário e ao representante cessação mesmo provisório da actividade, da empresa possa
do Ministério Público. O síndico deve ainda indicar o montante comprometer a sua recuperação ou causar uma perturbação
depositado na conta do processo colectivo aberta nas condições grave a economia nacional, regional ou local na produção e
previstas pelo artigo 45.O. distribuiçso de bens e serviços.
22 DE SETEMBRO DE 2005 27

A celebração de um contrato de locação do estabelecimento Ajurisdiçlo competente escolhe, para reparação do prejuízo,
é possível mesmo que haja uma cláusula em contrário no contrato a solução mais apropriada., seja o pagamento de uma indem-
de arrendamento do imóvel. nização, seja a caducidade das respectivas ga~antiasreais para
os credores titulares dessas garantias.
A jurisdição competente deve recusar a sua autorização se
considera insuficientes as garantias oferecidas pelo locatário
ou se este não tiver suficiente independência em relação ao FIM DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
devedor. E DA LIQUIDAÇÃO DE BENS
As condições de duração da exploração do estabelecimento
comercial pelo devedor não são aplicáveis no caso de celebração
FIM DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
de um contrato de locação do estabelecimento
A duração do contrato de locação do estabelecimento não
pode exceder dois anos; ela é renovável. FORMAÇÃO DO ACORDO DE RECUPERAÇÃO
A decisão que autorizar a locação do estabelecimento é ARTIGO 119."
objecto das mesmas comunicações e publicações previstas nos
O devedor propõe uma concordata para recuperação da
artigos 36.O e 37.'.
empresa nas condições previstas nos artigos 27.', 28.Oe29.O. Na
ARTIGO 116.' falta de proposta de concordata ou caso esta seja retirada, a
O sindico deve velar pelo cumprimento das obrigações por jurisdição competente decreta a abertura da liquidação de bens
parte do locatário, O sindico pode pedir a este que lhe transmita ou converte a recuperação judicial em liquidação de bens.
todos os documentos e informações úteis para as suas funções. Após a entrega da proposta de concordata pelo devedor, o
O sindico deve prestar contas ao Juiz Comissário sobre o cu- escrivão notifica-a ao síndico que recolhe o parecer dos fiscais,
mprimento das obrigações do locatário, pelo menos de três em caso tenham sido nomeados. O escrivão avisa os credores desta
três meses, indicando o montante das importâncias recebidas e proposta através de publicação num jornal de anúncios legais,
depositadas na conta do processo colectivo, as degradações dos avisando-os ao mesmo tempo da entrega da relação dos creditos
elementos tomados em locação e as medidas a tomar para nas condições previstas pelo artigo 87.'.
resolver todas as eventuais dificuldades de execução.
Para além disso, o escrivão avisa imediatamente os credores
Aresolução do contrato de locação do estabelecimento pode beneficiários de uma garantia real especial para que declarem,
ser decidida a qualquer momento pela jurisdição competente, o mais tardar no termo do prazo previsto pelo artigo 88.', se
quer por sua própria iniciativa, quer a pedido do sindico ou do aceitam essas propostas de concordata ou querem conceder
representante do Ministério Publico, quer ainda a pedido de um prazos e reduções diferentes dos propostos e quais. Estes
L
fiscal, mediante relatório do Juiz Comissário quando, por razões credores devem ser notificados pessoalmente por carta registada
que lhe sejam imputáveis, o locatário diminuir as garantias que com aviso de recepção ou por qualquer outro meio escrito,
tinha dado ou comprometer o valor do estabelecimento. contendo um exemplar das propostas de concordata. O prazo
previsto pelo artigo 88.' conta-se a partir da recepção dessa
ARTIGO 117.'
notificação.
Todas as dívidas constituídas de forma regular depois da
O síndico deve aproveitar os prazos de reclamação e veri-
Cecisáo de abertura do processo, da continuação de actividade
ficação dos creditos para aproximar as posições do devedor e
e de qualquer actividade regular do devedor ou do síndico, são
dos credores sobre a elaboração da concordata.
crecitos contra a massa, com excepção das dívidas decorrentes
da exploração do estabelecimento pelo locatário, que ficam ARTIGO 120.O
exclusivamente a cargo deste último, sem solidariedade com o
proprietário do estabelecimento. Os credores beneficiários de garantias reais especiais, mes-
mo que a respectiva garantia, independentemente da sua
natureza, seja contestada, devem entregar na secretaria ou
RESPONSABILIDADE DOS TERCEIROS enviar ao escrivão, por carta registada com avisode recepçao ou
por qualquer outro meio escrito, as respostas ao aviso previsto
ARTIGO 118.O no artigo anterior.
Os terceiros, credores. ou não, que, pelos seus comporta- O escrivão transmitirá cópia autenticada das declaraç6es
mentos culposos, contribuírem para atrasar a cessação de dos credores e, a medida que as receber, ao ~ u i comissário
z e ao
pagamentos, diminuir o activo ou agravar o passivo do devedor sindico.
podem ser condenados a reparar o prejuizo sofrido pela massa ARTIGO 121 . O
mediante acção interposta pelo sín,dico actuando no interesse
Os credores cujo crédito seja garantido por uma garantia reai
colectivo dos credores.
especial conservam o benefício da respectiva garantia, quer
28 3 .O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38

tenham ou não subscrito a declaração prevista no artigo 120.Oe ARTIGO 124.O


independentemente do teor dessa declaração, com ressalva de
renúncia expressa por parte deles a garantia de que beneficiam. O síndico elabora um relatório para a assembleia sobre a
situaçao da recuperação judicial, as formalidades que foram
ARTIGO 122." cumpridas, as-operaçõesque foram efecluadas, bem como sobre
os resultados obtidos durante o período de continuação da acti-
Nos quinze dias seguintes ao termo do prazo previsto no
vidade.
artigo 88.' o Juiz Comissário deve pedir ao Presidente da
jurisdição competente que convoque, por aviso publicado nos Para comprovar o relatbrio, é apresentado o ponto da situayão
jornais e por cartas enviadas individualmente pelo escrivão, os elaborado no último dia do mês anterior.
credores cujos créditos tiverem sido aceites a título quirografário
a Este ponto da situaçao menciona o aciivu disponível ou
definitivamente ou por provisão.
realizável, o passivo quirografário e o garantido por uma garantia
Aesta convocatória individual, que deve conter a reprodução real especial ou um privilégio geral, bem como o parecer do
integral do artigo 125.: deve juntar-se: síndico sobre as propostas de concordata.
uma relação elaborada pelo síndico e arquivada na se- O relatório do síndico é entregue, 'assinado, a jurisdição
cretaria descrevendo a situação activa e passiva do de- competente que o recebe depois de ter ouvido o JuizComissário
vedor com discriminação do activo mobiliário e imobiliário, e as observaç~essobre as caracteristicas da recuperação
do passivo privilegiado ou garantido por garantia real e do judicial e sobre a admissibilidade,da concordata,
passivo quirografário;
O representante do Ministério Público é ouvido nas suas
o texto definitivo das propostas de concordata do deve-
orais ou
dor com indicação das garantias oferecidas e das medidas
de recuperação tal como previstas nomeadamente pelo ARTIGO 125.O
artigo 27.";
Depois da entrega do relatório do síndico, a jurisdição
o párecer dos fiscais, se foram nomeados;
competente manda proceder a votação.
a indicação de que cada credor munido de garantia real
O voto por correspondência e o voto por procuração são
subscreveu ou não a declaração prevista nos artigos 119.O
admitidos.
e 120." e, em caso afirmativo, a indicação dos prazos e
reduções concedidos. Os credores titulares de uma garantia real especial que não
tenham feito a declaração prevista no artigo 120." podem parti-
Ca~oa~ro~o~tadeconcordataderecu~eraçãonãoc~mPOrte
ciparna votação, sem renunciar a respectiva garantia e con-
nenhum pedido de nem pedido de prorrogação de prazo cederprazos e reduções diferentes dos propostos pelo devedor.
.-
superior - a convocação da assem-
a dois anos, não tem lugar
PreS~me-seque OS credores q~irogiafáriose OS munidos de
bleia de credores, mesmo que sejam propostas outras medi-
das jurídicas, técnicas e financeiras nos termos do artigo 27.0 garantia real que na0 tenham feito a declaração prevista no
N~~~~caso, só o o ~~i~~ ~ ~ oi ~ ~ ~ á ~~do i ~ , ~ artigo 120."aceitaram a~concordata se,~devidamente con.vocados,
~ ~
Ministério Público e os fiscais, se tiverem sido nomeados, não tiverem participado na votação da assembleia de credores.
são ouvidos. O acordo é votado pela maioria em número dos credores
ARTIGO 123." admitidos definitivamente ou provisoriamente, representando,
pelo menos. metade do total dos créditos.
No local, dia e hora fixados pela jurisdição competente, a
Se só uma destas duas condições estiver reunida, a delibe-
assembleia reúne, o Juiz Comissário e o Representante do
ração é adiada por um prazo máximo de oito dias e sem outras
Ministério Público estando presentes e sendo ouvidos.
formalidades. Nesse caso, os credores presentes ou regularmente
0 s credores admitidos apresentam-se pessoalmente à representados que tenham assinado a acta da primeira assem-
assembleia ou fazem-serepresentar por um mandatário munido bleia não São obrigados a assistir à segunda;.as resoluções por
de procuração regular e especial. eles tomadas e as adesões dadas tornam-se definitivas.

O credor de que só a garantia real, independentemente da ARTIGO 126.'


sua natureza, seja contestada e admitido nas deliberações a
A jurisdição competente elabora uma acta do que foi dito e
título quirografário.
decidido na assembleia; a assinatura, pelo credor ou o seu
0 devedor ou 0s dirigentes das pessoas colectivas convo- representante, dos boletins de voto juntos a acta tem o valor de
cadas pelo escrivão para esta assembleia por carta registada ou assinatura da acta.
por qualquer outro meio escrito, devem apresentar-se pessoal- A verificação pela jurisdição competente de que estão
mente; só podem fazer-se representar por motivos legítimos reunidas as condições previstas no artigo 125.O tem valor de
reconhecidos pela jurisdição competente. homologação da concordata de recuperação.
22 DE SETEMBRO DE 2005

Caso contrário, a decisão constata a recusa da concordata e Adecisãoda jurisdição de recurso é objecto das comunicações
converte a recuperação judicial em liquidação de bens. e publicações previstas no presente artigo.

ARTIGO 127.' ARTIGO 130.'

A jurisdição competente só homologa a concordata se: Se uma pessoa colectiva composta por membros ilimitada e
solidariamente responsáveis pelo passivo social se encontrar
I . " ) estiverem reunidas as condições de validade da
em situação de recuperação judicial, os credores podem aceitar
concordata;
a concordata só a favor de um ou vários membros.
2.") se nenhum motivo de interesse colectivo ou ordem pública
Quando a liquidação de bens da pessoa colectiva é decretada,
parecer de natureza a impedira concordata;
o activo social continua a existir sob o regime de união. Os bens
3.") se a concordata oferecer possibilidades sérias de pessoais daqueles a quem a concordata foi aceite são excluídos
recuperação da empresa e de pagamento do passivo; e a concordata só pode conter a obrigação de pagar um divi-
dendo sobre valores estranhos ao activo social. Aquele que
4.") se, em caso de recuperação judicial de uma pessoa
obteve uma concordata particular fica desobrigado de qualquer
colectiva, a direcção desta já não for assegurada pelos dirigentes
obrigação perante o passivo social desde que tenha pago os
cuja substituição tiver sido proposta nas propostas de concordata
dividendos prometidos.
pelo fiscal ou contra os quais foram decretadas a falência pessoal
ou a interdição de dirigir, gerir ou administrar uma empresa
comercial.
ACORDO QUE INCLUA UMA TRANSMISSÃO PARCIAL
Em caso algum a homologação da concordata pode validar DE ACTIVO
as vantagens especiais tal como definidas e reprimidas nos
termos dos artigos 244.' e 245.O. Não são considerados como ARTIGO 131O
.
vantagens especiais as prorrogações de prazos e reduções de
Se da concordata fizerem parte propostas de cessão parcial
:;iii~tos concedidos pelos credores munidos de garantias reais
do activo, o prazo previsto no artigo 122.O alínea 1 para a
especiais nas condições previstas nos artigos 120.O e 125.O.
convocação da assembleia de credores é de um mês.
A nulidade da estipulaçáo de vantagens especiais não implica
A cessáo parcial do activo pode respeitar a um certo número
a anulaçáo da concordata, com ressalva do disposto no artigo
de bens corpóreos ou incorpóreos, móveis ou imóveis.
140.O.
A cessão da empresa ou do estabelecimento é qualquer
Caso a concordata de recuperação não contenha qualquer
cessão de bens susceptíveis de exploração autónoma que permita
redução de créditos nem prorrogações de prazos superiores a
assegurar a continuação de uma actividade económica, bem
dois anos, a jurisdiçáo competente pode decidir a homologação
como dos postos de trabalho a ela ligados e apurar o passivo.
depois de ter recebido comunicaçáo dos relatórios do síndico e
do Juiz Comissário e de ter ouvido os fiscais, se tiverem sido Quando na concordata de recuperação estiver prevista a
nomeados, e sem que os credores sejam convocados para votar. cessão parcial do activo ou da empresa ou do estabelecimento,
o sindico deve elaborar um relatório com a descrição dos bens
ARTIGO 128.' móveis e imóveis abrangidos pela cessão, a lista dos empregos
Ajurisdição competente pode nomear ou manter em funções a eles ligados, as garantias reais que os oneram e quota parte de
os fiscais para fiscalizar o cumprimento da concordata de cada bem no preço da cessão. Este relatório será junto a
recuperação ou, se não houverfiscais, o síndico. As funções dos. convocatoria individual prevista no artigo 122.O.
fiscais são gratuitas, salvo se forem exercidas pelo sindico; a O sindico fica incumbido de dar conhecimento destas
remuneração do síndico na qualidade de fiscal é fixada pela propostas de cessão por todos os meios, nomeadamente pela via
jurisdição competente. de anúncios legais, a partir do momento em que elas se encon-
ARTIGO 129.' trarem fixadas definitivamente por ele %pelo devedor e aprovadas
por uma decisão do juiz comissário.
A decisão de homologação da concordata de recuperação é
objecto das comunicações e publicaçóes previstas nos artigos ARTIGO 132.O
36.O e 37.O. O extracto publicado num jornal de anúncios legais As propostas de compra são recebidas pelo devedor assistido
deve indicar o nome e endereço dos fiscais da concordata ou do pelo sindico e levadas ao conhecimento da assembleia de
sindico designado como tal. Só o Ministério Público pode, no credores que decide, nas condições de maioria previstas pelo
prazo de quinze dias, interpor recurso dessa decisão. artigo 125.O, aceitar a proposta de compra mais vantajosa.

A decisão de rejeição da concordata de recuperação é objecto A jurisdição competente só pode homologar a cessão parcial
das comunicações e publicações previstas pelos artigos 36.O e do activo se:
37.'. Só o Ministério Público ou o devedor podem, no prazo de * o preço for suficiente para pagar os credores munidos de
quinze dias, interpor recurso dessa decisão. garantias reais especiais sobre os bens cedidos, com
30 3 . O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL

ressalva de renúncia,.por parte deles, a essa condiçáo e Os credores munidos de garantias reais não perdem as
aceitação das disposições do artigo 168.'; respectivas garantias, mas só podem executá-las em caso de
o preço for pago a pronto ou se, caso sejam consentidos ao anulação ou de resoluç2o da concordata de recuperação que
comprador prazos de pagamento, estes não excederem tenham consentido ou que Ihes tenha sido imposta.
dois anos e forem garantidos por uma garantia bancária A concordata de recuperação consentido ao devedor princi-
autónoma. pal ou a um co-obrigado não aproveita aquele que prestou fiança
O devedor, assistido pelo síndico, cumpre todas as forma- nem aos outros co-obrigados.
lidades da cessão.
ARTIGO 135.'
Caso nenhuma proposta de aquisição seja feita antes da
assembleia de credores ou não seja considerada satisfatória por Com ressalva de decisão diferente na concordata de
esta, o devedor pode retirar a sua proposta de cessão. Se o de- recuperação, a homologação conserva a cá,ila um dos credores
vedor a mantiver, a cessão será realizada posteriormente nas e sobre os imóveis do devedor, a hipoteca inscrita em virtude do
condições previstas nos artigos 160.' e seguintes. artigo 74.'. Nesse caso, o síndico deve requerer, em virtude da
decisão de homologação, uma nova inscrição sobre os mesmos
ARTIGO 133.O imóveis indicando as somas garantidas, de acordo com as regras
do registo predial.
O preço da cessão parcial do activo é integrado no activo do
devedor. , ARTIGO 136.O
Logo que a decisão de homologação transite em julgado, o
Quando do conjunto cedido fizerem parte bens onerados por
devedor recupera a livre administração e disposição dos seus
garantia real especial, a cessão só implica levantamento desta
bens com excepção dos que foram objecto de cessão nos termos
garantia se o preço for integralmente pago e o credor garantido dos artigos 131O
. a 133.'.
for reembolsado.
ARTIGO 137.'
O adquirente não pode ceder, sob pena de nulidade, os ele-
mentos do activo que tiver adquirido, com excepção das merca- O síndico presta contas ao Juiz Comissário sobre a sua
dorias, enquanto o preço não for integralmente pago. A inalie- função de assistência.
nabilidade desses elementos deve ser inscrita no registo comer- Se o devedor não recuperar os papéis e objectos que entregou
cial e d o crédito mobiliário nas mesmas condições previstas para ao síndico, este é depositário dos mesmos durante um período
o privilégio do vendedor do estabelecimento comercial e no máximo de dois anos a contar do seu relatório final.
registo predial em conformidade com as disposições que regulam
o registo predial para os elementos imobiliários. O Juiz Comissário rubrica o relatório escrito; as suas funções
e as do sindico terminam nesse momento, com excepção do caso
O direito de preferência dos credores munidos de garantias em que se mantém a cessão do activo prevista no artigo 132.',
reais especiais sobre o preço dos bens cedidos exerce-se pela
última alínea.
ordem prevista pelos artigos 166.' e 167.'.
Em caso de contestação, a jurisdição competente deve decidir.
Em caso de não pagamento integral do preço, o devedor
pode escolher entre a resolução da cessão e a utilização da ARTIGO 138.'
garantia prevista no artigo 132.O, alínea 2.
Se tiverem sido nomeados um ou vários fiscais da execução
suss~cçAoIII da concordata, em conformidade com o artigo 128.', estes devem
EFEITOS E CUMPRIMENTO DO ACORDO imediatamente fazer um relatório sobre qualquer atraso ou não
cumprimento do acordo ao presidente da jurisdição competente
ARTIGO 134.'
que pode ordenar a realização de um inquérito que será feito
A homologação da concordata torna-a obrigatória para todos pelo sindico e cujo resultado lhe será comunicado por este.
os credores anteriores a decisão de abertura do.processo,
independentemente da natureza dos respectivos creditos, com Se a respectiva missão incluir o pagamento dos dividendos
ressalva de disposição legislativa especial que proíba a admi- aos credores, os fiscais da execução daconcordata devem abrir,
nistração de consentir reduções de creditos ou prorrogações de num banco, em seu nome e como fiscais, uma conta de depósito
prazos de pagamento. especial para a concordata ou para cada concordata se tiverem
Todavia, os credores que beneficiem de garantias reais sido nomeados para vários processos colectivos.
especiais só são obrigados pelas reduções de créditos ou
prorrogações de prazos de pagamento por si consentidos; se a 0 s fiscais comunicam ao presidente da jurisdição competente
concordata contiver prazos que não excedam dois anos, estes no fim de cada semestrecivil, a situação dos saldos credores que
são-lhes oponiveis se os prazos por eles consentidos forem detêm por força das concordatas que fiscalizam.
inferiores.
0 s fiscais devem, nessa qualidade, ser titulares de um contrato
Não podem impor-se reduções de créditos ou prorrogações
de prazos de pagamento que excedam dois anos aos tra- de seguro de responsabilidade civil cuja prova devem fazer ao
balhadores, sem prejuízo das disposições do artigo 96.'. presidente da jurisdição competente.
22 DE SETEMBRO DE 2005

s u ~ s ~ c ç iv
Áo ARTIGO 141O
.
RESOLUÇÃO E ANULAÇÃO DA CONCORDATA 1. Em caso de resolução ou de anulação da concordata
PREVENTIVA OU DE RECUPERAÇÃO preventiva, a jurisdição competente deve ordenara recuperação
judicial ou a liquidação de bens se verificar a cessação de
ARTIGO 139.' pagamentos.
A resolução da concordata pode ser decretada: 2. Em caso de resolução ou de anulação da concordata de
I.") em caso de não cumprimento, pelo devedor, das obri- recuperação, a jurisdição compete converte a recuperação judi-
gações que assumiu na concordata ou das reduções e prazos cial em liquidação de bens e nomeia um sindico. Constitui-se
uma única massa de credores anteriores e posteriores a
consentidos; todavia; a jurisdição competente aprecia s q essas
concordata.
faltas de cumprimento são suficientemente graves para com-
prometerdefinitivamente aexecução da concordata e, caso con- O síndico procede imediatamente, com base no antigo
trário, pode consentir prazos de pagamento que não poderão inventário e com a assistência do Juiz comissário, se tiverem
-
'
exceder, em mais de seis meses, os já consentidos pelos cre-
dores;
sido apostos selos judiciais, nos termos do artigo 59.O, a verifi-
cação dos valores, acções e papéis; se for o caso, procede a
inventário e elabora um balanço complementar.
2." quando independentemente das causas, o devedor for
declarado, interdito para o exercício do comércio, salvo se a O síndico faz imediatamente publicar pelo escrivão um
duração e natureza dessa interdição forem compatíveis com a extracto da decisão proferida e um aviso aos novos credores, se
-continuação da actividade da empresa através da sua locação, existirem, para apresentarem os respectivos títulos de crédito
para verificação nas condições previstas nos artigos 7 8 . 9
com a finalidade de uma eventual transmissão da empresa em
seguintes.
- condições satisfatórias para o interesse colectivo;
3.")quando, tratando-se de uma pessoa colectiva a quem a Procede-se imediatamente a verificação dos novos títulos de
concordata tiver sido concedida, os dirigentes contra os quem foi crédito apresentados.
proferida a falência pessoal ou a interdição de dirigir, gerir ou Os 'créditos anteriormente admitidos são oficiosamente
administrar uma empresa comercial, assumam de novo, de facto inscritos na nova relação de créditos, sendo deduzidas as so-
ou de direito, a direcção dessa pessoa colectiva; se a interdição mas que tenham sido recebidas pelos credores a título de
for proferida contra os dirigentes durante o cumprimento da dividendos.
concordata, este é resolvida a menos que os dirigentes cessem ARTIGO 142.'
de facto o exercicio das funções que Ihes são interditas; todavia,
Se, antes da resolução ou anulaçãoda concordata, o devedor
a jurisdição competente pode conceder um prazo razoável, não
não tiver pago nenhum dividendo, as reduções que tinham sido
superior a três meses, para proceder a substituição dos dirigentes. concedidas no âmbito da concordata são anuladas e os credores
Ajurisdição competente pode intervir a requerimento de um anteriores a concordata recuperam a totalidade dos seus direitos.
-redor ou dos fiscais da concordata ou ainda por sua própria Se o devedor já tiver pago uma parte do dividendo, os credores
iniciativa, sendo o devedor devidamente notificado ou ouvido. anteriores a concordata só podem reclamar, contra os novos
credores, a parte dos respectivos créditos primitivo corres-
A resolução da concordata não desobriga os que prestaram pondente a parte do dividendo prometido que não receberam. Os
fiança para garantir o respectivo cumprimento total ou parcial. titulares de créditos contra a primeira massa conservam o
I- respectivo direito de preferência em relação aos credores que
ARTIGO 140." componham essa massa:
A concordata é anulada em caso de dolo resultante de uma
ARTIGO 143."
dissimulação de activo ou de uma sobreaváliação do passivo se
o dolo for descoberto depois da homologação da concordata Os actos realizados pelo devedor entre a homologação da
preventiva ou de recuperação. concordata e a sua resolução ou a sua anula.ção só podem ser
decla.rados inoponíveis em caso de fraude aos direitos dos
Esta anuiaçãg desobriga, de pleno direito, quem prestou credores nos termos das disposições relativas a acção pauliana.
fiança para garantira concordata, salvo se tinha conhecimento
do dolo quando se obrigou.
A acção de anulação só pode ser interposta pelo representante SUPERVENIENCIA DE UM SEGUNDO PROCESSO
do Ministério Público que aprecia a oportunidade de a intentar ou COLEC'rIVO
não. A acção só pode ser intentada durante o ano que se segue ARTIGO 144.O
a descoberta do dolo.
As disposições dos artigos 141. O , 142.' e 143.Osão aplicáveis
A jurisdição competente aprecia soberanamente a opor- caso seja proferida uma segunda decisão de recuperação judi-
tunidade de proferir ou não a anulação da concordata em função ciabou de liquidação de bens sem que, previamente, a concordata
do interesse colectivo dos credores e dos trabalhadores. tenha sido resolvida ou anulada.
32 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N . O 38

ARTIGO 145.O ARTIGO 148.O

A jurisdição competente converte a recuperação judicial em O sindico pode, com autorização do Juiz Comissário, assumir
liquidação de bens se o devedor não propuser uma concordata compromissos e transigir sobre todas as contestações que
ou não a obtiver ou se a concordata tiver sido anulada ou interessem a massa, mesmo que sejam relativas a direitos e
resolvida. acções imobiliários.

O mesmo se aplica se uma pessoa individual se encontra Se o objecto do compromisso ou da transacção for de valor
incapaz de continuar a sua actividade por causa das perdas que indeterminado ou ultrapassar a competência da jurisdição
sofreu, sem prejuízo do disposto no artigo 139.'-2.'. competente em última instância, o compromisso ou a transacção
deve ser igualmente homologado por decisão da jurisdição
A decisão que converte a recuperação judicial em liquidação competente.
de bens está sujeita as regras de publicidade previstas, pelos
artigos 36.' a 38.'. Em todos os casos, o escrivão, três dias antes da decisão do
Juiz Comissário, notifica o devedor por carta registada ou qual-
s ~ c ç Ã 11o quer outro meio escrito indicando o conteúdo do compromisso ou
da transacção prevista bem como as condições e os motivos
jurídicos e económicos de tal acto.
ARTIGO 146.O
ARTIGO 149.O
Logo que a liquidação de bens é proferida, os credores são
constituídos em estado de união. O síndico, autorizado pelo Juiz Comissário, pode, mediante
Salvo se já o tiver feito no âmbito do artigo 124.O, o síndico, reembolso da dívida, levantar, em proveito da massa, o penhor
no prazo de um mês a contar da data da sua entrada em funções, ou a oneração constituídos sobre um bem do devedor.
entrega ao Juiz Comissário um relatório elaborado com base nos Se, no prazo de três meses a contarda decisão de liquidação
elementos em seu poder em que menciona, a título de avaliação, dos bens, o síndico não tiver levantado o penhor ou o ónus ou
o activo disponível ou realizável e o passivo quirografário e iniciado o processo de execução do penhor ou do ónus, o credor
garantido por uma garantia real especial ou um privilégio com, beneficiário do penhor ou do ónus, pode exercer ou retomar o
tratando-se de uma pessoa colectiva, todas as informações seu direito de acção individual, devendo no entanto informar o
sobre a eventual responsabilidade pecuniária do ou dos seus síndico.
dirigentes. As Finanças, a Administração das Alfândegas e os Orga-
Mesmo que verifique que as importâncias provenientes nismos de segurança social dispõem do mesmo direito para a
do activo serão inteiramente absorvidas pelas despesas judiciais cobrança dos respectivos créditos pr,ivilegiados, que exercerão
e pelos créditos privilegiados, o síndico deve elaborar a relação nas mesmas condições que os credores beneficiários de penhor
ou de ónus.
dos créditos.
PARÁGRAFO I
suss~cçAoI
DISPOSIÇÕES COMUNS A VENDA DE IMÓVEIS
VENDA DO ACTIVO
ARTIGO 150.'
ARTIGO 147.'
O síndico encarrega-se, sozinho, da venda das mercadorias As vendas de imóveis são efectuadas de acordo com as
e móveis do devedor, da cobrança dos créditos e do pagamento formas previstas em matéria de penhora de imóveis. Todavia, o
Juiz Comissario fixará, depois de ouvidos os fiscais, caso tenham
das suas dívidas.
sido nomeados, o devedor e o síndico, o preço de venda e as
0 s créditos a longo prazo do devedor podem ser objecto de condições essenciais da mesma bem como as modalidades de
cessões por forma a não atrasarem as operações de liquidação, publicidade.
nos termos do artigo 148.' para os compromissos e transacções. Nos mesmos termos, e se a consistência dos bens, a res-
O dinheiro proveniente dasvendas e das cobranças é, depois pectiva situação, ou as ofertas recebidas forem de molde a
da dedução das somas arbitradas pelo Juiz Comissário para permitir a negociação particular, o Juiz Comissario pode autorizar
pagamento das despesas, imediatamente depositado numa conta a venda, quer por negociação particular contra pagamento do
especialmente aberta em estabelecimento bancário ou postal ou preço por si fixado, quer de comum acordo, pelo preço e condições
nas Finanças nas condições do artigo 45.'. O sindico deve que estabelecer. *í

provar os referidos depósitos ao Juiz Comissário; em caso de Se, no prazo de três meses após a decisão de liquidação dos
atraso, deve juros das somas que não depositou. bens, o síndico não tiver iniciado o processo de venda dos imó-
1

Nenhuma oposição sobre o dinheiro depositado na conta veis, o credor hipotecário pode exercer ou retomar o seu direito
especial do processo colectivo é aceite. de acção individual devendo, no entanto, informar o síndico.
22DE SETEMBRO DE 2005
As Finanças, a Administração das Alfândegas e os Orga- tifique os bens a vender, mencione o preço mínimo de venda, as
nismos de segurança social dispõem do mesmo direito para condições de venda e as modalidades de pagamento do preço.
cobrança dos respectivos créditos privilegiados que exercerão
nas mesmas condições que os credores hipotecários. PARÁGRAFO I I
VENDA DOS IMÓVEIS PENHORADOS
As adjudicaçóes realizadas em aplicação das alíneas
precedentes implicam levantamento das hipotecas. ARTIGO 154.'
O síndico distribui o produto das vendas e determina a gra- A venda de imóveis penhorados está sujeita as dispo-
I.")
duação dos credores com ressalva das contestações que de- sições relativas a essa matéria com excepção daquelas der-
verão ser decididas pela jurisdição competente. rogadas pelo presente Acto Uniforme. A decisão que autoriza a
venda de imóveis através de penhora inclui, para alem das
ARTIGO 151. O indicações mencionadas no artigo 151.O:
Mediante requerimento do síndico ou do credor, o Juiz a indicação da jurisdição competente perante a qual a
Comissário que autoriza a venda dos imóveis determinará, nos expropriação será exigida;
termos do artigo 150.0, na sua decisão: a constituição do advogado cujo escritório foi escolhido
1.7 O preço e condiçóes de venda de cada um dos bens a como domicílio jurídico do credor exequen'te em que
vender; quando a venda for exigida por um credor, o preço de poderão ser notificados os actos de oposição a ordem de
venda é determinado por acordo com esse credor, sendo o penhora, as ofertas e quaisquer notificações relativas a
sindico ouvido; venda.

2.7 O OU os números dos títulos prediais e a situação dos 2.7 O Juiz Comissário pode autorizar o sindico ou o credor a
imóveis objecto da venda ou, se se tratar de imóveis que ainda executar simultaneamente a venda de vários ou de todos os
não estão registados, a respectiva identificação, bem como a imóveis, mesmo que estejam situados em áreas de competência
cópia da decisão ou do documento que autorize o interessado a de jurisdições diferentes.
requerer a inscrição; O Juiz Comissário decide se a venda dos imóveis será
3.")As modalidades da publicidade tendo em conta o valor, executada perante as jurisdições competentes na área geográfica
a natureza e a situação dos bens; em que se situam ou perante a jurisdição na área da qualse situa
o domicílio do devedor ou a sede da empresa.
4." Se for esse o caso, o notário escolhido.
O JuizComissário pode determinar que, caso as ofertas n i o
atinjam o preço mínimo de venda, esta poderá ser feita com base VENDA DOS IMÓVEIS POR ADJUDICAÇÁO AMIGÁVEL
num preço mínimo de venda inferior por si fixado. Pode, se o
valor e a consistência dos bens o justificar, mandar proceder á ARTIGO 155.'
respectiva avaliação total ou parcial. Avenda de imóveis por negociação particular está sujeita as
disposições relativas a essa matéria com excepç%o daquelas
ARTIGO 152.'
que são derrogadas pelo presente Acto Uniforme.
A decisão do Juiz Comissário substitui a ordem de penhora. A decisão que autoriza a venda por negociação particular
Adecisão é notificada, por acto extrajudicial e por diligência indica o notário que procederá a adjudicação.
do escrivão, ao conservador do registo predial, ao devedor, ao O notário informa, por carta registada com aviso de recepção
síndico e aos credores inscritqs que tenham escolhido domicílio ou por qualquer outro meio escrito, os credores inscritos da
e cujos nomes sejam indicados na decisão. certidão dos direitos reais entregue após publicação da decisão,
A decisão é publicitada pelo conservador do registo predial para que tomem conhecimento do caderno de encargos en-
nas condições previstas para a ordem de penhora. tregue no seu cartório pelo menos dois meses antes da data
fixada para a .adjudicação, e para que-façam as respectivas
O conservador do registo predial procede a formalidade de observações pelo menos um-m&s antes dessa data. Nessa mesma
publicidade da decisão ainda que as ordens de penhora tenham carta ou por esse mesmo meio escrito.^ notário convoca os
sido anteriormente publicadas, as quais deixam de produzir credores para a venda.
efeitos a partir da publicidade desta decisão.
O síndico e o devedor são convpcados para a venda pelo
O conservador do registo predial entrega ao síndico, ao
notário com o mínimo de um mês de antecedência.
credor exequente ou ao notário, se for o caso, uma certidão dos
direitos reais inscritos sobre os títulos prediais em causa. ARTIGO 156.'
ARTIGO 153.O As ofertas podem ser feitas sem a assistência de advogado.
O interessado ou o notário escolhido elaboram um caderno Se nenhuma oferta atingir o montante pelo qual o bem foi
de encargos que indique a decisão que autoriza a venda, iden- posto a venda, o notário regista a oferta mais elevada e pode
34 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38

adjudicar o bem a título provisório por esse montante. O Juiz PARÁGRAFO V


Comissário que fixou o montante pelo qual o bem foi posto a TRANSMISSÃO GLOBAL DO ACTIVO
venda pode, a requerimento do notário ou de qualquer interes-
ARTIGO 160.'
sado, ou declarar a adjudicação definitiva e a venda efectuada
ou ordenar que uma nova venda tenha lugar, de acordo com uma A totalidade ou parte do activo mobiliário ou imobiliário,
das formas previstas no artigo 150.0,'Se a nova venda for uma incluindo, eventualmente, unidades de exploração, pode ser
venda em leilão, ele fixa o prazo da nova venda, sem que esse objecto de transmissão global.
prazo possa ser inferior a quinze dias, o preço pelo qual o bem Para este efeito, o sindico solicita propostas de compra e fixa
será posto a venda, bem como as modalidades de publicidade. o prazo durante o qual as propostas são aceites. Qualquer
pessoa interessada pode apresentar uma proposta de compra ao
ARTIGO 157.'
síndico, com excepção dos dirigentes da pessoa colectiva em
Nos dez dias que se seguem a adjudicação, qualquer pessoa liquidação e dos parentes directos ou por afinidade até ao
pode fazer uma oferta acrescida de um décimo por declaração na segundo grau dos dirigentes ou do devedor pessoa individual.
secretaria da jurisdição competente da área territorial onde Qualquer proposta de compra deve ser inscrita e indicar,
reside o notário que procedeu a venda. O escrivão informa nomeadamente:
imediatamente o Juiz Comissário dessa declaração.
1.7 o preço e as modalidades de pagamento; caso sejam
Aquele que fez esse sobrelanço informa dessa declaração, solicitados prazos de pagamento, estes não podem exceder
por acto extrajudicial e no prazo de dez dias a pessoa a quem o doze meses, devendo ser garantidos por garantia bancária
bem foi adjudicado bem com o notário. autónoma;
O Juiz Comissario, por decisão que valida o sobrelanço, 2." a data de concretização da transmissão.
reenvia a nova adjudicação ao mesmo notário, que procede de
acordo com o caderno de encargos anteriormente elaborado. Aproposta é entregue na secretaria da jurisdição competente ,
onde qualquer interessado pode tomar conhecimento dela, sendo
Quando uma segunda adjudicação se realiza após sobre- comunicada ao síndico, ao Juiz Comissário e ao representante
lanço, nenhum outro sobrelanço pode ser feito sobre os mesmos do Ministério Público.
bens.
ARTIGO 161 .O
ARTIGO 158.'
O sindico consulta o devedor e, caso tenham sido nomeados,
Se houver um falso lanço, o processo correspondente terá os fiscais para recolher o respectivo parecer sobre as propostas
lugar perante a jurisdição competente na área territorial onde de compra feitas.
reside o notário que procedeu a venda. O certificado comprovativo
de que o adjudicatário não cumpriu as cláusulas e condições da O sindico escolhe a proposta que lhe parecer mais séria e
adjudicação é redigido pelo síndico. submete-a, bem como os pareceres do devedor e d~sfiscais,ao
Juiz Comissário.
A acta da adjudicação é entregue na secretaria da jurisdição
competente. ARTIGO 162.'
PARÁGRAFO IV O Juiz Comissario ordena a transmissão e afecta uma quota-
VENDA LIVRE DE IMÓVEIS parte do preço de transmissão a cada um dos bens cedidos para
distribuição do preço e exercício das direitos de preferência.
ARTIGO 159.'
O sindico assina os documentos necessários para a realiza-
A autorização de venda livre de um ou vários imóveis deter- ção da transmissão.
mina o preço de cada imóvel e as condições essenciais da
PARAGRAFO VI
venda.
EFEITOS DA VENDA DO ACTIVO
A autorização de venda livre é notificada, por diligência do
escrivão e por acto extrajudicial ao devedor e aos credores ARTIGO 163.'
inscritos, no domicilio escolhido, cujos nomes são indicados na 0 s efeitos da transmissão global são os previstos pelo artigo
decisão. 133.'.
0 s credores inscritos, se o preço for insuficiente para os O síndico deve proceder as formalidades de cancelamento
pagar a todos, têm um prazo de trinta dias a contar da notificação das inscrições das garantias.
da decisão para fazer uma proposta superior, um décimo mais
elevada que o preço indicado, devendo fazê-lo por carta registada s u s s ~ c ç Ã oli
com aviso de recepção ou qualquer outro meio escrito dirigido ao APURAMENTO DO PASSIVO
síndico.
- . .. - ...
ARTIGO 164.'
Findo esse prazo, o síndico assina os documentos necessá-
rios para a-realização da venda, quer com o comprador por si O Juiz Comissário ordena, se for esse o caso, uma distribuição
esco'lhido se não houver sobrelanços, quer com aquele que do dinheiro entre os credores, fixa a quota-parte de cada um e
oferecer o preço mais elevado, em caso de sobrelanço. verifica se todos os credores estão devidamente notificados.
22 DE SETEMBRO DE 2005

Quando a distribuição é ordenada, o síndico envia a cada 5.') aos credores garantidos por um ónus ou por um privilégio
credor reconhecido, em pagamento do seu dividendo, um cheque sujeitos a publicidade, cada um de acordo com a posição da
a sua ordem e sacado sobre a conta aberta especialmente para respectiva inscrição no registo do comércio e do crédito mobiliário;
esse efeito num estabelecimento bancário ou postal ou nas 6.") aos credores munidos de um privilégio mobiliário espe-
Finanças. cial, cada um sobre o movel que suporta o privilégio;
ARTIGO 165.' 7.") aos credores da massa nos termos do artigo 11 7.';
S.") aos credores munidos de um privilégio geral de acordo
O montante do activo, após dedução das despesas da liqui-
com a ordem estabelecida pelo Acto Uniforme para organização
dação de bens, bem como dos montantes que tenham sido
das garantias;
atribuídos ao devedor ou a sua família, é distribuído entre todos
9.") aos credores quirografarios.
os credores cujo crédito seja verificado e reconhecido.
Caso o dinheiro não seja suficiente para pagar totalmente os
p parte correspondente aos créditos sobre cujo reconhe- credores de uma das categorias indicadas nos números 1, 2, 3,
cimento ainda não haja decisão definitiva e, nomeadamente, as 6,7 e 8 do presente artigo que se apresentem em posição igual,
remunerações dos dirigentes das pessoas colectivas enquanto estes participam na distribuição na proporção dos respectivos
não haja uma decisão sobre o assunto, é posta em reserva. créditos totais.
. As despesas da liquidação dos bens, incluindo os honorários ARTIGO 168.'
do síndico, são retiradas do activo, na proporção do valor de
Se o preço de venda de um bem especialmente afectado a
cada elemento do activo em relação ao conjunto.
uma garantia não for suficiente para pagar o montante principal
ARTIGO 166.' do crédito e os respectivos juros, o credor titular dessa garantia
é tratado, quanto ao resto não pago do seu crédito, como um
O dinheiro proveniente da venda dos imóveis é distribuído da credor quirografario.
seguinte forma: ARTIGO 169.'
I . " ) aos credores das despesas de justiça encarregues de
O síndico redige semestralmente um relatório sobre o estado
obter a execução do bem vendido e a distribuição do preço;
da liquidação dos bens. Esse relatório é entregue na secretaria
2.7 aos credores de,salários super privilegiados, na proporção e, com ressa1va.de dispensa do Juiz Comissário,.é notificado,
do valor do imóvel em relação a totalidade do activo; sendo enviada cópia, ao devedor, a todos os credores e aos
3.") aos credores hipotecários e separatistas inscritos no fiscais, se os houver.
prazo legal, cada um de acordo com a posição da sua inscrição O síndico informa o devedor sobre as operações de liquidação
no registo predial; a medida que forem realizadas.
4.') aos credores da massa nos termos do artigo 117.';
5.") aos credores munidos de um privilégio geral de acordo
com a ordem estabelecida pelo Acto Uniforme para organização
ENCERRAMENTO DA LINIÃO
das garantias; ARTIGO 170.'
6.") aos credores quirografários. Quan,do as operações de liquidação estiverem terminadas, o
Caso o dinheiro não seja suficiente para pagar totalmente os síndico, na presença do devedor ou estando este devidamente
credores de uma das categorias indicadas nos números I,2 , 4 , convocado pelo escrivão por carta registada ou qualquer outro
5 e 6 do presente artigo que estejam em posição igual, estes meio escrito, efitrega as.suas contas ao Juiz Comissário que, por
participam na distribuição na proporção dos respectivos créditos acta, verifica o fim das operações de liquidação.
totais.
A acta é comunicada a jurisdição competente, que profere a
ARTIGO 167."
decisão de encerramento da liquidação dos bens e decide, na
O dinheiro proveniente da venda dos móveis é distribuído mesma ocasião, sobre as contestações das contas do sindico
da seguinte forma: feitas pelo devedor ou pelos credores.
1.O) aos credores das despesas de justiça, encarregues de
A uniao dissolve-se de pleno direito e OS credores recuperam
obter a execução do bem vendido e a distribuição do preço:
o exercício individual das respec!ivas acções.
2.") aos credores das despesas feitas para conservar o bem
do devedor no interesse do credor cujos títulos sejam anteriores ARTIGO 171."
em data;
Se os créditos tiverem sido verificados e reconhecidos, o
3.') aos credores de salários super privilegiados, na proporção presidente da jurisdição competente profere a decisão de
do valor do móvel em relação ao conjunto do activo;
encerramento que confirma a admissão definitiva dos credores,
4.") aos credores garantidos por um penhor segundo a data a dissolução da união, o montante do crédito admitido e o
de constituição do penhor; montante restante que continua em dívida.
36 3: SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38

A decisão é executória e não é susceptível de recurso. decisão de homologação da concordata ou união por decisão
que tenha lugar nas condições previstas no artigo 170.', a
ARTIGO 172.' jurisdição competente pode proferir, a qualquer momento, a
O escrivão envia imediatamente uma certidão da decisão de pedido do devedor ou do síndico ou mesmo oficiosamente, o
encerramento ao representante do Ministério Público. encerramento do processo colectivo quando o passivo exigivel
deixar de existir ou quando o sindico dispuser de dinheiro sufici-
A decisão de encerramento é publicada nos termos dos ente ou ainda quando são consignadas as somas devidas a titulo
artigos 36.' e 37.'. de capital, juros e despesas.
SECÇÃO III
Em caso de desaparecimento, ausência ou recusa de receber
ENCERRAMENTO POR INSUFICIÊNCIA DE ACTIVO de um ou de vários credores, a soma devida é depositada numa
conta especialmente aberta num estabelecimento bancário ou
ARTIGO 173.'
postal ou nas Finanças e a prova de deposito tem valor de
Se não houver dinheiro suficiente para efectuar ou terminar quitação.
as operações de liquidação dos bens, a jurisdição competente, Os credores não podem exigir mais de três anos de juros +
hediante relatório do Juiz Comissário pode, a qualquer momento, vencidos a taxa legal, a contar da decisão que verifica a cessação

-
proferir, a pedido de todo e qualquer interessado ou mesmo de pagamentos
oficiosamente, o encerramento das operações por insuficiência
de activo. Este encerramento é proferido mediante relatório do Juiz
Comissário, que verifica a existência das condições previstas
A decisão é publicada nas condições previstas nos artigos nas alíneas 1 e 2 do presente artigo.
36.O e 37.O.
A publicidade da decisão está sujeita aos artigos 36.Oe 37.'.
AR'TIGO 174.O
ARTIGO 179.'
Adecisão de encerramento por insuficiência de activo permite
a cada credor recuperar o exercício individual das suas acções. Depois do pagamento da integralidade do passivo exigível, o
Para esse efeito, as disposições do artigo 171.0 supra são síndico entrega as suas contas nos termos do artigo 177.'.
aplicáveis.
CAPITULO
VI
ARTIGO 175.'
DISPOSIÇOES ESPECIALMENTE APLICÁVEIS
Adecisão pode ser adiada a pedido do devedor ou de qualquer AOS DIRIGENTES DAS PESSOAS COLECTIVAS
outro interessado mediante prova de que as importâncias
ARTIGO 180.'
necessárias para as despesas das operações foram consignadas
junto do sindico. As disposições do presente capítulo são aplicáveis, em caso
AR'TIGO 176.' de cessação de pagamentos de uma pessoa colectiva, aos
dirigentes pessoas singulares ou colectivas, de direito ou de
Em todos os casos em que deva intentar acções de res- facto, aparentes ou ocultos, remunerados ou não, bem como as
ponsabilidade, o síndico está autorizado a obter o benefício da pessoas singulares representantes permanentes das pessoas
assistência judiciária por decisão do Juiz Comissário proferida colectivas dirigentes.
na sequência de requerimento que exponha o objectivo pretendido
ARTIGO 181. O h
e os meios de que se dispõe, e antes da decisão de encerramento
da liquidação de bens. Os sócios ilimitada e solidariamente responsáveis pelo
ARTIGO 177.' passivo social, se não forem dirigentes, estão sujeitos aos pro-
cessos colectivos nos termos dos artigos 31 .O e 33.O.
O sindico entrega as suas contas na secretaria, no prazo de
três meses a contar da decisão de encerramento por insuficiência ARTIGO 182.'
de activo.
As disposições relativas a aposição de selos judiciais e ao
O escrivão avisa imediatamente o devedor, contra prova de auxilio do devedor estendem-se aos dirigentes das pessoas
recepçãodo aviso, de que este dispõe de oito dias para contestar. colectivas sujeitos as disposições do presente capítulo.
Em caso de contestação, a jurisdição competente decide.

s~cçAoiv CUMULAÇÃO DO PASSIVO


ENCERRAMENTO POR EX'TINÇAO DO PASSIVO ARTIGO 183."
ARTIGO 178.O
Quando a recuperação judicial ou a liquidação de bens de
Depois de elaborada a lista definitiva dos créditos, e enquanto uma pessoa colectiva revelar uma insuficiência de activo, a
o processo de recuperação judicial não B encerrado por uma jurisdição competente pode, em caso de erro de gestão que
22 DE SETEMBRO DE 2005

tenha contribuido para essa insuficiência, decidir, a requerimento


do síndico ou oficiosamente, que as dívidas da pessoa colectiva
SECÇÃO II
37 ~
. EXTENSÃO DOS PROCESSOS COLECTIVOS
sejam suportadas na sua totalidade ou em parte, com ou sem
AOS DIRIGENTES
solidariedade, por todos os dirigentes ou alguns de entre eles.
ARTIGO 189.'
O requerimento do síndico deve ser notificado a cada dirigente
posto em causa pelo menos oito dias antes da audiência. Quando Em caso de recuperação judicial ou de liquidação de bens de
a jurisdição competente intervém oficiosamente, o presidente uma pessoa colectiva, pode ser declarado pessoalmente em
manda-os convocar pelo escrivão, por acto extrajudicial e nos recuperação judicial ou em liquidação de bens qualquer dirigente
mesmos prazos. que, sem estar ele próprio em cessação de pagamentos:
A jurisdição competente decide o mais rapidamente possível, tenha exercido uma actividade comercial pessoal, quer por
depois de ter ouvido o relatóriodo Juiz Comissário e os dirigentes, interposta pessoa, quer através da pessoa colectiva que
em audiência não pública. encubra os seus actos;

ARTIGO 184.O * tenha disposto do crédito ou dos bens da pessoa colectiva


como se fossem seus bens próprios;
Ajurisdição competente é aquela proferiu a decisão de recu-
continue abusivamente e no seu interesse pessoal uma
peração judicial ou de liquidação de bens da pessoa colectiva.
o
I
exploração deficitária que conduziria, necessariamente, a i,

rC\ ARTIGO 185.O cessação de pagamentos da pessoa colectiva.

A jurisdição competente pode ordenar aos dirigentes sobre A jurisdição competente pode igualmente decretar a recu-
os quais recaiu a totalidade ou parte do passivo da pessoa peração judicial ou a liquidação de bens dos dirigentes a cargo
colectiva que cedam as respectivas acções ou partes sociais ou dos quais tenha sido posta a totalidade ou parte do passivo de
ordenar a respectiva cessão forçada pelo síndico, se neces- uma pessoa colectiva e que não tenham pago essa divida.
sário após peritagem; o produto da venda e afectado ao paga- ARTIGO 190.O
mento da parte das dívidas da pessoa colectiva a cargo desses
dirigentes. Ajurisdição competente é aquela que decretou a recuperação
ARTIGO 186.O judicial ou a liquidação de bens da pessoa colectiva.

Aacção de preenchimento do passivo prescreve no prazo de ARTIGO 191. O


três anos a contar da decisão definitiva sobre a verificação dos
Em caso de resolução ou anulação da concordata da OS credores aceites no processo colectivo aberto contra a
pessoa colec-tiva, a prescrição, suspensa durante o tempo que pessoa colectiva são admitidos, de pleno direito, na recuperação

- durou a concordata, recomeça a correr. Todavia, o síndico dispõe


de novo, para exercer a acção, de um prazo que não pode, em
caso algum, ser inferior a um ano.
judicial ou na liquidação de bens do dirigente. O passivo inclui,
para além do passivo pessoal do dirigente, o passivo da pessoa
colectiva.
ARTIGO 192.'
ARTIGO 187.'
Adata de cessação de pagamentos do dirigente não pode ser
Quando um dirigente de uma pessoa colectiva já tiver sido
rn posterior a fixada pela decisão que decretou a recuperação
declarado em estado de cessação de pagamentos, o montante
judicial ou a liquidação de bens da pessoa colectiva.
do passivo posto a cargo desse dirigente é determinado pela ,
jurisdição competente que proferiu a recuperação judicial ou a ARTIGO 193.'
liquidação de bens da pessoa colectiva.
As disposições do artigo 188.0são aplicáveis a decisão que
Nesse caço, o síndico do proceçço colectivo da pessoa decretou a extensão dos proceSSOS C O ~ ~ C ~ ~aos
V O Sdirigentes

colectiva procede a recuperação judicial ou a liquidação de bens das Pessoas colectivas.


do dirigente. T~TULO111
FALÊNCIA E REABILITAÇÃO
Adecisao proferida em aplicação do artigo 183.Oestá sujeita ARTIGO 194.'
ao disposto nos artigos 36.O e 37.'. A publicidade e feita, no que As disposições do presente título aplicam-se:
diz respeito aos sócios responsáveis pelo passivo social ou aos 1.") aos comerciantes pessoas individuais;
dirigentes de uma pessoa colectiva comerciante, sob o número
de inscrição dessa pessoa colectiva no Registo comercial e do 2.7 as pessoas singulares dirigentes de pessoas colecti-
crédito mobiliário e, se eles também forem comerciantes, é feita vas sujeitas aos processos colectivos;
I 0

ainda a publicidade no Jornal Oficial, sob o número pessoal dos 3.") as pessoas singulares representantes permanentes
dirigentes. das pessoas colectivas referidas no precedente número 2.
38 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA 'REPÚBLICA DA GUINE-BISSAU N.
O 38
--

Os dirigentes das pessoas colectivas referidos no presente ARTIGO 198."


artigo são os dirigentes de direito ou de facto, remunerados ou
não, aparentes ou ocultos. A jurisdição competente pode declarar a falência dos
dirigentes que:
ARTIGO 195.'
1."tenham cometido erros graves para além dos mencionados
O represente do Ministerio Público verifica a aplicação das no artigo 197 ou que deram provas de incompetência evidente;
disposições do presente título e assegura a sua execução.
2.") não tenham declarado, no prazo de trinta dias, a cessação
CAP~TULOI de pagamentos da pessoa colectiva;
FALÊNCIA 3.7 não tenham pago a parte do passivo que tenha sido posta
SECÇÃO I a seu cargo.
CASOS DE FALÊNCIA ARTIGO 299."

ARTIGO 196.' A falência dos dirigentes da pessoa colectiva priva-os do


direito de voto nas assembleias dessas pessoas colectivas con-
Em qualquer fase do processo, a jurisdição competente de- tra as quais um processo colectivo foi aberto, devendo esse
creta a falência das pessoas que: direito ser exercido por um mandatário nomeado pelo Juiz
1 tenham subtraído da contabilidade da empresa, desviado
.O)
Comissário para o efeito a pedido do sindico.
ou dissimulado uma parte do seu activo ou reconhecido frau- SECÇÃO II
dulentamente dívidas aue não existiam:
PROCESSO
2 . 9 tenham exercido uma actividade comercial no seu inter-
esse pessoal, quer por interposta pessoa quer através de uma ARTIGO 200.O
pessoa colectiva que encobria a respectiva actividade;
Quando tomar conhecimento de factos susceptíveis de
3.9) tenham utilizado o crédito ou os bens de uma pessoa justificar a falência, o sindico informa imediatamente o repre-
colectiva como se fossem os seus próprios bens; sentante do Ministério Publico e o Juiz Comissário, a quem apre-
senta um relatório no prazo de três dias.
4.") com dolo, tenham obtido para si próprios ou para as suas
empresas, uma concordata anulada em seguida; O Juiz Comissário envia esse relatório ao presidente da
jurisdição competente. Se o síndico não fizer esse relatório, o
5.") tenham cometido actos de má fé ou imprudências im-
Juiz Comissário redige-o ele próprio e entrega-o ao presidente
perdoáveis ou que tenham infringido gravemente as regras e
da jurisdição competente.
usos do comércio tal como estão definidos no artigo 197.".
Logo que receba o relatóriodo síndico ou do Juiz Comissário,
São igualmente declarados falidos os dirigentes de 'uma o presidente da júrisdição competente manda imediatamente
pessoa colectiva condenados por falência simples ou fraudulenta. citar para que compareçam em dia determinado, pelo menos com
oito dias de antecedência, por acto extrajudicial enviado pelo
ARTIGO 197.'
escrivão, o devedor ou os dirigentes da pessoa colectiva a fim de
Presumem-se actos de má fé, imprudências imperdoáveis ou serem ouvidos pela jurisdição competente em audiência não
infracções graves as regras e usos comerciais: pública e na presença do sindico ou tendo este sido devidamente
1 o exercício de uma actividade comercial ou de uma fun-
.O) convocado por carta registada ou qualquer outro meio escrito.
ção de gerente, administrador, presidente, director geral ou
liquidatário, contrariamente a uma interdição prevista pelos Actos ARTIGO 201 . O
Uniformes ou pela lei de cada Estado Parte; O devedor ou os dirigentes da pessoa colectiva citados
2 . 7 a ausência de contabilidade conforme as regras devem comparecer pessoalmente; em caso de impedimento
contabilísticas e aos usos reconhecidos da profissão tendo em devidamente justificado, podem fazer-se representar por uma
conta a importância da empresa; pessoa habilitada para assistir ou representar as partes perante
3.7 as cotnpras para revenda abaixo de preço corrente com a jurisdição competente.
a intenção de retardar a cessação de pagamentos ou a utilização,
com a mesma intenção, de meios ruinosos para obter capitais; Se o devedor ou os dirigentes da pessoa colectiva não se
apresentarem ou não forem representados,' a jurisdição com-
4.") a subscrição, por conta de outrem: sem contrapartida, de
obrigações consideradas demasiado elevadas no momento da petente cita-os de novo para comparecer, nos mesmos termos e
respectiva conclusão, tendo em conta a situação do devedor ou prazos previstos no artigo 200.'; em caso de ausência reiterada,
da sua empresa; a jurisdição competente decide contrariamente a eles.
5.")a continuação abusiva de uma exploração deficitária que ARTIGO 202.O
conduziria, a empresa necessariamente, a cessação de pa-
Independentemente das menções previstas no registo crimi-
gamentos.
na1 pelo Código de Processo Penal, as decisões que decretam a
22 DE SETEMBRO DE 2005

falência são mencionadas no Registo comercial e do crédito Podem igualmente.ser reabilitados os dirigentes de pessoas
mobiliário. colectivas:
No que diz respeito aos dirigentes das pessoas colectivas * contra quem tenha sido proferida a recuperação judicial ou
não comerciantes, as decisões são mencionadas no registo bem a liquidação de bens e se encontrem pessoalmente no caso
como a margem da inscrição da recuperação judicial ou da previsto no artigo 204.O, alínea 1;
liquidação dos bens.
contra quem tenha sido proferida somente a falência pes-
As decisões são ainda, e por diligência do escrivão, publi- soal se a pessoa colectiva em 'relação a qual tenha sido
cadas sob forma de extractos no Jornal Oficial e num jornal proferida a recuperação judicial ou a liquidação de bens se
habilitado a receber anúncios legais na area geográfica da encontrar no caso previsto pelo artigo 204.O, alinea 1;
jurisdição que deliberou, nas condições previstas nos artigos
36.O e 37.'. ARTIGO 206.O
SECÇÃO III A pessoa declarada em estado de falência pode ser reabilitada
EFEITOS DA FALÊNCIA após a sua morte se, caso estivesse viva, preenchesse as
condições previstas nos artigos 204.Oe 205.O.
V ARTIGO 203.O e

A decisão que decreta a falência implica, de pleno direito: ARTIGO 207.O


a interdição geral de exercer o comércio e nomeadamente Não podem ser reabilitadas as pessoas condenadas por
de dirigir, gerir, administrar ou controlar uma empresa crime ,ou delito, se a condenação tiver como consequência a
V
comercial individual ou qualquer pessoa colectiva que tenha interdição de exercício de uma profissão comercial, industrial ou
uma actividade económica; artesanal. .
a interdição de exercer uma função pública elegível e de ser SECÇÁO II
eleitor para a referida função pública;
PROCESSO
a interdição de exercer qualquer função administrativa, ARTIGO 208.O
judicial ou de representação profissional.
Qualquer pedido de reabilitação é dirigido, com as quitações
A jurisdição competente que decreta a falência, fixa a e os documentos que as provem, ao representante do Ministério
respectiva duração, que não pode ser inferior a três anos nem Público da area de competência onde a cessação de paga-
superior a dez. mentos foi verificada.
Os efeitos pessoais da falência cessam automaticamente Esse magistrado comunica todos os documentos ao presi-
no termo fixado. dente da jurisdição competente que decidiu e ao representante
CAP~TULO11 do Ministério Público do domicílio do requerente, encarregando-
os de recolher todas as informações possíveis e úteis sobre a
REABILITAÇÃO
veracidade dos factos expostos. O síndico recebe os mesmos
v SECÇÃO I documentos e a mesma missão desse magistrado, com a
CASOS DE REABILITAÇÃO obrigação de entregar um relatório no prazo de um mês.
ARTIGO 204.' ARTIGO 209.O
Adecisão de encerramento por extinçao do passivo implica a O escrivão da jurisdição competente notifica desse pedido,
reabilitação do devedor, se o passivo se extinguir nas condições por carta registada ou outro meio escrito, cada um dos
previstas pelo artigo 178.'. credores aceites ou reconhecidos, mesmo por decisão judicial
Para ser reabilitado de pleno direito, o sócio solidariamente posterior.
responsável pelas dívidas de uma pessoa colectiva declarada ARTIGO 21 0.O
em cessação de pagamentos deve provar que pagou, nas mesmas
Qualquer credor que não tenha sido integralmente pago nas
con-dições, todas as dívidas da pessoa colectiva mesmo que
condições dos artigos 178.O e 204,O pode, no prazo de um mês a
uma concordata particular lhe tenha sido consentida.
contar dessa notificação, deduzir oposição a reabilitação por
ARTIGO 205.' simples declaração na secretaria, acompanhada pelos
Pode ser reabilitada, se a respectiva probidade for documentos comprovativos.
reconhecida: O credor oponente pode igualmente intervir no processo de
1.7 qualquer pessoa que tenha obtido dos credores uma reabilitação por requerimento apresentado ao presidente da
concordata particular e que tenha pago integralmente os jurisdição competente e notificado ao devedor.
dividendos prometidos;
ARTIGO 21 1.O
2.') qualquer pessoa que prove o perdão integral da sua
dívida pelos seus credores ou o respectivo consentimento Findos os prazos previstos nos artigos 208.O e 210.', o
unânime a sua reabilitação. resultado dos inquéritos e relatórios acima indicados e as
40 3 . O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38

oposições deduzidas pelos credores são comunicados ao eventual oposição ou recurso, com excepção da decisão que
representante do Ministério Público a quem o pedido foi feito, homologa o acordo de credores, bem como das decisões que
que os transmitirá a jurisdição competente com as suas alegações decretam a falência pessoal.
escritas. ARTIGO 21 8.'
ARTIGO 21 2.'
Nos prazos previstos em matéria de pagamento preventivo,
A jurisdição competente chama, se for o caso, o requerente de recuperação judicial, de liquidação de bens ou de falência
e os oponentes e ouve-os contraditoriamente em audiência não pessoal, o dia do acto, do acontecimento ou da decisão que os
pública.
fazem correr, por um lado, e o último dia, por outro lado, não são
ARTIGO 213.' contados.
Se o pedido for iejeitado, não pode ser renovado antes de Todo e qualquer prazo que se termine num sábado, domingo
decorrido um ano. ou em dia feriado ou de tolerância de ponto será prorrogado até
Se o pedido for aceite, a decisão é transcrita no registo da ao primeiro dia útil seguinte. O mesmo se aplica as notificações
jurisdição competente que decidiu, bem como no registo da entregues na Câmara Municipal ou no serviço do Ministério
jurisdição do domicílio do requerente. Público quando os serviços estiverem fechados no último dia do
prazo.
Adecisão é igualmente enviada ao representante do Ministério
Público que recebeu o pedido e este envia-a, por sua vez, ao ARTIGO 21 9."
representante do Ministério PGblico do lugar de nascimento do A oposição, quando possa ser recebida, é deduzida contra a
requerente, que a mencionara no registo criminal, tendo em decisão proferida em mat6ria de recuperação judicial ou de
conta a declaração de recuperação judicial ou de liquidação de liquidação de bens por declaração feita na secretaria no prazo
bens. de quinze dias a contar da notificação da decisão.
ARiiGO 214.' Todavia, para as decisões sujeitas a formalidades de editais
e de publicidade em jornais de anúncios legais ou no Jornal
O processo de reabilitação está isento de selo e de registo. Oficial, esse prazo só se conta a partir dodia em que a formalidade
exigida em último lugar foi efectuada.
Decide-se sobre a oposição no prazo de um mês.
EFEITOS DA REABILITAÇÃO
ARTIGO 220.'
ARTIGO 215."
A oposição, quando possa ser recebida, é deduzida contra as
O devedor reabilitado recupera todos os direitos de que tinha
sido privado pela decisão que decretou a sua falencia pessoal. decisões proferidas em matéria de falência p,essoal por decla-
ração feita na secretaria no prazo de quinze dias .a contar da
notificação da decisão.
VIAS DE RECURSO EM MATERIA DE RECUPERAÇÁO O devedor ou os dirigentes das pessoas colectivas são cita-
JUDICIAL E DE LIQLIIDAÇAO DE BENS dos para comparecer nas formas, prazos e condições previs-
ARTIGO 216.O tos pelos artigos 200.' e 201 . O .

Não são susceptíveis, nem de oposição, nem de recurso: Decide-se sobre a oposição no prazo de um mês
1.7 as decisões relativas a nomeação ou a substituição do ARTIGO 221 .'
Juiz Comissário, a nomeação ou a destituição dos síndicos, a
nomeação ou a destttuição dos fiscais; O recurso, quando possa ser recebido, contra uma decisão
2.7 as decisões pelas quais a jurisdição competente de- proferida em matéria de recuperação judicial, de liquidação de
cide sobre o recurso interposto contra as decisões do Juiz bens ou de falência pessoal é interposto no prazo de quinze dias
Comissário nos limites das suas atribuições, com excepção das a contar da data em que a decisão é proferida.
que decidam sobre as reivindicações e sobre as decisões O recursoé julgado, com base nos documentos, pela jurisdição
previstas nos artigos 162.' e 164.'; de recurso, no prazo de um mês. A decisão de recurso tem força
3.")a decisão tomada pela jurisdição competente nos termos executória imediata..
do artigo 11 1.: última alínea; ARTIGO 222.'
4.")asdecisdes que autorizem a continuação da exploração
com ressalva do caso previsto pelo artigo 113." alínea 4. Em matéria de falência pessoal, o escrivão notifica da decisão
proferida, no prazo de três dias, o representante do Ministério
ARTIGO 217.O Público.
As decisões tomadas em matéria de recuperação judicial ou Este Último pode, no prazo de quinze dias a contar dessa
de liquidaçãode bens têm forçaexecutória provisória, apesar da notificação, interpor recurso da decisão proferida.
22 DE SETEMBRO DE 2005 41

O recurso do Ministério Público é interposto por declaração 3.") se, sem desculpa legitima, não entregou na secretaria da
na secretaria da jurisdição que proferiu a decisão. O escrivão jurisdição competente a declaração do seu estado de cessação
notifica desse recurso o devedor e o síndico, contra prova de de pagamentos no prazo de trinta dias;
recebimento.
4.") se a sua contabilidade for incompleta ou irregularmente
ARTIGO 223.' organizada ou se não tiver qualquer contabilidade de acordo
Em caso de falência pessoal ou de outras sanções, o recurso com as regras contabilísticas e os usos reconhecidos na profissão
do devedor ou dos dirigentes é interposto por requerimento tendo em conta a importância da empresa;
dirigido ao presidente da jurisdição de recurso.
5.") se, tendo sido declarada duas vezes em estado de
O síndico é chamado ao processo por carta registada ou
outro meio escrito enviado pelo escrivão da jurisdição de recurso, cessação de pagamentos num prazo de cinco anos, esses
a pedido do representante do Ministério Público junto dessa processos foram encerrados por insuficiência de activo.
jurisdição.
ARTIGO 229.'
ARTIGO 224.O
1. E culpada de falência fraudulenta qualquer pessoa fisica
O recurso, no caso em que a totalidade ou parte do passivo referida no artigo 227.O que, em caso de cessação de pagamentos:
de uma pessoa colectiva é posta a cargo do ou dos seus dirigentes,
é interposto nos termos do artigo 221 .O. 1.") subtraiu a sua contabilidade;
2.") desviou ou dissipou a totalidade ou parte do seu activo;
ARTIGO 225.'
3.") quer na sua contabilidade, quer em docu-mentos
Em todos os casos, o escrivão da jurisdição de recurso envia autênticos ou particulares, quer no seu balanço, se reconheceu
cópia da decisáo de recurso a secretaria da jurisdição competente fraudulentamente devedora de somas que não devia;
para menção a margem da decisão e para que sejam cumpridas, 4.") exerceu a profissão comercial contrariamente a uma
se for esse o caso, as medidas de publicidade previstas no artigo interdição prevista pelos Actos Uniformes ou pela lei de cada
202.'. Estado Parte;
T~TLILOV 5.") depois da cessação de pagamentos, pagou a um credor
FALÊNCIA E OUTRAS INFRACÇÕES em prejuízo da massa;
CAP~TULOI 6.")estipulou com um credor vantagens especiaisem função
FALÊNCIA E INFRACÇÕES SIMILARES do seu voto nas deliberações da massa ou efectuou com um
ARTIGO 226.' credor um acordo especial do qual resultaria para esse último
uma vantagem a cargo do activo do devedor a partir do dia da
As pessoas declaradas culpadas de falência e de delitos decisão de abertura.
similares a falência são passiveis das penas previstas para
essas infracções pelas disposições de Direito Penal em vigor em 2. igualmente culpada de falência fraudulenta qualquer
pessoa física referida no artigo 227.' que, no decurso de um
cada Estado Parte.
processo colectivo:
SECÇÃO I
1 de má fé, apresentou ou mandou apresentar um resultado,
.O)

FALÊNCIA SIMPLES E FALÊNCIA FRAUDULENTA um balanço ou uma relação de créditos e de dividas ou uma
ARTIGO 227.O relação activa e passiva dos privilégios ou garantias, inexactos
As disposições da presente secção aplicam-se: ou incompletos;
a aos comerciantes, pessoas individuais; 2.") efectuou, sem autorização do presidente da jurisdição
competente, um dos actos proibidos pelo artigo 11.O.
aos sócios das sociedades comerciais que tenham a
qualidade de comerciantes.

ARTIGO 228.O INFRACÇÕES SIMILARES A FALENCIA

É culpada de falência simples qualquer pessoa física em ARTIGO 230.'


estado de cessação de pagamentos que se encontre num dos
As disposições da presente secção são aplicaveis
seguintes casos:
1 as pessoas singulares dirigentes das pessoas colectivas
1 se contratou sem receber valores em contra-partida ou
.O)

sujeitas a processos colectivos;


.O)

assumiu obrigações consideradas demasiado elevadas tendo


em conta a sua situação quando as assumiu; 2.") as pessoa singulares representantes permanentes de
pessoas colectivas dirigentes, das pessoas colectivas referidas
2") se, com a intenção de atrasar a verificação da cessação
no n." I.
de pagamentos, fez compras para revenda abaixo do preço
corrente ou se, com a mesma intenção, utilizou meios ruinosos 0 s dirigentes referidos no presente artigo incluem todos os
para obter capitais; dirigentes de direito ou de facto e, de um modo geral, qualquer
42 3 O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINE-BISSAU N.O 38

pessoa que tenha, directamente ou por interposta pessoa, 1." subtraído os livros da pessoa colectiva;
administrado, gerido ou liquidado a pessoa colectiva com a cum- 2." desviado ou dissimulado uma parte do seu activo;
plicidade ou em substituição dos seus representantes legais.
3.") reconhecido a pessoa colectiva devedora de somas que
ARTIGO 231 .O ela não devia, quer na contabilidade, quer atravésde documentos
autênticos ou de obrigações assumidas por documento particu-
São punidos com as penas aplicáveis a falência simples os lar, quer no balanço;
dirigentes referidos no artigo 230.' que tenham, nessa qualidade 4.")exercido a profissão de dirigente contrariamente a uma
e de má fé: interdição prevista pelos Actos Uniformes ou pela lei de cada
1.7 gasto somas pertencentes a pessoa colectiva realizan- Estado Parte;
do operações de jogo ou ficticias; 5.") estipulado com um credor, em nome da pessoa colectiva,
vantagens especiais em função do seu voto nas deliberações da
2.7 com a intenção de atrasar a verificação da cessação dos
massa ou que tenham feito com um credor um acordo especial do
pagamentos da pessoa colectiva, feito compras para revenda a qual resultaria para este último uma vantagem a cargo do activo
preços abaixo dos preços correntes ou, com a mesma intenção, da pessoa colectiva, a partir do dia .da decisão que declare a
tenham utilizado meios ruinosos para obtercapitais; cessação de pagamentos.

-
3.") depois da cessação de pagamentos da pessoa colectiva, 2.São igualmente punidos com as penas aplicáveis à falên-
tenham pago ou mandado pagar a um credor em prejuízo da cia fraudulenta, os dirigentes visados no artigo 230.' que, du-
massa; rante um processo de pagament-o preventivo tenham:
1 de má fé, apresentadoou feito apresentar resultados, um
4.7 tenham feito contratar pela pessoa colectiva, por conta
.O)

balanço, uma relação dos créditos e das dividas ou uma relação


de outrem, sem que ela receba os valores de troca, obrigações
do activo e do passivo dos privilégios ou garantias, inexactos ou
julgadas demasiado elevadas em relação a sua situação no incompletos;
momento em que as mesmas foram contraídas;
2.") sem autorização do presidente da jurisdição competente,
5.") tenham feito, mandado fazer ou deixado fazer uma efectuado actos proibidos pelo artigo 11. O .
contabilidade irregular ou incompleta da pes-soa colectiva nas
condições previstas pelo artigo 228.'-4"
PROCESSO DAS INFRACÇOES DE FALÊNCIA E SIMILARES
6.7 tenham omitido de fazer na secretaria da jurisdição
competente, no prazo de trinta dias, a declaração do estado de ARTIGO 234.'
cessação de pagamentos da pessoa colectiva;
A acção penal é instaurada quer pelo representante do
7.7 tenham, com a finalidade de subtrair a tota-lidade ou
parte do respectivo património aos processos da pessoa colectiva
em estado de cessação de pagamentos ou aos processos dos
Ministério Público, quer através de constituição de assistente,
quer através de citação directa do sindico ou de qualquer outro
credor agindo em seu próprio nome ou em nome da massa.
-
sócios ou dos credores da pessoa colectiva, desviado ou dissi- O síndico só pode agir em nome da massa depois de ter sido
mulado, tentado desviar ou dissimular uma parte dos respectivos autorizado pelo Juiz Comissário, uma vez ouvidos os contro-
bens ou que se tenham fraudulentamente reconhecido como ladores, caso tenham sido nomeados.
devedores de somas que não deviam.
h

Qualquer credor pode intervir a título individual num processo


ARTIGO 232.' de falência se esta tiver sido instaurada pelo sindico em nome da
massa.
Nas pessoas colectivas que tenham sócios ilimitada e soli- ARTIGO 235.O
dariamente responsáveis pelas dividas sociais, os representan-
tes legais ou de facto são culpados de falência simples se, sem O síndico deve entregar ao representante do Ministério
legítima desculpa, não fizerem, na secretaria da jurisdição com- Público os documentos, títulos, papéis e informações que lhe
forem pedidos.
petente e no prazo de trinta dias, a declaração do respectivo
estado de cessação de pagamentos ou se essa declaração 0 s documentos, titulos e papéis entregues pelo síndico ficam,
não incluir a lista dos sócios solidários com indicaçãd dos respec- durante a instância, na secretaria para poderem ser comunicados.
tivos nomes e endereços. Esta comunicação será feita a pedido do sindico, que pode
pedir certidões ou cópias autenticadas, que lhe são enviadas
ARTIGO 233.'
pelo escrivão.
1. São punidos com as penas aplicáveis a falência fraudulenta, Os documentos, títulos e papéis ajo Bepósito judicial não
as dirigentes referidos no artigu230.O que te.nham, fraudulen- tenha sido ordenado são, depois da d~&2a,mtregzhes ao síndico
tamente: contra recibo.
22 DE SETEMBRO DE 2005

ARTIGO 236.' ARTIGO 242.'

Uma condenação por falência simples ou fraudulenta, ou por Mesmo que haja absolvição nos casos previstos pelos artigos
delito similar a falência simples ou fraudulenta, pode ser proferida 240.' e 241 .O, a jurisdição que a profere pronuncia-se sobre a
mesmo que a cessação de pagamentos não tenha sido verificada indemnização e sobre a reintegração no património do devedor
nas condições previstas pelo presente Acto Uniforme. dos bens, direitos ou acções subtraídas.

ARTIGO 237.O ARTIGO 243.O

As despesas da acção instaurada pelo representante do . É punido com as penas previstas pelo Direito Penal em vigor
Ministério Público não podem ser postas a cargo da massa. em cada Estado Parte para as infracções cometidas por uma
pessoa que faça oferta pública em prejuizo de um locatário,
Se houver condenação, as Finanças Públicas só podem
depositário, mandatário, constituinte de um ónus, prestador de
exercer a sua acção contra o devedor para cobrança das despesas
serviços ou mestre de obras, qualquer síndico de um processo
após execução da concordata, em caso de recuperação judicial,
colectivo que:
ou após encerramento da união, em caso de liquidação dos
bens. * exerça uma actividade pessoal encoberta pela empresa do
ARTIGO 238.' devedor que dissimula as suas acções;
disponha do crédito ou dos bens do devedor como se
As despesas da acção instaurada pelo síndico em nome dos
credores são suportadas pela massa se houver absolvição e, se fossem seus;
houver condenação, pelas Finanças Públicas com ressalva de gaste os bens do devedor;
acção das Finanças contra o devedor nas condições do artigo
continue abusivamente e de má fé, no seu interesse pes-
237.O, alínea 2.
soal, quer directa quer indirectamente, uma exploração
ARTIGO 239.'
deficitária da empresa do devedor;
As despesas da acção intentada por um credor sãosuportadas em violação das disposições do artigo 51 .O, se torne com-
por si se houver absolvição e, se houver condenação, pelas prador, por sua conta, dos bens do devedor.
Finanças Públicas, com ressalva de acção das Finanças contra
o devedor nas condições do artigo 237.', alínea 2. ARTIGO 244.'

CAPITULO
II É punido com as penas previstas pelo Direito Penal em vigor
em cada Estado Parte para as infracções cometidas em prejuizo
OUTRAS INFRACÇÕES de um incapaz o credor que:
ARTIGO 240.' estipule com o devedor ou com outras pessoas vantagens
São punidas com as penas aplicáveis a falência fraudulenta: especiais, tendo em conta o respectivo voto nas
deliberaçóes da massa;
1." as pessoas condenadas por ter, no interesse do devedor,
faça um acordo especial do qual resultaria, a seu favor,
subtraído, desviado ou dissimulado a totalidade ou parte dos
seus bens móveis ou imóveis, sem prejuízo das disposições uma vantagem a cargo do activo do devedor a partir do dia
penais relativas a cumplicidade; da decisão de abertura do processo colectivo.

2.") as pessoas condenadas por ter fraudulentamente ARTIGO 245.'


declarado no processo colectivo, quer em seu nome quer por
interposta ou suposta pessoa, falsos créditos; As convenções previstas no artigo anterior são ainda
declaradas nulas pela jurisdição penal, em relação a todas a
3.7 as pessoas que, exercendo o comércio sob o nome de pessoas, incluindo o devedor.
outrem ou sobre um falso nome, tenham, de má fé, desviado,
Caso a anulação dessas convenções seja pedida numa acção
dissimulado ou tentado desviar ou dissimular uma parte dos
cível, a acção e intentada perante a jurisdição competente para
respectivos bens. a abertura do processo colectivo.
ARTIGO 241 O
.
O Gedor deveintregar a quem de direito as somas ou valo-
O cônjuge, os descendentes, os ascendentes, os colaterais res que recebeu em virtude das convenções anuladas. Aanulaçáo
ou os parentes por afinidade do devedor que, sem conhecimento de uma vantagem especial não implica a anulação da concordata,
do devedor, tenham desviado ou encoberto objectos componentes com ressalva das disposições do artigo 140
do activo do devedor em estado de cessação de pagamentos
ARTIGO 246.O
incorrem nas penas prevista, pelo Direito Penal em vigor em
cada Estado Parte para as infracções cometidas em prejuizo de Sem prejuízo das disposições relativas ao registo criminal,
um incapaz. todas as decisões condenatórias previstas no presente Título
44 SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL

são, expensas dos condenados, afixadas e publicadas num ARTIGO 251.'


jornal habilitado a receber anúncios legais, bem como através de
extracto sumário, no Jornal Oficial, com a indicaçio do número O reconhecimento dos efeitos de um processo colectivo
do jornal de anúncios legais onde a primeira publicação foi feita. aberto pela jurisdição competente de um Estado Parte não obsta
a abertura de um outro processo colectivo pela jurisdição
competente de um outro Estado P a ~ t e .
PROCESSOS COLECTIVOS INTERNACIONAIS Quando um processo colectivo é aberto no território de um
Estado Parte em que o devedor tem o seu estabelecimento prin-
ARTIGO 247.'
cipal ou a pessoa colectiva a sua sede, este chama-se processo
Quando transitam em julgado, as decisões de abertura e de colectivo principal. O processo é um processo colectivo secun-
encerramento dos processos colectivos, bem como as que dário se for aberto no território de um Estado Parte em que o de-
decidem sobre as contestações decorrentes, desses processos vedor não tem o estabelecimento principal nem a pessoa colec-
e aquelas sobre as quais os processos colectivos exercem uma tiva a sua sede.
influência jurídica, proferidas no território de um Estado Parte, ARTIGO 252.'
têm força de caso julgado no território dos outros Estados Partes.
Os síndicos do processo colectivo principal e dos processos
ARTIGO 248.' colectivos secundários estão obrigados a um dever de informação
recíproca. Devem comunicar imediatamente qualquer informação
A pedido do sindico, o conteúdo essencial das decisões
que possa ser útil para um outro processo, nomeadamente a
relativas a um processo colectivo e, se for esse o caso, a decisão
situação da reclamação e verificação dos créditos e as medidas
que o nomeia, são publicadas em qualquer outro Estado Parte tomadas para por fim ao processo colectivo para o qual são
em que essa publicidade possa ser útil a segurança juridica ou
nomeados.
aos interesses dos credores.
O sindico de um processo colectivo secundário deve, em
A mesma publicidade pode ser decidida oficiosamente, pela
tempo útil, permitir ao síndico do processo colectivo principal
jurisdição competente que tenha aberto o processo colectivo.
que apresente as propostas relativas a liquidação ou a qualquer
O síndico pode igualmente publicar, se for necessário, as utilização dos activos do processo colectivo secundário.
decisões relativas ao processo colectivo no registo predial, no
registo comercial e do crédito mobiliário ou em qualquer outro ARTIGO 253.'
registo público existente nos Estados Partes. Qualquer credor pode declarar o seu crédito no processo
colectivo principal e em qualquer processo colectivo secundário.
ARTIGO 249.' ,

Os síndicos do processo colectivo principal e de um processo


O sindico nomeado por uma jurisdição competente pode colectivo secundário estão igualmente habilitados a declarar em
exercer, no território de um outro Estado Parte, todos os poderes outro processo os crbditos já declarados naquele em que foram
que lhe são reconhecidos pelo presente Acto Uniforme, enquanto nomeados, com ressalva do direito dos credores de se oporem
outro processo colectivo não for aberto nesse Estado. ou retirarem a respectiva declaração.
A nomeação do sindico e verificada através da apresentação As disposições do presente artigo são aplicáveis com ressalva
de uma cópia autenticada da decisão que o nomeia ou por das do artigo 255.'.
qualquer outro certificado da jurisdição competente. Pode ser
ARTIGO 254.'
exigida uma tradução desse documento na língua oficial do
Estado Parte no territorio do qual o síndico quer actuar. Só pode ser posto fim a um processo colectivo secundário por
concordata preventiva ou por concordata de recuperação ou por
ARTIGO 250.O
liquidação de bens, depois de acordo dado pelo síndico do
O credor que, após a abertura do processo colectivo pela processo colectivo principal. Esse acordo deve ser dado no
jurisdição competente de um Estado Parte, obtém, por qualquer prazo de tinta dias a contar da recepção do pedido de parecer
meio, o pagamento total ou parcial do seu crédito sobre os bens feito pelo sindico do processo colectivo secundário por carta
do devedor situados no território de um outro Estado Parte, deve registada ou outro meio escrito.
restituir ao sindico o que obteve, sem prejuízo das cláusulas de
O silêncio do sindico do processo colectivo principal durante
reserva de propriedade e das acções de reivindicação.
trinta dias tem o valor de acordo.
Aquele que, no território de um Estado Parte, cumpre uma
obrigação em proveito do devedor sujeito a um processo colectivo O síndico do processo colectivo principal só pode recusar o
aberto num outro Estado Parte, quando devia tê-lo feito em seu acordo se considerar que a solução proposta afecta os
proveito do síndico desse processo, fica desobrigado se cumpriu interesses financeiros dos credores do processo colectivo para
essa obrigação antes das medidas de publicidadegevistas no o qual foi nomeado.
artigo 248.O, salvo se se provar que tinha tido, por outro meio, Em caso de contestação, a jurisdição competente para o
conhecimento do processo colectivo. encerramento do processo colectivo secundário decide como
em matéria de concordata preventiva ou concordata de cessos colectivos, o excesso de activo é repartido igualmente
recuperação ou liquidaçáo de bens. entre eles.

ARTIGO 255.'
TITULO
VI I
DISPOSIÇÕES FINAIS
O credor que obteve, no processo colectivo, um dividendo
sobre o seu crédito, só participa nas distribuições abertas em ARTIGO 257.'
outro processo quando os credores da mesma posição obtiveram, São revogadas todas as disposições anteriores contrárias
neste último processo, um dividendo equivalente. as do presente Acto Uniforme. Este só é aplicável aos proces-
sos colectivos abertos depois da sua entrada em vigor.
ARTIGO 256.O

Se a liquidação dos activos de um processo colectivo permi- ARTIGO 258.'


tir pagar todos os créditos aceites nesse processo, o síndico nele O presente Acto Uniforme será publicado no Jornal Oficial da
nomeado transfere imediatamente o excesso de activo ao síndico OHADA e dos Estados Partes. Ele entrará em vigor no dia 1 de
do outro processo colectivo. Caso haja vários outros pro- Janeiro de 1999.

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