Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O 38
da entrega da mercadoria ou, na sua falta, no prazo de seis (6) uniforme. A nulidade de tais estipulações não implica a nulidade
meses após a recepção da mercadoria. das outras disposições do contrato.
Esta jurisdição é igualmente competente para decidir sobre 1." uma certidão do registo comercial e do crédito mobiliário;
todos os conflitos decorrentes do processo colectivo, sobre os 2.") o relatório e contas incluindo, nomeadamente, o balanço,
conflitos sobre os quais o processo colectivo exerce uma in- a demonstração de resultados, um quadro financeiro dos recursos
fluência jurídica, bem como sobre os conflitos relativos a falência e do pessoal;
e as outras sanções, com excepção dos que são exclusivamente 3.7 a situação da tesouraria;
atribuídos as jurisdições administrativas, penais e sociais.
4.7 relação dos créditos e das dívidas com indicação dos
ARTIGO 4.' respectiv.os montantes bem como dos nomes e endereços dos
credores e dos devedores;
A jurisdição territorialmente competente para receber os
processos colectivos é a do lugar em que o devedor tem o seu 5.")a situação detalhada, activa e passiva, das garantias
estabelecimento principal ou, se se tratar de pessoa colectiva, a pessoais e reais prestadas e recebidas pela empresa e pelos
seus dirigentes;
sua sede social ou ainda, caso não tenha sede no território na-
cional, o seu estabelecimento principal. Se a sede social for no 6") inventário dos bens do devedor com indicação dos bens
estrangeiro, o processo corre os seus termos perante a jurisdi- móveis sujeitos a reivindicação pelos respectivos proprietários e
ção competente no lugar onde se situa o principal centro de dos afectados por uma cláusula de reserva de propriedade;
exploração situado no território nacional. 7.7 0 número de trabalhadores e o montante dos salários e
A jurisdição da sede ou do estabelecimento principal da dos encargos sociais;
pessoa colectiva é igualmente competente para decidir o processo 87 0 montante do volume de negociose dos lucros tributáveis
preventivo, a recuperação judicial ou a liquidação de bens das dos três últimos anos;
pessoas solidariamente responsáveis pelo seu passivo. 9.O)o nomee endereço dos representantesdos trabalhadores;
Qualquer contestação sobre a competência da jurisdição em 10.") tratando-se de uma pessoa colectiva, a lista dos
que corre o processo deve ser decidida no prazo de quinze dias membros solidariamente responsáveis pelas dividas sociais,
e, em caso de recurso, no prazo de um mês, pela jurisdição de com indicação dos respectivos nomes e endereços, bem como os
recurso. nomes e endereços dos respectivos dirigentes.
Se a competência for contestada com fundamento no lugar, a Todos os documentos devem ser datados, assinados e
jurisdição, se se declarar competente, deve decidir igualmente autenticados pelo requerente. ,,
sobre as questões de fundo na mesma decisão; esta ultima só Se um destes documentos não puder ser apresentado ou só
pode ser impugnada sobre a competência e.sobre o fundo por via puder ser apresentado de forma incompleta, o requerimento
3 2 recurso.
deve mencionar os motivos desse impedimento.
70 3 . O SUPLEMENTOAO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINE-BISSAU N.O 38
as modalidades de continuzção da empresa tais como o A suspensão das acções individuais não se aplica nem as
pedido de prorrogação de prazos de pagamento e redução acções que tenham como objecto o reconhecimento de direitos
de dívidas; a cessão parcial de activo com indicação precisa ou de créditos contestados nem as acções cambiárias inter-
dos bens a ceder; a cessão ou a locação de um estabele- postas contra os subscritores de títulos de crédito que não sejam
cimento comercial; a cessão ou a locação da totalidade da o beneficiário da suspensão das acções individuais.
empresa, sem que essas modalidades sejam limitativas ou Os prazos impostos aos credores sob pena de vencimento,
exclusivas umas das outras; de prescrição ou caducidade dos respectivos direitos são,
as pessoas obrigadas a cumprir a concordata e o conjunto consequentemente, suspensos durante todo o período de
das obrigações por si subscritas e necessárias a recupe- suspensão d.as acçóes individuais.
ração da empresa; as modalidades de manutenção e finan-
ARTIGO 10.'
ciamento da empresa, do pagamentodo passivo anterior a
decisão prevista no artigo 8." bem como, se for o caso, as Salvo renúncia pelos credores, os juros legais ou conven-
garantias dadas para assegurar o respectivo cumprimento; cionais, bem como os juros de mora e seus acréscimos conti-
essas obrigações e garantias podem consistir, nomea- nuam a correr mas não são exigiveis.
damente, num aumento de capital social a subscrever
pelos antigos sócios ou por novos sócios, na abertura de ARTIGO 11O
.
créditos pelos estabelecimentos bancários ou financeiros.
Com ressalva de autorizaçãofundamentada do presidente da
na conti"'a~'0 do c~'"~'i"'ent0 de contratos '''idos
jurisdição competente, a decisão no processo preventivo
antes do requerimento, ou na prestação de cauções;
o devedor, sob pena de inoponibilidade, de:
os despedimentos por motivos económicos que devem ser
efectuados, nas condições previstas pelas normas de direi-
- pagar, no todo ou em parte, os créditos constituídos antes
da decisão de suspensão das acções individuais e
to do trabalho;
abrangidos por esta;
a substituição de dirigentes.
- realizar actos de disposição estranhos a exploração nor-
ARTIGO 8.O mai da empresa ou prestar garantias.
Logo que a proposta de concordata preventiva seja entregue É igualmente proibido ao devedor reembolsar os fiadores que
é imediatamente transmitida ao presidente da jurisdição pagaram créditos constituidos antes da prevista no
competente que toma uma decisão de suspensão das acções
artigo 8.'.
individuais e nomeia um perito para elaborar um relatório sobre
a situação económica e financeira da empresa, as perspectivas ARTIGO 12.O
de tendo em conta as P ~ de prazos ~de 1, ~O perito analisa
~ ~ do devedor
a situação ~ ~ efeito
Para esse Ç
pagamento e redução de dívidas consentidas ou susceptíveis de
pode, não obstante qualquer disposição legislativa ou regulmentar
o serem ~ i e l o scredores e qualquer outra medida que faça parte
em contrário, obter dos revisores de contas, dos contabilistas,
das propostas de concordata preventiva.
dos representantes dos trabalhadores, das administrações
O perito ao d i s ~ O s t O 410 e ppblica~,dos organismos de segurança social, dos estabele-
4.2.'. cimentos bancários ou financeiros, bem como dos serviços
O perito é informado das Suas funções Por carta registada encarregados de centralizar os riscos bancârios e os incidentes
com aviso de recepção Ou Por qualquer outro meio escrito do de pagamento, todas as informações necessárias para ter um
presidente da jurisdição mmpetente ou do devedor no prazo de conhecimento exacto da situação e financeira do
oito dias a contar da data da decisão de suspensão das acções devedor.
individuais.
2. O perito deve informar a jurisdição competente em caso de
ARTIGO 9.' não cumprimento do disposto no artigo 1 1 . O .
A decisão prevista pelo artigo 8.' Suspende ou impede a 3. O perito ouve o devedor e os credores e presta-lhes o seu
propositura de todas as acções individuais que tenham como auxilio para chegar a conclusão de um acordo sobre as moda-
objecto obter o pagamento dos créditos designados pelo deve- lidades de recuperação da empresa e o apuramento do seu
dor e nascidos antes da referida decisão. passivo.
22 DE SETEMBRO DE 2005
Se o acordo preventivo comportar um pedido de concessão A prescrição continua suspensa em relação aos credores
de um prazo não superior a dois anos, a jurisdição competente que, em virtude dasoncordata preventiva, não podem exercer os
pode impor esse prazo aos credores que tenham recusado respectivos direitos ou acções.
12 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINE-BISSAU N.O 38
Logo que a decisão do processo preventivo transite em Se a jurisdição de recurso confirmar a decisão do processo
julgado o devedor recupera a liberdade de administração e de preventivo, admite a concordata preventiva.
disposição dos seus bens.
Se a jurisdição de recurso constatar a cessação de pa-
ARTIGO 19.' gamen'tos, deve fixar a respectiva data, ordenar a recuperação
judicial ou a liquidação de bens e reenviar o processo a jurisdi-
O perito nomeado em aplicação do artigo &'deve apresentar competente.
um relatório das suas funções ao presidente da jurisdição
competente no prazo de um mês a contar da deciçãoque admitiu No prazo de três dias a contar da decisão da jurisdição.de
a concordata preventiva. recurso, o escrivão dessa jurisdição deve enviar uma certidão da
mesma ao escrivão da jurisdição de primeira instância que
O presidente da jurisdição competente deve rubricar o
procede a publicação imposta pelo artigo 17.'.
relatório.
Se o devedor não recuperar os documentose títulos que tiver ARTIGO 24.O
entregue ao perito, este só 6 depositário dos mesrnosdurante um
período de dois anos a contar da data do seu relatório. As decisões do presidente da jurisdi$ão competente a que se
refere o artigo 11 . O só podem ser objecto de oposição a deduzir
ARTIGO 20.' perante essa mesma jurisdição no prazo de oito dias. As dis-
posições do artigo 218.Velativas a contagem dos prazos são
O sindico nomeado nos te.rmos o artigo 16.' controla o cum-
aplicáveis ao processo preventivo.
primento da concordata preventiva. Ele comunica imediatamente
ao Juiz Comissário qualquer incumprimento. Para esse efeito, as decisões são transmitidas a secretaria
O síndico deve informar, de três em três meses, o Juiz Comis- no dia em que Sã0 proferidas. Elas sã0 imediatamente notifica-
sário sobre o desenrolar das operaçoes e notificar disso o de- das ao devedor por carta registada ou outro meio escrito.
vedor. Este dispõe de um prazo de quinze dias para, caso enten-
A jurisdição competente deve decidir no prazo de oito dias a
da, fazer as suas observações e contestar.
contar do dia em que a oposição é deduzida. A oposição deduz-
O sindico que cessa as suas funções deve entregar as suas se através de declaração na secretaria. O escrivão convoca o
contas na secretaria no prazo de um mês a contar da cessação oponente, por carta registada ou qualquer outro meio escrito,
de funções.
para a audiência seguinte da Câmara do Conselho para que aí
A remuneração do sindico na qualidade de fiscal é fixada seja ouvido.
pela jurisdição que o nomeou.
As decisões da jurisdição proferidas sobre a oposição só são
ARTIGO 21 . O susceptíveis de recurso de cassação.
A pedido do devedor e mediante relatório do sindico encar-
T~TULOII
regado de controlar a execução da concordata preventiva, se
este tiver sido nomeado, a jurisdição competente pode decidir RECUPERAÇÃO JUDICIAL E LIQLIIDAÇÃO DE BENS
qualquer modificação destinada a abreviar ou a favorecer a CAPITULO
I
execução.
ABERTURADOPROCESSODERECUPERAÇAO
As disposições dos artigos 139.' a 143.' são aplicáveis a
DE EMPRESAS E DE LIQUIDAÇÃO DE BENS
resolução e a anulação da concordata preventiva.
ARTIGO 25.'
CAPITULO
III
VIAS DE RECURSO O devedor que se encontra impossibilitado de pagar o seu
passivo exigível com o seu activo disponível deve fazer uma
ARTIGO 22.'
declaração de cessação de pagamentos para obter a abertura de
A decisáo de suspensão das acções individuais prevista no um processo de recuperação judicial ou de liquidação de bens,
artigo 8.' não é susceptível de recurso. independentemente da natureza das suas dívidas.
ARTIGO 23.' Adeclaração deve ser feita no prazo de trinta dias a contar da
As decisões da jurisdição competente relativas ao processo cessação dos pagamentos e entregue na secretaria da jurisdição
preventivo são provisoriamente executivas e só podem ser competente contra recibo.
atacadas através de recurso interposto no prazo de quinze dias ARTIGO 26.'
contados da data em que foram proferidas. As disposições do
artigo 218.O relativas a contagem dos prazos são aplicáveis ao A declaração prevista no artigo 25.' devem juntar-se,
relativamente a mesma data:
processo preventivo.
1 uma certidão do registo comercial e do crédito mobiliário;
A jurisdição de recurso deve decidir no prazo de um mês a
.O)
contar da data de interposição do recurso. 2.") os relatórios e contas de exercício, incluindo, nomea-
22 DE SETEMBRO DE 2005
damente, o balanço, a demonstração dos resultados, um quadro na continuação de cumprimento de contratos concluidos
financeiro dos recursos e pessoal; antes da decisão de abertura do processo, ou na prestação
de cauções;
3.") a sifuação da tesouraria;
- os despedimentos por motivos econórnicos que devem
4." a situação dos créditos e dividas com indicação dos
ter lugar nas condições previstas pelos artigos 110.' e
respectivos montantes e dos nomes e endereços dos credores e
111.O;
devedores;
- a substituição de dirigentes.
5.7 a situação detalhada, activa e passiva, das garantias
pessoais e reais prestadas e recebidas pela empresa ou pelos ARTIGO 28.'
seus dirigentes;
O processo colectivo pode ser aberto a pedido de um credor,
6.") o inventário dos bens do devedor com indicação dos
independentemente da natureza do seu crédito, desde que seja
bens móveis que podem ser reivindicados pelos respectivos pro-
certo, liquido e exigivel.
prietários bem como dos afectados por uma cláusula de reserva
de propriedade; O pedido do credor deve indicar a natureza e o montante do
seu crédito bem como o titulo em que se funda.
7.") o número de trabalhadores e o montante de salários e
encargos sociais em divida; O devedor tem a possibilidade de fazer a declaração e a
proposta de concordata previstas nos artigos 25.O, 26.' e 27.' no
8") o montante do volume de negócios e dos lucros tributá-
prazo de um mês a contar da data do pedido do credor.
veis dos três últimos anos;
9.7 o nome e endereço do representante dos trabalhadores; ARTIGO 29.O
1O.") sendo uma pessoa colectiva, a lista dos membros soli- 1. Ajurisdição competente pode, por sua própria iniciativa,
dariamente responsáveis pelo pagamento das dívidas daquela, abrir o processo, nomeadamente com base em informações
com indicação dos respectivos nomes e endereços, bem como dadas pelo representante do Ministério Público, por revisores de
dos nomes e endereços dos seus dirigentes. contas das pessoas colectivas de direito privado, pelos sócios ou
membros dessas pessoas colectivas ou pelas instituições
Todos esses documentos devem ser datados, assinados e
representativas do pessoal que lhe indiquem factos que motivem
autenticados pelo requerente.
essa abertura do processo.
Se um desses documentos não puder ser apre-sentado ou só
O presidente manda convocar o devedor, através do escrivão
puder ser sê-10 de forma incompleta, o requerimento deve men-
e por acto extrajudicial, para comparecer perante a jurisdição
cionar o motivo desse impedimento.
competente e em audiência não pública. O acto extrajudicial
ARTIGO 27.' deve conter a reprodução integral do presente artigo.
Simultaneamente com a declaração prevista no artigo 25.O ou 2. Se o devedor comparecer, o presidente informa-o dos
n i prazo máximo de quinze dias a contar da data da sua entrega, factos de natureza a motivar a abertura oficiosa do processo e
o devedor deve entregar na secretaria uma proposta de con- recolhe as suas observações. Se o devedor reconhecer que está
cordata em que indique as medidas e condições previstas para em cessação de pagamentos ou em dificuldade ou se o presidente
a recuperação da empresa, nomeadamente: adquirir a íntima convicção de que ele está nessa situação, ele
- as modalidades de continuação da empresa tais como: o concede-lhe um prazo de trinta dias para fazer a declaração e a
pedido ou a concessão de prorrogações prazos de paga- proposta de concordata e de recuperação previstos nos artigos
mento ou reduções das dividas; a cessão parcial do activo 25.O, 26.' e 27.'. O mesmo prazo é concedido aos membros de
com indicação exacta dos bens a ceder; a cessão ou a uma pessoa colectiva que sejam ilimitada e solidariamente
locação de um estabelecimento comercial; a cessão ou a responsáveis pelo passivo social. Findo este prazo, a jurisdição
locaçáo da totalidade da empresa, sem que essas mo- competente profere a sua decisão em audiência pública.
dalidades sejam limitativas e exclusivas umas das outras;
3. Se o devedor não comparecer, a jurisdição competente
- as pessoas obrigadas a executar a concordata e o conjunto toma nota da ocorrência e delibera na primeira audiência pública
das obrigações por elas subscritas e necessárias para a seguinte.
recuperação da empresa; as modalidades da continuação
ARTIGO 30.'
e do financiamento da empresa, do pagamento do passivo
constituído antes da decisão de abertura do processo, bem Quando um comerciante morre em estado de cessação de
como, se for o caso, as garantias prestadaspara assegurar pagamentos, a jurisdição competente deve abrir o processo
o seu cumprimento; essas obrigações e garantias podem competente no prazo de um ano a contar da data do falecimento,
consistir, nomeadamente, num aumento de capital social a mediante declaração de um herdeiro ou a pedido de um credor.
subscrever pelos antigos ou por novos sócios, na abertura A jurisdição competente pode igualmente, nesse m e i m o
de créditos por estabelecimentos bancários ou financeiros, prazo, tomar a iniciativa de abrir o processo, sendo então ouvidos
14 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.' 38
ou devidamente notificados os herdeiros conhecidos. Neste Aqualquer momento no decurso do processo de recuperação
caso, é aplicável o processo do artigo 29.". judicial a jurisdição competente pode converfê-lo em liquidação
Em caso de,abertura do processo a pedido dos herdeiros, de bens se se verificar que o devedor não tem ou deixou de ter
estes devem subscrever uma declaração de cessação de a possibilidade de propor uma concordata séria.
pagamentos e entregar na secretaria uma proposta de concordata Adecisão da jurisdição competente é susceptível de recurso.
nas condições previstas nos artigos 25.', 26.' e 27.'. A jurisdição de recurso que anular ou modificar a decisão de
Em caso de abertura do processo na sequência de pedido primeira instância pode proferir, por sua própria iniciativa, a
dos credores, aplicam-se as disposições do artigo 28.'. recuperação judicial ou a liquidação de bens.
A abertura de um processo colectivo pode ser pedida, no Ajurisdição competentedeve fixar provisoriamente a data de
prazo de um ano a contar do cancelamento da inscrição do de- cessação de pagamentos. Se o não fizer, presume-se que essa
vedor no Registo comercial e d o crédito mobiliário se a cessação data é a da decisão que a constata.
de pagamentos for anterior a esse cancelamento.
Adata de cessação de pagamentos não pode ser anterior em
A abertura de um processo colectivo pode igualmente ser mais de dezoito meses a decisão que ordena a abertura do
pedida contra um sócio ilimitada e solidariamente responsável processo.
pelo passivo social no prazo de um ano a contar da inscrição.da
A jurisdição competente pode modificar, nos limites fixados
sua saída da sociedade no Registo comercial e do crédito
na alínea precedente, a data de cessação de pagamentos através
mobiliário quando a cessação de pagamentos da sociedade for
anterior a essa inscrição. de decisão posterior a decisão de abertura do processo.
Nos dois casos, a jurisdição competente abre o processo Nenhum pedido de fixação da data da cessação de paga-
mediante pedido dos credores ou por sua própria iniciativa nas mentos em data diferente da fixada pela decisão de abertura ou
condições previstas nos artigos 28.' e 29.". por decisão posterior pode ser aceite depois de findo o prazo
para dedução de oposição previsto no artigo 88.'. A partir do
ARTIGO 32.' último dia desse prazo, a data de cessação de pagamentos fica
estabelecida de forma definitiva e irrevogável.
A abertura de um processo colectivo de recuperação judicial
01 de liquidação de bens só pode resultar de uma decisão da ARTIGO 35.'
ju -isdição competente.
Adecisão de abertura nomeia um Juiz Comissário escolhido
Antes da decisão de abertura de um processo colectivo, o entre os juizes da jurisdição, com excepção do Juiz Presidente
presidente pode designar um juiz local ou qualquer pessoa que e com ressalva do caso de juiz único. Ela nomeia o ou os síndicos
julgue qualificada, encarregada de elaborar e lhe entregar um cujo número não pode exceder três. Se for esse o caso, o perito
relatório no prazo que ele fixar, bem como para recolher todas as nomeado no processo preventivo de um devedor não pode ser
informações sobre a situação e a actuação do devedor e a nomeado como síndico.
proposta de acordo por ele feita.
O escrivão envia imediatamente uma certidão da decisão ao
Ajurisdição competente decide na primeira audiência útil, e, representante do Ministério Publico. Essa certidão deve
se tiver lugar, sobre o relatório previsto na alínea precedente; em mencionar as principais disposições da decisão.
qualquer caso, ela não pode decidir antes de decorrido um prazo
de trinta dias a contar da abertura do processo. ARTIGO 36."
A jurisdição competente não pode inscrever o processo na Qualquer decisão de abertura de processo colectivo e
tabela geral. imediatamente mencionada no registo comercial e do crédito
ARTIGO 33.' mobiliário. Se o devedor for uma pessoa colectiva de direito
privado não comerciante a menção será feita no registo
A jurisdição competente que constatar a cessação de cronológico; para além disso, é aberta uma ficha em nome do
pagamentos deve decidir a recuperação judicial ou a liquidação interessado no ficheiro alfabético, com menção da decisão que
de bens. lhe diz respeito; são ainda indicados os nomes e endereços do
Ajurisdição decide a recuperação judicial se lhe parecer que ou .dos dirigentes bem como a sede da pessoa colectiva. A
o devedor propôs uma concordata séria. No'caso contrário, decisão é aindapublicada, sob forma de extracto, com as mesmas
decide a liquidação de bens. indicações, num jornal habilitado a receber anúncios legais na
área da jurisdição competente. Uma segunda publicação deve
A decisão que constatar a cessação de pagamentos de uma ser feita, nas mesmas condições, quinze dias depois. Para além
pessoa colectiva produz efeitos em relação a todos os membros das indicações previstas no presente artigo, os dois extractos
ilimitada e solidariamente responsáveis pelo passivo social e devem conter um aviso aos credoxes para que reclamem os
decide, contra cada um deles, a recuperação judicial ou a respectivos créditos junto do síndico, bem como a reprodução
Irquidação de bens. integral das disposições do artigo 78.".
22 DE SETEMBRO DE 2005
A mesma publicação deve ser feita no local em que o devedor bancários e os incidentes de pagamento, as informações neces-
ou a pessoa colectiva tiverem os seus principais estabeleci- sárias para dispor de uma informação exacta sobre a situação
, mentos. económica e financeira daempresa.
A publicação acima mencionada é feita, oficiosamente, pelo O Juiz Comissário elabora um relatório para a jurisdição
escrivão. competente sobre todas as contestações decorrente do pro-
ARTIGO 37." cesso colectivo.
Ajurisdição competente pode, a qualquer momento, proceder
As menções efectuadas no registo comercial e do crédito
a substituição do Juiz Comissárió.
mobiliário são enviadas, para publicação no Jornal Oficial, nos
quinze dias que se seguem a data em que a decisão foi proferida. ARTIGO 40.'
Esta publicação contém, por um lado, a indicação do devedor ou
O Juiz Comissário decide sobre os pedidos, contestações e
da pessoa colectiva devedora, do seu endereço ou sede social,
reivindicações que sejam da sua competência, no prazo de oito
do seu número de inscrição no registo comercial e do credito
dias a contar da data do requerimento; se não decidir nesse
mobiliário, da data da decisão que ordenou o processo preventivo,
prazo, presume-se que indeferiu o requerimento.
a recuperação judicial ou a liquidação de bens e, por outro lado,
indicação dos números dos jornais de anúncios legais em que As decisões do Juiz Comissário são imediatamente entregues
foram publicados os extractos previstos no artigo 36.'; esta na secretaria e notificadas pelo escrivão, por carta registada ou
publicação indica igualmente o nome e endereço do síndico outro meio escrito, a todas as pessoas a quem as mesmas sejam
junto do qual os credores devem declarar os respectivos créditos susceptiveis de causar prejuízo.
e reproduz integralmente as disposições do artigo 78.O. Essas decisões são susceptiveis de oposição, deduzida por
simples declaração na secretaria no prazo de oito dias a contar
A publicação no Jornal Oficial é efectuada, oficiosamente,
da respectiva entrega ou da respectiva notificação ou no prazo
pelo escrivão ou, se este o não fizer, pelo síndico. Esta publicação previsto na primeira alínea do presente artigo. Durante o mesmo
é facultativa se a publicação num jornal de anúncios legais tiver
prazo, a jurisdição competente.pode, por sua própria iniciativa,
sido feita de acordo com o disposto no artigo 36. Caso contrário, proferir uma decisão que anule ou modifique as decisões do Juiz
a publicação é obrigatória. Comissário.
ARTIGO 38.' Ajurisdição competente delibera na audiência mais próxima.
. Se a jurisdição competente proferir uma decisão sobre uma
O síndico deve verificar se as menções e publicações previstas
oposição deduzida contra uma decisão do Juiz Comissário, este
nos artigos 36.' e 37.' foram efectuadas.
não pode fazer parte do tribunal.
O síndico deve igualmente inscrever a decisãò de abertura
de acordo com as disposições que regulam o registo predial.
0 s fiscais só respondem pelos respectivos erros graves. Se o síndico recusar a sua assistência para praticar os actos
de administração ou de disposição, ao devedor ou aos dirigentes
s ~ c ç Á vo da pessoa colectiva, estes ou os.ficais podem obriga-lo a fazê-
lo por decisão do Juiz Comissário obtida nas condições previstas
DISPOSIÇÕES GERAIS
nos artigos 4 0 . 9 43.'
ARTIGO 50.' ARTIGO 53.'
Quando os bens do devedor não são suficientes, de imediato, A decisão que ordena a liquidação de bens de uma pessoa
para pagar as despesas da decisão de recuperação judicial ou colectiva implica, de pleno direito, a sua dissolução.
de liquidação de bens, de notificação, de editais e de publicação
da decisão nos jornais, de aposição de selos, de guarda e de A decisão que ordena a liquidação de bens implica, de pleno
direito, a contar da sua data e até ao termo do processo, o
levantamento de selos, despesas de exercício das acções
impedimento do devedor para administrar e dispor dos seus bens
declarativas de inoponibilidade, de preenchimento do passivo,
presentes e dos que puder adquirir seja a que título for, sob pena
dsextensão dos processos colectivos e de falência pessoal dos
de inoponibilidade de tais actos, excepto se se tratar de actos
,-- dirigentes das pessoas colectivas, o adiantamento dessas des-
conservatórios.
pesas é feito, por decisão do Juiz Comissário, pelas Finanças
Públicas que serão reembolsadas, com privilégio, sobre as .Os actos, direitos e acções do devedor relativos ao seu
primeiras cobranças. património são cumpridos ou exercidos, no decurso da liquidação
de bens, pelo síndico que actua, sozinho, em representação do
Esta disposição é aplicável ao processo de recurso da decisão devedor.
que ordene a recuperação judicial ou a liquidação de bens.
Se o sindico se recusar a realizar um acto ou a exercer um
ARTIGO 51 .' direito ou uma acção relativa ao património do devedor, este
último, os dirigentes da pessoa colectiva ou os fiscais, se foram
E proibido ao sindico e a todos os que participam na admi- nomeados, podem obrigá-lo a fazê-lo por decisão do Juiz
nistração do processo colectivo, comprar pessoalmente, directa Comissário obtida nas condições previstas nos artigos 40.' e
ou indirectamente, por acordo ou por venda judicial, toda ou 43.O.
parte do activo mobiliário ou imobiliário do devedor em situação
ARTIGO 54.'
de processo preventivo, recuperação judicial ou liquidação de
bens. Desde a sua entrada em funções, o sindico deve realizar
CAP~TULOIII todos os actos necessários para conservar os direitos do devedor
contra os seus devedores.
EFEITOS DA DECISAO DE ABERTURA EM RELAÇÃO
AO DEVEDOR Osíndico deve, nomeadamente, requerer, em nome da massa,
as inscrições das garantias mobiliárias e imobiliárias sujeitas a
SECÇÃO I registo que não foram requeridas pelo devedor. O síndico deve
ASSISTENCIA OU RENUNCIA DO DEVEDOR juntar ao seu requerimento uma certidão que prove a sua
ARTIGO52.O - nomeação.
A decisão que ordena a recuperação judicial implica, de ARTIGO 55.O
pleno direito, a partir da sua data e até homologação do acordo No prazo de três dias a contar da decisão de abertura, o
" ou até a conversão da recuperação judicial em liquidação de devedor deve apresentar-se ao síndico com os seus livros de
bens, assistência obrigatória do devedor para todos os actos contabilidade para exame e fecho dos mesmos.
relativos a administração e a disposição desses bens, sob pena
de inoponibilidade desses actos. Qualquer terceiro que detenha esses livros deve apresentá.
10s ao sindico quando este os pedir.
Todavia, o devedor pode realizar, validamente e sozinho, os
actos conservatórios e os actos de gestão corrente que façam Odevedorou o terceirodetentor podem fazer-se representa:
parte da actividade habitual da empresa, em conformidade com se provarem causas de impedimento reconhecidas comc
os usos e costumes da profissão, devendo no entanto informar o legítimas.
sindico dos actos que praticar.
Se o balanço não lhe tiver sido entregue pelo devedor, o
Se o devedor ou os dirigentes da pessoa colectiva se recu- síndico elabora, com base nos livros, nos documentos de contabi-
sarem a praticar um acto necessário para a salvaguarda do lidade, nos papéis e nas informações que conseguir obter, um
património, o sindico pode praticá-lo sozinho desde que seja estado da situação.
autorizado pelo Juiz Comissário. É o que se passa, nomea- ARTIGO 56.'
damente, quando se trata de tomar medidas conservatórias, de
proceder a cobrança dos títulos e créditos exigíveis, de vender Em caso de liquidaçáo de bens, as cartas destinadas ao
objectos cuja conservação seja dispendiosa ou sujeitos a devedor são entregues ao síndico, com excepção das que tenham
deterioração ou'a perda de valor iminentes, de intentar ou con- carácter pes,soal. O devedor, se estiver presente, assiste a
tinuar uma acção mobiliária ou imobiliária. abertura das cartas.
18 S 0 SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38
Em caso de liquidação de bens e findo o inventário, as mer- realizados pelo devedor durante o período suspeito, sendo este
cadorias, o dinheiro, os valores, as letras de câmbio e os titulos o lapso temporal que medeia entre a data de cessação de
de crédito, os livros, os papéis, móveis e objectos do devedor pagamentos e a data da decisão de abertura do processo.
são entregues ao síndico que os menciona no fim do inventário.
ARTIGO 68.'
ARTIGO 64.'
São inoponíveis à massa se forem realizados durante o
O devedor pode obter, sobre o activo, para si e para a sua
família, recursos económicas fixados pelojuiz Comissário. Este período suspeiio:
último toma a sua decisão depois de ouvir o síndico. os actos de transmissão da propriedade mobiliária ou
I.")
ARTIGO 65.' imobiliária, a titulo gratuito;
2.") qualquer contrato comuiativo em que as obrigações do
1 Em caso de recuperação judicial, o síndico deve imedia-
.O)
tamente pedir ao devedor que subscreva todas as declarações devedor excedam notoriamenie as da outra parte;
que lhe incumbam em matéria fiscal, alfandegária e de segurança 3.") qualquer pagamento, independentemente do modo
social. '
utilizado, de dívidas não vencidas, com excepção das letras de
O sindico vigia a entrega dessas declarações. câmbio;
2.7Em caso de liquidação de bens, o síndico deve imedia- 4.") qualquer pagamento de dívidas vencidas efectuado por
tamente pedir ao devedor que lhe forneça todos os elementos de meio diferente de dinheiro, letra de câmbio, transferência,
informação que não resultem dos livros comerciais, necessários pagamento directo sobre a conta bancária, cartão de crédito ou
para cálculo dos impostos, direitos e encargos de segurança de pagamento, ou compensação legal, judicial ou contratual de
social devidos. dívidas que tenham uma relação de conexão entre si ou por
O síndico transmite as administrações fiscais, alfandegárias qualquer outro modo normal de pagamento;
e de segurança social os elementos de informação dados pelo 5.7qualquer hipoteca contratual ou oneração contratual ou
devedor bem como aqueles de que dispõe. constituição de penhor, constituídas sobre os bens do devedor
3.") Nos dois casos acima mencionados, se o devedor não para dívidas contraídas anteriormente;
responder ao pedido do síndico no prazo de vinte dias a contar qualquer inscrição provisória de hipoteca judicial ou de
6.O.)
do pedido, o sindico constata esse incumprimento e avisa o Juiz oneração judicial conservatoria.
Comissário; o sindico informa igualmente, no prazo de dez dias,
as administrações fiscais, alfandegárias e de segurança social e ARTIGO 69.O
transmite-lhes as informações de que dispõe sobre os negócios
realizados e sobre os salários pagos pelo devedor. 1. Podem ser declarados inoponíveis a massa falida, se lhe
causarem prejuízo:
ARTIGO 66.'
I ." os actos que importem a transmissão a título gratuito da
O síndico, no prazo de um mês a contar da data de início das propriedade mobiliária ou imobiliária realizados nos seis meses
suas funções e com ressalva de prorrogaçáo especial desse que precederam o período suspeito;
prazo concedida pelo Juiz Comissário por decisão devidamente
fundamentada, entrega a esse magistrado um relatório sumário 2." as inscrições de garantias reais mobiliárias ou
sobre a situação aparente do devedor e das causas e caracterís- imobiliárias, consentidas ou obtidas para dívidas concomitantes
ticas dessa situação, fazendo um balanço económico e social da quando o respectivo beneficiario teve conhecimento da cessação
empresa e indicando as perspectivas de recuperação que de pagamentos do devedor; I
São inoponíveis ou podem ser declarados inoponíveis a 1 o sacador, ou aquele que deu a ordem em caso de saque
.O)
massa falida, tal como definida pelo artigo 72.O, os actos por Conta, com conhecimento da cessação de pagamentos do
?O 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38
sacado, quer no momento do saque quer no momento do paga- 5." Os actos a título oneroso declarados inoponíveis dei-
nento da letra pelo sacado; xam de produzir efeitos se ainda não tiverem sido executados.
2.") o beneficiário da livrança que teve conhecimento da Se se tratar de uma alienação já executada, o comprador
cessaçio de pagamentos do subscritoi, quer no momento do deve restituir o bem e reclamar o seu credito no passivo do de-
endosso quer no momento do pagamento que lhe foi feito pelo vedor; se houve sub-alienação a título gratuito, o sub-adquirente
subscritor; deve restituir o bem sem qualquer direito contra a massa; se
houve sub-alienação a título oneroso, o sub-adquirente deve
3.") o sacador de um cheque que teve conhecimento da restituir o bem e reclamar o seu crédito no passivo do devedor
cessação de pagamentos do sacado no momento da emissão se, no momento da aquisição do bem tinha conhecimento d o .
do cheque; carácter inoponível do acto do seu autor. ,
4.") o- beneficiário de um cheque que teve conhecimento Se o devedor tiver recebido toda ou parte da prestação do co-
da cessação de pagamentos do Sacador no momento de emis- contratante que não pode ser restituida em espécie, o credor
são do cheque; deve declarar o seu crédito pelo valor da prestação feita.
5.")o beneficiário de um cheque que teve conhecimento CAPITULO IV
da cessação de pagamentos do sacado quer no momento da
EFEITOS DA DECISAO DE ABERTURA
emissão quer no momento do pagamento do cheque.
DO PROCESSO EM RELAÇAO AOS CREDORES
ARTIGO 70.' s~cçWoi
Só o sindico pode interpor acção declarativa de inoponi- CONSTITUIÇAO DA MASSA E EFEITOS SUSPENSIVOS
bilidade dos actos realizados durante o período suspeito peran-
ARTIGO 72.'
te a jurisdição que tenha proferido a abertura do processo
colectivo. A decisão de abertura do processo constitui os credores
numa massa representada pelo sindico que, sozinho, actua em
O sindico não pode exercer este direito depois da entrega do seu nome e no interesse colectivo e pode obrigá-la.
encerramento da situação dos créditos previsto no artigo 86.O.
A massa é constituída por todos os credores cujo crédito seja
ARTIGO 71 . O anterior a decisão de abertura do processo, mesmo que a
exigibilidade desse crédito estivesse fixada para data posterior
inoponibilidade aproveita a massa. a essa decisão, desde que o crédito não seja inoponível em
1."Amassa é sub-rogada na posição do credor cuja garantia virtude dos artigos 68.' e 6 9 . O .
tiver sido declarada inoponível;
ARTIGO 73'
2.7 O acto a título gratuito declarado inoponível fica despro-
A decisão de abertura do processo suspende as inscrições
vido de efeitos se não tiver sido executado. No caso contrário, o
em curso de qualquer registo mobiliário ou imobiliário.
beneficiário do acto deve restituir o bem cuja propriedade tiver
sido transferida gratuitamente. ARTIGO 74.'
Em caso de sub-alienação a titulo gratuito, o sub-adquirente, Adecisão de abertura do processo implica, a favor da massa,
mesmo de boa fé, está sujeito a inoponibilidade e a restituição do hipoteca que o escrivão é obrigado a inscrever imediatamente
bem ou ao pagamento do seu valor a menos que o bem tenha sobre os bens imóveis do devedor e sobre os que ele vier a
desaparecido do seu património por caso de força maior. Em adquirir a medida dessas aquisições.
caso de sub-alienação a titulo oneroso, o sub-adquirente só está
sujeito a re:itituição ou pagamento do valor se, no momento da A hipoteca é inscrita de acordo com as disposiçóes relativas
aquisição do bem para si, tinha conhecimento da cessação de ao registo predial. A hipoteca toma a posição do dia em que é
pagamentos do devedor. inscrita sobre cada um dos imóveis do devedor.
De qualquer forma, o beneficiario principal do acto a título O síndico vigia o cumprimento desta formalidade e, se for
gratuito continua obrigado acl pagamento do valor do bem se o necessário, cumpre-a ele próprio.
sub-adquirente não pode ou não deve restituir o bem. -
ARTIGO 75.O
3.") O pagamento declarado inoponível deve ser restituído A decisão de abertura do processo suspende ou impede
pelo credor que deverá integrá-lo no passivo do devedor. todas as acções individuais para reconhecimento de direitos e
4.7 Se e contrato comutativo desequilibrado decla-rado de créditos bem como todas as acções executivas para obtenção
inoponível não foi executado, ja não poderá sê-10. de pagamento, intentadas pelos credores que compóem a massa,
sobre os bens móveis ou imóveis do devedor.
Se o contrato tiver sido executado, o credor apenas pode
recuperar para o passivo do devedor o justo valor da prestaqão A suspensão das acç8es individuais aplica-se igualmente
que efectuou. aos credores cujos créditos estejam garantidos por um privilegio
22 DE SETEMBRO DE 2005
geral ou por uma garantia real especial tal como, nomeadamente, garantias que componham a massa devem, sob pena de cadu-
um privilégio mobiliário especial, um penhor, um ónus ou hipoteca, cidade, reclamar os respectivos créditos ao sindico. Este prazo
com ressalva das disposições dos artigos 134.O, alínea4.', 149.O é de sessenta dias para os credores domiciliados fora do território
e 150,", alíneas 3 e 4. nacional em que o processo foi aberto.
Asuspensão das acções individuais não se aplica as acções Tem a mesma obrigação o credor que, munido de um título de
de nulidade e de resolução. crédito, tenha intentado, antes da decisão de abertura, uma
acção de condenação em virtude do título ou, se não tiver titulo,
As acções em que se pede unicamente o reconhecimento de para pedir o reconhecimento do seu direito.
direitos ou de creditos contestados ou a fixação do seu montante
Os titulares de um direito de reivindicação devem igualmente
são intentadas ou continuadas de pleno direito pelos credores,
apresentar a respectiva reclamação e indicar se pretendem
após reclamação dos respectivos créditos, se esses direitos ou
exercer esse direito. Se o não indicarem são considerados como
créditos tiverem sido definitivamente recusados ou provisória ou
credores quirografarios.
parcialmente aceites pelo Juiz Comissário. Estas acções são
intentadas ou retomadas contra o devedor e o sindico nas A reclamação interrompe a prescrição extintiva do crédito.
condições previstas nos artigos 52.O e 53.".
ARTIGO 79.'
0 s prazos impostos aos credores sob pena de caducidade,
prescrição ou resolução dos respectivos direitos são, em Todos os credores conhecidos, nomeadamente os inscritos
consequência, suspensos durante todo o periodo de suspensão no balanço e os beneficiários de uma garantia que tenha sido
das próprias acções. objecto de publicitação que não tenham reclamado os respectivos
creditos no prazo de quinze dias a contar da primeira publicação
As acções e as vias de execução que não sejam atingidas da decisão da abertura num jornal de anúncios legais, devem ser
pela suspensão só podem ser exercidas ou continuadas durante advertidos pessoalmente pelo sindico para que o façam, por
o processo colectivo contra o devedor assistido pelo sindico em carta registada com aviso de recepção ou por qualquer outro
caso de recuperação judicial ou representado pelo sindico em meio escrito dirigido, se for caso disso, ao domicílio que esco-
caso de liquidação de bens. lheram.
ARTIGO 76.O Amesma advertência é enviada, em todos os casos, ao fiscal
representante do pessoal se tiver sido nomeado um.
A decisão de abertura do processo só torna exigíveis as
dívidas não vencidas em caso de liquidação de bens e unicamente Se não declararem os respectivos créditos ou reivindicações
em relação ao devedor. no prazo de quinze dias a contar da recepção da advertência ou,
Quando as dividas são expressas em moeda estrangeira, são o mais tardar, no prazo previsto no artigo 78.", os créditos e
convertidas em moeda do lugar em que a decisão de liquidação reivindicações caducam. Este prazo 6 de trinta dias para os
dos bens foi proferida e de acordo com o câmbio a data da credores e reivindicantes domiciliados fora do território nacional
- decisão. em que o processo colectivo foi aberto.
ARTIGO 77." ARTIGO 80.'
Independentementedo tipode processo, a decisão de abertura
Os credores entregam ao síndico, directamente ou por carta
do processo suspende, unicamente em relação a massa, a registada, uma declaração em que indicam o montante que Ihes
contagem de juros legais e contratuais, de todos os juros de é devido no dia da decisão de abertura, as somas vincendas e as
mora e acréscimos de todos os creditos, quer tenham ou não respectivas datas de vencimento.
garantias reais. Todavia, tratando-se de juros resultantes de
contratos de empréstimo concluídos por um periodo igual ou A declaração deve igualmente indicar o tipo de garantia de
superior a um ano ou de contratos com cláusula de pagamento que o crédito eventualmente beneficie. O credor deve, ainda,
diferido de um ano ou mais, os juros continuam a correr se a apresentar todos os elementos necessários para provar a
decisão tiver aberto um processo de recuperação de empresa. existência-e o montante do crédito se não resultar de um título,
avaliar o crédito se não for liquido ou mencionar a jurisdição em
que corre o processo se o crédito for objecto de litígio.
A esta declaração devem juntar-se, com as facturas, os
ARTIGO 78.' documentos comprovativos de que possam fazer-se cópia.
A partir da decisão de abertura do processo e até ao termo de O sindico dá aos credores um recibo comprovativo da entrega.
um prazo de trinta dias a contar da segunda publicação num
jornal de anúncios legais prevista pelo artigo 36.' ou a contar da ARTIGO 81 .O
publicação feita no jornal oficial prevista pelo artigo 37.O, quando As declarações dos créditos das Finanças, da administração
é obrigatória, todos os credores quirografários ou munidos de das alfândegas e dos organismos de segurança social são sempre
22 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38
efectuadas com ressalva dos créditos que ainda não foram r Comissário e o credor e o reivindicante interessado por carta
determinados e das liquidações individuais. registada com aviso de recepção ou qualquer outro meio escrito;
o aviso deve indicar o objecto e o motivo da discussão e da
Estes créditos são aceites provisoriamente se resultarem de
contestação, o montante do crédito cuja admissão é contestada
uma taxação oficiosa ou de procedimento tributário, mesmo que
e conter a reprodução integral do presente artigo.
sejam contestados pelo devedor nas condições do artigo 85.'.
O credor e o reivindicante têm um prazo de quin-ze dias a
contar da recepção do aviso para dar as suas explicações escritas
Depois da assembleia de credores em caso de recuperação ou verbais ao Juiz Comissário. Decorrido esse prazo o credor e
judicial ou do encerramento das operações em caso de liquidação o reivi-ndicante deixam de poder contestar a proposta do síndico.
de bens, o síndico, a pedido dos credores, restitui os documentos O prazo é de trinta dias para os credores domiciliados fora do
que lhe foram confiados. território nacional em que o processo colectivo foi aberto.
A restituição pode ser feita desde que a verificação esteja Todavia, os credores fiscais, alfandegários e sociais só podem
terminada se se tratar de títulos cambiárias e o credor pretender ser contestados nas condições que resultam dos textos que Ihes
exercer acções cambiárias contra os outros signatários para são respectivamente aplicáveis.
além do devedor. ARTIGO 86.'
ARTIGO 83.'
Imediatamente depois do termo do prazo previsto no artigo
0 s faltosos que não apresentarem reclamação de crédito nos 78.' caso não haja discussão ou contestação, ou do prazo
prazos previstos pelos artigos 78." e 79.', só podem beneficiar previsto no artigo 85.' se houver discussão ou contestação, o
de anulação da caducidade por decisão fundamentada do Juiz síndico elabora uma relação dos créditos contendo as suas
Comissário contanto a relação de créditos não tenha sido deci- propostas de admissão definitiva ou provisória ou de recusa,
dida e entregue nas condições previstas pelo artigo 86 e se eles indicando a respectiva natureza quirografária ou garantida por
provarem que a falta de apresentação da reclamação foi devida uma garantia real e qual.
a facto que Ihes não é imputável.
O credor de que só a garantia real é contestada é admitido,
Em caso de recuperação judicial, a caducidade extingue os provisoriamente, a titulo quirografário.
créditos salvo cláusula de regresso de melhor'fortuna e sob
A relação dos créditos é entregue na secretaria após veri-
reserva das reduções concordatárias.
ficação e assinatura pelo Juiz Comissário que mencionará,
Até a assembleia de credores, a falta de apre-sentação de relativamente a cada crédito: o montante e o carácter definitivo
reclamação não é oponivel aos credores privilegiados de salários. ou provisório da admissão; a sua natureza quirografária ou
Se a jurisdição competente anular a caducidade relativamente garantido por uma garantia real e qual; se está um processo em
aos credores e aos reclamantes faltosos, a secretaria deve curso ou se a contestação não é da sua competência.
mencionar essa decisão na relação de credores. As despesas do O Juiz Comissário só pode recusar no todo ou em parte um
processo de anulação da caducidade são integralmente supor- crédito ou uma reivindicação ou declarar-se incompetente depois
tadas pelos credores faltosos, salvo se se tratar de credores de ter ouvido ou ter devidamente convocado o credor ou o
privilegiados de salários. reclamante, o devedore o sindico, por carta registada com aviso
de recepção ou por qualquer outro meio escrito.
Os credores faltosos que beneficiem da anulação do
cancelamento só podem participar nas distribuições de dividendos ARTIGO 87."
posteriores ao respectivo pedido.
O escrivão avisa imediatamente os credores e reivindicantes
ARTIGO 84.' da entrega da relação dos créditos para publicação em um ou
vários jornais de anúncios legais e publicação no Jornal Oficial
A verificação dos créditos e reivindicações e obrigatória contendo indicação do numero do jornal de anúncios legais em
independentemente da importância do activo e do passivo. que foi feita a primeira publicação.
A verificação efectua-se no prazo de três meses a contar da O escrivão deve ainda enviar aos credores uma cópia integral
decisão de abertura. da relação dos créditos.
Averificação éfeita pelo sindico a medida que as declarações O escrivão enviará igualmente, para ser recebido pelo menos
são apresentadas, na presença do devedor e dos fiscais se estes
quinze dias antes do fim do prazo previsto no artigo 88.' para
tiverem sido nomeados ou, na sua ausência se tiverem sido
deduzir reclamação, aos credores e reivindicantes cujo crédito
devidamente convocados por carta registada ou por qualquer
ou reivindicação tenha sido recusado total ou parcialmente ou
outro meio escrito.
a garantia real recusada, um aviso para os informar dessa
ARTIGO 85.'
recusa, por carta registada com aviso de recepção bu outro meio
Se o crédito, a garantia ou a reivindicação forem discutidos escrito. O aviso deve conter a reprodução integral das disposi-
ou contestados no todo ou em parte, o sindico deve avisar o Juiz ções do artigo 88.'.
22 DE SETEMBRO DE 2005
deve ser reembolsado desde que haja entrada das importâncias decisão. Ele só pode exigir0 pagamento das rendas vencidas ou
necessárias, sem que qualquer outro crédito possa causar vincendas, depois da decisáo de abertura e para as quais é
obstáculo. igualmente credor da massa, a medida dos respectivos venci-
SECÇAO V mentos, se as garantias que lhe foram dadas no contrato forem
mantidas ou as que lhe tenham sido dadas após a decisão de
DIREITO DE RESOLUÇÃO E PRIVILÉGIO DO SENHORIO abertura forem julgadas suficientes.
DO IMÓVEL ARRENDADO
,
Esta excepção é aceite mesmo se o preço for estipulado para ARTIGO 109.'
ser pago a credito e a transmissão da propriedade se produzir
antes da entrega ou expedição. Se o sindico não exercer a sua faculdade de opção ou não
fizer a prestação prometida no prazo imposto pela interpelação,
ARTIGO 105.' o seu não cumprimento pode dar lugar para além da resolução,
a indemnização cujo montante será incluído no passivo em
Podem ser reivindicados os objectos móveis e as mercadorias proveito da outra parte.
enviados ao devedor enquanto a tradição não for efectuada nas
suas lojas ou nas do comissionista encarregado de os vender por O co-contratante não pode compensar as provisões recebi-
sua conta ou de um mandatário encarregado de os receber. das por conta de prestações que ainda não tenha feito com a
indemnização devida em caso de resolução. Todavia, a jurisdição
No entanto, a reivindicação não será aceite se, antes da sua compe-tente que julgar a acção de resolução contra o sindico
chegada, as mercadorias e objectos móveis, tiverem já sido pode decidir a compensação ou autorizar o diferimento da
revendidos, sem fraude, sobre as facturas ou titulos de transporte restituição das provisões até a decisão final sobre a indem-
regulares. nização.
ARTIGO 106." ARTIGO 110 . O
Podem ser reivindicados, se existirem em espécie no todo ou Se os despedimentos por motivos económicos tiverem um
em parte os objectos móveis e as mercadorias cuja venda tiver carácter urgente e indispensável, o síndico pode ser autorizado
sido resolvida antes da decisão de abertura do processo, por a efectuá-los pelo Juiz Comissário de acordo com o processo
26 3.' SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38
previsto no presente artigo e no seguinte, não obstante qualquer O Juiz Comissário pode, a qualquer momento, pôr fim a
disposição em contrário, mas sem prejuízo do direito ao pré- continuação da actividade depois de ter ouvido o sindico por si
aviso e as indemnizações decorrentes da ruptura do contrato de convocado nos termos e prazos que determinar.
trabalho. O Juiz Comissário pode igualmente, se for necessário, ouvir
Antes de apresentar o seu pedido ao Juiz Comissario, o os credores e os fiscais que o tenham requerido fundamen-
sindico elabora a ordem dos despedimentos de acordo com as tadamente mediante requerimento entregue no secretariado que
disposições do direito de trabalho aplicáveis. deve avisá-lo imediatamente. Se entender necessário, o Juiz
Comissario manda convocar, pelo escrivão, os credores e fiscais,
São propostos, em primeiro lugar, os despedimentos dos para serem ouvidos, o mais tardar até oito dias depois, por carta
trabalhadores que tenham menores aptidões profissionais para registada ou qualquer outro meio escrito. O Juiz Comissário pro-
os empregos que são mantidos e, em caso de igualdade de cede a respectiva audição sendo redigido um auto com as
aptidões, os trabalhadores com menosantiguidade na empresa, respectivas declarações.
sendo essa antiguidade calculada de acordo com as disposições
O Juiz Comissário deve decidir no prazo máximo de oito dias
de direito de trabalho aplicáveis.
a contar da audição do sindico, dos credores e dos fiscais.
Para recolher os respectivos pareceres e sugestões o sin-
dico informa, por escrito, os representantes dos trabalhadores ARTIGO 1 13.O
sobre as medidas que tem a intenção de tomar, comunicando- caso de liquidação de bens, a continuação da actividade
Ihes a lista dos trabalhadores que tem intenção de despedir e sb pode ser autorizada pela jurisdição competente para as
explicando OS critérios que utilizou. OS representantes dos traba- necessidades da liquidação e unicamente se essa continuação
Ihadores devem responder, por escrito, no prazo de oito dias. não puser em perigo o interesse público e o dos credores.
A entidade patronal deve enviar a Inspecção do Trabalho a A jurisdição competente julga mediante relatório do síndico
sua carta de consulta aos delegados do pessoal e a resposta comunicado ao representante do Ministério Público.
escrita destes últimos ou indicar que não responderam no prazo A continuação da exploração ou da actividade cessa três
de oito dias. meses após a autorização a menos que a jurisdição competente
ARTIGO 11 1.O a renove, uma ou várias vezes.
ordem dosdespedimentos elaborada pelo sindico, o parecer Ela cessa um ano da data em que a de
dos representantes do pessoal se o tiverem dado e a carta de liquidação de bens tiver sido proferida, com ressalva de decisão
comunicação i Inspecção do Trabalho são entregues ao Juiz especialmente motivada da jurisdição competente e por Causa
Comissário. grave e em casos excepcionais.
O Juiz Comissário autoriza 0s despedimentos previstos 0 síndico deve, de três em três meses, comunicar 0s resul-
ou alguns de entre eles se forem necessários para a recuperação tados da exploração ao presidente da jurisdição competente e ao
da empresa, por decisão que é notificada aos trabalhadores cujo representante do Ministério Público. O sindico deve ainda indicar
despedimento foi autorizado e ao fiscal representante dos o montante das importâncias depositadas na conta do processo
trabalhadores, se tiver sido nomeado. colectivo aberta nas condições previstas pelo artigo 45.'.
Pode ser deduzida oposição contra a decisão que autorizou ARTIGO 114.'
ou recusou os despedimentos no prazo de quinze dias a contar
da sua notificação e perante a jurisdição que tenha aberto o Em caso de recuperação judicial, o Juiz Comissário, a pedido
processo, devendo esta tomar uma decisão no prazo de quinze do sindico, decide se o devedor ou os dirigentes da pessoa
dias. colectiva participarão na continuação da exploração fixando,
nesse caso, as condições em que eles serão remunerados.
A decisão da jurisdição competente não é susceptível de
recurso. Em caso de liquidação de bens, o devedor ou os dirigentesda
s~cçAox pessoa colectiva só podem ser utilizados para facilitar a gestão
CONTINUAÇÃO DA ACTIVIDADE com a autorização da jurisdição competente e nas condições por
ela previstas.
ARTIGO 112.O
ARTIGO 115.'
Em caso de recuperação judicial, a actividade continua, com
a assistência do sindico, por periodo indeterminado, com ressalva A jurisdição competente, a pedido do representante do Mi-
de decisão em contrário do Juiz Comissário. nistério Publico, do sindico ou de um fiscal, se este tiver sido
O sindico deve, no fim de cada periodo fixado pelo Juiz Co- nomeado, pode autorizar a celebração de um contrâtode locação
missário e pelo menos de três em três meses, comunicar os re- de estabelecimento nos casos em que o desaparecimento ou a
sultados da exploração ao Juiz Comissário e ao representante cessação mesmo provisório da actividade, da empresa possa
do Ministério Público. O síndico deve ainda indicar o montante comprometer a sua recuperação ou causar uma perturbação
depositado na conta do processo colectivo aberta nas condições grave a economia nacional, regional ou local na produção e
previstas pelo artigo 45.O. distribuiçso de bens e serviços.
22 DE SETEMBRO DE 2005 27
A celebração de um contrato de locação do estabelecimento Ajurisdiçlo competente escolhe, para reparação do prejuízo,
é possível mesmo que haja uma cláusula em contrário no contrato a solução mais apropriada., seja o pagamento de uma indem-
de arrendamento do imóvel. nização, seja a caducidade das respectivas ga~antiasreais para
os credores titulares dessas garantias.
A jurisdição competente deve recusar a sua autorização se
considera insuficientes as garantias oferecidas pelo locatário
ou se este não tiver suficiente independência em relação ao FIM DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
devedor. E DA LIQUIDAÇÃO DE BENS
As condições de duração da exploração do estabelecimento
comercial pelo devedor não são aplicáveis no caso de celebração
FIM DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
de um contrato de locação do estabelecimento
A duração do contrato de locação do estabelecimento não
pode exceder dois anos; ela é renovável. FORMAÇÃO DO ACORDO DE RECUPERAÇÃO
A decisão que autorizar a locação do estabelecimento é ARTIGO 119."
objecto das mesmas comunicações e publicações previstas nos
O devedor propõe uma concordata para recuperação da
artigos 36.O e 37.'.
empresa nas condições previstas nos artigos 27.', 28.Oe29.O. Na
ARTIGO 116.' falta de proposta de concordata ou caso esta seja retirada, a
O sindico deve velar pelo cumprimento das obrigações por jurisdição competente decreta a abertura da liquidação de bens
parte do locatário, O sindico pode pedir a este que lhe transmita ou converte a recuperação judicial em liquidação de bens.
todos os documentos e informações úteis para as suas funções. Após a entrega da proposta de concordata pelo devedor, o
O sindico deve prestar contas ao Juiz Comissário sobre o cu- escrivão notifica-a ao síndico que recolhe o parecer dos fiscais,
mprimento das obrigações do locatário, pelo menos de três em caso tenham sido nomeados. O escrivão avisa os credores desta
três meses, indicando o montante das importâncias recebidas e proposta através de publicação num jornal de anúncios legais,
depositadas na conta do processo colectivo, as degradações dos avisando-os ao mesmo tempo da entrega da relação dos creditos
elementos tomados em locação e as medidas a tomar para nas condições previstas pelo artigo 87.'.
resolver todas as eventuais dificuldades de execução.
Para além disso, o escrivão avisa imediatamente os credores
Aresolução do contrato de locação do estabelecimento pode beneficiários de uma garantia real especial para que declarem,
ser decidida a qualquer momento pela jurisdição competente, o mais tardar no termo do prazo previsto pelo artigo 88.', se
quer por sua própria iniciativa, quer a pedido do sindico ou do aceitam essas propostas de concordata ou querem conceder
representante do Ministério Publico, quer ainda a pedido de um prazos e reduções diferentes dos propostos e quais. Estes
L
fiscal, mediante relatório do Juiz Comissário quando, por razões credores devem ser notificados pessoalmente por carta registada
que lhe sejam imputáveis, o locatário diminuir as garantias que com aviso de recepção ou por qualquer outro meio escrito,
tinha dado ou comprometer o valor do estabelecimento. contendo um exemplar das propostas de concordata. O prazo
previsto pelo artigo 88.' conta-se a partir da recepção dessa
ARTIGO 117.'
notificação.
Todas as dívidas constituídas de forma regular depois da
O síndico deve aproveitar os prazos de reclamação e veri-
Cecisáo de abertura do processo, da continuação de actividade
ficação dos creditos para aproximar as posições do devedor e
e de qualquer actividade regular do devedor ou do síndico, são
dos credores sobre a elaboração da concordata.
crecitos contra a massa, com excepção das dívidas decorrentes
da exploração do estabelecimento pelo locatário, que ficam ARTIGO 120.O
exclusivamente a cargo deste último, sem solidariedade com o
proprietário do estabelecimento. Os credores beneficiários de garantias reais especiais, mes-
mo que a respectiva garantia, independentemente da sua
natureza, seja contestada, devem entregar na secretaria ou
RESPONSABILIDADE DOS TERCEIROS enviar ao escrivão, por carta registada com avisode recepçao ou
por qualquer outro meio escrito, as respostas ao aviso previsto
ARTIGO 118.O no artigo anterior.
Os terceiros, credores. ou não, que, pelos seus comporta- O escrivão transmitirá cópia autenticada das declaraç6es
mentos culposos, contribuírem para atrasar a cessação de dos credores e, a medida que as receber, ao ~ u i comissário
z e ao
pagamentos, diminuir o activo ou agravar o passivo do devedor sindico.
podem ser condenados a reparar o prejuizo sofrido pela massa ARTIGO 121 . O
mediante acção interposta pelo sín,dico actuando no interesse
Os credores cujo crédito seja garantido por uma garantia reai
colectivo dos credores.
especial conservam o benefício da respectiva garantia, quer
28 3 .O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38
Caso contrário, a decisão constata a recusa da concordata e Adecisãoda jurisdição de recurso é objecto das comunicações
converte a recuperação judicial em liquidação de bens. e publicações previstas no presente artigo.
A jurisdição competente só homologa a concordata se: Se uma pessoa colectiva composta por membros ilimitada e
solidariamente responsáveis pelo passivo social se encontrar
I . " ) estiverem reunidas as condições de validade da
em situação de recuperação judicial, os credores podem aceitar
concordata;
a concordata só a favor de um ou vários membros.
2.") se nenhum motivo de interesse colectivo ou ordem pública
Quando a liquidação de bens da pessoa colectiva é decretada,
parecer de natureza a impedira concordata;
o activo social continua a existir sob o regime de união. Os bens
3.") se a concordata oferecer possibilidades sérias de pessoais daqueles a quem a concordata foi aceite são excluídos
recuperação da empresa e de pagamento do passivo; e a concordata só pode conter a obrigação de pagar um divi-
dendo sobre valores estranhos ao activo social. Aquele que
4.") se, em caso de recuperação judicial de uma pessoa
obteve uma concordata particular fica desobrigado de qualquer
colectiva, a direcção desta já não for assegurada pelos dirigentes
obrigação perante o passivo social desde que tenha pago os
cuja substituição tiver sido proposta nas propostas de concordata
dividendos prometidos.
pelo fiscal ou contra os quais foram decretadas a falência pessoal
ou a interdição de dirigir, gerir ou administrar uma empresa
comercial.
ACORDO QUE INCLUA UMA TRANSMISSÃO PARCIAL
Em caso algum a homologação da concordata pode validar DE ACTIVO
as vantagens especiais tal como definidas e reprimidas nos
termos dos artigos 244.' e 245.O. Não são considerados como ARTIGO 131O
.
vantagens especiais as prorrogações de prazos e reduções de
Se da concordata fizerem parte propostas de cessão parcial
:;iii~tos concedidos pelos credores munidos de garantias reais
do activo, o prazo previsto no artigo 122.O alínea 1 para a
especiais nas condições previstas nos artigos 120.O e 125.O.
convocação da assembleia de credores é de um mês.
A nulidade da estipulaçáo de vantagens especiais não implica
A cessáo parcial do activo pode respeitar a um certo número
a anulaçáo da concordata, com ressalva do disposto no artigo
de bens corpóreos ou incorpóreos, móveis ou imóveis.
140.O.
A cessão da empresa ou do estabelecimento é qualquer
Caso a concordata de recuperação não contenha qualquer
cessão de bens susceptíveis de exploração autónoma que permita
redução de créditos nem prorrogações de prazos superiores a
assegurar a continuação de uma actividade económica, bem
dois anos, a jurisdiçáo competente pode decidir a homologação
como dos postos de trabalho a ela ligados e apurar o passivo.
depois de ter recebido comunicaçáo dos relatórios do síndico e
do Juiz Comissário e de ter ouvido os fiscais, se tiverem sido Quando na concordata de recuperação estiver prevista a
nomeados, e sem que os credores sejam convocados para votar. cessão parcial do activo ou da empresa ou do estabelecimento,
o sindico deve elaborar um relatório com a descrição dos bens
ARTIGO 128.' móveis e imóveis abrangidos pela cessão, a lista dos empregos
Ajurisdição competente pode nomear ou manter em funções a eles ligados, as garantias reais que os oneram e quota parte de
os fiscais para fiscalizar o cumprimento da concordata de cada bem no preço da cessão. Este relatório será junto a
recuperação ou, se não houverfiscais, o síndico. As funções dos. convocatoria individual prevista no artigo 122.O.
fiscais são gratuitas, salvo se forem exercidas pelo sindico; a O sindico fica incumbido de dar conhecimento destas
remuneração do síndico na qualidade de fiscal é fixada pela propostas de cessão por todos os meios, nomeadamente pela via
jurisdição competente. de anúncios legais, a partir do momento em que elas se encon-
ARTIGO 129.' trarem fixadas definitivamente por ele %pelo devedor e aprovadas
por uma decisão do juiz comissário.
A decisão de homologação da concordata de recuperação é
objecto das comunicações e publicaçóes previstas nos artigos ARTIGO 132.O
36.O e 37.O. O extracto publicado num jornal de anúncios legais As propostas de compra são recebidas pelo devedor assistido
deve indicar o nome e endereço dos fiscais da concordata ou do pelo sindico e levadas ao conhecimento da assembleia de
sindico designado como tal. Só o Ministério Público pode, no credores que decide, nas condições de maioria previstas pelo
prazo de quinze dias, interpor recurso dessa decisão. artigo 125.O, aceitar a proposta de compra mais vantajosa.
A decisão de rejeição da concordata de recuperação é objecto A jurisdição competente só pode homologar a cessão parcial
das comunicações e publicações previstas pelos artigos 36.O e do activo se:
37.'. Só o Ministério Público ou o devedor podem, no prazo de * o preço for suficiente para pagar os credores munidos de
quinze dias, interpor recurso dessa decisão. garantias reais especiais sobre os bens cedidos, com
30 3 . O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL
ressalva de renúncia,.por parte deles, a essa condiçáo e Os credores munidos de garantias reais não perdem as
aceitação das disposições do artigo 168.'; respectivas garantias, mas só podem executá-las em caso de
o preço for pago a pronto ou se, caso sejam consentidos ao anulação ou de resoluç2o da concordata de recuperação que
comprador prazos de pagamento, estes não excederem tenham consentido ou que Ihes tenha sido imposta.
dois anos e forem garantidos por uma garantia bancária A concordata de recuperação consentido ao devedor princi-
autónoma. pal ou a um co-obrigado não aproveita aquele que prestou fiança
O devedor, assistido pelo síndico, cumpre todas as forma- nem aos outros co-obrigados.
lidades da cessão.
ARTIGO 135.'
Caso nenhuma proposta de aquisição seja feita antes da
assembleia de credores ou não seja considerada satisfatória por Com ressalva de decisão diferente na concordata de
esta, o devedor pode retirar a sua proposta de cessão. Se o de- recuperação, a homologação conserva a cá,ila um dos credores
vedor a mantiver, a cessão será realizada posteriormente nas e sobre os imóveis do devedor, a hipoteca inscrita em virtude do
condições previstas nos artigos 160.' e seguintes. artigo 74.'. Nesse caso, o síndico deve requerer, em virtude da
decisão de homologação, uma nova inscrição sobre os mesmos
ARTIGO 133.O imóveis indicando as somas garantidas, de acordo com as regras
do registo predial.
O preço da cessão parcial do activo é integrado no activo do
devedor. , ARTIGO 136.O
Logo que a decisão de homologação transite em julgado, o
Quando do conjunto cedido fizerem parte bens onerados por
devedor recupera a livre administração e disposição dos seus
garantia real especial, a cessão só implica levantamento desta
bens com excepção dos que foram objecto de cessão nos termos
garantia se o preço for integralmente pago e o credor garantido dos artigos 131O
. a 133.'.
for reembolsado.
ARTIGO 137.'
O adquirente não pode ceder, sob pena de nulidade, os ele-
mentos do activo que tiver adquirido, com excepção das merca- O síndico presta contas ao Juiz Comissário sobre a sua
dorias, enquanto o preço não for integralmente pago. A inalie- função de assistência.
nabilidade desses elementos deve ser inscrita no registo comer- Se o devedor não recuperar os papéis e objectos que entregou
cial e d o crédito mobiliário nas mesmas condições previstas para ao síndico, este é depositário dos mesmos durante um período
o privilégio do vendedor do estabelecimento comercial e no máximo de dois anos a contar do seu relatório final.
registo predial em conformidade com as disposições que regulam
o registo predial para os elementos imobiliários. O Juiz Comissário rubrica o relatório escrito; as suas funções
e as do sindico terminam nesse momento, com excepção do caso
O direito de preferência dos credores munidos de garantias em que se mantém a cessão do activo prevista no artigo 132.',
reais especiais sobre o preço dos bens cedidos exerce-se pela
última alínea.
ordem prevista pelos artigos 166.' e 167.'.
Em caso de contestação, a jurisdição competente deve decidir.
Em caso de não pagamento integral do preço, o devedor
pode escolher entre a resolução da cessão e a utilização da ARTIGO 138.'
garantia prevista no artigo 132.O, alínea 2.
Se tiverem sido nomeados um ou vários fiscais da execução
suss~cçAoIII da concordata, em conformidade com o artigo 128.', estes devem
EFEITOS E CUMPRIMENTO DO ACORDO imediatamente fazer um relatório sobre qualquer atraso ou não
cumprimento do acordo ao presidente da jurisdição competente
ARTIGO 134.'
que pode ordenar a realização de um inquérito que será feito
A homologação da concordata torna-a obrigatória para todos pelo sindico e cujo resultado lhe será comunicado por este.
os credores anteriores a decisão de abertura do.processo,
independentemente da natureza dos respectivos creditos, com Se a respectiva missão incluir o pagamento dos dividendos
ressalva de disposição legislativa especial que proíba a admi- aos credores, os fiscais da execução daconcordata devem abrir,
nistração de consentir reduções de creditos ou prorrogações de num banco, em seu nome e como fiscais, uma conta de depósito
prazos de pagamento. especial para a concordata ou para cada concordata se tiverem
Todavia, os credores que beneficiem de garantias reais sido nomeados para vários processos colectivos.
especiais só são obrigados pelas reduções de créditos ou
prorrogações de prazos de pagamento por si consentidos; se a 0 s fiscais comunicam ao presidente da jurisdição competente
concordata contiver prazos que não excedam dois anos, estes no fim de cada semestrecivil, a situação dos saldos credores que
são-lhes oponiveis se os prazos por eles consentidos forem detêm por força das concordatas que fiscalizam.
inferiores.
0 s fiscais devem, nessa qualidade, ser titulares de um contrato
Não podem impor-se reduções de créditos ou prorrogações
de prazos de pagamento que excedam dois anos aos tra- de seguro de responsabilidade civil cuja prova devem fazer ao
balhadores, sem prejuízo das disposições do artigo 96.'. presidente da jurisdição competente.
22 DE SETEMBRO DE 2005
s u ~ s ~ c ç iv
Áo ARTIGO 141O
.
RESOLUÇÃO E ANULAÇÃO DA CONCORDATA 1. Em caso de resolução ou de anulação da concordata
PREVENTIVA OU DE RECUPERAÇÃO preventiva, a jurisdição competente deve ordenara recuperação
judicial ou a liquidação de bens se verificar a cessação de
ARTIGO 139.' pagamentos.
A resolução da concordata pode ser decretada: 2. Em caso de resolução ou de anulação da concordata de
I.") em caso de não cumprimento, pelo devedor, das obri- recuperação, a jurisdição compete converte a recuperação judi-
gações que assumiu na concordata ou das reduções e prazos cial em liquidação de bens e nomeia um sindico. Constitui-se
uma única massa de credores anteriores e posteriores a
consentidos; todavia; a jurisdição competente aprecia s q essas
concordata.
faltas de cumprimento são suficientemente graves para com-
prometerdefinitivamente aexecução da concordata e, caso con- O síndico procede imediatamente, com base no antigo
trário, pode consentir prazos de pagamento que não poderão inventário e com a assistência do Juiz comissário, se tiverem
-
'
exceder, em mais de seis meses, os já consentidos pelos cre-
dores;
sido apostos selos judiciais, nos termos do artigo 59.O, a verifi-
cação dos valores, acções e papéis; se for o caso, procede a
inventário e elabora um balanço complementar.
2." quando independentemente das causas, o devedor for
declarado, interdito para o exercício do comércio, salvo se a O síndico faz imediatamente publicar pelo escrivão um
duração e natureza dessa interdição forem compatíveis com a extracto da decisão proferida e um aviso aos novos credores, se
-continuação da actividade da empresa através da sua locação, existirem, para apresentarem os respectivos títulos de crédito
para verificação nas condições previstas nos artigos 7 8 . 9
com a finalidade de uma eventual transmissão da empresa em
seguintes.
- condições satisfatórias para o interesse colectivo;
3.")quando, tratando-se de uma pessoa colectiva a quem a Procede-se imediatamente a verificação dos novos títulos de
concordata tiver sido concedida, os dirigentes contra os quem foi crédito apresentados.
proferida a falência pessoal ou a interdição de dirigir, gerir ou Os 'créditos anteriormente admitidos são oficiosamente
administrar uma empresa comercial, assumam de novo, de facto inscritos na nova relação de créditos, sendo deduzidas as so-
ou de direito, a direcção dessa pessoa colectiva; se a interdição mas que tenham sido recebidas pelos credores a título de
for proferida contra os dirigentes durante o cumprimento da dividendos.
concordata, este é resolvida a menos que os dirigentes cessem ARTIGO 142.'
de facto o exercicio das funções que Ihes são interditas; todavia,
Se, antes da resolução ou anulaçãoda concordata, o devedor
a jurisdição competente pode conceder um prazo razoável, não
não tiver pago nenhum dividendo, as reduções que tinham sido
superior a três meses, para proceder a substituição dos dirigentes. concedidas no âmbito da concordata são anuladas e os credores
Ajurisdição competente pode intervir a requerimento de um anteriores a concordata recuperam a totalidade dos seus direitos.
-redor ou dos fiscais da concordata ou ainda por sua própria Se o devedor já tiver pago uma parte do dividendo, os credores
iniciativa, sendo o devedor devidamente notificado ou ouvido. anteriores a concordata só podem reclamar, contra os novos
credores, a parte dos respectivos créditos primitivo corres-
A resolução da concordata não desobriga os que prestaram pondente a parte do dividendo prometido que não receberam. Os
fiança para garantir o respectivo cumprimento total ou parcial. titulares de créditos contra a primeira massa conservam o
I- respectivo direito de preferência em relação aos credores que
ARTIGO 140." componham essa massa:
A concordata é anulada em caso de dolo resultante de uma
ARTIGO 143."
dissimulação de activo ou de uma sobreaváliação do passivo se
o dolo for descoberto depois da homologação da concordata Os actos realizados pelo devedor entre a homologação da
preventiva ou de recuperação. concordata e a sua resolução ou a sua anula.ção só podem ser
decla.rados inoponíveis em caso de fraude aos direitos dos
Esta anuiaçãg desobriga, de pleno direito, quem prestou credores nos termos das disposições relativas a acção pauliana.
fiança para garantira concordata, salvo se tinha conhecimento
do dolo quando se obrigou.
A acção de anulação só pode ser interposta pelo representante SUPERVENIENCIA DE UM SEGUNDO PROCESSO
do Ministério Público que aprecia a oportunidade de a intentar ou COLEC'rIVO
não. A acção só pode ser intentada durante o ano que se segue ARTIGO 144.O
a descoberta do dolo.
As disposições dos artigos 141. O , 142.' e 143.Osão aplicáveis
A jurisdição competente aprecia soberanamente a opor- caso seja proferida uma segunda decisão de recuperação judi-
tunidade de proferir ou não a anulação da concordata em função ciabou de liquidação de bens sem que, previamente, a concordata
do interesse colectivo dos credores e dos trabalhadores. tenha sido resolvida ou anulada.
32 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N . O 38
A jurisdição competente converte a recuperação judicial em O sindico pode, com autorização do Juiz Comissário, assumir
liquidação de bens se o devedor não propuser uma concordata compromissos e transigir sobre todas as contestações que
ou não a obtiver ou se a concordata tiver sido anulada ou interessem a massa, mesmo que sejam relativas a direitos e
resolvida. acções imobiliários.
O mesmo se aplica se uma pessoa individual se encontra Se o objecto do compromisso ou da transacção for de valor
incapaz de continuar a sua actividade por causa das perdas que indeterminado ou ultrapassar a competência da jurisdição
sofreu, sem prejuízo do disposto no artigo 139.'-2.'. competente em última instância, o compromisso ou a transacção
deve ser igualmente homologado por decisão da jurisdição
A decisão que converte a recuperação judicial em liquidação competente.
de bens está sujeita as regras de publicidade previstas, pelos
artigos 36.' a 38.'. Em todos os casos, o escrivão, três dias antes da decisão do
Juiz Comissário, notifica o devedor por carta registada ou qual-
s ~ c ç Ã 11o quer outro meio escrito indicando o conteúdo do compromisso ou
da transacção prevista bem como as condições e os motivos
jurídicos e económicos de tal acto.
ARTIGO 146.O
ARTIGO 149.O
Logo que a liquidação de bens é proferida, os credores são
constituídos em estado de união. O síndico, autorizado pelo Juiz Comissário, pode, mediante
Salvo se já o tiver feito no âmbito do artigo 124.O, o síndico, reembolso da dívida, levantar, em proveito da massa, o penhor
no prazo de um mês a contar da data da sua entrada em funções, ou a oneração constituídos sobre um bem do devedor.
entrega ao Juiz Comissário um relatório elaborado com base nos Se, no prazo de três meses a contarda decisão de liquidação
elementos em seu poder em que menciona, a título de avaliação, dos bens, o síndico não tiver levantado o penhor ou o ónus ou
o activo disponível ou realizável e o passivo quirografário e iniciado o processo de execução do penhor ou do ónus, o credor
garantido por uma garantia real especial ou um privilégio com, beneficiário do penhor ou do ónus, pode exercer ou retomar o
tratando-se de uma pessoa colectiva, todas as informações seu direito de acção individual, devendo no entanto informar o
sobre a eventual responsabilidade pecuniária do ou dos seus síndico.
dirigentes. As Finanças, a Administração das Alfândegas e os Orga-
Mesmo que verifique que as importâncias provenientes nismos de segurança social dispõem do mesmo direito para a
do activo serão inteiramente absorvidas pelas despesas judiciais cobrança dos respectivos créditos pr,ivilegiados, que exercerão
e pelos créditos privilegiados, o síndico deve elaborar a relação nas mesmas condições que os credores beneficiários de penhor
ou de ónus.
dos créditos.
PARÁGRAFO I
suss~cçAoI
DISPOSIÇÕES COMUNS A VENDA DE IMÓVEIS
VENDA DO ACTIVO
ARTIGO 150.'
ARTIGO 147.'
O síndico encarrega-se, sozinho, da venda das mercadorias As vendas de imóveis são efectuadas de acordo com as
e móveis do devedor, da cobrança dos créditos e do pagamento formas previstas em matéria de penhora de imóveis. Todavia, o
Juiz Comissario fixará, depois de ouvidos os fiscais, caso tenham
das suas dívidas.
sido nomeados, o devedor e o síndico, o preço de venda e as
0 s créditos a longo prazo do devedor podem ser objecto de condições essenciais da mesma bem como as modalidades de
cessões por forma a não atrasarem as operações de liquidação, publicidade.
nos termos do artigo 148.' para os compromissos e transacções. Nos mesmos termos, e se a consistência dos bens, a res-
O dinheiro proveniente dasvendas e das cobranças é, depois pectiva situação, ou as ofertas recebidas forem de molde a
da dedução das somas arbitradas pelo Juiz Comissário para permitir a negociação particular, o Juiz Comissario pode autorizar
pagamento das despesas, imediatamente depositado numa conta a venda, quer por negociação particular contra pagamento do
especialmente aberta em estabelecimento bancário ou postal ou preço por si fixado, quer de comum acordo, pelo preço e condições
nas Finanças nas condições do artigo 45.'. O sindico deve que estabelecer. *í
provar os referidos depósitos ao Juiz Comissário; em caso de Se, no prazo de três meses após a decisão de liquidação dos
atraso, deve juros das somas que não depositou. bens, o síndico não tiver iniciado o processo de venda dos imó-
1
Nenhuma oposição sobre o dinheiro depositado na conta veis, o credor hipotecário pode exercer ou retomar o seu direito
especial do processo colectivo é aceite. de acção individual devendo, no entanto, informar o síndico.
22DE SETEMBRO DE 2005
As Finanças, a Administração das Alfândegas e os Orga- tifique os bens a vender, mencione o preço mínimo de venda, as
nismos de segurança social dispõem do mesmo direito para condições de venda e as modalidades de pagamento do preço.
cobrança dos respectivos créditos privilegiados que exercerão
nas mesmas condições que os credores hipotecários. PARÁGRAFO I I
VENDA DOS IMÓVEIS PENHORADOS
As adjudicaçóes realizadas em aplicação das alíneas
precedentes implicam levantamento das hipotecas. ARTIGO 154.'
O síndico distribui o produto das vendas e determina a gra- A venda de imóveis penhorados está sujeita as dispo-
I.")
duação dos credores com ressalva das contestações que de- sições relativas a essa matéria com excepção daquelas der-
verão ser decididas pela jurisdição competente. rogadas pelo presente Acto Uniforme. A decisão que autoriza a
venda de imóveis através de penhora inclui, para alem das
ARTIGO 151. O indicações mencionadas no artigo 151.O:
Mediante requerimento do síndico ou do credor, o Juiz a indicação da jurisdição competente perante a qual a
Comissário que autoriza a venda dos imóveis determinará, nos expropriação será exigida;
termos do artigo 150.0, na sua decisão: a constituição do advogado cujo escritório foi escolhido
1.7 O preço e condiçóes de venda de cada um dos bens a como domicílio jurídico do credor exequen'te em que
vender; quando a venda for exigida por um credor, o preço de poderão ser notificados os actos de oposição a ordem de
venda é determinado por acordo com esse credor, sendo o penhora, as ofertas e quaisquer notificações relativas a
sindico ouvido; venda.
2.7 O OU os números dos títulos prediais e a situação dos 2.7 O Juiz Comissário pode autorizar o sindico ou o credor a
imóveis objecto da venda ou, se se tratar de imóveis que ainda executar simultaneamente a venda de vários ou de todos os
não estão registados, a respectiva identificação, bem como a imóveis, mesmo que estejam situados em áreas de competência
cópia da decisão ou do documento que autorize o interessado a de jurisdições diferentes.
requerer a inscrição; O Juiz Comissário decide se a venda dos imóveis será
3.")As modalidades da publicidade tendo em conta o valor, executada perante as jurisdições competentes na área geográfica
a natureza e a situação dos bens; em que se situam ou perante a jurisdição na área da qualse situa
o domicílio do devedor ou a sede da empresa.
4." Se for esse o caso, o notário escolhido.
O JuizComissário pode determinar que, caso as ofertas n i o
atinjam o preço mínimo de venda, esta poderá ser feita com base VENDA DOS IMÓVEIS POR ADJUDICAÇÁO AMIGÁVEL
num preço mínimo de venda inferior por si fixado. Pode, se o
valor e a consistência dos bens o justificar, mandar proceder á ARTIGO 155.'
respectiva avaliação total ou parcial. Avenda de imóveis por negociação particular está sujeita as
disposições relativas a essa matéria com excepç%o daquelas
ARTIGO 152.'
que são derrogadas pelo presente Acto Uniforme.
A decisão do Juiz Comissário substitui a ordem de penhora. A decisão que autoriza a venda por negociação particular
Adecisão é notificada, por acto extrajudicial e por diligência indica o notário que procederá a adjudicação.
do escrivão, ao conservador do registo predial, ao devedor, ao O notário informa, por carta registada com aviso de recepção
síndico e aos credores inscritqs que tenham escolhido domicílio ou por qualquer outro meio escrito, os credores inscritos da
e cujos nomes sejam indicados na decisão. certidão dos direitos reais entregue após publicação da decisão,
A decisão é publicitada pelo conservador do registo predial para que tomem conhecimento do caderno de encargos en-
nas condições previstas para a ordem de penhora. tregue no seu cartório pelo menos dois meses antes da data
fixada para a .adjudicação, e para que-façam as respectivas
O conservador do registo predial procede a formalidade de observações pelo menos um-m&s antes dessa data. Nessa mesma
publicidade da decisão ainda que as ordens de penhora tenham carta ou por esse mesmo meio escrito.^ notário convoca os
sido anteriormente publicadas, as quais deixam de produzir credores para a venda.
efeitos a partir da publicidade desta decisão.
O síndico e o devedor são convpcados para a venda pelo
O conservador do registo predial entrega ao síndico, ao
notário com o mínimo de um mês de antecedência.
credor exequente ou ao notário, se for o caso, uma certidão dos
direitos reais inscritos sobre os títulos prediais em causa. ARTIGO 156.'
ARTIGO 153.O As ofertas podem ser feitas sem a assistência de advogado.
O interessado ou o notário escolhido elaboram um caderno Se nenhuma oferta atingir o montante pelo qual o bem foi
de encargos que indique a decisão que autoriza a venda, iden- posto a venda, o notário regista a oferta mais elevada e pode
34 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38
Quando a distribuição é ordenada, o síndico envia a cada 5.') aos credores garantidos por um ónus ou por um privilégio
credor reconhecido, em pagamento do seu dividendo, um cheque sujeitos a publicidade, cada um de acordo com a posição da
a sua ordem e sacado sobre a conta aberta especialmente para respectiva inscrição no registo do comércio e do crédito mobiliário;
esse efeito num estabelecimento bancário ou postal ou nas 6.") aos credores munidos de um privilégio mobiliário espe-
Finanças. cial, cada um sobre o movel que suporta o privilégio;
ARTIGO 165.' 7.") aos credores da massa nos termos do artigo 11 7.';
S.") aos credores munidos de um privilégio geral de acordo
O montante do activo, após dedução das despesas da liqui-
com a ordem estabelecida pelo Acto Uniforme para organização
dação de bens, bem como dos montantes que tenham sido
das garantias;
atribuídos ao devedor ou a sua família, é distribuído entre todos
9.") aos credores quirografarios.
os credores cujo crédito seja verificado e reconhecido.
Caso o dinheiro não seja suficiente para pagar totalmente os
p parte correspondente aos créditos sobre cujo reconhe- credores de uma das categorias indicadas nos números 1, 2, 3,
cimento ainda não haja decisão definitiva e, nomeadamente, as 6,7 e 8 do presente artigo que se apresentem em posição igual,
remunerações dos dirigentes das pessoas colectivas enquanto estes participam na distribuição na proporção dos respectivos
não haja uma decisão sobre o assunto, é posta em reserva. créditos totais.
. As despesas da liquidação dos bens, incluindo os honorários ARTIGO 168.'
do síndico, são retiradas do activo, na proporção do valor de
Se o preço de venda de um bem especialmente afectado a
cada elemento do activo em relação ao conjunto.
uma garantia não for suficiente para pagar o montante principal
ARTIGO 166.' do crédito e os respectivos juros, o credor titular dessa garantia
é tratado, quanto ao resto não pago do seu crédito, como um
O dinheiro proveniente da venda dos imóveis é distribuído da credor quirografario.
seguinte forma: ARTIGO 169.'
I . " ) aos credores das despesas de justiça encarregues de
O síndico redige semestralmente um relatório sobre o estado
obter a execução do bem vendido e a distribuição do preço;
da liquidação dos bens. Esse relatório é entregue na secretaria
2.7 aos credores de,salários super privilegiados, na proporção e, com ressa1va.de dispensa do Juiz Comissário,.é notificado,
do valor do imóvel em relação a totalidade do activo; sendo enviada cópia, ao devedor, a todos os credores e aos
3.") aos credores hipotecários e separatistas inscritos no fiscais, se os houver.
prazo legal, cada um de acordo com a posição da sua inscrição O síndico informa o devedor sobre as operações de liquidação
no registo predial; a medida que forem realizadas.
4.') aos credores da massa nos termos do artigo 117.';
5.") aos credores munidos de um privilégio geral de acordo
com a ordem estabelecida pelo Acto Uniforme para organização
ENCERRAMENTO DA LINIÃO
das garantias; ARTIGO 170.'
6.") aos credores quirografários. Quan,do as operações de liquidação estiverem terminadas, o
Caso o dinheiro não seja suficiente para pagar totalmente os síndico, na presença do devedor ou estando este devidamente
credores de uma das categorias indicadas nos números I,2 , 4 , convocado pelo escrivão por carta registada ou qualquer outro
5 e 6 do presente artigo que estejam em posição igual, estes meio escrito, efitrega as.suas contas ao Juiz Comissário que, por
participam na distribuição na proporção dos respectivos créditos acta, verifica o fim das operações de liquidação.
totais.
A acta é comunicada a jurisdição competente, que profere a
ARTIGO 167."
decisão de encerramento da liquidação dos bens e decide, na
O dinheiro proveniente da venda dos móveis é distribuído mesma ocasião, sobre as contestações das contas do sindico
da seguinte forma: feitas pelo devedor ou pelos credores.
1.O) aos credores das despesas de justiça, encarregues de
A uniao dissolve-se de pleno direito e OS credores recuperam
obter a execução do bem vendido e a distribuição do preço:
o exercício individual das respec!ivas acções.
2.") aos credores das despesas feitas para conservar o bem
do devedor no interesse do credor cujos títulos sejam anteriores ARTIGO 171."
em data;
Se os créditos tiverem sido verificados e reconhecidos, o
3.') aos credores de salários super privilegiados, na proporção presidente da jurisdição competente profere a decisão de
do valor do móvel em relação ao conjunto do activo;
encerramento que confirma a admissão definitiva dos credores,
4.") aos credores garantidos por um penhor segundo a data a dissolução da união, o montante do crédito admitido e o
de constituição do penhor; montante restante que continua em dívida.
36 3: SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU N.O 38
A decisão é executória e não é susceptível de recurso. decisão de homologação da concordata ou união por decisão
que tenha lugar nas condições previstas no artigo 170.', a
ARTIGO 172.' jurisdição competente pode proferir, a qualquer momento, a
O escrivão envia imediatamente uma certidão da decisão de pedido do devedor ou do síndico ou mesmo oficiosamente, o
encerramento ao representante do Ministério Público. encerramento do processo colectivo quando o passivo exigivel
deixar de existir ou quando o sindico dispuser de dinheiro sufici-
A decisão de encerramento é publicada nos termos dos ente ou ainda quando são consignadas as somas devidas a titulo
artigos 36.' e 37.'. de capital, juros e despesas.
SECÇÃO III
Em caso de desaparecimento, ausência ou recusa de receber
ENCERRAMENTO POR INSUFICIÊNCIA DE ACTIVO de um ou de vários credores, a soma devida é depositada numa
conta especialmente aberta num estabelecimento bancário ou
ARTIGO 173.'
postal ou nas Finanças e a prova de deposito tem valor de
Se não houver dinheiro suficiente para efectuar ou terminar quitação.
as operações de liquidação dos bens, a jurisdição competente, Os credores não podem exigir mais de três anos de juros +
hediante relatório do Juiz Comissário pode, a qualquer momento, vencidos a taxa legal, a contar da decisão que verifica a cessação
-
proferir, a pedido de todo e qualquer interessado ou mesmo de pagamentos
oficiosamente, o encerramento das operações por insuficiência
de activo. Este encerramento é proferido mediante relatório do Juiz
Comissário, que verifica a existência das condições previstas
A decisão é publicada nas condições previstas nos artigos nas alíneas 1 e 2 do presente artigo.
36.O e 37.O.
A publicidade da decisão está sujeita aos artigos 36.Oe 37.'.
AR'TIGO 174.O
ARTIGO 179.'
Adecisão de encerramento por insuficiência de activo permite
a cada credor recuperar o exercício individual das suas acções. Depois do pagamento da integralidade do passivo exigível, o
Para esse efeito, as disposições do artigo 171.0 supra são síndico entrega as suas contas nos termos do artigo 177.'.
aplicáveis.
CAPITULO
VI
ARTIGO 175.'
DISPOSIÇOES ESPECIALMENTE APLICÁVEIS
Adecisão pode ser adiada a pedido do devedor ou de qualquer AOS DIRIGENTES DAS PESSOAS COLECTIVAS
outro interessado mediante prova de que as importâncias
ARTIGO 180.'
necessárias para as despesas das operações foram consignadas
junto do sindico. As disposições do presente capítulo são aplicáveis, em caso
AR'TIGO 176.' de cessação de pagamentos de uma pessoa colectiva, aos
dirigentes pessoas singulares ou colectivas, de direito ou de
Em todos os casos em que deva intentar acções de res- facto, aparentes ou ocultos, remunerados ou não, bem como as
ponsabilidade, o síndico está autorizado a obter o benefício da pessoas singulares representantes permanentes das pessoas
assistência judiciária por decisão do Juiz Comissário proferida colectivas dirigentes.
na sequência de requerimento que exponha o objectivo pretendido
ARTIGO 181. O h
e os meios de que se dispõe, e antes da decisão de encerramento
da liquidação de bens. Os sócios ilimitada e solidariamente responsáveis pelo
ARTIGO 177.' passivo social, se não forem dirigentes, estão sujeitos aos pro-
cessos colectivos nos termos dos artigos 31 .O e 33.O.
O sindico entrega as suas contas na secretaria, no prazo de
três meses a contar da decisão de encerramento por insuficiência ARTIGO 182.'
de activo.
As disposições relativas a aposição de selos judiciais e ao
O escrivão avisa imediatamente o devedor, contra prova de auxilio do devedor estendem-se aos dirigentes das pessoas
recepçãodo aviso, de que este dispõe de oito dias para contestar. colectivas sujeitos as disposições do presente capítulo.
Em caso de contestação, a jurisdição competente decide.
A jurisdição competente pode ordenar aos dirigentes sobre A jurisdição competente pode igualmente decretar a recu-
os quais recaiu a totalidade ou parte do passivo da pessoa peração judicial ou a liquidação de bens dos dirigentes a cargo
colectiva que cedam as respectivas acções ou partes sociais ou dos quais tenha sido posta a totalidade ou parte do passivo de
ordenar a respectiva cessão forçada pelo síndico, se neces- uma pessoa colectiva e que não tenham pago essa divida.
sário após peritagem; o produto da venda e afectado ao paga- ARTIGO 190.O
mento da parte das dívidas da pessoa colectiva a cargo desses
dirigentes. Ajurisdição competente é aquela que decretou a recuperação
ARTIGO 186.O judicial ou a liquidação de bens da pessoa colectiva.
ainda a publicidade no Jornal Oficial, sob o número pessoal dos 3.") as pessoas singulares representantes permanentes
dirigentes. das pessoas colectivas referidas no precedente número 2.
38 3.O SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DA 'REPÚBLICA DA GUINE-BISSAU N.
O 38
--
falência são mencionadas no Registo comercial e do crédito Podem igualmente.ser reabilitados os dirigentes de pessoas
mobiliário. colectivas:
No que diz respeito aos dirigentes das pessoas colectivas * contra quem tenha sido proferida a recuperação judicial ou
não comerciantes, as decisões são mencionadas no registo bem a liquidação de bens e se encontrem pessoalmente no caso
como a margem da inscrição da recuperação judicial ou da previsto no artigo 204.O, alínea 1;
liquidação dos bens.
contra quem tenha sido proferida somente a falência pes-
As decisões são ainda, e por diligência do escrivão, publi- soal se a pessoa colectiva em 'relação a qual tenha sido
cadas sob forma de extractos no Jornal Oficial e num jornal proferida a recuperação judicial ou a liquidação de bens se
habilitado a receber anúncios legais na area geográfica da encontrar no caso previsto pelo artigo 204.O, alinea 1;
jurisdição que deliberou, nas condições previstas nos artigos
36.O e 37.'. ARTIGO 206.O
SECÇÃO III A pessoa declarada em estado de falência pode ser reabilitada
EFEITOS DA FALÊNCIA após a sua morte se, caso estivesse viva, preenchesse as
condições previstas nos artigos 204.Oe 205.O.
V ARTIGO 203.O e
oposições deduzidas pelos credores são comunicados ao eventual oposição ou recurso, com excepção da decisão que
representante do Ministério Público a quem o pedido foi feito, homologa o acordo de credores, bem como das decisões que
que os transmitirá a jurisdição competente com as suas alegações decretam a falência pessoal.
escritas. ARTIGO 21 8.'
ARTIGO 21 2.'
Nos prazos previstos em matéria de pagamento preventivo,
A jurisdição competente chama, se for o caso, o requerente de recuperação judicial, de liquidação de bens ou de falência
e os oponentes e ouve-os contraditoriamente em audiência não pessoal, o dia do acto, do acontecimento ou da decisão que os
pública.
fazem correr, por um lado, e o último dia, por outro lado, não são
ARTIGO 213.' contados.
Se o pedido for iejeitado, não pode ser renovado antes de Todo e qualquer prazo que se termine num sábado, domingo
decorrido um ano. ou em dia feriado ou de tolerância de ponto será prorrogado até
Se o pedido for aceite, a decisão é transcrita no registo da ao primeiro dia útil seguinte. O mesmo se aplica as notificações
jurisdição competente que decidiu, bem como no registo da entregues na Câmara Municipal ou no serviço do Ministério
jurisdição do domicílio do requerente. Público quando os serviços estiverem fechados no último dia do
prazo.
Adecisão é igualmente enviada ao representante do Ministério
Público que recebeu o pedido e este envia-a, por sua vez, ao ARTIGO 21 9."
representante do Ministério PGblico do lugar de nascimento do A oposição, quando possa ser recebida, é deduzida contra a
requerente, que a mencionara no registo criminal, tendo em decisão proferida em mat6ria de recuperação judicial ou de
conta a declaração de recuperação judicial ou de liquidação de liquidação de bens por declaração feita na secretaria no prazo
bens. de quinze dias a contar da notificação da decisão.
ARiiGO 214.' Todavia, para as decisões sujeitas a formalidades de editais
e de publicidade em jornais de anúncios legais ou no Jornal
O processo de reabilitação está isento de selo e de registo. Oficial, esse prazo só se conta a partir dodia em que a formalidade
exigida em último lugar foi efectuada.
Decide-se sobre a oposição no prazo de um mês.
EFEITOS DA REABILITAÇÃO
ARTIGO 220.'
ARTIGO 215."
A oposição, quando possa ser recebida, é deduzida contra as
O devedor reabilitado recupera todos os direitos de que tinha
sido privado pela decisão que decretou a sua falencia pessoal. decisões proferidas em matéria de falência p,essoal por decla-
ração feita na secretaria no prazo de quinze dias .a contar da
notificação da decisão.
VIAS DE RECURSO EM MATERIA DE RECUPERAÇÁO O devedor ou os dirigentes das pessoas colectivas são cita-
JUDICIAL E DE LIQLIIDAÇAO DE BENS dos para comparecer nas formas, prazos e condições previs-
ARTIGO 216.O tos pelos artigos 200.' e 201 . O .
Não são susceptíveis, nem de oposição, nem de recurso: Decide-se sobre a oposição no prazo de um mês
1.7 as decisões relativas a nomeação ou a substituição do ARTIGO 221 .'
Juiz Comissário, a nomeação ou a destituição dos síndicos, a
nomeação ou a destttuição dos fiscais; O recurso, quando possa ser recebido, contra uma decisão
2.7 as decisões pelas quais a jurisdição competente de- proferida em matéria de recuperação judicial, de liquidação de
cide sobre o recurso interposto contra as decisões do Juiz bens ou de falência pessoal é interposto no prazo de quinze dias
Comissário nos limites das suas atribuições, com excepção das a contar da data em que a decisão é proferida.
que decidam sobre as reivindicações e sobre as decisões O recursoé julgado, com base nos documentos, pela jurisdição
previstas nos artigos 162.' e 164.'; de recurso, no prazo de um mês. A decisão de recurso tem força
3.")a decisão tomada pela jurisdição competente nos termos executória imediata..
do artigo 11 1.: última alínea; ARTIGO 222.'
4.")asdecisdes que autorizem a continuação da exploração
com ressalva do caso previsto pelo artigo 113." alínea 4. Em matéria de falência pessoal, o escrivão notifica da decisão
proferida, no prazo de três dias, o representante do Ministério
ARTIGO 217.O Público.
As decisões tomadas em matéria de recuperação judicial ou Este Último pode, no prazo de quinze dias a contar dessa
de liquidaçãode bens têm forçaexecutória provisória, apesar da notificação, interpor recurso da decisão proferida.
22 DE SETEMBRO DE 2005 41
O recurso do Ministério Público é interposto por declaração 3.") se, sem desculpa legitima, não entregou na secretaria da
na secretaria da jurisdição que proferiu a decisão. O escrivão jurisdição competente a declaração do seu estado de cessação
notifica desse recurso o devedor e o síndico, contra prova de de pagamentos no prazo de trinta dias;
recebimento.
4.") se a sua contabilidade for incompleta ou irregularmente
ARTIGO 223.' organizada ou se não tiver qualquer contabilidade de acordo
Em caso de falência pessoal ou de outras sanções, o recurso com as regras contabilísticas e os usos reconhecidos na profissão
do devedor ou dos dirigentes é interposto por requerimento tendo em conta a importância da empresa;
dirigido ao presidente da jurisdição de recurso.
5.") se, tendo sido declarada duas vezes em estado de
O síndico é chamado ao processo por carta registada ou
outro meio escrito enviado pelo escrivão da jurisdição de recurso, cessação de pagamentos num prazo de cinco anos, esses
a pedido do representante do Ministério Público junto dessa processos foram encerrados por insuficiência de activo.
jurisdição.
ARTIGO 229.'
ARTIGO 224.O
1. E culpada de falência fraudulenta qualquer pessoa fisica
O recurso, no caso em que a totalidade ou parte do passivo referida no artigo 227.O que, em caso de cessação de pagamentos:
de uma pessoa colectiva é posta a cargo do ou dos seus dirigentes,
é interposto nos termos do artigo 221 .O. 1.") subtraiu a sua contabilidade;
2.") desviou ou dissipou a totalidade ou parte do seu activo;
ARTIGO 225.'
3.") quer na sua contabilidade, quer em docu-mentos
Em todos os casos, o escrivão da jurisdição de recurso envia autênticos ou particulares, quer no seu balanço, se reconheceu
cópia da decisáo de recurso a secretaria da jurisdição competente fraudulentamente devedora de somas que não devia;
para menção a margem da decisão e para que sejam cumpridas, 4.") exerceu a profissão comercial contrariamente a uma
se for esse o caso, as medidas de publicidade previstas no artigo interdição prevista pelos Actos Uniformes ou pela lei de cada
202.'. Estado Parte;
T~TLILOV 5.") depois da cessação de pagamentos, pagou a um credor
FALÊNCIA E OUTRAS INFRACÇÕES em prejuízo da massa;
CAP~TULOI 6.")estipulou com um credor vantagens especiaisem função
FALÊNCIA E INFRACÇÕES SIMILARES do seu voto nas deliberações da massa ou efectuou com um
ARTIGO 226.' credor um acordo especial do qual resultaria para esse último
uma vantagem a cargo do activo do devedor a partir do dia da
As pessoas declaradas culpadas de falência e de delitos decisão de abertura.
similares a falência são passiveis das penas previstas para
essas infracções pelas disposições de Direito Penal em vigor em 2. igualmente culpada de falência fraudulenta qualquer
pessoa física referida no artigo 227.' que, no decurso de um
cada Estado Parte.
processo colectivo:
SECÇÃO I
1 de má fé, apresentou ou mandou apresentar um resultado,
.O)
FALÊNCIA SIMPLES E FALÊNCIA FRAUDULENTA um balanço ou uma relação de créditos e de dividas ou uma
ARTIGO 227.O relação activa e passiva dos privilégios ou garantias, inexactos
As disposições da presente secção aplicam-se: ou incompletos;
a aos comerciantes, pessoas individuais; 2.") efectuou, sem autorização do presidente da jurisdição
competente, um dos actos proibidos pelo artigo 11.O.
aos sócios das sociedades comerciais que tenham a
qualidade de comerciantes.
pessoa que tenha, directamente ou por interposta pessoa, 1." subtraído os livros da pessoa colectiva;
administrado, gerido ou liquidado a pessoa colectiva com a cum- 2." desviado ou dissimulado uma parte do seu activo;
plicidade ou em substituição dos seus representantes legais.
3.") reconhecido a pessoa colectiva devedora de somas que
ARTIGO 231 .O ela não devia, quer na contabilidade, quer atravésde documentos
autênticos ou de obrigações assumidas por documento particu-
São punidos com as penas aplicáveis a falência simples os lar, quer no balanço;
dirigentes referidos no artigo 230.' que tenham, nessa qualidade 4.")exercido a profissão de dirigente contrariamente a uma
e de má fé: interdição prevista pelos Actos Uniformes ou pela lei de cada
1.7 gasto somas pertencentes a pessoa colectiva realizan- Estado Parte;
do operações de jogo ou ficticias; 5.") estipulado com um credor, em nome da pessoa colectiva,
vantagens especiais em função do seu voto nas deliberações da
2.7 com a intenção de atrasar a verificação da cessação dos
massa ou que tenham feito com um credor um acordo especial do
pagamentos da pessoa colectiva, feito compras para revenda a qual resultaria para este último uma vantagem a cargo do activo
preços abaixo dos preços correntes ou, com a mesma intenção, da pessoa colectiva, a partir do dia .da decisão que declare a
tenham utilizado meios ruinosos para obtercapitais; cessação de pagamentos.
-
3.") depois da cessação de pagamentos da pessoa colectiva, 2.São igualmente punidos com as penas aplicáveis à falên-
tenham pago ou mandado pagar a um credor em prejuízo da cia fraudulenta, os dirigentes visados no artigo 230.' que, du-
massa; rante um processo de pagament-o preventivo tenham:
1 de má fé, apresentadoou feito apresentar resultados, um
4.7 tenham feito contratar pela pessoa colectiva, por conta
.O)
Uma condenação por falência simples ou fraudulenta, ou por Mesmo que haja absolvição nos casos previstos pelos artigos
delito similar a falência simples ou fraudulenta, pode ser proferida 240.' e 241 .O, a jurisdição que a profere pronuncia-se sobre a
mesmo que a cessação de pagamentos não tenha sido verificada indemnização e sobre a reintegração no património do devedor
nas condições previstas pelo presente Acto Uniforme. dos bens, direitos ou acções subtraídas.
As despesas da acção instaurada pelo representante do . É punido com as penas previstas pelo Direito Penal em vigor
Ministério Público não podem ser postas a cargo da massa. em cada Estado Parte para as infracções cometidas por uma
pessoa que faça oferta pública em prejuizo de um locatário,
Se houver condenação, as Finanças Públicas só podem
depositário, mandatário, constituinte de um ónus, prestador de
exercer a sua acção contra o devedor para cobrança das despesas
serviços ou mestre de obras, qualquer síndico de um processo
após execução da concordata, em caso de recuperação judicial,
colectivo que:
ou após encerramento da união, em caso de liquidação dos
bens. * exerça uma actividade pessoal encoberta pela empresa do
ARTIGO 238.' devedor que dissimula as suas acções;
disponha do crédito ou dos bens do devedor como se
As despesas da acção instaurada pelo síndico em nome dos
credores são suportadas pela massa se houver absolvição e, se fossem seus;
houver condenação, pelas Finanças Públicas com ressalva de gaste os bens do devedor;
acção das Finanças contra o devedor nas condições do artigo
continue abusivamente e de má fé, no seu interesse pes-
237.O, alínea 2.
soal, quer directa quer indirectamente, uma exploração
ARTIGO 239.'
deficitária da empresa do devedor;
As despesas da acção intentada por um credor sãosuportadas em violação das disposições do artigo 51 .O, se torne com-
por si se houver absolvição e, se houver condenação, pelas prador, por sua conta, dos bens do devedor.
Finanças Públicas, com ressalva de acção das Finanças contra
o devedor nas condições do artigo 237.', alínea 2. ARTIGO 244.'
CAPITULO
II É punido com as penas previstas pelo Direito Penal em vigor
em cada Estado Parte para as infracções cometidas em prejuizo
OUTRAS INFRACÇÕES de um incapaz o credor que:
ARTIGO 240.' estipule com o devedor ou com outras pessoas vantagens
São punidas com as penas aplicáveis a falência fraudulenta: especiais, tendo em conta o respectivo voto nas
deliberaçóes da massa;
1." as pessoas condenadas por ter, no interesse do devedor,
faça um acordo especial do qual resultaria, a seu favor,
subtraído, desviado ou dissimulado a totalidade ou parte dos
seus bens móveis ou imóveis, sem prejuízo das disposições uma vantagem a cargo do activo do devedor a partir do dia
penais relativas a cumplicidade; da decisão de abertura do processo colectivo.
ARTIGO 255.'
TITULO
VI I
DISPOSIÇÕES FINAIS
O credor que obteve, no processo colectivo, um dividendo
sobre o seu crédito, só participa nas distribuições abertas em ARTIGO 257.'
outro processo quando os credores da mesma posição obtiveram, São revogadas todas as disposições anteriores contrárias
neste último processo, um dividendo equivalente. as do presente Acto Uniforme. Este só é aplicável aos proces-
sos colectivos abertos depois da sua entrada em vigor.
ARTIGO 256.O