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DIREITO EMPRESARIAL II

RECUPERAÇÃO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL DE EMPRESA

Profa. Me. Fabiane Karine Silvério Ribeiro


Seção II-A (LEI 11.101/2005 -Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)

Das Conciliações e das Mediações Antecedentes ou Incidentais


aos Processos de Recuperação Judicial

Art. 20-A. A conciliação e a mediação deverão ser incentivadas em qualquer


grau de jurisdição, inclusive no âmbito de recursos em segundo grau de
jurisdição e nos Tribunais Superiores, e não implicarão a suspensão dos prazos
previstos nesta Lei, salvo se houver consenso entre as partes em sentido
contrário ou determinação judicial.
Art. 20-B. Serão admitidas conciliações e mediações antecedentes ou incidentais aos processos de
recuperação judicial, notadamente:

I - nas fases pré-processual e processual de disputas entre os sócios e acionistas de sociedade em


dificuldade ou em recuperação judicial, bem como nos litígios que envolverem credores não sujeitos à
recuperação judicial, nos termos dos §§ 3º e 4º do art. 49 desta Lei, ou credores extraconcursais;
II - em conflitos que envolverem concessionárias ou permissionárias de serviços públicos em recuperação
judicial e órgãos reguladores ou entes públicos municipais, distritais, estaduais ou federais;
III - na hipótese de haver créditos extraconcursais contra empresas em recuperação judicial durante período
de vigência de estado de calamidade pública, a fim de permitir a continuidade da prestação de serviços
essenciais;
IV - na hipótese de negociação de dívidas e respectivas formas de pagamento entre a empresa em
dificuldade e seus credores, em caráter antecedente ao ajuizamento de pedido de recuperação judicial.
Art. 20-B.
§ 1º. Na hipótese prevista no inciso IV do caput deste artigo, será facultado às empresas em dificuldade que
preencham os requisitos legais para requerer recuperação judicial obter tutela de urgência cautelar, nos termos
do art. 305 e seguintes da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), a fim de que sejam
suspensas as execuções contra elas propostas pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, para tentativa de composição
com seus credores, em procedimento de mediação ou conciliação já instaurado perante o Centro Judiciário de
Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) do tribunal competente ou da câmara especializada, observados, no
que couber, os arts. 16 e 17 da Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015.

§ 2º. São vedadas a conciliação e a mediação sobre a natureza jurídica e a classificação de créditos, bem como
sobre critérios de votação em assembleia-geral de credores.

§ 3º. Se houver pedido de recuperação judicial ou extrajudicial, observados os critérios desta Lei, o período de
suspensão previsto no § 1º deste artigo será deduzido do período de suspensão previsto no art. 6º desta Lei.
Art. 20-C. O acordo obtido por meio de conciliação ou de mediação com fundamento nesta Seção
deverá ser homologado pelo juiz competente conforme o disposto no art. 3º desta Lei.
Parágrafo único. Requerida a recuperação judicial ou extrajudicial em até 360 (trezentos e
sessenta) dias contados do acordo firmado durante o período da conciliação ou de mediação pré-
processual, o credor terá reconstituídos seus direitos e garantias nas condições originalmente
contratadas, deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente
praticados no âmbito dos procedimentos previstos nesta Seção.

Art. 20-D. As sessões de conciliação e de mediação de que trata esta Seção poderão ser realizadas
por meio virtual, desde que o Cejusc do tribunal competente ou a câmara especializada
responsável disponham de meios para a sua realização.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESA

- Artigos 47 a 72, Lei 11.101/2005

- Art. 47, Lei 11.101/2005: “A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a
superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos
credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o
estímulo à atividade econômica.” (princípio da preservação da empresa)
Art. 48, Lei 11.101/2005- “Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do
pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes
requisitos, cumulativamente:

I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as
responsabilidades daí decorrentes;
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano
especial de que trata a Seção V deste Capítulo;
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada
por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.”
Art. 48, Lei 11.101/2005- (...)
§ 1º A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou
sócio remanescente.
§ 2º No caso de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a comprovação do prazo estabelecido
no caput deste artigo por meio da Escrituração Contábil Fiscal (ECF), ou por meio de obrigação legal de registros contábeis
que venha a substituir a ECF, entregue tempestivamente. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 3º Para a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo, o cálculo do período de exercício de atividade rural
por pessoa física é feito com base no Livro Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR), ou por meio de obrigação legal de
registros contábeis que venha a substituir o LCDPR, e pela Declaração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF) e
balanço patrimonial, todos entregues tempestivamente. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 4º Para efeito do disposto no § 3º deste artigo, no que diz respeito ao período em que não for exigível a entrega do LCDPR,
admitir-se-á a entrega do livro-caixa utilizado para a elaboração da DIRPF. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 5º Para os fins de atendimento ao disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo, as informações contábeis relativas a receitas, a
bens, a despesas, a custos e a dívidas deverão estar organizadas de acordo com a legislação e com o padrão contábil da
legislação correlata vigente, bem como guardar obediência ao regime de competência e de elaboração de balanço
patrimonial por contador habilitado. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos.
§ 1º. Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados,
fiadores e obrigados de regresso.
§ 2º. As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições originalmente contratadas ou definidas
em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação
judicial.
§ 3º. Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador
mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de
irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda
com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de
propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo,
durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do
devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial.
§ 4º . Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere o inciso II do art. 86 desta Lei.
Art. 49.
§ 5º .Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos creditórios, aplicações financeiras ou
valores mobiliários, poderão ser substituídas ou renovadas as garantias liquidadas ou vencidas durante a recuperação judicial
e, enquanto não renovadas ou substituídas, o valor eventualmente recebido em pagamento das garantias permanecerá em
conta vinculada durante o período de suspensão de que trata o § 4º do art. 6º desta Lei.
§ 6º. Nas hipóteses de que tratam os §§ 2º e 3º do art. 48 desta Lei, somente estarão sujeitos à recuperação judicial os
créditos que decorram exclusivamente da atividade rural e estejam discriminados nos documentos a que se referem os citados
parágrafos, ainda que não vencidos. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 7º . Não se sujeitarão aos efeitos da recuperação judicial os recursos controlados e abrangidos nos termos dos arts. 14 e 21
da Lei nº 4.829, de 5 de novembro de 1965. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 8º .Estarão sujeitos à recuperação judicial os recursos de que trata o § 7º deste artigo que não tenham sido objeto de
renegociação entre o devedor e a instituição financeira antes do pedido de recuperação judicial, na forma de ato do Poder
Executivo. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 9º. Não se enquadrará nos créditos referidos no caput deste artigo aquele relativo à dívida constituída nos 3 (três) últimos
anos anteriores ao pedido de recuperação judicial, que tenha sido contraída com a finalidade de aquisição de propriedades
rurais, bem como as respectivas garantias. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Art. 50, Lei 11.101/2005- “Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros:
I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas;
II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações,
respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente;
III – alteração do controle societário;
IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos;
V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o
plano especificar;
VI – aumento de capital social;
VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados;
VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva;
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro;
X – constituição de sociedade de credores;
XI – venda parcial dos bens;
XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do
pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação
específica;
XIII – usufruto da empresa;
XIV – administração compartilhada;
XV – emissão de valores mobiliários;
XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor.
XVII - conversão de dívida em capital social; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
XVIII - venda integral da devedora, desde que garantidas aos credores não submetidos ou não aderentes condições, no mínimo,
equivalentes àquelas que teriam na falência, hipótese em que será, para todos os fins, considerada unidade produtiva
isolada. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL DE EMPRESA
Arts. 161 a 167, Lei 11.101/2005

- É um acordo privado celebrado entre o devedor e credores titulares de créditos


representativos de mais de da metade ou da totalidade do passivo, em que o Poder Judiciário
participa apenas quando de sua homologação e eventual execução, em caso de
descumprimento por quaisquer das partes.

- Homologação facultativa- quando o plano de recuperação conta com a adesão de todos os credores atingidos
pelas medidas nele previstas (art. 162, Lei 11.101/2005)

- Homologação obrigatória- quando o plano de recuperação conta com a adesão de mais da metade de todos
os créditos de cada espécie (art. 163, Lei 11.101/2005)
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL DE EMPRESA
Arts. 161 a 167, Lei 11.101/2005

-Art. 161, Lei 11.101/2005: “O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei
poderá propor e negociar com credores plano de recuperação extrajudicial.”
Art. 48, Lei 11.101/2005- “Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas
atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste
Capítulo;
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos
nesta Lei.”

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