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Aula 5 – Falências e Recuperação Judicial

Defesa

- Prazo de 10 dias (art. 98 LF).

- Elisão da falência: Prazo da defesa.

Caráter de cautela ou satisfativo.

Hipóteses: art. 94, I e II.

Compreende o principal, correção monetária, juros e


honorários (art. 98, par. único LF).

- Pedido fundado em ato de falência. Cabível o depósito elisivo?

“Embora a lei não o preveja expressamente, deve ser admitido o depósito elisivo
também nos pedidos de credor fundados em ato de falência, já que ele afasta a
legitimidade do requerente.” (Fábio Ulhoa Coelho, Curso de Direito Comercial. vol. 3,
p. 275)

“Contudo, não poderá ser aceita a tese autorizatória do depósito elisivo, pois, como a
base jurídica é a incompatibilidade de ato(s) gerenciais, não se perquire sobre a
exigibilidade da dívida. Assim sendo, além da expressa referência contida no artigo 98,
parágrafo único, que restringe tão-somente para as bases jurídicas impontualidade e
execução frustrada, deve-se entender que a promoção da ação falimentar é possível
mesmo que a dívida não tenha vencido. Aceitar o pagamento de dívida não vencida,
ainda que na forma de depósito elisivo, é correr o risco de sofrer uma futura ação
revocatória, com base no artigo 129, II, se a falência for decretada em outro processo.”
(Luiz Inácio Vigil Neto, Teoria Falimentar e Regimes Recuperatórios. p. 215)

Depósito elisivo não implica em improcedência do pedido de falência. Tratamento


como ação de cobrança.

APELAÇÃO CÍVEL. REQUERIMENTO DE FALÊNCIA COM FUNDAMENTO NO


ARTIGO 94, INCISO I, DA LEI 11.101/2005. DEPÓSITO ELISIVO.
IMPOSSIBILIDADE DE DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA. LEVANTAMENTO DO
VALOR. 1. Inicialmente, registre-se a impossibilidade de decretação da falência da
apelada diante do depósito elisivo, na forma do artigo 98, parágrafo único da Lei
11.101/05. Entretanto, importante a análise do mérito, a fim de fixar quem deverá
levantar a quantia depositada. 2. Trata-se de procedimento falimentar fundado no inciso
I do artigo 94 da Lei 11.101/2005, em que a controvérsia reside na existência, ou não,
da impontualidade no pagamento do título executivo capaz de fundamentar o pedido de
falência. 3. O crédito da apelante provém de contrato particular de confissão de dívida,
em que ficou definido o montante da dívida, a ser paga em 12 (doze) parcelas com
vencimentos mensais de julho de 2014 a junho de 2015. 4. Verifica-se pelo Termo de
Protesto que o título executivo foi levado a protesto em setembro de 2014, apontando
como vencimento do título o dia 10/08/2014 (correspondente a segunda parcela do
ajuste). Tal diligência foi capaz de constituir a apelada em mora. 5. Após este ocorrido,
a devedora voltou a realizar os pagamentos das parcelas posteriores, através de depósito
em conta corrente de titularidade da credora. Contudo, tal comportamento não é capaz
de desfazer a mora que já estava caracterizada, atraindo o requisito legal para o pedido
de falência fundado no inciso I do artigo 94 da Lei 11.101/2005, qual seja, o não
pagamento de obrigação líquida devidamente protestada. 6. Assim, verifica-se que o
protesto realizado em setembro de 2014 é capaz de caracterizar a impontualidade
necessária ao pedido de falência, impedida sua decretação, ante o depósito elisivo
realizado tempestivamente. 7. Diante destes acontecimentos, apesar de afastada a
possibilidade de decretação de falência, é possível a utilização do rito de cobrança, a fim
de apurar a existência e exigibilidade da dívida. Precedente do Superior Tribunal de
Justiça. 8. No caso, a dívida, bem como seu vencimento, é incontroversa, o que atrai o
acolhimento do pleito da autora de levantamento do valor depositado, com base na parte
final do parágrafo único do artigo 98 da Lei de Falências. PROVIMENTO DO
RECURSO. (0060048- 92.2015.8.19.0001 – APELAÇÃO - Des(a). CARLOS
SANTOS DE OLIVEIRA - Julgamento: 12/07/2016 - VIGÉSIMA SEGUNDA
CÂMARA CÍVEL).

Cabível depósito elisivo após o prazo da contestação?

- A princípio, sim, em razão do princípio da preservação da empresa. Mesmo após a


decretação da quebra, se não houver outros credores habilitados:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. FALÊNCIA. PAGAMENTO DO DÉBITO APÓS O


DECURSO DO PRAZO PARA O DEPÓSITO ELISIVO E DA PROLAÇÃO DA
SENTENÇA DE QUEBRA. LEVANTAMENTO. POSSIBILIDADE. Havendo o
pagamento, pela falida, da integralidade do crédito da requerente e considerando a
ausência de outros credores habilitados, possível o levantamento da falência.
Circunstância com a qual anuíram a autora do pedido de quebra e a síndica. Aplicação
do princípio da preservação da empresa, o que atende ainda à continuidade de relações
de emprego. Demonstração de ter sido obstada, no quadro ora em exame, a insolvência
que deu azo à decretação de quebra. AGRAVO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº
70012350278, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ubirajara Mach
de Oliveira, Julgado em 23/02/2006)

- Após a decretação da falência, entretanto, interesse é público, descabendo o


pagamento, se houver outros credores:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. FALÊNCIA. HIGIDEZ DA DECISÃO QUE VEIO


A DECRETAR A QUEBRA. Vicio no instrumento de mandato, o qual se constitui em
mera irreguIaridade sanado no Juízo de origem. Legitimidade do membro do Conselho
de Administração da sociedade autora em constituir advogado. Inteligência do art. 22,
parte final, do estatuto social. Regularidade dos instrumentos de protestos confirmada
neste passo. Pretensão de depósito elisivo após decretação de quebra afastada. Depois
da falência, o interesse que passa a reger a relação é público, não bastando somente a
convergência de vontade entre os litigantes acerca do depósitoextemporâneo, para o
levantamento da quebra. AGRAVO IMPROVIDO DE PLANO. (Agravo de
Instrumento Nº 70006836803, Segunda Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Marta Borges Ortiz, Julgado em 31/07/2003)

- Pedido fundado na impontualidade do devedor: pedido de suspensão importa


moratória, descaracterizando a impontualidade.

Agravo de instrumento. Falência. Pedido de suspensão do feito. Moratória.


Descaracterização da impontualidade ou do estado de insolvência. Inviabilidade da
decretação da quebra. O pedido de suspensão do feito pela autora, tendo em vista a
possibilidade de acordo com a requerida, descaracteriza o estado de insolvência ou
a pretensa impontualidade, inviabilizando o decreto falimentar. Recurso com
negativa de seguimento, por manifesta improcedência, em decisão monocrática.
(Agravo de Instrumento Nº 70044160760, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Ney Wiedemann Neto, Julgado em 28/07/2011)

APELAÇÃO CÍVEL. PEDIDO DE FALÊNCIA. SUSPENSÃO DO FEITO


REQUERIDA PELA AUTORA VISANDO ENTABULAR
ACORDO. IMPONTUALIDADE DESCARACTERIZADA. 1. Trata-se
de pedido de falência ajuizado em data de 19 de maio de 2005, portanto, anterior à
vigência da nova Lei de Falências. Logo, aplica-se ao presente feito as normas
constantes no Dec.Lei 7.661/45, por força do disposto no art. 192 da Lei 11.101/2005.
2. A suspensão do processo postulada pela autora com o intuito de entabular
acordo com a ré, implicou na concessão de moratória na exigência do débito, o que
vem a descaracterizar impontualidade da devedora, requisito fundamental para a
decretação da quebra. 3. Assim, afastada a impontualidade não subsiste a presunção
juris tantum de insolvabilidade da empresa demandada, que serve de causa jurídica para
ser instaurada a execução coletiva falimentar. Negado provimento ao apelo. (Apelação
Cível Nº 70022251631, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge
Luiz Lopes do Canto, Julgado em 23/01/2008)

- Acordo entre as partes, antes da sentença, afasta a decretação da quebra.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. FALÊNCIA DECRETADA. ACORDO FIRMADO


ANTERIORMENTE AO DECRETO DE QUEBRA. PRINCÍPIO DA
PRESERVAÇÃO DA EMPRESA. HOMOLOGAÇÃO DO ACORDO. EXTINÇÃO DA
FALÊNCIA. Extinção do decreto falimentar, e aos seus efeitos, face à homologação
pela Câmara de transação, anterior à sentença de quebra, pois já havia sido dada por
finda a litigiosidade entre as partes, tanto que ocorreu a quitação da dívida para com a
credora que requerera a falência. O tratamento dispensado com relação ao passivo
geral, leva à conclusão da possibilidade de acerto com os demais credores, bem como
da saúde financeira necessária para o pagamento das dívidas. Ademais, neste grau de
jurisdição, sendo do conhecimento comum a suspensão dos efeitos da falência, os
grandes credores não vieram aos autos para se habilitarem como interessados,
sinalizando então que a agravante, tida como falida pelo decreto judicial, está a
cumprir o seu dever de saldar seus débitos sem conturbações. Por fim, diante do
princípio da preservação da empresa, impõe-se a solução ora dada. Ao que tudo leva a
crer não há justificativa para manter-se a decretação da quebra se as partes
compuseram a lide ainda antes da sentença falimentar, afastando a impontualidade que
fundamentava o decreto judicial de falência. E isso por que o princípio motriz da nova
legislação falimentar é o da preservação da empresa, não se justificando a decretação
da falência se o débito restou acordado antes mesmo da realização de atos de execução
coletiva, típicos da segunda fase falimentar. DERAM PROVIMENTO. (Agravo de
Instrumento Nº 70060178464, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Luís Augusto Coelho Braga, Julgado em 18/09/2014)

SENTENÇA

Declaratória da falência

- Caráter constitutivo. Altera relações entre credores e devedor.


- Art. 99 LF – Determinações.

Art. 99, II – Termo legal da falência.

“Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:
(...)
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa)
dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do
1o(primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os
protestos que tenham sido cancelados.”

- Período anterior à decretação de falência.

-Serve de referência para a auditoria dos atos praticados pela sociedade falida.

- Serve de referência para a decretação de ineficácia de atos da falida:

- Pagamento de dívidas não vencidas (art. 129, I LF).

- Pagamento de dívidas vencidas de forma diversa do contrato (art. 129, II LF).

- Constituição de direito real de garantia por dívida anterior (art. 129, III LF).

- Ineficácia tem caráter objetivo.

- Pode ser declarada de ofício (art. 129, par. único LF).

- Termo legal pode ser fixado provisoriamente na sentença.

Publicação da sentença:

- Deve ser publicada por edital (art. 99, par. único LF).

- Deve ser publicada em jornal ou revista de circulação regional ou nacional, se a massa


comportar (art. 191 LF).

- Deve ser intimado o MP e comunicada a Fazenda Federal e as fazendas estaduais e


municipais onde houver estabelecimento do devedor (art. 99, XIII LF).

- Deve ser comunicada a Junta Comercial onde atos constitutivos estão arquivados (art.
99, VIII LF).
Denegatória da falência

- Elisão do pedido em razão de depósito elisivo.

- Procedência das alegações de defesa.

- Sucumbência: no primeiro caso, do réu; no segundo, do autor.

- Dolo do autor: condenação em perdas e danos (art. 101 LF).

Recurso

- Sentença declaratória da falência: Agravo (art. 100 LF).

- Independentemente do fundamento da quebra.

- Legitimidade: falida.

MP.

credor.

- Sentença denegatória da falência: Apelação (art. 100 LF).

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