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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA CÍVEL DA

COMARCA DE FLORIANÓPOLIS / SC

Processo nº 5008109-85.2021.8.24.0082

VICTOR CHERAIN CHEDID, já qualificada nos autos do processo


em epígrafe que move em face do ELIO ALVES MAIDANA ME, por seu advogado, ao final assinado,
vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, em cumprimento ao despacho de fls., apresentar
CONTRARAZÕES AO RECURSO DE APELAÇÃO, requerendo que as mesmas sejam remetidas ao
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina.

Por fim, requer que todas as publicações e intimações referentes ao


presente processo sejam efetivadas exclusivamente em nome do Dr. Ygoro Rocha Gomes, inscrito na
OAB/SP sob o nº 275.961 e na OAB/SC sob o nº 43.650A, com escritório na Av. Elizeu di Bernardi, nº
34, K-Platz Corporate, Sala 207, Campinas, São José, SC, CEP: 88101-050.

Termos em que
Pede deferimento.
São José, 18 de agosto de 2022.

YGORO ROCHA GOMES


OAB/SP nº. 43.650-A

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RECORRENTE: ELIO ALVES MAIDANA ME
RECORRIDO: VICTOR CHERAIN CHEDID
Processo originário: 5008109-85.2021.8.24.0082
MM. Juíz a quo: 5º Vara Cível da Comarca da Capital, SC.

Egrégio Tribunal,
Colenda Turma Recursal,
Ínclitos Julgadores.

DOS FATOS

Trata-se de Ação de Despejo c/c Cobrança por falta de pagamento c/c


com rescisão contratual c/c com Pedido de liminar, na qual o Autor requereu que seja concedida
imediatamente a Liminar de despejo, para o fim de que o imóvel seja desocupado no prazo de 15 (quinze)
dias, ficando condicionado ao deferimento da liminar a garantia do seu próprio imóvel conforme consta na
certidão de propriedade juntada nos autos, que seja automaticamente rescindido contrato de locação entre
as parte e que o Recorrente pague os aluguéis vincendos e vencidos e seus acessórios.

Em sede de contestação, o Recorrente sustentou a inveracidade dos


fatos alegados, bem com rechaçou os argumentos contidos na inicial. Contudo, os argumentos apresentados
pela Recorrente não merecem prosperar.

Verifica-se, que o contrato de locação assinado pelas partes não possui


garantia locatícia, estando o demandado locatário inadimplente com suas obrigações legais e contratuais,
consistente pelo não pagamento integral dos valores locatícios e seus acessórios.

Neste sentido, em reposta ao conto fictício que o Recorrente discorreu


na sua contestação e posteriormente em sua apelação, vamos aos fatos reais ocorridos no acordo realizado
entre as partes, para dirimir a presente demanda e resolver a questão.

Ressalta-se que o Recorrente, assinou um acordo extrajudicial para


pagamento dos alugueis e seus acessórios no dia 21/12/2021 (acordo em anexo), se comprometendo a pagar
o valor de R$ 23.975,16, referente aos alugueis atrasados e seus acessórios, sendo que diversos pagamentos
de alugueis e seus acessórios deveriam ser honrados no dia 22/12/2021, no montante de R$ 12.553,05

Contudo, o réu depositou no dia 23/12/2021, o valor de R$ 8.000,00,


(comprovante do depósito em anexo), ou seja, já descumprindo o acordo em dois itens: depositar o valor
acordado no dia 22/12/2021 e depositar o montante de R$ 12.553,05.

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Posteriormente, depois de muita cobrança o Recorrente depositou mais
um valor de R$ 1.985,05, no dia 28/12/2021 (claramente em data posterior ao acordado entre as partes),
entretanto, ainda faltava o valor de R$ 2.548,00, para chegar ao montante acordado de pagamento no dia
22/12/2021 que era de R$ 12.553,05.

Salienta-se, Vossa Excelência que o Recorrente não cumpriu sequer


com os dois primeiros atos que foram acordados entre as partes, entretanto, em sede de recurso o mesmo
esbraveja que vem cumprindo o acordo assinado. Vejamos, isso é mentira!!

Ademais, fazia parte do acordo que o Recorrente assumisse a


composição que o Autor fez com a administradora do condomínio para pagar as taxas de condomínio em
atraso (pasmem! + de 15 meses de condomínio atrasados, documento de acordo assinado pelo locador com
o condomínio em anexo), entretanto, o Recorrente sequer pagou a parcela desse termo que era para ser
quitada no mês de dezembro!!

Ainda neste sentido, o Recorrente não assinou um novo contrato de


locação com o Autor, conforme se comprometeu no documento.

E finalmente o Recorrente continua não pagando nem aluguéis nem


acessórios no presente caso, até data de hoje!

Desta forma, resta claro que de longe a única coisa que o Recorrente
faz nesse caso, é descumprir o acordo assinado, bem como descumprir as clausulas do contrato de locação.

Desta feita, a Sentença combatida deve ser mantida em sua


integralidade.

DO DIREITO

Inicialmente, cumpre ressaltar, que acerca do direito pleiteado, é certo


que a inadimplência é causa motivadora da ação de despejo, nos termos da Lei 8.245/91, vejamos:

“Art. 23. O locatário é obrigado a:

I - pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou


contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, até o
sexto dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando
outro local não tiver sido indicado no contrato; (...)

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Nesse sentido, o artigo 5º do mesmo diploma legal estabelece que,
independentemente de qual for o fundamento do término da locação, a medida para o locador reaver o
imóvel é a ação de despejo.

“Art. 5º Seja qual for o fundamento do término da locação, a ação do


locador para reaver o imóvel é a de despejo.

Ainda neste sentido, o artigo 9º, inciso II, da Lei do Inquilinato


expressa também hipóteses do qual a locação poderá ser desfeita.

“Art. 9º A locação também poderá ser desfeita:

II- em decorrência da prática de infração legal ou contratual; III- em


decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos”;

Assim, considerando a inadimplência do locatário com suas obrigações


contratuais, o Recorrido não possui mais interesse na manutenção do negócio perante o inadimplemento do
demandado locatário, assim como deseja prosseguir com a cobrança dos valores inadimplidos.

Ainda neste diapasão, sobre a cumulação dos pedidos, a Lei 8.245/91


esclarece que nas ações de despejo fundadas em falta de pagamento, poderá haver a cumulação dos pedidos
no tocante a cobrança dos alugueres e encargos da locação, iniciando-se a execução antes da desocupação
do imóvel.

“Art. 62. Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de


aluguel e acessórios da locação, de aluguel provisório, de diferenças
de aluguéis, ou somente de quaisquer dos acessórios da locação,
observar-se-á o seguinte:

I – o pedido de rescisão da locação poderá ser cumulado com o pedido


de cobrança dos aluguéis e acessórios da locação; nesta hipótese,
citar-se-á o locatário para responder ao pedido de rescisão e o
locatário e os fiadores para responderem ao pedido de cobrança,
devendo ser apresentado, com a inicial, cálculo discriminado do valor
do débito; (...);

VI - havendo cumulação dos pedidos de rescisão da locação e cobrança


dos aluguéis, a execução desta pode ter início antes da desocupação
do imóvel, caso ambos tenham sido acolhidos”.

Neste sentido, nosso Tribunal já se posicionou sobre o tema:

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE


PAGAMENTO. DESOCUPAÇÃO EFETIVADA APÓS ORDEM
JUDICIAL. TESES DE NOVAÇÃO DA DÍVIDA, RENOVAÇÃO DO
CONTRATO E PAGAMENTO PARCIAL. REJEIÇÃO PELO JUÍZO A
QUO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RESCISÃO DO CONTRATO

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E CONFIRMAÇÃO DA DECISÃO QUE ANTECIPOU A TUTELA P
ARA DETERMINAR A DESOCUP AÇÃO DO IMÓVEL.REQUERIDA
AO P AGAMENTO ENCARGOS INADIMPLIDOS. REQUERIDA.
PRELIMINARES. 1. ALEGADA PERDA DO INTERESSE DE AGIR
EM RAZÃO DO CUMPRIMENTO DA ORDEM DE DESOCUPAÇÃO.
PEDIDOS INAUGURAIS QUE NÃO SE LIMITARAM AO DESPEJO.
PRETENSÃO DE COBRANÇA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA QUE,
DE TODO MODO, DEVE SER CONFIRMADA POR SENTENÇA. 2.
SUSCITADA NULIDADE DA SENTENÇA POR NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO ACOLHIMENTO.
ASSERTIVAS LEVANTADAS PELA REQUERIDA DEVIDAMENTE
TRATADAS PELO MAGISTRADO. DISPENSA DE INSTRUÇÃO
PROCESSUAL E JULGAMENTO ANTECIP ADO IGUALMENTE
MOTIVADOS. DILAÇÃO PROBATÓRIA DISPENSÁVEL NA
HIPÓTESE. CERCEAMENTO DE DEFESA TAMBÉM NÃO
VERIFICADO. SUPOSTA INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO
CONTRATUAL PARA COBRANÇA DE ALGUNS ENCARGOS NÃO
SUSTENTADA PELA RÉ EM SUAS MANIFESTAÇÕES. NÃO
CONSTATADA VIOLAÇÃO AO DEVER DE FUNDAMENTAÇÃO
DAS DECISÕES JUDICIAIS. MÉRITO INCONFORMISMO
RESTRITO AO ENTENDIMENTO DO JUÍZO A QUO DE QUE A
PRETENSÃO DE ANULAÇÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS
PRECLUIU. PEDIDO NÃO FORMULADO PELA REQUERIDA NA
CONTESTAÇÃO. TÍPICA MATÉRIA DE DEFESA. ART. 336 DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. DEFENDIDA NATUREZA DE
ORDEM PÚBLICA. INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR. PRECLUSÃO VERIFICADA. SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO”. (TJSC,
Apelação n. 0306620-70.2015.8.24.0038, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Helio David Vieira Figueira dos Santos, Quarta
Câmara de Direito Civil, j. 20-05-2021).

Assim, diante da legislação especial que norteia a relação locatícia, há


possibilidade da cobrança dos alugueres e encargos da locação serem cumulados na ação de despejo
fundada em falta de pagamento.

CONCLUSÃO

Posto isso, requer:

a) O Recebimento, Conhecimento e Processamento da presente CONTRARAZÕES DO


RECURSO DE APELAÇÃO, em razão de ser próprio e tempestivo.

b) No mérito, que seja negado provimento ao Recurso de Apelação, mantendo a r. sentença de


primeira instância.

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c) seja o Recorrente condenado ao pagamento das custas processuais e dos honorários
advocatícios, fixando estes no máximo admitido legalmente, no caso de sucumbência.

Pede deferimento.
São José, 18 de agosto de 2022.

YGORO ROCHA GOMES


OAB/SP nº. 43.650-A

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