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GOVERNO DO ESTADO DO AMAPÁ

DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO


NÚCLEO REGIONAL DE CALÇOENE

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA ADÉLIA SILVA RAMOS MMª JUIZA


DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE CALÇOENE/AP.

JOSÉ SILVA SANTOS, brasileiro, solteiro, garimpeiro,


RG: 439.218 PLT/AP, CPF: 516.188.693-53, residente e
domiciliado no km 40 do Ramal do Lourenço, intermédio da
Defensoria Pública do Estado do Amapá e por seu Defensor
Público ao final subscrito, vem mui respeitosamente à
presença de Vossa Excelência propor

AÇÃO ORDINÁRIA DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C PEDIDO LIMINAR DE


REINTEGRAÇÃO DE POSSE E PERDAS E DANOS em face de

REPAC MINERAÇÃO LTDA, Pessoa Jurídica de Direito


Privado, CNPJ: 16.455.270/0001-27, sediada no Sítio das
Marrecas, Zona Rural, Acarape-CE, CEP: e LOIRA DO LUCIVALDO,
RG E CPF DESCONHECIDOS, cozinheira, estado civil ignorado,
podendo ser citada no imóvel invadido, Av: José Lourenço,
688, Distrito de Lourenço, Município de Calçoene/AP, CEP:
68.960-000, pelos motivos de fato e de direito a seguir
aduzidos.

I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Inicialmente, requer-se a concessão do benefício da


Justiça Gratuita, tendo em vista que o acusado não possui
condições de arcar com as despesas judiciais, sem prejuízo
do próprio sustento e de sua família, assegurados pelo art .
4º da Lei nº 1060/50 e consoante o art. 98, caput, do novo
CPC/2015 e por estar sendo patrocinado pela Defensoria
Pública do Estado do Amapá.

II – DAS PRERROGATIVAS DA DEFENSORIA PÚBLICA

A Defensoria Pública possui prerrogativa de intimação


pessoal, mediante remessa dos autos com vista, bem como a
contagem em dobro de todos os prazos, nos termos do art. 44,
I da Lei Complementar Federal n. 80/94 e art. 98, inc. I da
Lei Complementar Estadual n. 86/2014.
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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO
NÚCLEO REGIONAL DE CALÇOENE

III – DOS FATOS

O Requerente é senhor e legítima possuidor do imóvel


localizado na Av: José Lourenço, n. 688, Distrito de
Lourenço, Declaração do Diretor de tributos e Terras Urbanas
da Prefeitura Municipal de Calçoene.

Na data de 05 de agosto de 2013, as partes firmaram o


Contrato de Promessa de Compra e Venda (doc. em anexo), para
aquisição, pela Requerida, do imóvel residencial supra.

Trata-se, o imóvel objeto desta ação, de uma casa mista


em alvenaria emadeira de lei medindo 6 x 7.

A Requerida recebeu o imóvel em perfeito estado de uso


e gozo, com suas instalações em perfeito estado de
funcionamento, sem vícios ou defeitos, na mesma data da
assinatura do contrato, passando-se a utilizá-lo.

Na época ficou pactuado que o preço total do contrato


era de R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais), o qual
deveria ser pago da seguinte forma:

a) R$ 15.000,00 (quinze mil reais), como entrada e


princípio de pagamento.

b) R$ 5.000,00 (cinco mil reais), em 12 (doze)


parcelas, vencendo-se a primeira no dia 05 de setembro de
2013 e as demais no mesmo dia dos meses subsequentes, sendo a
última em 05 de junho de 2014.

Todavia, a Requerido somente pagou a entrada, estando


inadimplente com as 12 ()doze) parcelas até a presente data.

Como se não bastasse o estado de inadimplência da


Requerida, a mesma deixou o Estado em meados de 2014, quando
permitiu que uma ex-funcionária conhecida como Loura do
Lucivaldo invadiu o imóvel.

E assim, o respectivo bem imóvel que atualmente


encontra-se ocupado por uma invasora, que está deteriorando o
mesmo, e, consequentemente, depreciando-se à luz do mercado
imobiliário, trazendo grandes prejuízos para o Requerente.
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Portanto, o Requerido o lesou o requerente ao deixar


vencer todas as prestações do imóvel e ainda permitir que
fosse invadido.

O Requerido desde que passou a ocupar o imóvel não pagou as


tarifas de energia, que já estão na cifra de R$ 21.000,00
(vinte e um mil reais), além de deixar um débito de telefone
de R$ 2.000,00 (dois mil reais). O prejuízo de
23.000,00(vinte e três mil reais) em muito superam a entrada
dada pela requerida, além do que a mesma utilizou o imóvel
por aproximadamente um ano.

Enquanto a invasora conhecida como LOURA DO LUCIVALDO


não poderia invadir um imóvel que a venda não tinha sido
consumada, pois não se tratava de propriedade da empresa.
Além de que dívidas trabalhistas são cobradas na Justiça do
Trabalho, o que não pode é o requerente perder injustamente
seu imóvel.

IV - DO DIREITO

Diz o artigo 475 do Código Civil, o seguinte:

"A parte lesada pelo inadimplemento pode


pedir a resolução do contrato, se não
preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo,
em qualquer dos casos, indenização por perdas
e danos."

Como tem sido reiteradamente decidido pelos Tribunais,


sempre que houver inadimplemento do convencionado por parte
do comprador, e este, após regularmente notificado não
efetuou o pagamento ajustado no compromisso de compra e
venda, opera-se o desfazimento do contrato.

Outro não é o entendimento do Tribunal de Justiça do


Estado do Paraná, que assim vem decidindo:

"Apelação Cível-ação Ordinária - Contrato de


Compra e Venda de Imóvel. Procedência em
primeiro grau. Indiscutivelmente
inadimplemento do convencionado por parte dos
recorrentes, já que não cumpriram a obrigação
principal do pactuado, valor dizer, deixaram
de pagar o preço livremente estipulado.
Recurso desprovido" (Apelação Cível 934/84,
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Acórdão 2809, 3ª Câmara Cível, Julg. em


27.11.84, Rel. Des. Plínio Cachuba).

V - DAS PERDAS E DANOS

No caso em tela houve inadimplemento contratual por


parte do Requerido, o que por si só justifica, plenamente, o
pedido de indenização por perdas e danos.

A Requerida efetivou apenas o pagamento da entrada do


negócio no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), estando
inadimplente desde 05de setembro de 2013 até a presente data.

Se a inadimplência contratual resolve-se por perdas e


danos, requer o Autor seja o Réu condenado ao pagamento das
perdas e danos no valor a ser apurado em liquidação de
sentença.

Requer a condenação do Requerido no pagamento das


despesas referentes as tarifas de energia e de telefone.

VI - DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE C/C PEDIDO DE LIMINAR

O Requerente é legítimo senhor e possuidor do imóvel


descrito na inicial, cujo domínio bastante comprovam a
documentação juntada.

Na existência de inadimplência, o promitente vendedor pode


propor ação de Reintegração de Posse em conjunto com a
Ordinária de Rescisão Contratual.

Nesse sentido já decidiu o Supremo Tribunal Federal em


acórdão no Recurso Extraordinário nº 77.275, em sua ementa:

"Compromisso de compra e venda. Cláusula


resolutiva expressa. Lei nº 745/69.
Constituição em mora: prévia notificação
judicial. Reintegração de posse:
desnecessidade de prévia e concomitante ação
de rescisão de contrato ..."

E no seu relatório:

"Assim, com o advento do Decreto em tela,


protraiu-se no tempo o termo inicial da
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Constituição do devedor de mora, que já não


segue a regra geral do "dies interpellat pro
homine", mas tem a prévia interpelação o
pressuposto sem o qual não se opera a
condição resolutiva. Tão logo decorrido o
prazo legal, contudo, verifica-se a condição
que, no caso, representa a rescisão
contratual com os seus consectários, isto é,
a devolução do imóvel à posse do credor e a
perda do devedor das importâncias até então
pagas." (RT 83/401)

Idênticos julgados corroboram ao descrito supra, tais


como os publicados nas RTJ's 72/87, 74/449, dispondo, em
suma, que em havendo cláusula resolutória expressa, o
promitente vendedor pode propor ação de reintegração de posse
em conjunto ou separadamente da Ordinária.

Nesta mesma linha de inteligência é o acórdão do STF


publicado na RT 483/215, que julga:

"Possessória - Reintegração de Posse -


Desnecessidade de prévia ação para
reconhecimento judicial da rescisão de
promessa de compra e venda - Contrato com
cláusula resolutória expressa ..."

Mas por uma questão de cautela e economia processual, a


Requerente cumula esses 02 (dois)pedidos para que a Justiça
não se veja impedida de pronunciar sobre a rescisão.

O artigo 926 do Código de Processo Civil prescreve: "O


possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de
turbação e reintegração no de esbulho."

Portanto, diante de o inadimplemento do compromissário


comprador é direito de o promitente vendedor reintegre-se,
liminarmente, na posse do imóvel.

III – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, é a presente para requerer:

a) A Concessão dos requerentes dos benefícios da


Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da fundamentação;

b) A prerrogativa de intimação pessoal ao Defensor


Público, mediante remessa dos autos com vista, bem como a
contagem em dobro de todos os prazos, nos termos do art. 44,
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I da Lei Complementar Federal n. 80/94 e art. 98, inc. I da


Lei Complementar Estadual n. 86/2014;

c) estando bem demonstrado, anteriormente, o "periculum


in mora" e do "fumus boni juris", requer a expedição de
mandado liminar de reintegração de posse, independentemente
de audiência de justificação prévia, reintegrando-se a
Requerente, "in limine" na posse do imóvel;

d) a citação do Requerido através de edital, por se


encontrar em lugar incerto e não sabido, para contestar a
presente, querendo, sob pena de revelia, julgando, a final,
totalmente procedente esta ação, decretando Vossa Excelência
a Resolução do Contrato celebrado entre a Requerente e o
Requerido, dando à Requerente plenos direitos sobre o imóvel,
perdendo o Requerido, em favor da Requerente tudo que lhe
haja pago por conta do preço e encargos, revertendo-se à
Requerente todos os direitos sobre o imóvel a título de
perdas e danos;

e) a condenação, ainda, do Requerido no pagamento das


perdas e danos, no valor a ser apurado em liquidação de
sentença, bem como no pagamento das custas e honorários
advocatícios arbitrados em 20% (vinte por cento) do valor
dado à causa, devidamente corrigido, em valor da Fundo da
Defensoria Pública do Estado do Amapá;

f) a concessão ao Oficial de Justiça das prerrogativas


contidas nos parágrafos 1º e 2º do artigo 172 do CPC.

Protesta provar o alegado, por todos os meios de provas


admitidas em direito, especialmente documental, depoimento
pessoal dos requerentes e documentos;

Dá-se à causa o valor de R$ 75.000,00 (setenta e cinco9


mil reais).

Nestes termos,

Aguarda deferimento.

Calçoene – AP, 04 de Julho de 2017.

LINDOVAL SANTOS DO ROSÁRIO


Defensor Público
OAB/AP Nº 1622
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