Você está na página 1de 10

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

MAS
Nº 70061585501 (N° CNJ: 0351113-22.2014.8.21.7000)
2014/CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRATOS


AGRÁRIOS. ARRENDAMENTO RURAL. DIREITO
DE RETENÇÃO POR BENFEITORIAS ENQUANTO
NÃO INDENIZADAS.
TUTELA ANTECIPATÓRIA POSTULADA PELO RÉU
DEPOIS DE ESCOADO O PRAZO DE RESPOSTA
VISANDO IMEDIATA REINTEGRAÇÃO DE POSSE
NA GLEBA RURAL OBJETO MEDIATO DO
CONTRATO DE ARRENDAMENTO QUE
DESBORDA DOS LIMITES OBJETIVOS DA LIDE.
AUSÊNCIA DE RECONVENÇÃO. A AÇÃO PRÓPRIA
PARA A RETOMADA DO IMÓVEL RURAL, FINDO O
PRAZO ESTIPULADO NO CONTRATO DE
ARRENDAMENTO É A DE DESPEJO, SEGUNDO A
LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA.
DIREITO À INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS
INCONTROVERSO. DISCUSSÃO QUANTO AO
VALOR. DEPÓSITO EM JUÍZO DO MONTANTE QUE
O RÉU CONSIDERA INCONTROVERSO EM CONTA
BANCÁRIA VINCULADA AO PROCESSO.
INVIABILIDADE DE IMEDIATO LEVANTAMENTO.
NECESSIDADE DE APURAÇÃO DO VALOR DAS
BENFEITORIAS POR PERÍCIA JUDICIAL.
NECESSIDADE DE O DESPEJO SER POSTULADO
EM AÇÃO PRÓPRIA.
RECURSO PROVIDO LIMINARMENTE, COM
FULCRO NO ARTIGO 557, §1º-A, DO CPC.

AGRAVO DE INSTRUMENTO NONA CÂMARA CÍVEL

Nº 70061585501 (N° CNJ: 0351113- COMARCA DE CACHOEIRA DO SUL


22.2014.8.21.7000)

FLAVIO ANTONIO SCHAFER AGRAVANTE

CLEO LOPES FISCHER AGRAVADO

DECISÃO MONOCRÁTICA
Vistos.
1 – FLÁVIO ANTONIO SCHAFER agrava de instrumento da
decisão proferida nos autos de “ação ordinária renovatória de contrato de
1
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

MAS
Nº 70061585501 (N° CNJ: 0351113-22.2014.8.21.7000)
2014/CÍVEL

arrendamento rural cumulado com retenção de benfeitorias, manutenção de


posse” que propôs contra CLEO LOPES FISCHER, assim vazada, “verbis”:
“(...).
Procede a pretensão do requerido para a retomada do
imóvel. Nos autos, restou demonstrada a prévia
notificação do arrendatário em 03/04/2013 para a não
renovação do contrato agrário, conforme Estatuto da
Terra (fl. 67). No curso do processo, após a
contestação, sobreveio o termo final de vigência do
contrato em 30/05/2014 (fl. 09). Além disso, conforme
se depreende de manifestação do próprio autor (fl. 72),
não houve o depósito do arrendamento conforme
pactuado.
Diante da natureza dúplice da demanda e do
implemento do termo final do contrato, aliado a
manifestação inequívoca do requerido em não
continuar com o pactuado, é possível deferir o pedido
das fls. 75-6, dadas as peculiaridades do caso
concreto. Diante disso, defiro o pedido do requerido
para reintegrá-lo na posse do bem, determinando a
desocupação do imóvel por parte do autor.
Por outro lado, o autorizo o depósito judicial do valor
incontroverso das benfeitorias objeto da demanda, no
montante de R$ 194.000,00 (cento e noventa e quatro
mil reais), conforme postulado pelo demandado no
item "a" da fl. 50.
Após efetuado o depósito, deverá o oficial de justiça
cumprir a ordem de reintegração de posse e vistoriar o
local e avaliar as benfeitorias de valores controveros,
consistentes no Galpão e Prédio Residencial,
fornecendo-se cópias ao oficial de justiça dos
memorias descritivos apresentados pelas partes (fls.
73-4 e fls. Anteriores a esse despacho) para fins de
cumprimento da medida.
Intime-se para depositar. Após, expeçam-se
mandados de reintegração de posse em favor do
requerido e de verificação, avaliação e descrição, nos
termos desse despacho.
(...).”

Em razões recursais, o agravante sustenta que o fato de o réu


reconhecer o seu direito à indenização por benfeitorias não autoriza seja
2
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

MAS
Nº 70061585501 (N° CNJ: 0351113-22.2014.8.21.7000)
2014/CÍVEL

compelido de imediato à desocupação do imóvel rural arrendado, porquanto


controverte-se na lide quanto ao valor das benfeitorias indenizáveis. Alega
que deve permanecer na posse do imóvel rural arrendado, porquanto não
houve efetiva indenização das benfeitorias. Requer o provimento do recurso
para que lhe seja assegurado o direito de retenção enquanto não paga a
indenização pelas benfeitorias, revogando-se a ordem de reintegração de
posse emitida em prol do réu, ou, alternativamente, concedendo-se o prazo
de quarenta (40) dias para desocupação parcial do imóvel, “em especial da
sede e de pequenas glebas em que há semoventes” (sic). Pugna pela
concessão de efeito suspensivo ao recurso aviado.
É o sucinto relatório.

2 - O agravo de instrumento merece provimento de plano, com


fulcro no §1º-A do artigo 557 do Código de Processo Civil.
Cuida-se de ação de conhecimento em cuja inicial formulou-se
pedido nestes termos, “verbis”: “Posto isso, requer: (...) c) a procedência da
ação, para declarar renovado o contrato de arrendamento rural, em iguais
condições e prazo, com a manutenção na posse do imóvel objeto da avença, ou,
alternativamente, reconhecido o direito de retenção das benfeitorias em vista do
término, em tese, da relação contratual” (fl. 22 dos traslados).

O autor requereu fosse mantido na posse do imóvel arrendado


como consectário do alegado direito à renovação da avença.
A causa de pedir apontada na inicial desta demanda não
envolve alegação de esbulho ou turbação possessória.
O término do prazo estipulado no contrato de
arrendamento rural celebrado entre as partes autoriza o arrendador –
no caso, o ora agravado – a propor a ação de despejo visando retomar
a posse da gleba rural arrendada, como prevê a legislação que regula

3
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

MAS
Nº 70061585501 (N° CNJ: 0351113-22.2014.8.21.7000)
2014/CÍVEL

os contratos agrários, que tem o escopo maior de assegurar a proteção de


quem explora a terra.
Entretanto, a espécie não versa ação de despejo de imóvel
rural e, outrossim, na réplica houve expressa desistência do pedido de
renovação contratual do arrendamento (fl. 69 dos autos principais; fl. 107
dos traslados).
Assim, diversamente do que consignou a decisão
objurgada, está-se diante de ação de conhecimento que deve observar
o rito ordinário, porquanto não se trata de lide possessória e tampouco
a demanda intentada ostenta caráter dúplice. E a prova pericial
requerida por ambas as partes litigantes é que vai elucidar o ponto
controvertido respeitante ao real valor das benfeitorias úteis e
necessárias realizadas no imóvel objeto mediato da lide.
Contestando a ação, o demandado sustentou ter notificado o
autor com vistas à retomada da gleba arrendada com mais de seis meses de
antecedência do prazo previsto para o término da avença. Aduz que em
nenhum momento negou-se a indenizar as benfeitorias. Requereu a
improcedência da ação, acaso repelida a prefacial de falta de legítimo
interesse processual que suscitou nessa peça.
O réu CLÉO LOPES FISCHER não apresentou reconvenção
(fls. 96-101 dos traslados), nada autorizando, destarte, seja-lhe deferida
a imediata reintegração na posse do imóvel arrendado, sobre o qual há
inúmeras benfeitorias, dentre elas uma casa de alvenaria com 132,00
m2, como se infere do próprio laudo de avaliação unilateral que
apresentou.
Ressalte-se que ao replicar o autor desistiu do pedido de
renovação do contrato agrário, porém reiterou o pedido de retenção do
imóvel pelas benfeitorias que realizou na gleba (fls. 107/108).

4
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

MAS
Nº 70061585501 (N° CNJ: 0351113-22.2014.8.21.7000)
2014/CÍVEL

Instadas as partes a especificarem provas a produzir no feito, o


demandante requereu tutela antecipatória para assegurar-lhe a manutenção
na posse no imóvel rural objeto do arrendamento e a realização de prova
pericial para aferir o valor das benfeitorias (fl. 111), acostando aos autos
memorial descritivo que as avaliou em R$ 415.000,00 (fls. 112-113).
Por sua vez, o réu peticionou requerendo seja o autor
compelido a “desocupar a área imediatamente, sob pena de multa diária,
bem como responsabilização por perdas e danos”. Requereu autorização
para depositar o valor incontroverso das benfeitorias e a nomeação de perito
“para avaliar o galpão e o prédio residencial”. Impugnou o memorial
descritivo carreado aos autos pelo autor, alegando que o valor das
benfeitorias corresponde a R$ 194.000,00. Enfatizou que o contrato de
arrendamento rural celebrado entre as partes encerrou-se durante o trâmite
do feito. Em vista disso requereu “autorização para depósito de valores
correspondentes ao valor incontroverso das benfeitorias (R$ 194.000,00), mediante
ordem judicial para o Requerente desocupar o imóvel no prazo de 3 (três) dias,
tendo em vista que o direito a indenização por benfeitorias independe da
manutenção de posse. Valores que deverão ficar depositados em conta vinculada
ao processo, devendo ser liberados somente em caso de aceitação e quitação das
benfeitorias por parte do Requerente”. Alternativamente, acaso indeferida a
desocupação do imóvel, postulou seja o réu compelido a retirar-se do
restante do imóvel, permanecendo “somente na posse das benfeitorias” (fls.
116-118).
Sobreveio a interlocutória invectivada, dando ensejo à
interposição do presente agravo de instrumento.
Prospera a inconformidade.
Ao requerer a imediata desocupação do imóvel rural
arrendado, em realidade o réu formulou requerimento de antecipação dos
efeitos da tutela em seu favor.
5
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

MAS
Nº 70061585501 (N° CNJ: 0351113-22.2014.8.21.7000)
2014/CÍVEL

Sobre a tutela antecipatória requerida pelo réu anota em sede


doutrinária LUIZ GUILHERME MARINONI (“in” A Antecipação da Tutela, 3ª
ed. rev. e ampl., Ed. Malheiros, SP, 1997, p. 174):
“O réu, na contestação, de lado as hipóteses
excepcionais de ações dúplices, não formula
pedido. Entretanto, o réu, ao solicitar a rejeição do
pedido formulado pelo autor, requer tutela
jurisdicional. O réu, na contestação, requer tutela
jurisdicional de conteúdo declaratório.
Se o autor pode requerer a tutela antecipatória na
pendência da ação declaratória que objetiva declarar a
legitimidade de um ato, o réu também poderá, em
tese, solicitar a tutela antecipatória na ação
declaratória de ilegitimidade de ato se, em face do
caso concreto, estiverem presentes circunstâncias que
façam crer que o autor praticará atos que impedirão o
réu de praticar o ato que supõe legítimo. A tutela
inibirá o autor de praticar os atos que poderiam
impedir o réu de praticar o ato que, em caso de
improcedência, será declarado legítimo.”

Entretanto, o requerimento de tutela antecipatória formulado


pelo réu neste processo – que não tem cunho possessório, ora o reitero -
desborda dos limites objetivos da demanda, porquanto o thema
decidendum diz respeito exclusivamente à existência ou não do direito do
autor à retenção por benfeitoriais enquanto não lhe forem indenizadas.
Eventual improcedência da ação não implicará a imediata
retomada do imóvel pelo réu, porquanto a ação não é de despejo.
Como já antes enfatizado, o demandado deixou de reconvir.
Somente pleiteou a imediata desocupação do imóvel rural pelo autor
quando instado a indicar provas a produzir, ou seja, depois de
ultrapassado o prazo de resposta.
Ademais disso, o demandado sequer poderia requerer a
desocupação do imóvel ou a imediata reintegração na posse em sede de
reconvenção, pois a extinção do contrato agrário pelo término do prazo

6
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

MAS
Nº 70061585501 (N° CNJ: 0351113-22.2014.8.21.7000)
2014/CÍVEL

nele estipulado pelos contratantes constitui fato novo que sobreveio


depois de decorrido o prazo de resposta.
Alegando o réu que notificou o demandante dando-lhe ciência
do seu desinteresse na renovação da avença e que decorreu o prazo de
vigência previsto no instrumento negocial, deve vindicar seus direitos
mediante ação autônoma (a ação de despejo prevista na legislação de
regência da matéria).
Portanto, se nem mesmo na hipótese de eventual sentença de
procedência desta ação o demandado logrará obter a desocupação da gleba
rural objeto do contrato de arrendamento, não há como deferir-lhe a imediata
reintegração na posse da área arrendada em sede de tutela antecipatória.
Não se pode antecipar o que não será decidido na sentença
final de mérito.
A outro turno, o réu somente poderá retomar o imóvel após
indenizar integralmente a contraparte pelo valor correspondente ao total das
benfeitorias que esta realizou.
Preceitua o artigo 95, inciso VIII, do Estatuto da Terra:
“Art. 95. Quanto ao arrendamento rural, observar-se-
ão os seguintes princípios:
(...).
VIII - o arrendatário, ao termo do contrato, tem direito à
indenização das benfeitorias necessárias e úteis; será
indenizado das benfeitorias voluptuárias quando
autorizadas pelo proprietário do solo; e, enquanto o
arrendatário não for indenizado das benfeitorias
necessárias e úteis, poderá permanecer no imóvel,
no uso e gozo das vantagens por ele oferecidas,
nos termos do contrato de arrendamento e das
disposições do inciso I deste artigo; (Redação dada
pela Lei nº 11.443, de 2007).”

Dispõem os artigos 13 e 25 do Decreto nº 59.566/66:


“Art 13. Nos contratos agrários, qualquer que seja a
sua forma, constarão obrigatoriamente, clausulas que
7
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

MAS
Nº 70061585501 (N° CNJ: 0351113-22.2014.8.21.7000)
2014/CÍVEL

assegurem a conservação dos recursos naturais e a


proteção social e econômica dos arrenda tários e dos
parceiros-outorgados a saber (Art. 13, incisos III e V
da Lei nº 4.947-66);
(...).
VI - Direito e formas de indenização quanto às
benfeitorias realizadas, ajustadas no contrato de
arrendamento; e, direitos e obrigações quanto às
benfeitorias realizadas, com consentimento do
parceiro-outorgante, e quanto aos danos substanciais
causados pelo parceiro-outorgado por práticas
predatórias na área de exploração ou nas benfeitorias,
instalações e equipamentos especiais, veículos,
máquinas, implementos ou ferramentas a êle cedidos
(art. 95, inciso XI, letra " c " e art.96, inciso V, letra " e "
do Estatuto da Terra);”

“Art 25. O arrendatário, no término do contrato, terá


direito á indenização das benfeitorias necessárias e
úteis. Quanto às voluptuárias, somente será
indenizado se sua construção fôr expressamente
autorizada pelo arrendador (art. 95, VIII, do Estatuto
da Terra e 516 do Cód. Civil).
§ 1º Enquanto o arrendatário não fôr indenizado
das benfeitorias necessárias e úteis, poderá reter o
imóvel em seu poder, no uso e gôzo das vantagens
por êle oferecidas, nos têrmos do contrato de
arrendamento (arts. 95, VIII do Estatuto da Terra e
516 do Código Civil).
§ 2º Quando as benfeitorias necessárias ou úteis
forem feitas às expensas do arrendador dando lugar a
aumento nos rendimentos da gleba, terá êle direito a
uma elevação proporcional da renda, e não serão
indenizáveis ao fim do contrato, salvo estipulação em
contrário.”

No caso concreto, o direito do demandante à indenização pelas


benfeitorias realizadas no imóvel arrendado é incontroverso, consoante
deflui dos termos da contestação ofertada no feito, travando-se discussão
exclusivamente sobre o real valor dessas benfeitorias.

8
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

MAS
Nº 70061585501 (N° CNJ: 0351113-22.2014.8.21.7000)
2014/CÍVEL

O memorial descritivo elaborado por Engenheiro Civil filiado ao


CREA que o autor aportou nos autos aponta como valor global das
benfeitorias indenizáveis R$ 415.000,00 (fls. 112-113 dos traslados), ao
passo que o laudo técnico, também elaborado unilateralmente por
solicitação do réu apurou o montante de R$ 194.000,00 (fls. 119-120 dos
traslados).
Ambos são valores unilaterais, porquanto não resultam de
estimativa feita por perito judicial.
O demandado requereu a imediata desocupação do imóvel
rural e depositou o valor que considera incontroverso, porém pugnou seja
ele mantido em conta vinculada ao processo, devendo ser liberado à
contraparte somente acaso esta vier a aceitá-lo e der quitação das
benfeitorias (fl. 117 dos traslados).
Nesse contexto, o autor sequer pode levantar o valor
incontroverso depositado à guisa de indenização das benfeitorias realizadas
na gleba rural em questão.
Outrossim, a instrução processual está prestes a se iniciar,
tendo ambas as partes litigantes requerido expressamente a realização de
prova pericial para apurar o real valor das benfeitorias indenizáveis.
Desse modo, no atual estágio de tramitação do feito, nada
autoriza seja deferida a imediata reintegração do réu na posse da gleba
arrendada, o que conduz à reforma da interlocutória objurgada.
O montante depositado pelo réu corresponde a uma estimativa
unilateral do valor das benfeitorias a indenizar e não conta com a anuência
do autor.
Por outro lado, se ambas as partes requereram a realização de
perícia para avaliá-las adequadamente, não parece razoável que dita
avaliação seja efetuada por Oficial de Justiça, porquanto não possui

9
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

MAS
Nº 70061585501 (N° CNJ: 0351113-22.2014.8.21.7000)
2014/CÍVEL

habilitação e capacitação técnica especializada para desempenhar tal


mister.

3 – Do exposto, com fulcro no artigo 557, §1º-A, do Código de


Processo Civil, dou provimento ao recurso, liminarmente, para reformar
integralmente a decisão agravada.
Comunique-se o juízo “a quo”, com urgência.
Intimem-se.
Porto Alegre, 19 de setembro de 2014.

DES. MIGUEL ÂNGELO DA SILVA,


Relator.

10

Você também pode gostar