Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Registro: 2021.0000786424
ACÓRDÃO
L. G. COSTA WAGNER
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Voto nº 13.861
Apelação nº 1007906-02.2021.8.26.0224
Apelante: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelado: CONJUNTO RESIDENCIAL EMILIO RIBAS
Comarca: Guarulhos (2ª Vara da Fazenda Pública)
I Relatório
Trata-se de recurso de apelação interposto contra a sentença de fls.
120/121, que julgou improcedentes os embargos à execução opostos pela Fazenda
Pública do Estado de São Paulo (substituta processual do extinto IPESP Instituto
de Previdência do Estado de São Paulo) nos autos da execução de título extrajudicial
promovida pelo Condomínio Residencial Emilio Ribas.
Irresignada, recorreu a executada/embargante, ora Apelante, requerendo
a reforma da sentença, insistindo na tese de ilegitimidade passiva sob o argumento de
que a responsabilidade pelo pagamento das cotas condominiais seria dos
compromissários compradores, já que o Apelante, com recursos do Sistema
Financeiro de Habitação SFH, teria financiado o imóvel gerador das cotas
condominiais em favor de Luciano da Conceição Alcântara e sua mulher, Rody
Borba Arão Alcântara.
II Fundamentação
O recurso de apelação interposto não comporta provimento.
A matéria não é nova nesta Colenda 34ª Câmara de Direito Privado, que
assim tem decidido em casos análogos ao presente:
“Despesas condominiais. Ação de cobrança proposta contra o
proprietário, tal como consta na matrícula do Cartório de Registro de
Imóveis. Possibilidade. Compromisso particular de promessa de venda e
compra não registrado que não impõe a declaração de ilegitimidade
passiva. Legitimidade concorrente, tanto do promitente vendedor
quanto do comprador, os quais poderão agir regressivamente para
fazer valer as cláusulas do contrato. Aplicação do Recurso Especial
Repetitivo nº 1.345.331/RS. Cobrança de despesas condominiais sob a
égide do atual Código Civil. Prescrição quinquenal. Aplicação da
disposição contida no art. 206, § 5º, inciso I, do CC. Precedentes.
Recursos improvidos. (TJSP Apelação n. 1061326-81.2013.8.26.0100,
Rel. Des. Gomes Varjão, j. 18/12/2017) (destacamos e grifamos)
Assim sendo, por qualquer ângulo que se analise a questão, não há como
se afastar a responsabilidade da Apelante pelos débitos condominiais cobrados na
presente demanda, seja porque não há nos autos qualquer prova de que efetivamente
vendeu o imóvel sobre o qual recaem os débitos condominiais, seja pela aplicação da
teoria dualista, que prevê a legitimidade concorrente da Apelante em razão da
natureza propter rem da obrigação, ressalvando-se o seu direito de regresso em face
de quem eventualmente ocupe ou tenha ocupado o imóvel gerador das despesas no
período objeto da cobrança.
Note-se, por fim, que a Apelante não impugnou os valores cobrados de
forma específica, como seria de rigor, sendo certo que os documentos juntados pelo
condomínio Apelado revelam-se suficientes para amparar a ação executiva intentada,
já que comprovam a existência do débito e do seu inadimplemento.
III Conclusão
L. G. Costa Wagner
Relator