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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2021.0000786424

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº


1007906-02.2021.8.26.0224, da Comarca de Guarulhos, em que é apelante
FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO, é apelado CONDOMINIO
RESIDENCIAL EMILIO RIBAS.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 34ª Câmara de Direito


Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram
provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra
este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores CRISTINA


ZUCCHI (Presidente) E GOMES VARJÃO.

São Paulo, 27 de setembro de 2021.

L. G. COSTA WAGNER
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
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Voto nº 13.861
Apelação nº 1007906-02.2021.8.26.0224
Apelante: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelado: CONJUNTO RESIDENCIAL EMILIO RIBAS
Comarca: Guarulhos (2ª Vara da Fazenda Pública)

Apelação. Embargos à execução. Título executivo


extrajudicial. Despesas condominiais. Sentença de
improcedência dos embargos. Irresignação da
executada/embargante que não se sustenta. Alegação de
ilegitimidade passiva afastada. Apelante que adjudicou o
imóvel sobre o qual recaem os débitos condominiais,
figurando no registro imobiliário como legítima proprietária
do bem. Teoria da dualidade do vínculo obrigacional, para
reconhecer a legitimidade concorrente do proprietário e do
possuidor para responder pelo débito condominial, dada a
natureza “propter rem” da obrigação e o interesse da
coletividade. Critério adotado pelo STJ no julgamento do
REsp 1.442.840/PR ao interpretar a tese firmado no recurso
repetitivo REsp 1.345.331/RS. Legitimidade passiva da
Apelante para responder pelos débitos condominiais
reconhecida, ressalvando-se o seu direito de regresso em
face de quem eventualmente ocupe ou tenha ocupado o
imóvel gerador das despesas no período objeto da cobrança.
Sentença mantida. Honorários majorados. RECURSO
DESPROVIDO.

I Relatório
Trata-se de recurso de apelação interposto contra a sentença de fls.
120/121, que julgou improcedentes os embargos à execução opostos pela Fazenda
Pública do Estado de São Paulo (substituta processual do extinto IPESP Instituto
de Previdência do Estado de São Paulo) nos autos da execução de título extrajudicial
promovida pelo Condomínio Residencial Emilio Ribas.
Irresignada, recorreu a executada/embargante, ora Apelante, requerendo
a reforma da sentença, insistindo na tese de ilegitimidade passiva sob o argumento de
que a responsabilidade pelo pagamento das cotas condominiais seria dos
compromissários compradores, já que o Apelante, com recursos do Sistema
Financeiro de Habitação SFH, teria financiado o imóvel gerador das cotas
condominiais em favor de Luciano da Conceição Alcântara e sua mulher, Rody
Borba Arão Alcântara.

Apelação Cível nº 1007906-02.2021.8.26.0224 -Voto nº 13861 2


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Alegou que os promitentes compradores são os verdadeiros possuidores e


usuários do imóvel em questão, razão pela qual, devem ser responsabilizados pelos
débitos condominiais, já que segundo o entendimento contido no REsp 1345331,
julgado no regime dos recursos repetitivos (tema 886), o que define a
responsabilização pelo pagamento da dívida condominial é a imissão na posse do
promitente comprador.

Sob tais fundamentos, pugnou a Apelante pelo provimento do recurso


interposto, com a consequente reforma da sentença.
Recurso tempestivo e isento de preparo, nos termos do artigo 1.007, § 1º,
do Código de Processo Civil.
O condomínio Apelado apresentou contrarrazões, pugnando pela
manutenção da sentença.
É a síntese do necessário.

II Fundamentação
O recurso de apelação interposto não comporta provimento.

Adoto o relatório da sentença:


“Vistos.
CONDOMÍNIO RESIDENCIAL EMILIO RIBAS ajuíza ação para
execução de título extrajudicial em face de IPESP INSTITUTO DE
PREVIDÊNCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Narra a parte autora
que O exequente é credor do executado referente às contribuições
condominiais ordinárias e extraordinárias vencidas em 05/07/2018 a
08/02/2021, mais cotas de acordo inadimplido do período de 20/06/2018
a 20/02/2019. Requer, na forma do art. 829 do NCPC, seja o executado
citado para, em três dias, efetuar o pagamento total da dívida, no valor de
r$ 15.947,03 sob pena de, não o fazendo, ter de imediato sua conta
bancária penhorada para satisfação do crédito. Subsidiariamente, sendo
infrutífera a penhora em conta bancária e não sendo encontrado o
executado, requer de imediato a penhora do imóvel de sua propriedade,
na qual recaem os créditos condominiais, na forma do art. 830 do CPC.
Recebida a petição de fls. 63/67 e documentos de fls. 65/67, como
emenda parcial à inicial (fl. 78).
Citado o IPESP, o Estado de São Paulo apresentou impugnação à
execução. Alega que o IPESP é ilegítimo para configurar no polo passivo
eis que extinto. Alega, ainda, que o imóvel do qual decorrem as despesas
condominiais objetos desta ação, foi vendido e que cabe ao promitente
comprador realizar o pagamento das dívidas pretéritas atuais e futuras.
Réplica (fls. 116/117).
O autor e o réu informaram não ter provas a produzir (118/119).
É o relatório”.
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A sentença mostra-se irretocável e deve ser mantida por seus próprios


fundamentos.

Com efeito, não obstante a insurgência recursal, não há fundamento para


alterar as razões de decidir do MM. Juízo sentenciante, que analisou detidamente
todo o conjunto probatório dos autos, conferindo a adequada e correta solução para o
caso em tela.

As alegações contidas em sede recursal são, na verdade, mera repetição


das teses apresentadas pela Apelante na peça inaugural, as quais foram amplamente
superadas pela decisão de primeiro grau.

De fato, como bem reconheceu o MM. Juízo sentenciante, deve a


Apelante responder pelos débitos condominiais cobrados na presente demanda.

Isto, porque, conforme demonstram os documentos carreados às fls.


13/18 e às fls. 49/56, o IPESP Instituto de Previdência do Estado de São Paulo
figura no registro imobiliário como legítimo proprietário do imóvel sobre o qual
recaem os débitos condominiais, eis que adjudicou o referido bem conforme consta
do R.16 na matrícula nº 34.652 do 2º Cartório de Registro de Imóveis de Guarulhos
(fls. 54), sendo certo que não trouxe aos autos qualquer prova documental de que
compromissou à venda o imóvel em questão após a adjudicação devidamente
registrada no álbum imobiliário.

A sentença foi bastante precisa na análise dessa questão, destacando-se a


seguinte passagem:
“Quanto a alegação do réu de que o imóvel teria sido vendido e que
caberia ao promitente comprador arcar com os débitos, cumpre esclarecer
que ainda que o adquirente da unidade condominial responda pelos
débitos condominiais anteriores à aquisição do imóvel (art. 1.345 do
Código Civil), o réu não apresentou contrato de venda e compra ou de
promessa de venda e compra, ou de escritura pública de venda e compra,
sendo assim, não há que se falar em ilegitimidade passiva. Frise-se que
não se trata de exigência de averbação ou prenotação do suposto contrato,
ocorre que o réu não apresentou qualquer documentação que comprove o
alegado, sendo certo que detém meios para fazê-lo, bem como
conhecimento de sua obrigação legal de provar o alegado. Sendo assim, a
propriedade do imóvel é da IPESP. A responsabilidade pelas cotas
condominiais só passa para o promitente comprador com a partir da
imissão na posse. O embargante não provou a suposta venda, tanto menos
a imissão na posse pelos eventuais promitentes compradores, que sequer
foram indicados.”

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Ainda que se tivesse comprovado a suposta venda do imóvel sobre o qual


recaem os débitos condominiais, anoto que, como é cediço, as despesas de
condomínio constituem obrigação propter rem, que vincula a dívida à unidade
condominial, de modo que o condomínio pode optar pelo ajuizamento da ação de
cobrança contra o proprietário, o compromissário comprador, ou o possuidor, ou
contra ambos, por se tratar de litisconsórcio facultativo.

A matéria não é nova nesta Colenda 34ª Câmara de Direito Privado, que
assim tem decidido em casos análogos ao presente:
“Despesas condominiais. Ação de cobrança proposta contra o
proprietário, tal como consta na matrícula do Cartório de Registro de
Imóveis. Possibilidade. Compromisso particular de promessa de venda e
compra não registrado que não impõe a declaração de ilegitimidade
passiva. Legitimidade concorrente, tanto do promitente vendedor
quanto do comprador, os quais poderão agir regressivamente para
fazer valer as cláusulas do contrato. Aplicação do Recurso Especial
Repetitivo nº 1.345.331/RS. Cobrança de despesas condominiais sob a
égide do atual Código Civil. Prescrição quinquenal. Aplicação da
disposição contida no art. 206, § 5º, inciso I, do CC. Precedentes.
Recursos improvidos. (TJSP Apelação n. 1061326-81.2013.8.26.0100,
Rel. Des. Gomes Varjão, j. 18/12/2017) (destacamos e grifamos)

“CIVIL - EMBARGOS DE TERCEIRO - AÇÃO DE COBRANÇA


DESPESAS DE CONDOMÍNIO - PENHORA INCIDENTE SOBRE
BEM IMÓVEL - Ação de cobrança ajuizada contra proprietária do
imóvel - Unidade condominial alienada a terceiros (escritura de compra e
venda não levada a registro) -Insurgência contra a penhora da vaga de
garagem porque a responsabilidade pelo débito é da empresa vendedora,
e não dos atuais proprietários do bem - As despesas de condomínio
constituem obrigação 'propter rem', que vinculam a dívida à unidade
condominial, de modo que o condomínio pode optar pelo ajuizamento
da ação de cobrança contra o proprietário, o compromissário
comprador, ou o possuidor, ou contra todos, por se tratar de
litisconsórcio facultativo - Regularidade da penhora - Precedentes do
Col. STJ e deste Tribunal - Embargantes, ademais que são responsáveis
por parte do inadimplemento, considerando a data da imissão na posse -
Litigância de má-fé não configurada - Sentença mantida - Recurso
desprovido.” (TJSP Apelação n. 1007567-34.2014.8.26.0565, Rel. Des.
Carlos Von Adamek, j. 21/11/2017) (destacamos e grifamos)

Cumpre observar, ainda, que o condomínio Apelado aguarda há mais de


3 (três) anos pela satisfação de seu crédito, devendo, in casu, prevalecer o interesse
da coletividade de receber os recursos necessários para o pagamento de despesas
indispensáveis e inadiáveis.

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Na esteira deste raciocínio já decidiu o Egrégio Superior Tribunal de


Justiça:
“CONDOMÍNIO. Despesas. Ação de cobrança. Legitimidade passiva. A
ação de cobrança de quotas condominiais pode ser proposta tanto
contra o proprietário como contra o promissário comprador, pois o
interesse prevalente é o da coletividade de receber os recursos para o
pagamento de despesas indispensáveis e inadiáveis, podendo o credor
escolher, - entre aqueles que tenham uma relação jurídica vinculada
ao imóvel (proprietário, possuidor, promissário comprador, etc.) - o
que mais prontamente poderá cumprir com a obrigação, ressalvado a
este o direito regressivo contra quem entenda responsável. - Ação
promovida contra o proprietário. Recurso conhecido, mas improvido.”
(REsp 194481/SP, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR,
QUARTA TURMA, julgado em 04/02/1999, DJ 22/03/1999) (grifos e
destaques nossos)

Tal entendimento foi mais recentemente corroborado pela Corte Superior


no julgamento do REsp 1.442.840/PR, de relatoria do Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, que, ao interpretar o Recurso Especial Repetitivo nº 1.345.331/RS,
houve por bem aplicar a teoria da dualidade do vínculo obrigacional, para reconhecer
a legitimidade concorrente do proprietário e do possuidor para responder pelo débito
condominial, data a natureza propter rem da obrigação e o interesse da coletividade.
Senão, vejamos:

“RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PROMESSA


DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. DÉBITOS CONDOMINIAIS
POSTERIORES À IMISSÃO NA POSSE. RESPONSABILIDADE DO
VENDEDOR E DO COMPRADOR. IMPUTAÇÃO DO DÉBITO AO
COMPRADOR. CARÁTER 'PROPTER REM' DA OBRIGAÇÃO.
INTERPRETAÇÃO DO RESP 1.345.331/RS, JULGADO PELO ART.
543- C DO CPC. 1. Controvérsia acerca da responsabilidade do
promitente vendedor (proprietário) pelo pagamento de despesas
condominiais geradas após a imissão do promitente comprador na posse
do imóvel. 2. Caráter 'propter rem' da obrigação de pagar cotas
condominiais. 3. Distinção entre débito e responsabilidade à luz da teoria
da dualidade do vínculo obrigacional. 4. Responsabilidade do proprietário
(promitente vendedor) pelo pagamento das despesas condominiais, ainda
que posteriores à imissão do promitente comprador na posse do imóvel.
5. Imputação ao promitente comprador dos débitos gerados após a sua
imissão na posse. 6. Legitimidade passiva concorrente do promitente
vendedor e do promitente comprador para a ação de cobrança de débitos
condominiais posteriores à imissão na posse. 7. Preservação da garantia
do condomínio. 8. Interpretação das teses firmadas no REsp
1.345.331/RS, julgado pelo rito do art. 543- C do CPC. 9. RECURSO
ESPECIAL DESPROVIDO”. (REsp 1442840/PR, Rel. Ministro PAULO
DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em
06/08/2015, DJe21/08/2015).

Apelação Cível nº 1007906-02.2021.8.26.0224 -Voto nº 13861 6


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Este Egrégio Tribunal de Justiça, inclusive esta C. 34ª Câmara de Direito


Privado, vêm reiteradamente adotando a referida tese firmada pela Superior
Instância, prestigiando-se, assim, o interesse da coletividade condominial, que deve
se sobrepor ao interesse particular:
“Apelação. Embargos à execução. Título executivo extrajudicial.
Despesas condominiais. Sentença de improcedência. Irresignação do
Embargante/executado que não se sustenta. Apelante que figura no
registro imobiliário como proprietário do imóvel sobre o qual recaem
os débitos condominiais. Possibilidade de aplicação da teoria da
dualidade do vínculo obrigacional, para reconhecer a legitimidade
concorrente do proprietário e do possuidor para responder pelo
débito condominial, dada a natureza "propter rem" da obrigação e o
interesse da coletividade. Critério adotado pelo STJ no julgamento do
REsp 1.442.840/PR ao interpretar a tese firmada no recurso
repetitivo REsp 1.345.331/RS. Legitimidade passiva do Apelante para
responder pelos débitos condominiais reconhecida, ressalvando-se o
seu direito de regresso em face de quem eventualmente tenha a posse
direta do imóvel gerador das despesas no período objeto da cobrança.
Sentença mantida. Honorários majorados. RECURSO DESPROVIDO.”
(TJSP; Apelação Cível 1011387-63.2019.8.26.0152; Relator (a): L. G.
Costa Wagner; Órgão Julgador: 34ª Câmara de Direito Privado; Foro de
Cotia - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 30/04/2021; Data de Registro:
30/04/2021) (destacamos e grifamos)

“DESPESAS DE CONDOMÍNIO. AÇÃO DE COBRANÇA.


CESSÃO DE POSSE E PROMESSA DE COMPRA E VENDA DA
UNIDADE GERADORA DO DÉBITO. TÍTULO NÃO
REGISTRADO. OBRIGAÇÓES CONDOMINIAIS TÊM NAUREZA
PROPTER REM. TESES FIRMADAS PELO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA NO RESP 1.345.331/RS QUE FORAM
OBJETO DE INTERPRETAÇÃO PELA 3ª TURMA DAQUELA
CORTE SUPERIOR NO JULGAMENTO DO RESP Nº
1.442.840/PR, EM QUE RESTOU RECONHECIDA A
"LEGITIMIDADE PASSIVA CONCORRENTE DO PROMITENTE
VENDEDOR E DO PROMITENTE COMPRADOR PARA A AÇÃO
DE COBRANÇA DE DÉBITOS CONDOMINIAIS POSTERIORES
À IMISSÃO NA POSSE". ENTENDIMENTO APLICÁVEL À
HIPÓTESE VERTENTE. LEGITIMIDADE PASSIVA DA
PROPRIETÁRIA RECONHECIDA NA ESPÉCIE, RESSALVADO
SEU DIREITO DE PROMOVER AÇÃO DE REGRESSO EM FACE
DE TERCEIRO. FALTA DE INTERESSE DE AGIR NÃO
VERIFICADA. INADIMPLÊNCIA INCONTROVERSA.
DOCUMENTOS SUFICIENTES PARA AUTORIZAR A COBRANÇA.
SUCUMBÊNCIA INTEGRAL PELA RÉ. SENTENÇA REFORMADA.
Apelação provida.” (TJSP; Apelação Cível 1016125-49.2019.8.26.0361;
Relator (a): Cristina Zucchi; Órgão Julgador: 34ª Câmara de Direito
Privado; Foro de Mogi das Cruzes - 4ª Vara Cível; Data do Julgamento:
19/06/2020; Data de Registro: 19/06/2020) (destacamos e grifamos)

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“APELAÇÃO DESPESAS CONDOMINIAIS EXECUÇÃO


EMBARGOS Alegação de ilegitimidade passiva e inexistência de título
executivo em face da embargante - Cessão de posse e promessa de
compra e venda de imóvel Legitimidade passiva concorrente do
promitente vendedor e promitente comprador para a ação de
execução de débitos condominiais posteriores à imissão na posse
Natureza 'propter rem' da obrigação, corroborada pela teoria
dualista Privilégio do interesse coletivo da comunidade de
condôminos Nova interpretação da matéria pelo C. STJ no Recurso
Especial 1.442.840 - Sentença reformada para julgar improcedentes os
embargos com relação à empresa Hesa 61 e afastar a extinção de
execução com relação a ela, e julgar procedentes os embargos com
relação à empresa Helbor, em razão da sua ilegitimidade passiva -
RECURSO PROVIDO EM PARTE. (TJSP; Apelação Cível
1091948-41.2016.8.26.0100; Relator (a): Luis Fernando Nishi; Órgão
Julgador: 32ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 19ª Vara
Cível; Data do Julgamento: 20/02/2020; Data de Registro: 20/02/2020)
(destacamos e grifamos)

“Apelação Cível. Ação de cobrança de cotas condominiais. Sentença


de improcedência. Apelação do condomínio autor. Obrigação de
caráter propter rem. Responsabilidade do pagamento das cotas
condominiais que se define pela relação de posse ou propriedade da
unidade autônoma . Na hipótese, ademais, inexiste comprovação de
que tenha havido promessa de venda da unidade condominial. O
instrumento contratual trazido aos autos é de uma cessão onerosa da
unidade, de forma precária, por prazo determinado prorrogável até o
falecimento do cessionário, mas sem promessa de venda. As
disposições contratuais estabelecidas no instrumento de cessão
onerosa do imóvel a respeito da responsabilidade pelo pagamento das
cotas condominiais, obrigam as partes envolvidas no ajuste, não o
condomínio que não participou desse negócio. À ré fica resguardado
o direito de regresso em relação à cessionária. Sentença reformada.
Ação julgada procedente. Recurso provido.” (TJSP; Apelação Cível
1016136-78.2019.8.26.0361; Relator (a): Morais Pucci; Órgão Julgador:
35ª Câmara de Direito Privado; Foro de Mogi das Cruzes - 4ª Vara Cível;
Data do Julgamento: 02/10/2020; Data de Registro: 02/10/2020)
(destacamos e grifamos)

“Civil e processual. Condomínio. Ação de cobrança de despesas


condominiais. Sentença de parcial procedência. Pretensão à reforma
manifestada pela ré. Legitimidade passiva ad causam configurada.
Compromisso de compra e venda. CDHU que, na qualidade de
promitente vendedora do imóvel, ainda que comprovada a imissão na
posse do promitente comprador e a ciência do condomínio acerca da
transferência do imóvel a terceiro, mesmo assim tem legitimidade
passiva concorrente para a ação de cobrança de débitos condominiais
posteriores à imissão na posse. Caráter propter rem da obrigação que
sobreleva, conforme entendimento do C. STJ, consagrado no
julgamento do REsp n. 1.442.840/PR, cujo acórdão interpretou o
exarado no REsp n. 1.345.331/RS, submetido ao regime do artigo 543-
C do CPC/1973. Demais teses defensivas igualmente infundadas e

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ausência de impugnação específica com relação aos valores cobrados.


Sentença mantida, com majoração da verba honorária sucumbencial, nos
termos do § 11 do artigo 85 do Código de Processo Civil. RECURSO
DESPROVIDO.” (TJSP; Apelação Cível 1007838-34.2018.8.26.0361;
Relator (a): Mourão Neto; Órgão Julgador: 27ª Câmara de Direito
Privado; Foro de Mogi das Cruzes - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento:
29/04/2019; Data de Registro: 29/04/2019) (destacamos e grifamos)

“Despesas de condomínio. Ação de cobrança. Legitimidade passiva.


Teses firmadas pelo Superior Tribunal de Justiça no REsp
1.345.331/RS que foram objeto de interpretação pela 3ª Turma
daquela Corte Superior no julgamento do REsp nº 1.442.840/PR, em
que restou reconhecida a "legitimidade passiva concorrente do
promitente vendedor e do promitente comprador para a ação de
cobrança de débitos condominiais posteriores à imissão na posse".
Entendimento aplicável à hipótese vertente, notadamente ante a ausência
de prova de que o condomínio tivesse ciência inequívoca da imissão da
cessionária na posse da unidade condominial. Legitimidade passiva da ré
corretamente reconhecida. Demonstração detalhada de todas as despesas
que compõem o montante cobrado. Desnecessidade. Recurso não
provido. Arbitramento de honorários sucumbenciais recursais.” (TJSP;
Apelação Cível 1015776-46.2019.8.26.0361; Relator (a): Cesar Lacerda;
Órgão Julgador: 28ª Câmara de Direito Privado; Foro de Mogi das Cruzes -
2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 12/02/2020; Data de Registro:
12/02/2020) (destacamos e grifamos)

Assim sendo, por qualquer ângulo que se analise a questão, não há como
se afastar a responsabilidade da Apelante pelos débitos condominiais cobrados na
presente demanda, seja porque não há nos autos qualquer prova de que efetivamente
vendeu o imóvel sobre o qual recaem os débitos condominiais, seja pela aplicação da
teoria dualista, que prevê a legitimidade concorrente da Apelante em razão da
natureza propter rem da obrigação, ressalvando-se o seu direito de regresso em face
de quem eventualmente ocupe ou tenha ocupado o imóvel gerador das despesas no
período objeto da cobrança.
Note-se, por fim, que a Apelante não impugnou os valores cobrados de
forma específica, como seria de rigor, sendo certo que os documentos juntados pelo
condomínio Apelado revelam-se suficientes para amparar a ação executiva intentada,
já que comprovam a existência do débito e do seu inadimplemento.

Em resumo, não há razão para a acolhida do pleito recursal, impondo-se a


manutenção da decisão de primeiro grau nos exatos termos em que proferida.

Apelação Cível nº 1007906-02.2021.8.26.0224 -Voto nº 13861 9


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III Conclusão

Ante o exposto, pelo meu voto, conheço e NEGO


PROVIMENTO AO RECURSO, majorando-se os honorários advocatícios devidos
pela Apelante para 15% (quinze por cento) sobre o valor da execução, em
cumprimento ao artigo 85, § 11 do Código de Processo Civil.

L. G. Costa Wagner

Relator

Apelação Cível nº 1007906-02.2021.8.26.0224 -Voto nº 13861 10

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