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AO DOUTO JUIZO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE

SANTA BÁRBARA D’ OESTE/SP.

Processo digital nº 1006341-12.2022.8.26.0533

WILLIAN MARCIO OLIVEIRA, já qualificado nos autos supra da


AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL E DEVOLUÇÃO DE DINHEIRO
C.C TUTELA DE URGÊNCIA que promove em face de FREDERICO
ARANHA DE OLIVEIRA E OUTROS, igualmente qualificado, por
seu advogado constituído, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, ante o r. despacho retro, IMPUGNAR a CONTESTAÇÃO e
documentos de fls. 104/145, nos termos que segue:

DA SÍNTESE FÁTICA

Trata-se de ação de rescisão contratual tendo como objeto um lote


urbano adquirido mediante Contrato de Compra e Venda de Imóvel que
devido ao elevado aumento do IGP-M e da crise financeira ocasionada
pela pandemia da Covid-19, afetou os recursos financeiros do Autor
deixando-o escasso ao ponto de se tornar insuficiente para cumprir com
o contrato pactuado, impossibilitando-o de dar continuidade ao negócio
imobiliário, motivo pelo qual pleiteia a rescisão do contrato e a
devolução dos valores pagos, devidamente corrigidos pelo índice previsto
no instrumento particular.

DO MÉRITO

NÃO APLICAÇÃO DO ARTIGO 32-A DA LEI 6.766/79


Tal Artigo foi inserido pela Lei 13.786/2018 portanto posterior a
contratação, não devendo retroagir ao caso dos autos, e a contrário do
que trouxe o Requerido a retenção de 10% dos valores pagos é pacificada
quando dos contratos que não se encontram sob a vigência da referida
lei.

Apenas para argumentar, se admitíssemos, ao menos por hipótese, a


aplicação da Lei 13.786/2018, seria o mesmo que impedir que o autor
tenha direito à restituição das importâncias pagas, o que é vedado.

Ademais, os artigos 51, incisos II e IV, e 53, caput, da Lei


8.078/90(Código de Defesa do Consumidor) permitem ao promissário
comprador requerer o desfazimento do ajuste e a devolução do que já foi
pago, considerando nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam
nesses contratos obrigações consideradas iníquas, abusivas, que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.

É de rigor, nesse sentido, a devolução imediata dos valores pagos, posto


que inexistem motivos para prorrogar ou parcelar a devolução das
quantias já pagas (Súmula nº 02 deste Tribunal), sendo retido apenas
10% para a requerida, que será suficiente, conforme jurisprudência
colacionada.

COMPROMISSO DE VENDA E COMPRA - Pleito


de rescisão contratual formulado pelo
comprador, por simples conveniência deste -
Pedido cumulativo de devolução dos valores
pagos - Rescisão decretada,com retenção
do percentual de 10% sobre o valor pago -
Apelo exclusivo da alienante - Inconformismo
quanto a não observância das cláusulas 33 e 34,
que preveem, no caso de distrato do adquirente, a
devolução de eventual saldo positivo da
importância paga, deduzida das despesas
previstas nas alíneas “a”a “h”, ou, ao menos sua
adequação ao percentual de retenção de 25% das
parcelas pagas, com incidência de juros de mora
a partir do trânsito em julgado -Descabimento -
Abusividade das estipulações contratuais -
Clara ofensa ao disposto no art. 39, V, do
CDC - Intenção de resilição contratual deste que
encontra guarida nos artigos 6º, V, 51, II, 53 e 54
do citado Codex, e Súmula “1” desta Corte -
Devolução imediata e em parcela única - Súmula
“2” também desta Corte - Juros de mora -
Posicionamento desta E.Câmara fixando como
termo inicial a incidência deste a partir da
prolação da sentença - Apelo provido em parte.
(TJ-SP – APL: 10070211120178260003
SP1007021-11.2017.8.26.0003, Relator: Galdino
Toledo Júnior, Data de Julgamento: 05/02/2019,
9ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 06/02/2019).

Foi justamente por isso, Excelência, para coibir tais abusos contra o
consumidor que o Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo,
reconhecendo ao nerosidade expressiva e abusiva dos contratos
aplicados à Lei 13.786/2018, que fixou entendimento de ser possível a
restituição de 10% dos valores pagos, que serve para compensação de
todas essas taxas e multas, não gerando abusividade.

Logo, é certo que o requerente tem direito à restituição dos valores


pagos, assegurada, neste caso, a retenção de percentual à promitente
vendedora/requerida, de apenas 10% (dez) por cento, admitida segundo
jurisprudência pacífica desta Corte de Justiça, conforme restou
sedimentado nas Súmulas 1, 2 e 3 do Tribunal de Justiça de São Paulo,
da Seção de Direito Privado e também, de acordo com a Súmula n. º 543
do STJ acima descrita.

“Súmula 1: O Compromissário comprador de


imóvel,mesmo inadimplente, pode pedir a
rescisão do contrato e reaver as quantias pagas,
admitida a compensação com gastos próprios de
administração e propaganda feitos pelo
compromissário vendedor,assim como com o
valor que se arbitrar pelo tempo de ocupação do
bem.

Súmula 2: A devolução das quantias pagas em


contrato de compromisso de compra e venda
deimóvel deve ser feita de uma só vez, não se
sujeitando à forma de parcelamento prevista para
a aquisição.

Súmula 3: Reconhecido que o compromissário


comprador tem direito à devolução das parcelas
pagas por conta do preço, as partes deverão ser
repostas ao estado anterior, independentemente
de reconvenção. ”

Assim, conforme exaustivamente exposto, deve o autor ser ressarcido


conforme garante o CDC e os entendimentos sumulados dos Tribunais,
com a retenção máxima de 10% do valor a ser restituído, a quantia deve
ser restituída de forma imediata, o que desde já se requer.

DA RESOLUÇÃO CONTRATUAL E DEVOLUÇÃO DOS


VALORES PAGOS

Inicialmente temos que é direito potestativo da parte Autora, ainda que


inadimplente, à rescisão do ajuste, com restituição dos valores
desembolsados, nos termos das Súmulas nº 543 do e. STJ e 01 do TJ/SP.

Apelação cível – ação de rescisão de contrato


cumulada com restituição de valores pagos
–aquisição de unidade imobiliária em regime de
multipropriedade - resultado, na origem, de
parcial procedência – incidência da Lei nº
8.078/90 - direito potestativo da
compradora, ainda que inadimplente, à
rescisão do ajuste, com restituição dos
valores desembolsados, nos termos das
Súmulas nºs 543 do e. STJ e 01 desta c.
Corte, autorizada, todavia, a retenção de 25%
(vinte e cinco por cento) do volume, gozadas as
circunstâncias –correção monetária a contar da
data do desembolso das parcelas - termo inicial
de incidência dos juros moratórios com repouso
na data do trânsito em julgado – taxa de
ocupação, nestes, indevida -sentença reformada -
recurso parcialmente provido.(TJSP; Apelação
Cível 1023775-26.2020.8.26.0002;Relator (a):
Tercio Pires; Órgão Julgador: 34ª Câmara de
Direito Privado; Foro Regional II - Santo Amaro -
8ª Vara Cível; Data do Julgamento: 23/03/2022;
Data de Registro: 23/03/2022).

Assim, ainda que não houvesse motivo a justificar a rescisão, ele é um


direito do adquirente, não podendo lhe ser negado.

DOS ALEGADOS VALORES A SEREM RESTITUÍDOS,


APLICAÇÃO DE JUROS DE MORA E MULTA E DO
RECONHECIMENTO DAS CLÁUSULAS DE RESCISÃO E SUA
APLICABILIDADE

As mencionadas cláusulas que preveem a retenção de valores a título de


multa penitencial, a retenção das arras e outras despesas
administrativas, comissão e corretagem, juros moratórios e multas
referente ao pagamento em atraso, e demais gastos, que, no entanto,
NÃO PODEM SER IMPUTADAS AO CONSUMIDOR nos exatos
termos alegados pelo Réu.

O contrato, não traz cláusula penal.

AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C.C


DEVOLUÇÃO DE VALORES – Contrato de
compra e venda de imóvel (lote) – Sentença que
declarou a rescisão do contrato e determinou a
devolução do valor pago, com retenção de 25%,
da comissão de corretagem, IPTU e taxas
associativas – Apelação da ré – Contrato
celebrado na vigência da Lei nº13.786/18 –
Pretensão de devolução de valores conforme
previsão contratual – Desacolhimento –Relação
de consumo entre as partes - Aplicação da Lei nº
13.786/18 não pode afrontar a legislação
consumerista – Nulidade de cláusulas abusivas
–Restituição parcial dos valores pagos –
Possibilidade –Súmula 543 do STJ – Retenção de
25% do valor pago,em favor da
promitente-vendedora – Admissibilidade –
Montante proporcional e razoável para cobrir as
despesas pagas pela vendedora – Precedentes
jurisprudenciais – Pedido de pagamento de taxa
de fruição – Inviabilidade – Terreno sem
edificação –Regra prevista na Lei do Distrato
deve ser interpretada de forma mais favorável ao
consumidor – Cobrança de multa de 10% sobre o
valor total do contrato –Inadmissibilidade –
Multa cumulada com o percentual da
retenção de 25% sobre o valor pago
configura bis in idem e onera em demasia
o adquirente – Precedentes jurisprudenciais –
Sentença mantida – Honorários majorados –
RECURSO IMPROVIDO. (TJSP; Apelação Cível
1035407-92.2020.8.26.0602; Relator (a):
Benedito Antonio Okuno; Órgão Julgador: 8ª
Câmara de Direito Privado;Foro de Sorocaba - 1ª
Vara Cível; Data do Julgamento: 19/04/2022;
Data de Registro:19/04/2022).

No que diz respeito às arras/sinal, elas constam no contrato


como início de pagamento, portanto passível de restituição,
não possuindo natureza penitenciais.

Assim não se pode exigir uma vez que não prevista em contrato como
penitenciais.
Compromisso de compra e venda de bens
imóveis.Pedido de rescisão contratual cumulada
com devolução de quantias pagas.
Procedência.Insurgência da ré. Rompimento do
vínculo por culpa da promitente vendedora.
Reconhecimento. Atraso na conclusão da obra,
imputado à superveniência da pandemia causada
pela Covid-19. Alegação genérica,desprovida de
prova da paralisação do empreendimento em
razão da crise sanitária.Construção civil
classificada como atividade essencial pelo Plano
São Paulo. Inadimplemento contratual
configurado. Caso fortuito e força maior.
Inocorrência.Fatos narrados que configuram
fortuito interno.Súmula 161 do TJ/SP.
Restituição das partes ao"status quo ante".
Valores pagos pelos autores e que devem ser
devolvidos, inclusive aqueles pagos a título de
arras, sem qualquer abatimento. Devolução dos
valores devidos em uma única vez. Súmula nº 02
do TJ/SP. Inaplicabilidade do art. 67 A da Lei nº
4.591/64,uma vez que foi inserido pela Lei nº
13.786/2018,posteriormente à assinatura do
contrato. Recurso desprovido, com majoração da
verba honorária.Embora invoque a apelada
ocorrência de caso fortuito ou força maior a
justificar o atraso, com fundamento na
superveniência de pandemia causada pela
Covid-19,não restou comprovado o nexo causal
invocado e as circunstâncias narradas não são
suficientes a afastar sua responsabilidade,
configurando, na verdade,fortuito interno.
Anote-se que a ré sequer comprovou que houve
paralisação das obras em razão da crise sanitária,
mesmo porque o Decreto nº 64.881/20, que
determinou a quarentena no Estado de São
Paulo, não impôs qualquer restrição às atividades
voltadas à construção civil, classificadas como
serviço essencial,com plena manutenção. A teoria
do adimplemento substancial, considerado o
atraso na conclusão do empreendimento, não se
aplica ao caso. De tal modo,caracterizada a culpa
da requerida, é direito dos autores a restituição
integral da quantia já quitada,diante da
frustração do objeto do negócio, impedindo a
posse do imóvel. Por outro lado, infere-se
dos documentos colacionados às fls. 53/55
que as entradas pagas pelos autores
configuram início de pagamento dos
preços contratados, não tendo natureza
jurídica de arras indenizatórias. Na
verdade, o arrependimento do promitente
comprador somente poderia acarretar a
perda da entrada se tal valor constasse do
contrato como arras penitenciais, o que,
repise-se, não se vislumbra na hipótese.
Assim, o valor pago a título de entrada deve ser
ponderado para fim de restituição,sob pena de
enriquecimento ilícito da parte adversa.No mais,
alega a requerida que faz jus à retenção de parte
dos valores quitados, amparada pela Lei
nº4.591/64, todavia, o art. 67-A e que cuida de tal
prerrogativa foi inserido pela Lei nº
13.786/18,publicada em 27 de dezembro de 2018,
ou seja,posteriormente à assinatura do contrato
em discussão,pelo que não se aplica à
hipótese.(TJSP; Apelação Cível
1056428-44.2021.8.26.0100;Relator (a): Kioitsi
Chicuta; Órgão Julgador: 32ªCâmara de Direito
Privado; Foro Central Cível - 15ªVara Cível; Data
do Julgamento: 19/04/2022; Data de Registro:
19/04/2022).

Neste contexto não há que se falar em retenção da comissão de


corretagem, pois contrato anterior a lei 13.786/2018 e ainda que tal valor
integrou o preço do lote, assim não há que se falar em qualquer retenção
a seu título.

Compromisso de compra - Ação de rescisão


contratual- Ação julgada parcialmente
procedente - Resolução do contrato e devolução
de 90% do valor pago -Insurgência da ré.
Pretensão de aplicação de multa de 10% sobre o
contrato e que sejam retidos valores da
corretagem, cobrança de IPTU e taxas
condominiais ou associativas, além de cobrança e
taxa de fruição -Impossibilidade - Resolução
motivada pelo adquirente- Contrato celebrado
antes da vigência da Lei 13.786/18 (Lei do
distrato) – E mesmo que assim não fosse,
considerando a peculiaridade do caso concreto,no
qual o contrato vigeu por pouco é excessivamente
onerosa a aplicação das disposições contratuais
nos moldes da Lei 13.786/18 deve prevalecer a lei
consumerista– Inteligência do art. 51, IV, do
Código de Defesa do Consumidor e do art. 413 do
Código Civil,que admitem a possibilidade de
revisão das cláusulas contratuais nulas, abusivas
ou excessivamente onerosas – Penalidades que
implicariam em saldo negativo, ocasionando não
só a perda total do investimento como dívida do
consumidor com a vendedora, o que é
inadmissível nos termos do art. 53 do CDC e
súmulas 1 do TJSP e 543 do STJ - Multa
estipulada sobre o valor do contrato - Taxa de uso
doimóvel descabida -Terreno que não teve
qualquer edificação, de que não resulta renda e
que retornará à propriedade da demandada, para
ser revendido a terceiro, sem qualquer embaraço
- Devolução do percentual sobre o valor da
comissão de corretagem que integra o
preço devida – Demais encargos indevidos -
Retenção de 10% das parcelas pagas que é
bastante a cobrir as despesas com publicidade e
administração e casuais prejuízos da ré com a
extinção do contrato – Precedentes- Sentença
mantida – Recurso improvido. (TJSP; Apelação
Cível 1119469-82.2021.8.26.0100; Relator (a):
Moreira Viegas; Órgão Julgador: 5ª Câmara de
Direito Privado;Foro Central Cível - 36ª Vara
Cível; Data do Julgamento: 14/06/2022; Data de
Registro:14/06/2022)

Das despesas com IPTU, e demais impostos, não há que se falar em sua
retenção, vez que, em momento algum a parte Ré comprovou ter
efetuado o desembolso de tais verbas, ainda o autor não teve a
propriedade do imóvel, e sequer foi comprovado pela parte Ré
que houve a imissão na posse, cabe ao proprietário a que será
restabelecido o imóvel arcar com o valor despendido pelo Autor a título
de indenizá-lo por estes pagamentos.

Ação de resolução de compromisso de compra e


venda – Atraso na entrega dos lotes –
Inexistência de fortuito externo, mas sim de
fortuito interno por se revelar como risco
inerente ao negócio – Incidência do verbete 161
das Súmulas deste Tribunal de Justiça
–Restituição de todos os valores pagos pela
promitente compradora, inclusive da comissão de
corretagem - IPTU que não pode ser
cobrado da adquirente antes da imissão
na posse do imóvel – - Correção Monetária de
cada verba devida desde o desembolso– Multa
contratual devida, pois afastada a tese do fortuito
externo, e ausência de demonstração de
excessividade que justifique a sua redução -
Verba Honorária sucumbencial – Afastamento da
fixação por equidade – Recurso da autora
provido e, não provido o das rés.(TJSP; Apelação
Cível 1019656-08.2019.8.26.0309;Relator (a):
Miguel Petroni Neto; Órgão Julgador: 16ª
Câmara de Direito Privado; Foro de Jundiaí - 2ª
Vara Cível; Data do Julgamento: 29/03/2022;
Data de Registro: 06/04/2022).

Assim, somente podem ser cobradas da parte Autora a partir da emissão


do Termo de Verificação de Obra (TVO).

Demonstrada a probabilidade do direito de abster de pagar até as


parcelas do próprio contrato, que é o principal, é evidente que restou
demonstrado,também, o direito de não ter de suportar o pagamento das
taxas acessórias (tais como IPTU e demais taxas e impostos relativos ao
imóvel), uma vez que a cobrança de tais encargos decorre justamente do
dever de pagar o principal (as parcelas do contrato).

RESCISÃO CONTRATUAL - COMPROMISSO


PARTICULAR DE COMPRA E VENDA
DEIMÓVEL - CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR - INADIMPLÊNCIA
-DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS PAGAS
-POSSIBILIDADE - RETENÇÃO DE 10% DO
VALOR PAGO - PERCENTUAL DE FRUIÇÃO-
INDEVIDO - DEVOLUÇÃO EM PARCELA
ÚNICA - SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA
-EXIGIBILIDADE DAS
VERBASSUCUMBENCIAIS - SUSPENSÃO - LEI
Nº1.060/50. É assegurado ao adquirente de
imóvelinadimplente pleitear as parcelas pagas em
favor do vendedor, podendo acionar o judiciário
para obter a satisfação de seu direito, por força do
artigo 53 do Código de Defesa do Consumidor. A
retenção de 10%, pelo vendedor, sobre o
valora ser restituído é suficiente para
cobrir os custos administrativos do
empreendimento,devendo a restituição
ser feita em parcela única para
restabelecer às partes o estado em que se
encontravam antes da avença. Não é devida
taxa de fruição quando a parte nada construiu no
terreno, objeto do contrato, nem tampouco
obteve qualquer proveito econômico da utilização
do imóvel. Há sucumbência recíproca quando o
autor não tem sua pretensão atendida
integralmente, devendo-se aplicar o art. 21 do
Código de Processo Civil. Concedido o benefício
da assistência judiciária ficará suspensa a
exigibilidade das verbas sucumbenciais fixada na
sentença, à luz do artigo 12 da Lei nº
1.060/50.(TJ-MG - AC: 10701061489293001
Uberaba,Relator: D. Viçoso Rodrigues, Data de
Julgamento: 31/07/2007, Câmaras Cíveis
Isoladas/ 18ª CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação:13/08/2007)

Ato contínuo a pretensão do autor merece acolhimento devendo os


pedidos serem julgados procedentes, por ser questão de Direito e
Justiça!

DO CONHECIMENTO DAS CLÁUSULAS, AUSÊNCIA DE


ABUSO NOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

Cumpre esclarecer inicialmente, que em momento algum se discute a


validade jurídica do negócio celebrado, bem como os valores pactuados
entre as partes a título de juros e correção monetária, mas tão somente
pleiteia o autor pela rescisão do presente instrumento, posto que não
possuem condições de arcar com os pagamentos da compra efetuada,
tendo em vista que o índice adotado para correção, IGP-M, se
tornou abusivo, indo além do seu real propósito.

E apenas por amor ao debate é importante demonstrar que, em que pese


a parte ré alegar que o autor estava ciente de todas as cláusulas
contratuais,algumas imprevisivelmente se tornou fatos fundamental
para a impossibilidade financeira do autor.

Diante disso, é faculdade do autor em razão da insuficiência


de condições para arcar com os pagamentos a possibilidade de
rescisão contratual com a restituição das quantias pagas.
Isto porque, em que pese haver sido contratado “livremente” por ambas
as partes, apesar de ser sabido que se trata de contrato de adesão, o
estado pandêmico imprevisível, fez que com esta relação se tornasse
excessivamente onerosa ao consumidor, motivando o seu desinteresse
em manter o negócio.

Embora a correção monetária não revele abusividade, já que


seu objetivo é apenas manter o poder aquisitivo da moeda, o
IGP-M apresentou elevação inesperada e desproporcional nos
últimos meses,alterando a base objetiva do contrato,
ocasionando dessa forma enriquecimento ilícito a parte Ré
com a super valoração do IGP-M.

De rigor, portanto que o Autor ainda que não necessitasse apresenta


motivo justo para optar pela rescisão do negócio firmado.

DOS JUROS MORATÓRIOS – FIXAÇÃO DO TERMO A QUO


PELO STJ EM JULGAMENTO REPETITIVO

No que tange a correção monetária, diferente do que pleiteia a ré, os


valores a ser restituídos DEVEM SER ATUALIZADOS DESDE
CADA DESEMBOLSO,conforme entretenimento já consolidado pelo
Egrégio Tribunal em casos dessa natureza.

COMPRA E VENDA – Rescisão – Comarca do


domicílio da ré que se afigura foro competente
para o trâmite do feito na primeira instância
–Inteligência do art. 47, §1º, do Código de
Processo Civil - Cerceamento de defesa – Não
ocorrência – Inaplicável ao caso o argumento de
que se deve proceder à execução da garantia
judiciária, ao invés da resilição, porquanto não se
demonstrou a consolidação da propriedade
fiduciária mediante registro no Cartório de
Registro de Imóveis - Lei nº 13.786/18 (Lei do
Distrato) não aplicável aos contratos firmados
antes de sua entrada em vigor - Culpa do
comprador, que desistiu da compra do imóvel –
Entendimento desta Câmara de que, nos casos de
rescisão da avença por culpa da parte
compradora, é cabível a devolução do preço pago
com a retenção de, no máximo, 20%, patamar
que se reputa razoável para recompor as perdas
incorridas pela parte vendedora – Correção dos
valores a serem restituídos que que deverá
ser feita desde o desembolso pela Tabela
Prática do TJSP – Incidência da Súmula nº 2
da Corte, a ensejar a devolução das quantias
pagas em uma única parcela - Imóvel que tem
caráter frugífero,pelo que incide, em desfavor dos
autores, a obrigação de pagamento à ré de taxa de
fruição, à razão de 0,5% do valor contratual
atualizado do lote, por mês de ocupação, assim
considerado da data de assinatura do contrato até
a efetiva devolução do bem para a vendedora –
Decisumparcialmente modificado – Ônus
sucumbenciaisrearranjados – Apelos providos
em parte (TJSP; Apelação Cível
1001217-06.2020.8.26.0311; Relator (a): Rui
Cascaldi;Órgão Julgador: 1ª Câmara de Direito
Privado;Foro de Junqueirópolis - Vara Única;
Data do Julgamento: 05/11/2021; Data de
Registro:05/11/2021).

Não obstante, os juros de mora devem ser aplicados desde a citação da


parte Ré.

DA DEVOLUÇÃO EM ÚNICA PARCELA

Saliente que o Autor possui crédito a receber e qualquer alegação


contrária é absurda e completamente prejudicial ao Autor acarretando
evidente enriquecimento ilícito por parte da incorporadora.
Com relação a forma de devolução pleiteada, deve a restituição ser feita
em única parcela, conforme entendimento da jurisprudência dos
Tribunais.

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE


RESCISÃO DE CONTRATO DE PROMESSA DE
COMPRA E VENDA DE IMÓVEL - VALORES
PAGOS -RESSARCIMENTO DEVIDO - MULTA
PENAL - RETENÇÃO PELO PROMITENTE
VENDEDOR DE 25% DOS VALORES PAGOS
PELO PROMITENTE COMPRADOR -
DEVOLUÇÃO DA QUANTIA PAGA EM
PARCELA ÚNICA - RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.- A constituição da propriedade
fiduciária exige, nos termos do art. 23 da Lei nº
9.514/97, o registro do contrato em cartório de
registro de imóveis, sem o qual não se aplicam os
institutos preceituados na Lei nº9.514/97, o que
possibilita a incidência do Código de Defesa do
Consumidor.- É legal a adoção do IGPM,
porquanto reflete a depreciação do poder
aquisitivo da moeda e foi livremente pactuado
pelas partes.- Conforme decidido pela Segunda
Seção no REsp nº1.723.519/SP, nos casos de
rescisão de contrato decompra e venda por culpa
do adquirente, deve prevalecer o parâmetro
estabelecido pela Segunda Seção no julgamento
dos EAg 1.138.183/PE, DJe 4/10/2012, sob a
relatoria para o acórdão do Ministro Sidnei
Beneti, a saber o percentual de retenção de 25%
(vinte e cinco por cento) dos valores pagos pelos
adquirentes, adequado para indenizar o
construtor das despesas gerais e desestimular o
rompimento unilateral do contrato.- Havendo a
rescisão do contrato de promessa de compra e
venda de imóvel, assiste ao promitente
comprador, independentemente da
existência de culpa ou de responsabilidade
pela rescisão, o direito à restituição, em
parcela única, dos valores pagos no
decorrer da contratação, devidamente
corrigidas desde o desembolso e acrescidas de
juros de mora. (TJMG - Apelação Cível
1.0411.16.001465-9/001, Relator(a): Des.(a)
Juliana Campos Horta , 12ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 16/12/2021, publicação da
súmula em 13/01/2022)

Desse modo, não há que se falar na restituição a prestações conforme


tentado pela Requerida, devendo ser procedente tal como pleiteado.

DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desta feira, restam impugnadas todas as alegações e documentos da


requerida em sua contestação de fls. 104/124, posto que absolutamente
contrárias aos direitos demonstrados nos autos, tendo em vista
exaustivamente demonstrado com os documentos juntados que de fato
há relação de consumo no presente caso e há a vontade em desfazer o
negócio, conforme à Lei e a Jurisprudência vigente.

Outrossim, requerem a REJEIÇÃO da contestação apresentada pela


defesa, reiterando-s ainda os termos da ação proposta, requerendo, sua
TOTAL PROCEDÊNCIA.

Por fim, substabeleço com iguais poderes a advogada CAROLINE


OLIVEIRA SOARES OAB/SP 463.409, requerendo as futuras
publicações seja em nome de ambos os patronos, sob pena de nulidade.

Termos em que pede deferimento.

Fernão/SP, 17 de abril de 2023.

CAROLINE OLIVEIRA SOARES OAB/SP 463.409

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