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DA SÍNTESE FÁTICA
DO MÉRITO
Foi justamente por isso, Excelência, para coibir tais abusos contra o
consumidor que o Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo,
reconhecendo ao nerosidade expressiva e abusiva dos contratos
aplicados à Lei 13.786/2018, que fixou entendimento de ser possível a
restituição de 10% dos valores pagos, que serve para compensação de
todas essas taxas e multas, não gerando abusividade.
Assim não se pode exigir uma vez que não prevista em contrato como
penitenciais.
Compromisso de compra e venda de bens
imóveis.Pedido de rescisão contratual cumulada
com devolução de quantias pagas.
Procedência.Insurgência da ré. Rompimento do
vínculo por culpa da promitente vendedora.
Reconhecimento. Atraso na conclusão da obra,
imputado à superveniência da pandemia causada
pela Covid-19. Alegação genérica,desprovida de
prova da paralisação do empreendimento em
razão da crise sanitária.Construção civil
classificada como atividade essencial pelo Plano
São Paulo. Inadimplemento contratual
configurado. Caso fortuito e força maior.
Inocorrência.Fatos narrados que configuram
fortuito interno.Súmula 161 do TJ/SP.
Restituição das partes ao"status quo ante".
Valores pagos pelos autores e que devem ser
devolvidos, inclusive aqueles pagos a título de
arras, sem qualquer abatimento. Devolução dos
valores devidos em uma única vez. Súmula nº 02
do TJ/SP. Inaplicabilidade do art. 67 A da Lei nº
4.591/64,uma vez que foi inserido pela Lei nº
13.786/2018,posteriormente à assinatura do
contrato. Recurso desprovido, com majoração da
verba honorária.Embora invoque a apelada
ocorrência de caso fortuito ou força maior a
justificar o atraso, com fundamento na
superveniência de pandemia causada pela
Covid-19,não restou comprovado o nexo causal
invocado e as circunstâncias narradas não são
suficientes a afastar sua responsabilidade,
configurando, na verdade,fortuito interno.
Anote-se que a ré sequer comprovou que houve
paralisação das obras em razão da crise sanitária,
mesmo porque o Decreto nº 64.881/20, que
determinou a quarentena no Estado de São
Paulo, não impôs qualquer restrição às atividades
voltadas à construção civil, classificadas como
serviço essencial,com plena manutenção. A teoria
do adimplemento substancial, considerado o
atraso na conclusão do empreendimento, não se
aplica ao caso. De tal modo,caracterizada a culpa
da requerida, é direito dos autores a restituição
integral da quantia já quitada,diante da
frustração do objeto do negócio, impedindo a
posse do imóvel. Por outro lado, infere-se
dos documentos colacionados às fls. 53/55
que as entradas pagas pelos autores
configuram início de pagamento dos
preços contratados, não tendo natureza
jurídica de arras indenizatórias. Na
verdade, o arrependimento do promitente
comprador somente poderia acarretar a
perda da entrada se tal valor constasse do
contrato como arras penitenciais, o que,
repise-se, não se vislumbra na hipótese.
Assim, o valor pago a título de entrada deve ser
ponderado para fim de restituição,sob pena de
enriquecimento ilícito da parte adversa.No mais,
alega a requerida que faz jus à retenção de parte
dos valores quitados, amparada pela Lei
nº4.591/64, todavia, o art. 67-A e que cuida de tal
prerrogativa foi inserido pela Lei nº
13.786/18,publicada em 27 de dezembro de 2018,
ou seja,posteriormente à assinatura do contrato
em discussão,pelo que não se aplica à
hipótese.(TJSP; Apelação Cível
1056428-44.2021.8.26.0100;Relator (a): Kioitsi
Chicuta; Órgão Julgador: 32ªCâmara de Direito
Privado; Foro Central Cível - 15ªVara Cível; Data
do Julgamento: 19/04/2022; Data de Registro:
19/04/2022).
Das despesas com IPTU, e demais impostos, não há que se falar em sua
retenção, vez que, em momento algum a parte Ré comprovou ter
efetuado o desembolso de tais verbas, ainda o autor não teve a
propriedade do imóvel, e sequer foi comprovado pela parte Ré
que houve a imissão na posse, cabe ao proprietário a que será
restabelecido o imóvel arcar com o valor despendido pelo Autor a título
de indenizá-lo por estes pagamentos.