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Direito

Empresarial III
REVISÃO – AV1
Profa. Ma. Nardejane Martins Cardoso
Crises
Empresariais
Crise Empresarial
• A disciplina da Empresa em Crise
• Tipos de Crise:
• Crise de Rigidez
• Crise de Eficiência
• Crise Econômica
• Crise Financeira
• Crise Patrimonial
• Soluções das Crises
• Solução de Mercado
• Soluções estatais
• Empresas não-recuperáveis
• Direito das empresas em crise
Abrangência da Lei n. 11.101/2005
Abrangência da Lei n.
11.101
• Art. 2º Esta Lei não se aplica a:
• I – empresa pública e sociedade de economia
mista;
• II – instituição financeira pública ou privada,
cooperativa de crédito, consórcio, entidade de
previdência complementar, sociedade
operadora de plano de assistência à saúde,
sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e outras entidades legalmente
equiparadas às anteriores.
Juízo Falimentar
Juízo
Competente
• Art. 3º, Lei n. 11.101/2005
• “É competente para homologar o
plano de recuperação
extrajudicial, deferir a
recuperação judicial ou decretar
a falência o juízo do local do
principal estabelecimento do
devedor ou da filial de empresa
que tenha sede fora do Brasil.”

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Juízo do principal estabelecimento
art. 109, I, CF/88 determina a competência da Justiça Estadual

A delimitação do foro competente para sua apreciação, por seu turno, é estabelecida pelo art. 3º da
Lei n. 11.101/2005.

Falência, Recuperação Judicial e Extrajudicial

O estabelecimento é conceituado pelo art. 1.142 do Código Civil

Mais qual o é o principal estabelecimento?


Suspensão das
Ações e
Execuções
• Artigo 6º, II, da Lei 11.101/2005: “A
decretação da falência ou o deferimento do
Suspensão processamento da recuperação judicial
implica: II – suspensão das execuções
das Ações e ajuizadas contra o devedor, inclusive
Execuções daquelas dos credores particulares do sócio
solidário, relativas a créditos ou obrigações
sujeitas à recuperação judicial ou à falência;”
§ 7º-B do artigo 6º da Lei n. 11.101/2005: “O
disposto nos incisos I, II e III do caput deste
artigo não se aplica às execuções fiscais,
admitida, todavia, a competência do juízo
da recuperação judicial para determinar a
substituição dos atos de constrição que
Execuções recaiam sobre bens de capital essenciais à
manutenção da atividade empresarial até o
Fiscais encerramento da recuperação judicial, a
qual será implementada mediante a
cooperação jurisdicional, na forma do art. 69
da Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil), observado o
disposto no art. 805 do referido Código.”
Execuções Fiscais
“A questão tributária constitui um dos pontos mais sensíveis das crises empresariais,
nomeadamente em face do notório caos fiscal vivido pela República. Sempre que se fala
em reforma tributária, os discursos são unânimes em apontar uma histeria normativa e
uma carga fiscal pesada e incoerente. O resultado imediato desse quadro é que, na maioria
dos casos de crise financeira empresarial, haja recuperação, haja falência, o passivo
tributário é significativo e, sim, a preferência dos créditos fiscais e a não submissão às
suspensões e às proibições inscritas na cabeça do artigo 6o pode conduzir a uma situação
paradoxal: apesar de todo o esforço de preservação da fonte produtiva a que se afere da
Lei 11.101/2005, a ação executiva das credores tributários pode esfacelar a empresa,
inviabilizar a manutenção da fonte produtiva. E isso é no mínimo contraditório, vez que a
produção e seus decorrentes constituem, em regra, fato gerador para a tributação. Não me
impedirei da analogia com a historieta da galinha dos ovos de ouro: não adianta matar e
estripar; a receita provém de manter e, reiterada e pacientemente, coletar. É ouro, mas é
um ovo por dia.” (MAMEDE, 2022)
Período de Stay
Stay period
• Quando se defere o processamento da recuperação judicial há a suspensão do curso das
execuções. Tal suspensão, contudo, não é por prazo ilimitado, mas sim, por determinado
período, denominado de stay period, que tinha a duração de 180 (cento e oitenta) dias.
• §4º, artigo 6º, Lei n. 11.101/2005: “§ 4º Na recuperação judicial, as suspensões e a
proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput deste artigo perdurarão pelo prazo
de 180 (cento e oitenta) dias, contado do deferimento do processamento da
recuperação, prorrogável por igual período, uma única vez, em caráter excepcional,
desde que o devedor não haja concorrido com a superação do lapso temporal.
(Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)”
Administrador
Judicial
Administrador Judicial
“A figura é de importância vital para o juízo universal na medida em que, sob a autoridade do juiz e
a fiscalização do comitê de credores, o administrador judicial é investido de faculdades,
prerrogativas e deveres específicos a bem da função pública que aceita desempenhar. Não se trata
de uma convocação, nem de um múnus. O nomeado pode recusar a nomeação. No entanto, se
aceita, assume uma série de obrigações, a exemplo de atender aos princípios processuais,
nomeadamente o princípio da celeridade, da eficiência e da economia processual, assim como se
obriga a respeitar todas normas da Lei 11.101/2005 e a trabalhar para que sejam respeitadas pelos
demais atores processuais. Não se pode perder de vista que se trata de função judiciária indireta:
o administrador é longa manus do juiz que preside o feito, um executor, um realizador, obrigado a
ser diligente e a procurar atender à principiologia concursal (falimentar e recuperacional), a
principiar pelo princípio da função social e da preservação das fontes produtivas viáveis, o
tratamento isonômico e jurídico de cada interessado, sendo que a mais branda das consequências
para a não-atenção a tais deveres é a destituição. Pode ser responsabilizado civilmente, se
presentes os elementos para tanto e, praticando atividade tipificada, pode responder
criminalmente pelo ato.” (MAMEDE, 2022)
(1) idoneidade para o desempenho da
função;

Elementos
para
(2) preferência por advogado,
economista, administrador de
empresas ou contador; e

Escolha
(3) possibilidade de escolha de pessoa
jurídica para administrar a falência ou
recuperação judicial da empresa.
Assembleia
Geral de
Credores
(1) aprovação, rejeição ou
A assembleia geral terá por modificação do plano de
Assembleia Geral de atribuições deliberar sobre: recuperação judicial
apresentado pelo devedor;

(2) a constituição do Comitê (3) aceitação ou recusa do


de Credores, a escolha de pedido de desistência do
seus membros e sua devedor, quando já deferido
substituição; o seu processamento;
Credores

(4) o nome do gestor judicial, (5) qualquer outra matéria


quando do afastamento do que possa afetar os interesses
devedor; e dos credores.
Composição

A assembleia geral será (1) titulares de créditos


composta por quatro derivados da legislação
(2) titulares de créditos
classes de credores do trabalho ou
com garantia real;
(artigo 41 da Lei decorrentes de acidentes
11.101/2005): de trabalho;

(4) titulares de créditos


(3) titulares de créditos enquadrados como
quirografários, com microempresa ou
privilégio especial, com empresa de pequeno
privilégio geral ou porte (incluído pela Lei
subordinados; e Complementar no
147/2014).
Terão direito a voto, na assembleia geral de credores (artigo 39 da Lei
11.101/2005), as pessoas arroladas:

(1) no quadro geral de credores ou, na sua falta,

Direito ao (2) na relação de credores apresentada pelo administrador judicial, formulada


com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor, nos
Voto documentos e informações que lhe forem apresentados pelos credores; se essa
ainda não existir,

(3) as pessoas constantes da relação apresentada pelo próprio devedor:

• (a) na petição inicial de recuperação judicial (artigo 51, III e IV),


• (b) na relação nominal de credores apresentada pelo devedor em atenção à determinação constante
da sentença que decretar a sua falência (artigo 99, III) ou
• (c) na relação nominal de credores apresentada pelo devedor em crise econômico-financeira,
acompanhando o pedido de autofalência (artigo 105, II).
Deliberação do Plano
“Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores
referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta.

§ 1º Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta Lei, a proposta deverá
ser aprovada por credores que representem mais da metade do valor total dos créditos
presentes à assembléia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes.
§ 2º Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada
pela maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu crédito.
(Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
§ 3º O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação de quorum
de deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as condições originais
de pagamento de seu crédito.”
Impugnação aos Créditos
• “Art. 7º [...] § 2º O administrador judicial, com base nas
informações e documentos colhidos na forma do caput e
do § 1º deste artigo, fará publicar edital contendo a
relação de credores no prazo de 45 (quarenta e
cinco) dias, contado do fim do prazo do § 1º deste
artigo, devendo indicar o local, o horário e o prazo
comum em que as pessoas indicadas no art. 8º desta Lei
terão acesso aos documentos que fundamentaram a
elaboração dessa relação.”
Impugnações • “Art. 8º No prazo de 10 (dez) dias, contado da
publicação da relação referida no art. 7º , § 2º , desta Lei,
o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou
o Ministério Público podem apresentar ao juiz
impugnação contra a relação de credores, apontando a
ausência de qualquer crédito ou manifestando-se
contra a legitimidade, importância ou classificação
de crédito relacionado.
• Parágrafo único. Autuada em separado, a impugnação
será processada nos termos dos arts. 13 a 15 desta Lei.”
Recuperação Judicial
Recuperação Judicial – Princípios e Requisitos
• Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise
econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego
dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa,
sua função social e o estímulo à atividade econômica.
• Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça
regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos,
cumulativamente:
• I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as
responsabilidades daí decorrentes;
• II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
• III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no
plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo;
• IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa
condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Plano de
Recuperação
Judicial
Plano de Recuperação Judicial e seu
Processamento
“O plano de recuperação judicial é a proposta realizada pelo devedor aos credores para superar a crise
econômico-financeira que o acomete e continuar a desenvolver a empresa com regularidade.
Ao contrário de legislações como a dos Estados Unidos, sua formulação é privativa do devedor, único legitimado
que poderá confeccioná-lo. Esses poderes exclusivos foram atribuídos ao devedor para contrabalancear os
poderes dos credores, a quem competiria privativamente aprovar ou rejeitar o plano de recuperação judicial
proposto, conforme o quórum legal.
Como o plano de recuperação judicial é destinado a evidenciar os meios pelos quais o devedor pretende
recuperar sua atividade e precisa ser aprovado pelos seus credores, nada impede que haja negociação de
cláusulas do plano de recuperação com os credores mesmo antes de o pedido de recuperação judicial ser
distribuído, nem que suas cláusulas sejam alteradas mediante sugestões dos credores até a deliberação pelos
credores em Assembleia Geral.
Os credores poderão fazer sugestões ou mesmo apresentar planos de recuperação judicial alternativos, mas a
aceitação do plano ou das modificações sugeridas, de modo a serem submetidos à votação pela AGC, é de
exclusiva apreciação do devedor, que poderá recusá-la. A apresentação do plano ou a inserção de cláusulas a
serem deliberadas pelos credores são ônus exclusivos do devedor, cujas sugestões dos credores ou planos
alternativos não poderão ser-lhe impostas, se assim não o desejar” (SACRAMONE, 2023)
• Art. 53. O plano de recuperação será
Plano de apresentado pelo devedor em juízo no
Recuperação prazo improrrogável de 60 (sessenta)
dias da publicação da decisão que
Judicial e seu deferir o processamento da recuperação
Processamento judicial, sob pena de convolação em
falência [...]
• I – discriminação pormenorizada dos
meios de recuperação a ser
empregados, conforme o art. 50 desta
Lei, e seu resumo;
Conteúdo do • II – demonstração de sua viabilidade
Plano econômica; e
• III – laudo econômico-financeiro e de
avaliação dos bens e ativos do devedor,
subscrito por profissional legalmente
habilitado ou empresa especializada.
• Art. 53 [...] Parágrafo único. O juiz ordenará a
publicação de edital contendo aviso aos credores
sobre o recebimento do plano de recuperação e
fixando o prazo para a manifestação de eventuais
objeções, observado o art. 55 desta Lei.
Publicação e • Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz
sua objeção ao plano de recuperação judicial no
Prazo para prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da
relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º
Objeções desta Lei.
• Parágrafo único. Caso, na data da publicação da
relação de que trata o caput deste artigo, não tenha
sido publicado o aviso previsto no art. 53, parágrafo
único, desta Lei, contar-se-á da publicação deste o
prazo para as objeções.
Referências

• BRASIL. Lei n. 11.101 de 09 de fevereiro de 2005.


Disponível em: . Acesso em: 13 fev. 2024.
• CAMPINHO, Sérgio Murilo Santos. Curso de Direito
Comercial – Falência e Recuperação de Empresas.
14. ed. São Paulo: SaraivaJur, 2024.
• MAMEDE, Gladston. Falência e recuperação de
empresas. 13. ed. Barueri: Atlas, 2022.
• SACRAMONE, Marcelo Barbosa. Comentários à lei
de recuperação de empresas e falência. 3. ed. São
Paulo : SaraivaJur, 2022.
• TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito empresarial:
falência e recuperação de empresas. Volume 3. 11.
ed. São Paulo: SaraivaJur, 2023.

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