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Escopo e princípios.
- Preservação da empresa
Essa preservação deve ocorrer por meio de uma solução de mercado.
Ademais, o que se deve preservar é a atividade, algo que pode acontecer
inclusive na falência.
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Aula 9 - Recuperação judicial
Sujeição legal.
- Empresários individuais
- EIRELI
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Agentes econômicos.
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Cooperativas.
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Litisconsórcio ativo.
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Litisconsórcio ativo.
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Aula 9 - Recuperação judicial
Consolidação processual.
Art. 69-G. Os devedores que atendam aos requisitos previstos nesta Lei e que integrem grupo sob
controle societário comum poderão requerer recuperação judicial sob consolidação processual.
§ 1º Cada devedor apresentará individualmente a documentação exigida no art. 51 desta Lei.
§ 2º O juízo do local do principal estabelecimento entre os dos devedores é competente para deferir
a recuperação judicial sob consolidação processual, em observância ao disposto no art. 3º desta Lei.
§ 3º Exceto quando disciplinado de forma diversa, as demais disposições desta Lei aplicam-se aos
casos de que trata esta Seção.
Art. 69-H. Na hipótese de a documentação de cada devedor ser considerada adequada, apenas um
administrador judicial será nomeado, observado o disposto na Seção III do Capítulo II desta Lei.
Art. 69-I. A consolidação processual, prevista no art. 69-G desta Lei, acarreta a coordenação de atos
processuais e garante a independência dos devedores, dos seus ativos e dos seus passivos.
§ 1º Os devedores proporão meios de recuperação independentes e específicos para a composição
de seus passivos, admitida a sua apresentação em plano único.
§ 2º Os credores de cada devedor deliberarão em assembleias gerais de credores independentes.
§ 3º Os quóruns de instalação e de deliberação das assembleias gerais de que trata o § 2º deste
artigo serão verificados, exclusivamente, em referência aos credores de cada devedor, e serão
elaboradas atas para cada um dos devedores.
§ 4º A consolidação processual não impede que alguns devedores obtenham a concessão da
recuperação judicial e outros tenham a falência decretada.
§ 5º Na hipótese prevista no § 4º deste artigo, o processo será desmembrado em tantos processos
quantos forem necessários.
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Consolidação substancial.
Art. 69-J. O juiz poderá, de forma excepcional, independentemente da realização de assembleia geral,
autorizar a consolidação substancial de ativos e passivos dos devedores integrantes do mesmo grupo
econômico que estejam em recuperação judicial sob consolidação processual, apenas quando constatar
a interconexão e a confusão entre ativos ou passivos dos devedores, de modo que não seja possível
identificar a sua titularidade sem excessivo dispêndio de tempo ou de recursos, cumulativamente com a
ocorrência de, no mínimo, 2 (duas) das seguintes hipóteses:
I - existência de garantias cruzadas;
II - relação de controle ou de dependência;
III - identidade total ou parcial do quadro societário; e
IV - atuação conjunta no mercado entre os postulantes.
Art. 69-K. Em decorrência da consolidação substancial, ativos e passivos de devedores serão tratados
como se pertencessem a um único devedor.
1º A consolidação substancial acarretará a extinção imediata de garantias fidejussórias e de créditos
detidos por um devedor em face de outro.
§ 2º A consolidação substancial não impactará a garantia real de nenhum credor, exceto mediante
aprovação expressa do titular.
Art. 69-L. Admitida a consolidação substancial, os devedores apresentarão plano unitário, que
discriminará os meios de recuperação a serem empregados e será submetido a uma assembleia geral de
credores para a qual serão convocados os credores dos devedores.
§ 1º As regras sobre deliberação e homologação previstas nesta Lei serão aplicadas à assembleia geral
de credores a que se refere o caput deste artigo.
§ 2º A rejeição do plano unitário de que trata o caput deste artigo implicará a convolação da
recuperação judicial em falência dos devedores sob consolidação substancial.
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Requisitos materiais.
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Aula 9 - Recuperação judicial
- Devedor empresário
O produtor rural (pessoa física ou jurídica) precisa estar registrado
na Junta Comercial para pedir recuperação judicial?
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RJ de produtor rural:
enunciados das Jornadas de Direito Comercial.
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RECURSO ESPECIAL. CIVIL E EMPRESARIAL. EMPRESÁRIO RURAL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. REGULARIDADE DO EXERCÍCIO
DA ATIVIDADE RURAL ANTERIOR AO REGISTRO DO EMPREENDEDOR (CÓDIGO CIVIL, ARTS. 966, 967, 968, 970 E 971).
EFEITOS EX TUNC DA INSCRIÇÃO DO PRODUTOR RURAL. PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (LEI 11.101/2005, ART. 48).
CÔMPUTO DO PERÍODO DE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL ANTERIOR AO REGISTRO. POSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO.
1. O produtor rural, por não ser empresário sujeito a registro, está em situação regular, mesmo ao exercer atividade
econômica agrícola antes de sua inscrição, por ser esta para ele facultativa.
2. Conforme os arts. 966, 967, 968, 970 e 971 do Código Civil, com a inscrição, fica o produtor rural equiparado ao
empresário comum, mas com direito a "tratamento favorecido, diferenciado e simplificado (...), quanto à inscrição e aos
efeitos daí decorrentes".
3. Assim, os efeitos decorrentes da inscrição são distintos para as duas espécies de empresário: o sujeito a registro e o não
sujeito a registro. Para o empreendedor rural, o registro, por ser facultativo, apenas o transfere do regime do Código Civil
para o regime empresarial, com o efeito constitutivo de "equipará-lo, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a
registro", sendo tal efeito constitutivo apto a retroagir (ex tunc), pois a condição regular de empresário já existia antes
mesmo do registro. Já para o empresário comum, o registro, por ser obrigatório, somente pode operar efeitos prospectivos,
ex nunc, pois apenas com o registro é que ingressa na regularidade e se constitui efetivamente, validamente, empresário.
4. Após obter o registro e passar ao regime empresarial, fazendo jus a tratamento diferenciado, simplificado e favorecido
quanto à inscrição e aos efeitos desta decorrentes (CC, arts. 970 e 971), adquire o produtor rural a condição de
procedibilidade para requerer recuperação judicial, com base no art. 48 da Lei 11.101/2005 (LRF), bastando que comprove,
no momento do pedido, que explora regularmente a atividade rural há mais de 2 (dois) anos. Pode, portanto, para perfazer
o tempo exigido por lei, computar aquele período anterior ao registro, pois tratava-se, mesmo então, de exercício regular da
atividade empresarial.
5. Pelas mesmas razões, não se pode distinguir o regime jurídico aplicável às obrigações anteriores ou posteriores à inscrição
do empresário rural que vem a pedir recuperação judicial, ficando também abrangidas na recuperação aquelas obrigações e
dívidas anteriormente contraídas e ainda não adimplidas.
6. Recurso especial provido, com deferimento do processamento da recuperação judicial dos recorrentes.
(REsp 1.800.032/MT, Rel. Ministro MARCO BUZZI, Rel. p/ Acórdão Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
05/11/2019, DJe 10/02/2020)
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RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL EFETUADO POR EMPRESÁRIO INDIVIDUAL RURAL QUE EXERCE PROFISSIONALMENTE A ATIVIDADE AGRÍCOLA
ORGANIZADA HÁ MAIS DE DOIS ANOS, ENCONTRAN-DO-SE, PORÉM, INSCRITO HÁ MENOS DE DOIS ANOS NA JUNTA COMERCIAL. DEFERIMENTO. INTELIGÊNCIA DO ART. 48
DA LRF. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. Controverte-se no presente recurso especial acerca da aplicabilidade do requisito temporal de 2 (dois) anos de exercício regular da atividade empresarial, estabelecido no
art. 48 da Lei n. 11.101/2005, para fins de deferimento do processamento da recuperação judicial requerido por empresário individual rural que exerce profissionalmente a
atividade agrícola organizada há mais de 2 (dois) anos, encontrando-se, porém, inscrito há menos de 2 (dois) anos na Junta Comercial.
2. Com esteio na Teoria da Empresa, em tese, qualquer atividade econômica organizada profissionalmente submete-se às regras e princípios do Direito Empresarial, salvo
previsão legal específica, como são os casos dos profissionais intelectuais, das sociedades simples, das cooperativas e do exercente de atividade econômica rural, cada qual
com tratamento legal próprio. Insere-se na ressalva legal, portanto, o exercente de atividade econômica rural, o qual possui a faculdade, o direito subjetivo de se submeter,
ou não, ao regime jurídico empresarial.
3. A constituição do empresário rural dá-se a partir do exercício profissional da atividade econômica rural organizada para a produção e circulação de bens ou de serviços,
sendo irrelevante, à sua caracterização, a efetivação de sua inscrição na Junta Comercial. Todavia, sua submissão ao regime empresarial apresenta-se como faculdade, que
será exercida, caso assim repute conveniente, por meio da inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis.
3.1 Tal como se dá com o empresário comum, a inscrição do produtor rural na Junta Comercial não o transforma em empresário. Perfilha-se o entendimento de que, também
no caso do empresário rural, a inscrição assume natureza meramente declaratória, a autorizar, tecnicamente, a produção de efeitos retroativos (ex tunc).
3.2 A própria redação do art. 971 do Código Civil traz, em si, a assertiva de que o empresário rural poderá proceder à inscrição. Ou seja, antes mesmo do ato registral, a
qualificação jurídica de empresário - que decorre do modo profissional pelo qual a atividade econômica é exercida - já se faz presente. Desse modo, a inscrição do empresário
rural na Junta Comercial apenas declara, formaliza a qualificação jurídica de empresário, presente em momento anterior ao registro. Exercida a faculdade de inscrição no
Registro Público de Empresas Mercantis, o empresário rural, por deliberação própria e voluntária, passa a se submeter ao regime jurídico empresarial.
4. A finalidade do registro para o empresário rural, difere, claramente, daquela emanada da inscrição para o empresário comum. Para o empresário comum, a inscrição no
Registro Público de Empresas Mercantis, que tem condão de declarar a qualidade jurídica de empresário, apresenta-se obrigatória e se destina a conferir-lhe status de
regularidade. De modo diverso, para o empresário rural, a inscrição, que também se reveste de natureza declaratória, constitui mera faculdade e tem por escopo precípuo
submeter o empresário, segundo a sua vontade, ao regime jurídico empresarial.
4.1 O empresário rural que objetiva se valer dos benefícios do processo recuperacional, instituto próprio do regime jurídico empresarial, há de proceder à inscrição no
Registro Público de Empresas Mercantis, não porque o registro o transforma em empresário, mas sim porque, ao assim proceder, passou a voluntariamente se submeter ao
aludido regime jurídico. A inscrição, sob esta perspectiva, assume a condição de procedibilidade ao pedido de recuperação judicial, como bem reconheceu esta Terceira
Turma, por ocasião do julgamento do REsp 1.193.115/MT, e agora, mais recentemente, a Quarta Turma do STJ (no REsp 1.800.032/MT) assim compreendeu.
4.2 A inscrição, por ser meramente opcional, não se destina a conferir ao empresário rural o status de regularidade, simplesmente porque este já se encontra em situação
absolutamente regular, mostrando-se, por isso, descabida qualquer interpretação tendente a penalizá-lo por, eventualmente, não proceder ao registro, possibilidade que a
própria lei lhe franqueou. Portanto, a situação jurídica do empresário rural, mesmo antes de optar por se inscrever na Junta comercial, já ostenta status de regularidade.
5. Especificamente quanto à inscrição no Registro Público das Empresas Mercantis, para o empresário comum, o art. 967 do Código Civil determina a obrigatoriedade da
inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. Será irregular, assim, o exercício profissional da atividade econômica,
sem a observância de exigência legal afeta à inscrição. Por consequência, para o empresário comum, o prazo mínimo de 2 (dois) anos deve ser contado, necessariamente, da
consecução do registro. Diversamente, o empresário rural exerce profissional e regularmente sua atividade econômica independentemente de sua inscrição no Registro
Público de Empresas Mercantis. Mesmo antes de proceder ao registro, atua em absoluta conformidade com a lei, na medida em que a inscrição, ao empresário rural,
apresenta-se como faculdade - de se submeter ao regime jurídico empresarial.
6. Ainda que relevante para viabilizar o pedido de recuperação judicial, como instituto próprio do regime empresarial, o registro é absolutamente desnecessário para que o
empresário rural demonstre a regularidade (em conformidade com a lei) do exercício profissional de sua atividade agropecuária pelo biênio mínimo, podendo ser
comprovado por outras formas admitidas em direito e, principalmente, levando-se em conta período anterior à inscrição.
7. Recurso especial provido.
(REsp 1811953/MT, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BEL-LIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/10/2020, DJe 15/10/2020)
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Art. 48 (...)
§ 2º No caso de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a comprovação do prazo
estabelecido no caput deste artigo por meio da Escrituração Contábil Fiscal (ECF), ou por meio de
obrigação legal de registros contábeis que venha a substituir a ECF, entregue tempestivamente.
§ 3º Para a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo, o cálculo do período de exercício
de atividade rural por pessoa física é feito com base no Livro Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR), ou
por meio de obrigação legal de registros contábeis que venha a substituir o LCDPR, e pela Declaração do
Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF) e balanço patrimonial, todos entregues
tempestivamente.
§ 4º Para efeito do disposto no § 3º deste artigo, no que diz respeito ao período em que não for exigível
a entrega do LCDPR, admitir-se-á a entrega do livro-caixa utilizado para a elaboração da DIRPF.
§ 5º Para os fins de atendimento ao disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo, as informações contábeis
relativas a receitas, a bens, a despesas, a custos e a dívidas deverão estar organizadas de acordo com a
legislação e com o padrão contábil da legislação correlata vigente, bem como guardar obediência ao
regime de competência e de elaboração de balanço patrimonial por contador habilitado.
Art. 51 (...).
§ 6º Em relação ao período de que trata o § 3º do art. 48 desta Lei:
I - a exposição referida no inciso I do caput deste artigo deverá comprovar a crise de insolvência,
caracterizada pela insuficiência de recursos financeiros ou patrimoniais com liquidez suficiente para
saldar suas dívidas;
II - os requisitos do inciso II do caput deste artigo serão substituídos pelos documentos mencionados no
§ 3º do art. 48 desta Lei relativos aos últimos 2 (dois) anos.
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Súmula 481 do STJ: “Faz jus ao benefício da Justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem
fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais”.
* No TJSP tentou-se um IRDR, mas se decidiu que essa questão é casuística, não sendo
possível estabelecer uma regra geral e abstrata para todos os casos. Na prática, costuma-se
permitir o parcelamento das custas (art. 98, § 6º do CPC) ou diferir o pagamento para o
final do processo.
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Art. 1º Recomendar a todos os magistrados responsáveis pelo processamento e julgamento dos processos de
recuperação empresarial, em varas especializadas ou não, que determinem a constatação das reais condições
de funcionamento da empresa requerente, bem como a verificação da completude e da regularidade da
documentação apresentada pela devedora/requerente, previamente ao deferimento do processamento da
recuperação empresarial, com observância do procedimento estabelecido nesta Recomendação.
Art. 2º Logo após a distribuição do pedido de recuperação empresarial, poderá o magistrado nomear um
profissional de sua confiança, com capacidade técnica e idoneidade para promover a constatação das reais
condições de funcionamento da empresa requerente e a análise da regularidade e da completude da
documentação apresentada juntamente com a petição inicial.
Parágrafo único. A remuneração do profissional deverá ser arbitrada posteriormente à apresentação do laudo,
observada a complexidade do trabalho desenvolvido.
Art. 3º O magistrado deverá conceder o prazo máximo de cinco dias para que o perito nomeado apresente
laudo de constatação das reais condições de funcionamento da devedora e de verificação da regularidade
documental, decidindo, em seguida, sem a necessidade de oitiva das partes.
Art. 4º A constatação prévia consistirá, objetivamente, na análise da capacidade da devedora de gerar os
benefícios mencionados no art. 47, bem como na constatação da presença e regularidade dos requisitos e
documentos previstos nos artigos 48 e 51 da Lei nº 11.101/2005.
Art. 5º Não preenchidos os requisitos legais, o magistrado poderá indeferir a petição inicial, sem convolação em
falência.
Art. 6º Caso a constatação prévia demonstre que o principal estabelecimento da devedora não se situa na área
de competência do juízo, o magistrado deverá determinar a remessa dos autos, com urgência, ao juízo
competente.
Art. 7º Esta Recomendação entra em vigor na data da sua publicação.
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Art. 51-A. Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, poderá o juiz, quando reputar necessário,
nomear profissional de sua confiança, com capacidade técnica e idoneidade, para promover a constatação
exclusivamente das reais condições de funcionamento da requerente e da regularidade e da completude da
documentação apresentada com a petição inicial.
§ 1º A remuneração do profissional de que trata o caput deste artigo deverá ser arbitrada posteriormente à
apresentação do laudo e deverá considerar a complexidade do trabalho desenvolvido.
§ 2º O juiz deverá conceder o prazo máximo de 5 (cinco) dias para que o profissional nomeado apresente
laudo de constatação das reais condições de funcionamento do devedor e da regularidade documental.
§ 3º A constatação prévia será determinada sem que seja ouvida a outra parte (inaudita altera parte) e sem
apresentação de quesitos por qualquer das partes, com a possibilidade de o juiz determinar a realização da
diligência sem a prévia ciência do devedor, quando entender que esta poderá frustrar os seus objetivos.
§ 4º O devedor será intimado do resultado da constatação prévia concomitantemente à sua intimação da
decisão que deferir ou indeferir o processamento da recuperação judicial, ou que determinar a emenda da
petição inicial, e poderá impugná-la mediante interposição do recurso cabível.
§ 5º A constatação prévia consistirá, objetivamente, na verificação das reais condições de funcionamento
da empresa e da regularidade documental, vedado o indeferimento do processamento da recuperação
judicial baseado na análise de viabilidade econômica do devedor.
§ 6º Caso a constatação prévia detecte indícios contundentes de utilização fraudulenta da ação de
recuperação judicial, o juiz poderá indeferir a petição inicial, sem prejuízo de oficiar ao Ministério Público
para tomada das providências criminais eventualmente cabíveis.
§ 7º Caso a constatação prévia demonstre que o principal estabelecimento do devedor não se situa na área
de competência do juízo, o juiz deverá determinar a remessa dos autos, com urgência, ao juízo
competente.
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Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá
o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato:
I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 desta Lei;
II - determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor
exerça suas atividades, observado o disposto no § 3º do art. 195 da Constituição
Federal e no art. 69 desta Lei;
III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma
do art. 6º desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam,
ressalvadas as ações previstas nos §§ 1º , 2º e 7º do art. 6º desta Lei e as relativas a
créditos excetuados na forma dos §§ 3º e 4º do art. 49 desta Lei;
IV – determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais
enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus
administradores;
V - ordenará a intimação eletrônica do Ministério Público e das Fazendas Públicas
federal e de todos os Estados, Distrito Federal e Municípios em que o devedor tiver
estabelecimento, a fim de que tomem conhecimento da recuperação judicial e
informem eventuais créditos perante o devedor, para divulgação aos demais
interessados.
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No AREsp 309.867, a 1ª Turma do STJ julgou um caso em que o TJES tinha mantido decisão judicial da
primeira instância que manteve a inabilitação de uma empresa em recuperação judicial num
determinado procedimento licitatório, pelo fato de não ter sido apresentada a “certidão negativa de
recuperação judicial”, com base no art. 31, inciso II da Lei 8.666/1993. O Ministro relator apontou ainda
que “norma restritiva, como é o caso do art. 31 da Lei 8.666/1993, não admite interpretação que amplie
o seu sentido, de modo que, à luz do princípio da legalidade, é vedado à Administração levar a termo
interpretação extensiva ou restritiva de direitos, quando a lei assim não o dispuser de forma expressa”.
Mas fez uma ressalva: “a dispensa de apresentação de certidão negativa não exime a empresa em
recuperação judicial de comprovar a sua capacidade econômica para poder participar da licitação, (...)
cabendo ao pregoeiro ou à comissão de licitação diligenciar a fim de avaliar a real situação de
capacidade econômico-financeira da empresa licitante”. Enfim, dando eficácia máxima ao princípio da
preservação da empresa, o STJ decidiu que “a exigência de apresentação de certidão negativa de
recuperação judicial deve ser relativizada a fim de possibilitar à empresa em recuperação judicial
participar do certame, desde que demonstre, na fase de habilitação, a sua viabilidade econômica”.
O TCU já decidiu que “é possível a participação em licitações de empresas em RJ”, mas destacou que
elas precisam estar “amparadas em certidão emitida pela instância judicial competente, que certifique
que a interessada está apta econômica e financeiramente” (Acórdão 1201/2020). Em decisão mais
recente (Acórdão 2265/2020), o TCU disse que é possível exigir uma certidão negativa de RJ, mas
ressalvou que a sua não apresentação “não implica a imediata inabilitação da licitante, cabendo ao
pregoeiro ou à comissão diligenciar no sentido de aferir se a empresa teve seu plano de recuperação
concedido”.
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Antes da reforma da LFRE, a redação do art. 6º já falava em suspensão das execuções “dos credores
particulares do sócio solidário”, e a interpretação dessa expressão “sócio solidário” suscitou uma
discussão nos tribunais pátrios, referente aos efeitos do deferimento do processamento da recuperação
judicial sobre as obrigações do sócio avalista da sociedade empresária devedora.
Segundo entendimento predominante, o “sócio solidário” a que faz referência a LRE é apenas aquele
que tem responsabilidade ilimitada, como o sócio da sociedade em nome coletivo, por exemplo.
No caso dos sócios que assumem a posição de avalistas, deve-se aplicar o disposto no art. 49, § 1º da
LRE: “os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os
coobrigados, fiadores e obrigados de regresso”.
Enunciado 43 das Jornadas de Direito Comercial: “a suspensão das ações e execuções previstas no art.
6.º da Lei n. 11.101/2005 não se estende aos coobrigados do devedor”.
“O caput do art. 6.º da Lei n. 11.101/05, no que concerne à suspensão das ações por ocasião do
deferimento da recuperação, alcança apenas os sócios solidários, presentes naqueles tipos societários
em que a responsabilidade pessoal dos consorciados não é limitada às suas respectivas quotas/ações.
Não se suspendem, porém, as execuções individuais direcionadas aos avalistas de título cujo devedor
principal é sociedade em recuperação judicial, pois diferente é a situação do devedor solidário, na forma
do § 1.º do art. 49 da referida Lei. De fato, “[a] suspensão das ações e execuções previstas no art. 6.º da
Lei n. 11.101/2005 não se estende aos coobrigados do devedor” (Enunciado n. 43 da I Jornada de Direito
Comercial CJF/STJ)”.
(AgRg no REsp 1.342.833/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4.ª Turma, j. 15.05.2014, DJe 21.05.2014).
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Art. 6º (...).
§ 7º-A. O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica aos créditos
referidos nos §§ 3º e 4º do art. 49 desta Lei, admitida, todavia, a competência do juízo
da recuperação judicial para determinar a suspensão dos atos de constrição que
recaiam sobre bens de capital essenciais à manutenção da atividade empresarial
durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4º deste artigo, a qual será
implementada mediante a cooperação jurisdicional, na forma do art. 69 da Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), observado o disposto no
art. 805 do referido Código.
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Art. 6º (...).
§ 7º As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da
recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do
Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica.
Enunciado 74 das Jornadas de Direito Comercial: “embora a execução fiscal não se
suspenda em virtude do deferimento do processamento da recuperação judicial, os
atos que importem em constrição do patrimônio do devedor devem ser analisados
pelo Juízo recuperacional, a fim de garantir o princípio da preservação da
empresa”.
Enunciado 8 da Jurisprudência em Teses do STJ: “o deferimento da recuperação
judicial não suspende a execução fiscal, mas os atos que importem em constrição
ou alienação do patrimônio da recuperanda devem se submeter ao juízo
universal”.
Tema Repetitivo 987: “possibilidade da prática de atos constritivos, em face de
empresa em recuperação judicial, em sede de execução fiscal de dívida tributária e
não tributária” (houve “determinação de suspensão nacional de todos os
processos pendentes, individuais ou coletivos”, nos termos do art. 1.037, II, CPC).
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Art. 6º (...).
§ 7º-B. O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica às execuções
fiscais, admitida, todavia, a competência do juízo da recuperação judicial para
determinar a substituição dos atos de constrição que recaiam sobre bens de capital
essenciais à manutenção da atividade empresarial até o encerramento da recuperação
judicial, a qual será implementada mediante a cooperação jurisdicional, na forma do
art. 69 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), observado
o disposto no art. 805 do referido Código.
* A PGFN pediu a desafetação do Tema 987, o que foi deferido pelo STJ.
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Art. 6º (...).
§ 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que
demandar quantia ilíquida.
§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou
modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza
trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei, serão
processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que
será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença.
§ 3º O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1º e 2º deste artigo poderá
determinar a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na
falência, e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe
própria.
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Art. 6º (...).
§ 9º O processamento da recuperação judicial ou a decretação
da falência não autoriza o administrador judicial a recusar a
eficácia da convenção de arbitragem, não impedindo ou
suspendendo a instauração de procedimento arbitral.
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Art. 6º (...).
§ 4º Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese nenhuma
excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do
processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de
iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.
“A extrapolação do prazo de 180 dias previsto no art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/2005 não causa o
automático prosseguimento das ações e das execuções contra a empresa recuperanda, senão quando
comprovado que sua desídia causou o retardamento da homologação do plano de recuperação”.
(AgRg no CC 113.001/DF, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
14/03/2011, DJe 21/03/2011)
Enunciado 42 das Jornadas de Direito Comercial: “O prazo de suspensão previsto no art. 6.º, § 4.º, da Lei
11.101/2005 pode excepcionalmente ser prorrogado, se o retardamento do feito não puder ser
imputado ao devedor”.
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Art. 6º (...).
§ 4º Na recuperação judicial, as suspensões e a proibição de que
tratam os incisos I, II e III do caput deste artigo perdurarão pelo prazo
de 180 (cento e oitenta) dias, contado do deferimento do
processamento da recuperação, prorrogável por igual período, uma
única vez, em caráter excepcional, desde que o devedor não haja
concorrido com a superação do lapso temporal.
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Art. 6º (...).
§ 4º-A. O decurso do prazo previsto no § 4º deste artigo sem a deliberação a respeito do plano de
recuperação judicial proposto pelo devedor faculta aos credores a propositura de plano
alternativo, na forma dos §§ 4º, 5º, 6º e 7º do art. 56 desta Lei, observado o seguinte:
I - as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput deste artigo não serão
aplicáveis caso os credores não apresentem plano alternativo no prazo de 30 (trinta) dias,
contado do final do prazo referido no § 4º deste artigo ou no § 4º do art. 56 desta Lei;
II - as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput deste artigo perdurarão
por 180 (cento e oitenta) dias contados do final do prazo referido no § 4º deste artigo, ou da
realização da assembleia-geral de credores referida no § 4º do art. 56 desta Lei, caso os credores
apresentem plano alternativo no prazo referido no inciso I deste parágrafo ou no prazo referido
no § 4º do art. 56 desta Lei.
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Art. 6º (...).
§ 12. Observado o disposto no art. 300 da Lei nº 13.105, de 16 de
março de 2015 (Código de Processo Civil), o juiz poderá antecipar total
ou parcialmente os efeitos do deferimento do processamento da
recuperação judicial.
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Art. 52 (...).
§ 4º O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação
judicial após o deferimento de seu processamento, salvo se
obtiver aprovação da desistência na assembléia-geral de
credores.
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Procedimento.
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Habilitações/divergências.
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Habilitações/divergências retardatárias.
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Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que
não vencidos.
A 3ª e a 4ª Turmas do STJ já tinham vários precedentes afirmando que o importante é que o fato
gerador do crédito seja anterior ao pedido de recuperação judicial, ainda que o seu reconhecimento
seja posterior.
“Nos termos da orientação jurisprudencial desta Corte Superior, a data do fato gerador da obrigação é o
marco temporal para a sujeição ou não do crédito à recuperação judicial, ainda que a liquidação venha
a ocorrer em data posterior. Precedentes do STJ” (AgInt no REsp 1849373/SP, Rel. Ministro MARCO
BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 04/05/2020, DJe 07/05/2020).
Enunciado 100 das Jornadas de Direito Comercial: “consideram-se sujeitos à recuperação judicial, na
forma do art. 49 da Lei n. 11.101/2005, os créditos decorrentes de fatos geradores anteriores ao pedido
de recuperação judicial, independentemente da data de eventual acordo, sentença ou trânsito em
julgado”.
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Mas como nem todos seguiam o entendimento do STJ, a questão foi afetada a julgamento da 2ª Seção, sob a
sistemática dos recursos repetitivos:
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Art. 49 (...).
§ 3º. Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou
imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos
respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade,
inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com
reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e
prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais,
observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de
suspensão a que se refere o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou a retirada do
estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial.
§ 4º Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere o
inciso II do art. 86 desta Lei.
* Trata-se, basicamente, de créditos titularizados por bancos, que nesse caso são “credores
proprietários”. A LFRE deu tratamento privilegiado a esses créditos, determinando que eles
não se submetem aos efeitos da recuperação judicial. O objetivo foi dar mais segurança ao
crédito bancário no Brasil, e com isso tentar diminuir os juros dessas operações (o chamado
spread). Na reforma da LFRE, foi inserido o § 7º-A no art. 6º, que segue no mesmo sentido
da parte final do § 3º do art. 49 (proteção de bens de capital essenciais).
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Ainda sobre o assunto das travas bancárias, mas dessa vez analisando uma
questão formal, a 3ª Turma do STJ, no julgamento do REsp 1.797.196, decidiu que
“no caso de cessão fiduciária de direitos creditórios, para a consumação do
negócio fiduciário, que exclui o respectivo credor dos efeitos da recuperação
judicial (art. 49, § 3º da Lei 11.101/2005), o contrato deve indicar, de maneira
precisa, o crédito objeto de cessão, mas não o título representativo desse crédito,
que pode não ter sido sequer emitido ainda”.
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Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do
pedido, ainda que não vencidos. (...)
§ 4º Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere
o inciso II do art. 86 desta Lei.
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Conteúdo do plano.
*** O laudo será fundamental para que os credores façam a referida análise de
viabilidade econômica, isto é, se a recuperação judicial será melhor do que
eventual falência.
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Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros:
I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas;
II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou
ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente;
III – alteração do controle societário;
IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos;
V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às
matérias que o plano especificar;
VI – aumento de capital social;
VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados;
VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva;
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de
terceiro;
X – constituição de sociedade de credores;
XI – venda parcial dos bens;
XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da
distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do
disposto em legislação específica;
XIII – usufruto da empresa;
XIV – administração compartilhada;
XV – emissão de valores mobiliários;
XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do
devedor.
XVII - conversão de dívida em capital social;
XVIII - venda integral da devedora, desde que garantidas aos credores não submetidos ou não aderentes condições, no
mínimo, equivalentes àquelas que teriam na falência, hipótese em que será, para todos os fins, considerada unidade
produtiva isolada.
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Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para pagamento
dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a
data do pedido de recuperação judicial.
§ 1º. O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para o pagamento, até o limite
de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza estritamente salarial vencidos
nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de recuperação judicial.
§ 2º O prazo estabelecido no caput deste artigo poderá ser estendido em até 2 (dois) anos, se o plano
de recuperação judicial atender aos seguintes requisitos, cumulativamente:
I - apresentação de garantias julgadas suficientes pelo juiz;
II - aprovação pelos credores titulares de créditos derivados da legislação trabalhista ou decorrentes de
acidentes de trabalho, na forma do § 2º do art. 45 desta Lei; e
III - garantia da integralidade do pagamento dos créditos trabalhistas.
* Pode o PRJ prever um deságio para os créditos trabalhistas? Na TP 2.778, o Ministro Cueva entendeu
que sim: o TJ tinha declarado a nulidade de uma cláusula que previu deságio de 60% para os créditos
trabalhistas, sob o fundamento de que não houve “participação do sindicato dos trabalhadores” (art. 50,
VIII da LFRE), mas Cueva afirmou que “não existe, a princípio, óbice para o pagamento do crédito
trabalhista com deságio, tampouco se exige a presença do sindicato dos trabalhadores para validade da
votação implementada pela assembleia geral de credores”.
** Existem créditos que são equiparados a trabalhistas: comissões de representantes comerciais (art. 44
da Lei 4.886/1965), honorários de profissionais liberais (REsp 1.152.218 e 1.851.770) e créditos que
tenham natureza alimentar (REsp 1.799.041).
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Art. 60. Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiais ou
de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado o
disposto no art. 142 desta Lei.
Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão
do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, observado o
disposto no § 1º do art. 141 desta Lei.
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Art. 60, parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá
sucessão do arrematante nas obrigações do devedor de qualquer natureza, incluídas, mas
não exclusivamente, as de natureza ambiental, regulatória, administrativa, penal,
anticorrupção, tributária e trabalhista, observado o disposto no § 1º do art. 141 desta Lei.
Enunciado 104 das Jornadas de Direito Comercial: “não haverá sucessão do adquirente de
ativos em relação a penalidades pecuniárias aplicadas ao devedor com base na Lei n.
12.846/2013 (Lei Anticorrpução), quando a alienação ocorrer com fundamento no art. 60
da Lei 11.101/2005”.
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Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano
de recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação
da relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º desta Lei.
Parágrafo único. Caso, na data da publicação da relação de que trata o
caput deste artigo, não tenha sido publicado o aviso previsto no art. 53,
parágrafo único, desta Lei, contar-se-á da publicação deste o prazo para as
objeções.
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Convocação da AGC.
Art. 56. Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juiz
convocará* a assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano de
recuperação.
§ 1º A data designada para a realização da assembléia-geral não excederá 150 (cento e
cinqüenta) dias** contados do deferimento do processamento da recuperação
judicial.
* Em princípio, não cabe ao juiz analisar o conteúdo das objeções, mas apenas
convocar a AGC. No entanto, há quem defenda a possibilidade de o juiz indeferir
objeções não fundamentadas, por exemplo.
* A previsão desse prazo de 150 dias para a realização da AGC teve o objetivo de
assegurar que a deliberação dos credores sobre o PRJ ocorreria dentro do stay period,
mas na prática esse prazo quase nunca é respeitado, em razão da morosidade do
processo judicial. A propósito, foi por isso que se firmou jurisprudência pela
possibilidade de prorrogação do stay period, apesar de a redação original da LFRE ter
sido clara quanto à impossibilidade dessa prorrogação (com a reforma da LFRE, a
prorrogação passou a ser expressamente permitida, uma única vez).
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Aprovação do PRJ.
Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de
credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta.
§ 1º Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta Lei, a proposta
deverá ser aprovada por credores que representem mais da metade do valor total dos
créditos presentes à assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores
presentes.
§ 2º Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser
aprovada pela maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de
seu crédito.
§ 3º O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação de
quórum de deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as
condições originais de pagamento de seu crédito.
* Nas classes dos credores com garantia real e dos credores quirografários, subordinados e
com privilégios, a votação se dá por valor do crédito e por cabeça, mas nas classes dos
credores trabalhistas/acidentários e dos credores que são ME/EPP a votação se dá apenas
por cabeça, valendo lembrar que, em qualquer classe, o credor que não tiver seu crédito
alterado não terá direito de voto nem será considerado para fins de verificação de quórum.
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Art. 56 (...).
§ 3º O plano de recuperação judicial poderá sofrer alterações na assembléia-geral, desde
que haja expressa concordância do devedor e em termos que não impliquem diminuição
dos direitos exclusivamente dos credores ausentes.
§ 4º Rejeitado o plano de recuperação judicial, o administrador judicial submeterá, no ato,
à votação da assembleia-geral de credores a concessão de prazo de 30 (trinta) dias para
que seja apresentado plano de recuperação judicial pelos credores.
§ 5º A concessão do prazo a que se refere o § 4º deste artigo deverá ser aprovada por
credores que representem mais da metade dos créditos presentes à assembleia-geral de
credores.
§ 8º Não aplicado o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º deste artigo, ou rejeitado o plano de
recuperação judicial proposto pelos credores, o juiz convolará a recuperação judicial em
falência.
* Os credores podem (i) aprovar o plano de recuperação judicial tal como proposto pelo
devedor, (ii) aprovar o plano de recuperação judicial com alterações (desde que o devedor
concorde e que não seja causado prejuízo exclusivo aos credores ausentes) ou (iii) rejeitar o
plano de recuperação judicial. Neste último caso, a LFRE, em sua redação original, previa a
convolação da recuperação em falência, mas após a reforma há a possibilidade de a AGC
conferir prazo para que os credores apresentação plano alternativo.
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Art. 39 (...).
§ 4º Qualquer deliberação prevista nesta Lei a ser realizada por meio de assembleia-geral de
credores poderá ser substituída, com idênticos efeitos, por:
I - termo de adesão firmado por tantos credores quantos satisfaçam o quórum de aprovação
específico, nos termos estabelecidos no art. 45-A desta Lei;
Art. 45-A. As deliberações da assembleia-geral de credores previstas nesta Lei poderão ser
substituídas pela comprovação da adesão de credores que representem mais da metade do valor
dos créditos sujeitos à recuperação judicial, observadas as exceções previstas nesta Lei.
§ 1º Nos termos do art. 56-A desta Lei, as deliberações sobre o plano de recuperação judicial
poderão ser substituídas por documento que comprove o cumprimento do disposto no art. 45
desta Lei.
Art. 56-A. Até 5 (cinco) dias antes da data de realização da assembleia-geral de credores
convocada para deliberar sobre o plano, o devedor poderá comprovar a aprovação dos credores
por meio de termo de adesão, observado o quórum previsto no art. 45 desta Lei, e requerer a sua
homologação judicial.
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Cram down.
Art. 58 (...).
§ 1º O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não obteve aprovação
na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembleia, tenha obtido, de forma
cumulativa:
I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos
presentes à assembleia, independentemente de classes;
II - a aprovação de 3 (três) das classes de credores ou, caso haja somente 3 (três) classes com
credores votantes, a aprovação de pelo menos 2 (duas) das classes ou, caso haja somente 2
(duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas, sempre nos
termos do art. 45 desta Lei;
III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores,
computados na forma dos §§ 1º e 2º do art. 45 desta Lei.
§ 2º A recuperação judicial somente poderá ser concedida com base no § 1º deste artigo se o
plano não implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe que o houver rejeitado.
* No Brasil, o cram down está previso no art. 58, §§ 1º e 2º da Lei 11.101/2005, e a expressão tem
sido traduzida como “goela abaixo”, justamente por se referir a uma situação em que o juízo da
recuperação judicial impõe aos credores um plano não aprovado, nos termo da lei (art. 45), por
todas as classes de credores (art. 41) da assembleia geral.
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Em 2014 foi criado o parcelamento específico para devedores que pediam recuperação
judicial (Lei 13.043/2014, cujo art. 43 acresceu o art. 10-A na Lei 10.522/2002): os débitos
com a Fazenda Nacional podiam ser divididos em 84 parcelas mensais e consecutivas.
Ocorre que muitos juízes ainda continuaram entendendo que a exigência de CND devia ser
afastada, não sendo raro que reconhecessem, em controle difuso, a sua
inconstitucionalidade.
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REsp 1.864.625.
RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CERTIDÕES NEGATIVAS DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. ART. 57 DA LEI 11.101/05 E ART. 191-A DO
CTN. EXIGÊNCIA INCOMPATÍVEL COM A FINALIDADE DO INSTITUTO. PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA E FUNÇÃO SOCIAL. APLICAÇÃO
DO POSTULADO DA PROPORCIONALIDADE. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DA LEI 11.101/05.
1. Recuperação judicial distribuída em 18/12/2015. Recurso especial interposto em 6/12/2018. Autos conclusos à Relatora em 30/1/2020.
2. O propósito recursal é definir se a apresentação das certidões negativas de débitos tributários constitui requisito obrigatório para
concessão da recuperação judicial do devedor.
3. O enunciado normativo do art. 47 da Lei 11.101/05 guia, em termos principiológicos, a operacionalidade da recuperação judicial,
estatuindo como finalidade desse instituto a viabilização da superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a permitir a
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da
empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. Precedente.
4. A realidade econômica do País revela que as sociedades empresárias em crise usualmente possuem débitos fiscais em aberto, podendo-se
afirmar que as obrigações dessa natureza são as que em primeiro lugar deixam de ser adimplidas, sobretudo quando se considera a elevada
carga tributária e a complexidade do sistema atual.
5. Diante desse contexto, a apresentação de certidões negativa de débitos tributários pelo devedor que busca, no Judiciário, o soerguimento
de sua empresa encerra circunstância de difícil cumprimento.
6. Dada a existência de aparente antinomia entre a norma do art. 57 da LFRE e o princípio insculpido em seu art. 47 (preservação da
empresa), a exigência de comprovação da regularidade fiscal do devedor para concessão do benefício recuperatório deve ser interpretada à
luz do postulado da proporcionalidade.
7. Atuando como conformador da ação estatal, tal postulado exige que a medida restritiva de direitos figure como adequada para o fomento
do objetivo perseguido pela norma que a veicula, além de se revelar necessária para garantia da efetividade do direito tutelado e de guardar
equilíbrio no que concerne à realização dos fins almejados (proporcionalidade em sentido estrito).
8. Hipótese concreta em que a exigência legal não se mostra adequada para o fim por ela objetivado - garantir o adimplemento do crédito
tributário -, tampouco se afigura necessária para o alcance dessa finalidade: (i) inadequada porque, ao impedir a concessão da recuperação
judicial do devedor em situação fiscal irregular, acaba impondo uma dificuldade ainda maior ao Fisco, à vista da classificação do crédito
tributário, na hipótese de falência, em terceiro lugar na ordem de preferências; (ii) desnecessária porque os meios de cobrança das dívidas de
natureza fiscal não se suspendem com o deferimento do pedido de soerguimento. Doutrina.
9. Consoante já percebido pela Corte Especial do STJ, a persistir a interpretação literal do art. 57 da LFRE, inviabilizar-se-ia toda e qualquer
recuperação judicial (REsp 1.187.404/MT).
10. Assim, de se concluir que os motivos que fundamentam a exigência da comprovação da regularidade fiscal do devedor (assentados no
privilégio do crédito tributário), não tem peso suficiente - sobretudo em função da relevância da função social da empresa e do princípio que
objetiva sua preservação - para preponderar sobre o direito do devedor de buscar no processo de soerguimento a superação da crise
econômico-financeira que o acomete.
RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.
(REsp 1864625/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/06/2020, DJe 26/06/2020)
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Rcl 43.169.
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- Alteração do art. 10-A da Lei 10.522/2002: o parcelamento pode ser feito em mais
prestações, o escalonamento das parcelas ficou mais vantajoso e se admitiu o uso de
prejuízo fiscal e base de cálculo negativa para liquidação de parte da dívida.
- Transação tributária (art. 10-C na Lei 10.522/2002): o devedor que pede recuperação
judicial pode propor transação tributária, com prazo máximo de quitação de até 120
meses e reduções de até 70%.
- Como juízos e tribunais agirão após a entrada em vigor dessas novas regras?
- Caso se exija CND, qual a consequência da sua não apresentação? O juiz deve (i)
convolar a recuperação em falência ou (ii) extinguir o processo, sem decretação da
falência?
Opinião: o ideal seria a revogação do art. 57 da LFRE, até porque a reforma da lei
reforçou a regra de que a execução fiscal não se suspende e pode ensejar a constrição
de bens, com ressalva apenas dos bens de capital essenciais à manutenção da
empresa (art. 6º, § 7º-B).
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Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o
devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1º do
art. 50 desta Lei.
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Art. 59 (...).
§ 1º A decisão judicial que conceder a recuperação judicial constituirá
título executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III, do caput da
Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
§ 2º Contra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá
agravo, que poderá ser interposto por qualquer credor e pelo
Ministério Público.
§ 3º Da decisão que conceder a recuperação judicial serão intimadas
eletronicamente as Fazendas Públicas federal e de todos os Estados,
Distrito Federal e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento.
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Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá
determinar a manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam
cumpridas todas as obrigações previstas no plano que vencerem até, no
máximo, 2 (dois) anos depois da concessão da recuperação judicial,
independentemente do eventual período de carência.
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Art. 61 (...).
§ 1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de
qualquer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em
falência, nos termos do art. 73 desta Lei.
§ 2º Decretada a falência, os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias
nas condições originalmente contratadas, deduzidos os valores eventualmente pagos
e ressalvados os atos validamente praticados no âmbito da recuperação judicial.
Art. 62. Após o período previsto no art. 61 desta Lei, no caso de descumprimento de
qualquer obrigação prevista no plano de recuperação judicial, qualquer credor poderá
requerer a execução específica ou a falência com base no art. 94 desta Lei.
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RECURSO ESPECIAL. DIREITO EMPRESARIAL. FALHA NA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INEXISTÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
ENCERRAMENTO. PLANO DE RECUPERAÇÃO. ADITIVOS. TERMO INICIAL. PRAZO BIENAL. CONCESSÃO. BENEFÍCIO. HABILITAÇÕES
PENDENTES. IRRELEVÂNCIA. (...)
2. Cinge-se a controvérsia a definir (i) se houve falha na prestação jurisdicional e (ii) se nos casos em que há aditamento ao plano
de recuperação judicial, o termo inicial do prazo bienal de que trata o artigo 61, caput, da Lei nº 11.101/2005 deve ser a data da
concessão da recuperação judicial ou a data em que foi homologado o aditivo ao plano. (...)
4. A Lei nº 11.101/2005 estabeleceu o prazo de 2 (dois) anos para o devedor permanecer em recuperação judicial, que se inicia
com a concessão da recuperação judicial e se encerra com o cumprimento de todas as obrigações previstas no plano que se
vencerem até 2 (dois) anos do termo inicial.
5. O estabelecimento de um prazo mínimo de efetiva fiscalização judicial, durante o qual o credor se vê confortado pela exigência
do cumprimento dos requisitos para concessão da recuperação judicial e pela possibilidade direta de convolação da recuperação
em falência no caso de descumprimento das obrigações, com a revogação da novação do créditos, é essencial para angariar a
confiança dos credores, organizar as negociações e alcançar a aprovação dos planos de recuperação judicial.
6. A fixação de um prazo máximo para o encerramento da recuperação judicial se mostra indispensável para afastar os efeitos
negativos de sua perpetuação, como o aumento dos custos do processo, a dificuldade de acesso ao crédito e a judicialização das
decisões que pertencem aos agentes de mercado, passando o juiz a desempenhar o papel de muleta para o devedor e garante do
credor.
7. Alcançado o principal objetivo do processo de recuperação judicial que é a aprovação do plano de recuperação judicial e
encerrada a fase inicial de sua execução, quando as propostas passam a ser executadas, a empresa deve retornar à normalidade,
de modo a lidar com seus credores sem intermediação.
8. A apresentação de aditivos ao plano de recuperação judicial pressupõe que o plano estava sendo cumprido e, por situações
que somente se mostraram depois, teve que ser modificado, o que foi admitido pelos credores. Não há, assim, propriamente
uma ruptura da fase de execução, motivo pelo qual inexiste justificativa para a modificação do termo inicial da contagem do
prazo bienal para o encerramento da recuperação judicial.
9. A existência de habilitações/impugnações de crédito ainda pendentes de trânsito em julgado, o que evidencia não estar
definitivamente consolidado o quadro geral de credores, não impede o encerramento da recuperação.
10. Recurso especial não provido.
(REsp 1.853.347/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/05/2020, DJe 11/05/2020)
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Aula 9 - Recuperação judicial
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