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PONTOS CHAVES EXECUTIVO

 Embargos de terceiro

Reação de terceiros contra penhoras ilegais – 342º e ss.

Expediente para reagir contra penhoras ilegais, ações declarativas – 348º/1.

Ex.: penhoraram um bem em relação ao qual eu tenho um direito subjetivo x, que não
pode ser desconsiderado nessa execução.

É causa de anulação da venda. Ex.: vendo a propriedade plena quando há um usufruto –


direito real de gozo – quando devia ter penhorado a nua propriedade.

Se o direito é incompatível então pode embargar de terceiro, será incompatível se após a


venda executiva o direito não se extinguir.

Art. 824º/2 CC = todos os DR de garantia caducam após a venda executiva, mesmo com
registro anterior a penhora.

Ex.: agente de execução quando faz a penhora de um prédio, vê nos registros prediais os
titulares dos direitos de crédito, titulares de hipoteca. Tem o dever de citar todos esses
credores para reclamarem seus créditos. Não há embargos de terceiro para DR garantia,
por isso só podem reclamar nessa hora. Não há também para direitos pessoais de gozo
como comodato, deposito, etc.

Arrendamento não sofre com a venda executiva, o inquilino não vai ser prejudicado,
vamos vender o bem com o arrendamento, só vai mudar de senhorio.

O possuidor pode embargar de terceiro, o possuidor não é proprietário, mas tem a posse
da coisa. Meio de tutela possessória, enquanto não perder a posse tem uma presunção de
titularidade de direito, então o possuidor pode embargar. Locatário, depositário, parceiro
pensador também – pecuária – A tem 10 porcos, entrega a B para cuidar, esse outro é o
penso, alimento pecuário, tem tutela possessória, e pode defender a posse, direito de
gozo na verdade, mas tem a tutela, pode embargar de terceiro.

Vamos aos embargos do cônjuge do executado, Maria quer proteger um bem seu que
foi penhorado erroneamente – art. 343º CPC – modalidade especial de embargos de
terceiro. Para a defesa dos seus bens próprios e bens relativos aos bens comuns que
indevidamente tenham sido atingidos pela penhora.
Caso do terceiro para efeitos de registro. Situação em que o executado vende um
prédio a B que não registra e logo a seguir esse bem é penhorado e faz-se o registro da
penhora. O terceiro deduz embargos de 3º, vai ganhar ou perder? De acordo com o art.
5º/4 registro predial, consolida a aquisição aquele que levar a registro primeiro, aquele
que primeiro registrar. Nosso sistema é de título e não de título e modo. A propriedade
se transfere por mero efeito do contrato.

A posição da jurisprudência é a de que, ao vender o bem, antes da penhora, o direito da


propriedade transferiu-se a B. Assim, quando o bem foi penhorado, pois estava
registrado em nome do executado, já não era dele, é uma penhora de bens alheios,
aquisição a non dominus. O STJ diz que é uma penhora ilegal.

Não vamos aplicar o art. 5º/4 registro predial, pois não derivam do mesmo autor comum
direitos parcialmente incompatíveis. Toda doutrina é contra essa orientação. Temos
duas concepções sobre esse assunto: restrita e ampla.

A restrita é a plasmada no acordão de uniformização da jurisprudência de 1999,


nomeadamente consagrada no art. 5º/4 registro predial. Não vamos proteger a penhora
aqui, B, que era dono, ganha os embargos de terceiro, é o verdadeiro proprietário
mesmo que não tenha levado a registro, a penhora é cancelada. Apoiada por Manuel de
Andrade, Orlando de Carvalho, Mota Pinto. Terceiros para efeitos de registro são
aqueles que adquirem do mesmo autor direitos total ou parcialmente incompatíveis
sobre o mesmo bem, o que não ocorre aqui. Não deriva do mesmo autor comum direitos
total ou parcialmente incompatíveis, logo, vamos proteger o terceiro.

A concepção ampla, acórdão de uniformização de 97, abrange a penhora e, assim, vai


proteger o registro da penhora, se B embargar de terceiro vai perder, pois não registrou
a propriedade. Quem registra primeiro ganha. Defendem essa posição Monica Jardim,
Antunes Varela, Henrique Mesquita, etc.

É sobre direitos totais ou parciais incompatíveis ou conflitantes. Embargar de terceiro


com fundamento em direito incompatível. Praticamente toda doutrina é contraria ao
acórdão de 99.

O registro não dá nem tira direitos, mas consolida as situações jurídicas. Esse efeito de
oponibilidade dos direitos reais, quem registra deve poder beneficiar-se dos efeitos da
oponibilidade que o registro confere.
*DR garantia caducam todos com a venda executiva, logo, não há embargos de terceiros
para ninguém aqui.

*Direitos pessoais de gozo como comodato, parceiros pensadores, etc., não são
oponíveis a terceiro, logo, não pode embargar de terceiro. O direito caduca com a venda
executiva – 824º/2 CC. Contrato de arrendamento não caduca, locatário tem estatuto
misto.

*DR aquisição – pacto de preferência, contrato promessa, tem que intentar ação de
execução especifica antes da penhora e depois deduzir embargos. Se tiver eficácia real
pode já é oponível.

*DR gozo: propriedade, usufruto, uso e habitação, superfície, etc. Todos com registro
anterior a penhora não caducam. Logo, podem embargar de terceiro.

 Embargos do executado

É outra ação declarativa que tramita por apenso a ação executiva.

 Graduação dos créditos

O juiz vai indicar bem a bem sobre os quais existem DR garantia e quem é que vai
receber primeiro, por ordem, o preço da venda executiva dos bens sobre os quais foram
reclamados os créditos.

 Penhora ilegal e meios de reação

Quando a penhora é ilegal:

1. Viola regras de impenhorabilidade que protegem o executado


2. Viola direitos subjetivos de terceiros ou a posse de terceiros sobre os bens
penhorados.

Oposição a penhora é um incidente declarativo – 784º CPC. Executado é autor dessa


mini ação declarativa.

Ex.: penhorar pensão de alimentos – é impenhorável. Ou, temos uma dívida que segue o
regime de dívidas próprias de um dos cônjuges e o agente de execução penhora bens
comuns dos cônjuges. Essa penhora é ilegal, só subsidiariamente se penhoram os bens
comuns. Violação da norma de penhorabilidade subsidiaria.

Como se reage contra as ilegalidades da penhora?


O executado pode deduzir um incidente de oposição a penhora – 784º e 785º. Ex.:
penhora-se um salário em montante superior ao que se devia ter penhorado.
Instrumentos de trabalho do executado, o agente de execução penhorou um direito real
de gozo do executado, é um direito intransmissível e não pode ser penhorado.

Embargos de terceiro e embargos do executado.

Ver as impenhorabilidades = art. 736º a 738º e 745º CPC.

- Absolutamente impenhoráveis (não podem nunca ser penhorados):

a) Coisas ou direitos inalienáveis: direitos do autor, direito de uso e habitação, etc.


b) Animais de estimação
c) Bens do domínio público do Estado e das restantes das PC públicas
d) Ofensa aos bons costumes
e) Túmulos
f) Instrumentos e objetos indispensáveis ao tratamento de doentes

- Relativamente impenhoráveis (há certos bens que em determinadas situações podem


ser penhorados e esses mesmos bens, em outras situações, não pode ser penhorados.
Depende das circunstancias concretas do caso):

a) Instrumentos de trabalho: se um carro estiver a ser usado como instrumento de


trabalho não pode ser penhorado.

- Impenhorabilidade parcial (tem a ver com quantidades, só pode penhorar uma parte
desses bens e não a sua totalidade): salários, pensões, aposentadorias, subsídios,
gratificações, rendas vitalícias, etc. Todos os direitos de crédito e não as coisas
corpóreas.

*Regra do salário – 738º/3.

- Penhorabilidade subsidiária (há bens/direitos que só podem ser penhorados depois de


outros bens/direitos terem sido em primeiro lugar): exemplo dos cônjuges,
penhorabilidade subsidiaria dos bens comuns por dívidas exclusivas de apenas um.
Quando forem dívidas comunicáveis, vamos penhorar primeiro os bens comuns e só
subsidiariamente os bens próprios de cada um. Exemplo do fiador, só responde
subsidiariamente.
Impenhorabilidade objetiva e subjetiva: objetiva quando os bens do executado não
podem ser penhorados naquele contexto e subjetiva quando os bens penhorados não são
do executado.

 Pressupostos processuais: tribunal competente, legitimidade das partes e


patrocínio judiciário

Tribunal competente

Temos dois tipos de tribunais de 1ª instancia: os tribunais de competência territorial


alargada (5) e os tribunais da comarca (23).

Dentro dos tribunais da comarca, temos uma repartição em juízos, juízos de


competência especializada, competência genérica e de proximidade.

Para chegarmos ao tribunal competente, devemos analisar 5 pontos:

1. Competência material geral dos tribunais judiciais para ação executiva:

Critério de atribuição positiva = são da competência dos tribunais judicias as AE que


estejam em causa o não cumprimento ou a não realização de uma prestação devida.

Critério da competência residual = tribunais judicias são competentes para tramitar as


AE que não sejam atribuídas por força de lei a outros tribunais.

2. Competência em razão da hierarquia

Olhar para o art. 86º e 67º CPC.

3. Competência em razão do território

Tudo vai depender do título executivo. Se for título judicial – olhar para art. 85º/1 CPC.
Mas essa regra tem exceções – art. 85º/2. Havendo juízo de execução naquela comarca,
é naquele juízo que será tramitada a AE. O normal é que quem julga, executa, mas
temos juízos especializados para as ações executivas.

Se fosse título extrajudicial – olhar para art. 89º/1.

4. Competência em razão da matéria

Dentro da comarca, vamos ver qual dos juízos é competente, juízo central cível, local
cível, de execução, família e menores, trabalho, etc. Se existir juízo de execução, então
é competência exclusiva – art. 129º/1 LOSJ. Mas não é regra, não é garantido, se for
uma execução de trabalho ou de família, é melhor ir para o juízo que proferiu a decisão
– 129º/2 LOSJ.

5. Competência internacional (não vamos falar desse)

Concluindo:

Se existir juízo de execução e for título judicial – é nesse pelo 85º/2.

Se não existe juízo de execução e for título judicial – é onde proferiu a decisão pelo
85º/1.

Se não tem juízo de execução e for título extrajudicial – olhar para o valor. Até 50 mil
euros vai para o juízo local cível, mais que 50 mil vai para o central.

Violação das normas de competência = absoluta (matéria e hierarquia – art. 96º) e


relativa (valor e território – 102º).

Em caso de falta de pressuposto processual, como estamos a tratar de processo sumário


art. 550º/2, a questão deve ser suscitada pelo agente de execução ao juiz, a fim deste
apreciar a falta desse pressuposto processual – art. 855º/2/b. Desse modo, o juiz vai
indeferir liminarmente o requerimento segundo as hipóteses do art. 726º. O juiz pode
conhecer oficiosamente até as diligencias esses fatos – art. 734º CPC.

Legitimidade processual

Art. 53º CPC. Vamos olhar sempre para o título executivo, sentença, cheque, etc., e tirar
daí quem é credor e devedor. A resposta da legitimidade está sempre no título. A AE é
mais simples que a declarativa, mas há alguns desvios a regra geral – art. 54º.

Consequência da ilegitimidade = exceção dilatória de conhecimento oficioso – art.


577º/e e 578º CPC.

No caso de ter sentença mencionando os dois cônjuges como devedores (os dois tem
legitimidade processual passiva), o exequente é livre para apenas executar um deles.
Não há litisconsórcio necessário na posição do curso.

Patrocínio judiciário

Art. 58º CPC. Três hipóteses:

a) Valor da causa excede alçada da relação (+30mil) = obrigatória constituição de


advogado – art. 58º/1 1ª parte.
b) Valor da causa entre 5 mil e 30 mil = art. 58º/3
c) Caso de incidentes e embargos + valor da causa +5mil = art. 58º/1 2ª parte.

Se for obrigatória constituição de advogado e isso não se cumprir, então temos uma
exceção dilatória de conhecimento oficioso – art. 578º CPC – contudo, essa falha é
sanável, o juiz concede um prazo para que seja suprida.

 Distinções
1. Obrigação exequenda inexigível e obrigação exequenda incerta

Pressupostos processuais específicos da obrigação exequenda. A mesma deve culminar


determinadas características, sendo elas liquidez, certeza e exigibilidade.

Uma obrigação certa é uma obrigação qualitativamente determinada, “que” obrigação


está em causa. Por ex., 5 toneladas de azeitona. Quais azeitonas? Deve-se especificar a
variedade, não está qualitativamente determinada. Uma obrigação cuja certeza não está
determinada é uma obrigação incerta. As obrigações alternativas, por ex., art. 714º CPC
são obrigações incertas, pois ainda não estão qualitativamente determinadas, ainda vão
ser escolhidas.

Já uma obrigação inexigível é uma obrigação que ainda não pode ser executada, seja
porque ainda não estão vencidas ou porque seu vencimento depende de uma
interpelação do credor que ainda não ocorreu. Por ex., as obrigações condicionais, art.
715º CPC, obrigação depende de uma condição suspensiva ou de uma prestação por
parte do credor.

2. Execução para entrega de coisa certa e execução para prestação de facto

Art. 10º/6 CPC.

Prestação de facto: atividades positivas ou negativas, fungíveis ou infungíveis. Fungível


quando só aquele devedor pode prestar a atividade, por causa da características
intrínsecas da pessoa do devedor, ex., só ele pode pintar o quadro. Art. 868º. As
prestações de facto infungíveis podem fixar uma sanção pecuniária compulsória para
estimular o devedor a cumprir.

A entregada de coisa certa está prevista no art. 859º CPC. A entrega de coisa certa pode
envolver o uso de força se necessário. Se estiver em causa um pagamento em moeda
fora de curso legal no país, não é execução para pagamento de quantia certa, e sim
entrega de coisa certa.

3. Agente de execução e oficial de justiça com funções de agente de execução


Agente de execução é um profissional liberal que exerce funções públicas, delegadas
pelo Estado, que consistem na prática de atos, operações materiais da ação executiva
propriamente dita, e não das ações declarativas ou incidentes declarativos. É um cargo,
órgão. No entanto, esses atos podem ser exercidos por oficiais de justiça – 722º CPC. O
oficial de justiça é um funcionário público do ministério da justiça, servidor público,
materializador de leis.

4. Exigibilidade e liquidez da obrigação exequenda

Outro pressuposto processual da obrigação exequenda. Uma obrigação líquida é uma


obrigação quantitativamente determinada, aqui é sobre “quanto”. A liquidez pode estar
dependente de simples cálculo aritmético, de uma avaliação por árbitros ou pelo juiz da
ação declarativa. O art. 716º faz uma distinção quando a obrigação ilíquida consta de
título judicial ou extrajudicial. A situação mais recorrente é a que consta no art. 556º/1/b
CPC sobre os pedidos genéricos, pedindo a condenação do réu naquilo que se vier
depois quantificar.

5. Arresto e penhora

Arresto é um procedimento cautelar que pode dar lugar a providencia cautelar no arresto
de bens do devedor. O credor tem que demonstrar justificado receio de perda de
garantia patrimonial, motivos que convençam o tribunal que há receio de perda. É uma
tutela cautelar que pode existir na fase inicial da ação executiva. Na pratica, ocorre que
o exequente sabe que o devedor está a desfazer-se do seu patrimônio e tem receio de
que no momento da penhora o executado já não tenha patrimônio. Não há citação prévia
do executado no arresto, assim como pode ocorrer com a penhora no processo sumario
– 727º. A diferença é que no arresto não tem AE.

A penhora é a apreensão de bens que tem lugar na execução para pagamento de quantia
certa, é um mero instrumento de uma finalidade maior. A penhora não se esgota em si,
estando os bens penhorados, o fim último é transferir para terceiros os efeitos que
incidem esses bens. Os terceiros vão pagar um preço e esse preço, obtido através da
venda executiva ou adjudicação, vai ser transferido para o agente de execução a fim de
satisfazer o exequente. Pode ser ainda que o fim último da penhora é a transferência do
produto das vendas dos bens para outros credores que não o exequente. Quem promove
a penhora é o agente de execução e não o juiz.

Finalidade – realização coercitiva do direito de credito do exequente.


 Sobre o processo executivo

No processo ordinário temos despacho liminar do juiz, podendo ser: despacho de


indeferimento total ou parcial (título executivo em documento simples, por ex.),
despacho de aperfeiçoamento (não constituiu advogado), despacho de citação previa do
executado e despacho de dispensa de citação prévia.

 Efeitos da penhora
a) Indisponibilidade material dos bens penhorados: a pessoa perde a
disponibilidade dos bens, não pode gozar dos bens, passa para o tribunal os
poderes de gozo.
b) Indisponibilidade jurídica dos bens penhorados: ineficácia relativa dos atos
dispositivos ou de oneração dos direitos subsequentes. Ex.: se vender um bem
penhorado. Pode vender, mas essa venda é ineficaz. A pessoa que compra a casa
só vai adquiri-la efetivamente se o executado pagar a dívida e a penhora acabar.
c) Confere ao exequente um DR garantia sobre os bens penhorados: o exequente
passa a ter um DR garantia com preferência – não é direito de preferência.

 Para alegar comunicabilidade da dívida, tem que estar em causa título diverso
de sentença.
 Quando a ação for julgada por tribunal de competência territorial alargada como
propriedade intelectual, concorrência, regulação e supervisão e tribunal
marítimo, é este o tribunal competente para julgar a AE.
 Incompetência em razão da matéria = incompetência absoluta – art. 96º.
 Processos sumários não há despacho liminar, logo, é o agente de execução
quem deve suscitar a intervenção do juiz – art. 855º e remete para o 726º.
 Executado sempre tem que ficar com no mínimo um salário mínimo, logo, 705
euros. Se penhorando 1/3 sobrar menos que um salário mínimo, então não se
pode penhorar esse valor, tem que ser menos.
 Art. 703º/c. Títulos de crédito: letras, livranças, cheques. São títulos executivos.
“Mero quirógrafo” = aquilo que já foi. Morreu e reencarnou. Esse documento,
esse cheque que perdeu o prazo, não vale como título de crédito para pagar a
obrigação, mas vale como título executivo, vale para fazer cumprir
coercitivamente a obrigação. Todavia, o credor que consta no documento tem
que alegar os fatos constitutivos da obrigação para que esse título de crédito
valesse como documento particular assinado, quirógrafo, pelo devedor no qual
consta uma obrigação. Se não alegar esses fatos constitutivos, então o
executado pode alegar o motivo do art. 729º/a.

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