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Bibliografia:
Lebre de Freitas (7.ª edição, 2017, Gestlegal) – ação executiva à luz do CPC
Ação executiva – aquela em que o credor (exequente) requer as providências adequadas à realização coativa de uma
prestação (ainda em falta) que lhe é devida.
Art. 817.º CC: “Se a obrigação não for voluntariamente cumprida, tem o credor o direito de exigir judicialmente o seu
cumprimento” através da execução do património do devedor.
Garantia do credor (em caso de não realização voluntária de uma prestação) – património do devedor.
O património de devedor é atingido através de um ato que o poder público (o Estado) determina por meio de juízes,
em regra, apreendendo-se bens ou direitos do património do devedor, que ficam numa situação de indisponibilidade
enquanto durar a ação executiva.
O devedor não pode praticar atos de alienação ou exoneração relativamente a esses bens ou direitos do seu (se o
fizer, esses atos são inoponíveis em relação ao credor exequente)
O ato de apreensão é um ato meramente instrumental, pois visa-se, um última linha, transmitir os direitos sobre essas
coisas penhoradas e, com o produto da venda, satisfazer o crédito do exequente– é o ato de penhora.
NOTA: Esse ato pode não ser penhora quando o objeto da obrigação não é uma quantia pecuniária, mas antes uma
obrigação de entrega de coisa, por exemplo.
Princípio-regra do direito civil privado – reparação natural – visa-se fazer com que o lesado-credor fique exatamente
na mesma situação em que estaria, caso a violação do seu direito subjetivo não tivesse acontecido. Ficar exatamente
na mesma situação em que se encontraria se não tivesse havido violação do seu direito subjetivo.
Só quando a reparação natural não seja possível é que se recorre à reparação por equivalente.
O direito de execução do património pode incidir sobre bens de terceiros que não sejam devedor do credor, quando
estes bens estejam vinculados à garantia do crédito – por exemplo: quando existir uma hipoteca que um terceiro
aceitou constituir sobre um bem seu, a favor de outra pessoa.
Este terceiro tem de ser réu, mesmo não sendo devedor do credor-exequente.
NOTA: Os bens dados em garantia são os primeiros a ser penhorados – no âmbito da ação executiva.
LOGO: Terceiros podem ser atingidos por uma ação executiva onde eles não são devedores.
IMPORTANTE: ≠ Isto não se confunde com a fiança → o fiador é um garante pessoal (garante com todo o seu
património a falta de cumprimento da obrigação do devedor).
Se se penhora uma casa como garantia de um crédito bancário – então, na falta de cumprimento da obrigação
de pagamento do crédito, são executados, em primeiro lugar, esses bens penhorados como garantia.
No caso da fiança, como esta é uma garantia pessoal, o fiador pode ver executado todo o seu património.
Outra hipótese de terceiros serem atingidos por uma ação executiva, figurando como réus (art. 818.º, parte final do
CC):
➔ Quando os terceiros, combinando com o devedor, praticam atos e negócios jurídicos em prejuízo do
credor. Ou seja: em caso de conluio de tal forma que o credor pode impugnar esses atos.
Se ganhar a ação declarativa (impugnação pauliana), pode imediatamente impugnar esses atos/negócios jurídicos –
tudo se passando como se esses bens alienados/vendidos nunca o tivessem sido.
Quando o juiz se convencer que os terceiros não podiam desconhecer que, ao comprarem aqueles bens, estavam a
contribuir para o prejuízo do credor, então a ação declarativa é declarada procedente (se a ação de nulidade por
simulação for julgada procedente), podendo o credor impugnar imediatamente tais atos/negócios jurídicos.
Há outros direitos subjetivos – que não são necessariamente qualificáveis como direitos de crédito pecuniários.
Como é que se realiza o direito ainda não voluntariamente cumprido a favor de credor? → Apreensão da coisa.
Art. 10º/4 CPC
Providências adequadas típicas (para estimular o devedor a cumprir, ou, coativamente, tornar o direito
efetivo, independentemente da colaboração do devedor):
• Penhora de bens – nas execuções para pagamento de quantia certa (ou seja: quando o objeto da ação
executiva é uma quantia certa)
NOTA: Nas execuções para prestação de facto → se a prestação de facto não for voluntariamente cumprida,
acabamos sempre por ir parar à penhora, pois a execução para prestação de facto vai-se converter em execução para
pagamento de quantia certa (indemnização pelo dano sofrida pelo não cumprimento da prestação).
A sanção pecuniária compulsória visa constranger o devedor a cumprir/realizar a obrigação a que se encontra adstrito.
Consiste ameaça do pagamento coercitivo de uma quantia, por parte do devedor de uma prestação de facto infungível,
por cada dia em atraso, no cumprimento dessa prestação de facto infungível (positiva ou negativa). Visa estimular o
cumprimento voluntário.
Ex.: Contrata-se com aquela específica pessoa devido a qualidades pessoais dela, a qualidades que lhe são intrínsecas.
Contrata-se aquela concreta pessoa, por causa das específicas características daquela concreta pessoa.
Se o cumprimento voluntário desta prestação de facto infungível não for logrado pelo devedor, não for conseguida
então é executada a sanção pecuniária compulsória (que é uma execução para pagamento de quantia certa).
TODAVIA: Não são apenas estas as sanções adequadas para realizar coativamente uma obrigação.
Medidas coercitivas atípicas que podem ser tomadas, que não a penhora ou a apreensão de bens:
- Inibir temporariamente a utilização de cartões de crédito que venham a ser requeridas pelo devedor a
instituições financeiras
- Inibição temporária do executado para conduzir, para receber certos apoios sociais
Quem determina as penhora e as executa – agente de execução (profissional liberal a quem o Estado outorgou
poderes publico. E que exerce, por delegação de poderes públicos, poderes de ingerência e coação no património dos
executados, em nome e por conta do Estado).
Se assim é: não se pode pedir a um agente de execução para decretar nenhuma destas medidas executivas atípicas →
isso seria uma violação grosseira do principio da separação de poderes (seria um órgão executivo, da adm. Publico a
fazer uma ingerência muito intrusiva na esfera jurídica patrimonial das pessoas – teria o legislador de o prever
expressamente na lei).
E mesmo que estivesse previsto, para uma tal disposição legal não ser materialmente inconstitucional – tinham de
verificar-se todas as cautelas à luz do princípio da proporcionalidade (adequação, necessidade e proporcionalidade
em sentido estrito).
Art.719º/1 CPC - Cabe ao agente de execução efetuar todas as diligências no processo executivo.
Ou seja: se a lei não disser que um certo ato executivo é da competência do juiz, por exclusão de partes, é da
competência do agente de execução.
Art. 719.º/1 CPC: enumeração meramente exemplificativa
O juiz só terá competência para praticar estes atos originariamente quando a lei o determinar expressamente (são
casos raros e muito pontuais: designação de administrador de execução, no caso penhora de um estabelecimento
comercial).
EM SUMA:
Estas medidas executivas atípicas, como não podem ser decretadas pelo juiz de execução (em PT), e como em PT não
se prevê que o juiz intervenha na pratica da larga maioria dos atos executivos, não se podem aceitar estas medidas
executivas atípicas no OJ português.
➔ A ação executiva propriamente dita, à luz deste sistema desjudicialização, implica que estes atos
executivos (citações, notificações, penhoras, apreensões, vender os bens penhorados, etc.) – à luz das
três funções do estado (legislativa, administrativa e judicial) – inserem-se na função administrativa.
Quando há um litígio/conflito de interesses no quadro de uma ação executiva → tem de ser o juiz de execução a
dirimir este conflito de interesses.
O advogado vai suscitar a questão da compensação, da existência daquele contra-crédito que vai originar uma ação
declarativa que tramitará apensa à ação executiva.
Embargos de executado – oposição à execução por meio de embargos de executado. É uma ação declarativa em
que o réu da ação executiva é autor; e o exequente-autor da ação executiva é réu nesta ação declarativa.
➔ Presume-se que o bem é do executado, precisamente porque tem o registo a seu favor.
Porém, em Portugal, vigora um sistema de título, pelo que o registo não é constitutivo – a transmissão do
direito real opera por mero efeito do contrato. Sendo que, a partir do momento em que o contrato é
celebrado, transfere-se o direito, não sendo preciso celebrar outro negócio jurídico pelo qual se transmite o
direito real.
➔ Portanto, o terceiro é o dono do bem, porque adquiriu o bem antes da penhora, mas não
registou.
Temos um conflito de interesses, que envolve a apreciação de factos e a operar as respetivas qualificações
jurídicas, isto é, terceiros para efeitos de registo.
Art.5º do Código do Registo Predial - “Terceiros para efeitos de registo” - adquirem direitos total ou
parcialmente incompatíveis, com a posição do exequente.
Portanto, temos de ver a data do efeito aquisitivo dos direitos e outras questões jurídicas que têm de ser
apreciadas pelo juiz, não pelo agente de execução.
Em suma: os incidentes de natureza declarativa, relativos a ações declarativas, tramitam por apenso à ação
executiva correspondente.
08.03.2022
Desjudicialização da ação executiva – o juiz só intervém para exercer a função jurisdicional, para resolver
conflitos de interesses.
É um expediente pelo qual o credor da declaração negocial que deveria ter sido emitida e que não foi, requer
o reconhecimento da obrigação da outra parte e emitir aquela declaração de vontade e requerer que essa
declaração seja emitida (executa-se especificamente o contrato).
➔ A sentença substitui a falta de declaração negocial do réu que não foi emitida.
Isto é uma ação declarativa de execução especifica de um determinado contrato → não é uma ação
executiva.
Há autores que entendem que a sentença de procedimento de uma ação de execução especifica conduz a
uma condenação implícita.
Estas sentença constitutiva implica, implicitamente, a condenação do réu a adotar o comportamento a que
foi condenado na ação declarativa de execução especifica.
Por vezes, o documento que titula o contrato contém obrigações de diferentes espécies:
Em caso de incumprimento intenta-se uma ação executiva para entrega de coisa de certa ou uma ação
executiva para prestação de facto?
Temos de ver, à luz do concreto contra em causa, qual é a prestação principal – temos de interpretar o
contrato.
➔ Na ação executiva não é esta a definição de pressuposto processual, porque tendo em conta
natureza da ação executiva, temos que o mérito da causa já foi conhecido previamente.
No âmbito de uma ação executiva, são prossupostos processuais - todas as condições de natureza formal
que se não estiverem verificadas ou que, sendo sanáveis não o foram, não podem ser praticados atos
executivos.
Na ação executiva, os direitos subjetivos já estão afirmados (ainda que provisoriamente) num documento (o
título executivo).
Para além dos pressupostos processuais gerais, existem pressupostos processuais específicos (art. 713.º
CPC):
A ação executiva propriamente dita – como citações, notificações, penhora, registos de penhora – é
desprovida de natureza jurisdicional, a intervenção de um juiz só é precisa sempre que por causa da ação
executiva sejam cometidas ilegalidades (na penhora dos bens, haja exceções perentórias ou dilatórias que o
executado queira suscitar).
Exemplo: o executado reconhece a dívida, mas alega que os exequentes também têm quantias em dívida,
ele tem um contra crédito do exequente que não podia ter levado ao processo antes. Provavelmente aqui
vai haver versões contrárias, vai ser necessário produzir prova que vai ser feito numa ação declarativa que
se chama embargo de executado.
Este assunto é litigioso, implica o exercício de poder jurisdicional não podendo ser um funcionário público
nem um agente de execução que desempenha funções materialmente administrativas a tratar desta causa.
Assim há incidentes declarativos que correm lado a lado com a ação executiva e que podem influenciar os
atos executivos.
Uma ação de execução específica está no artigo 830º CC (a mais conhecida é a respeitante ao
incumprimento de um contrato promessa, mas não é o único caso), em que há um contrato que tem de ser
realizado e há uma vicissitude contratual que implica uma declaração negocial que não foi emitida. Para
evitar a coação física aquilo que se tem de fazer é intentar uma ação declarativa constitutiva pela qual o
credor dessa declaração negocial explica o incumprimento do devedor, o contrato promessa tem efeitos
meramente obrigacionais; assim o promitente comprador é credor de uma declaração negocial.
Se juiz entender que houve incumprimento do contrato promessa e que o autor quer mesmo fazer viver o
contrato promessa vai proferir sentença que substitui a falta de declaração de venda do réu.
O promitente comprador fica dono do apartamento através da sentença declarativa constitutiva, esta
verdadeiramente não é uma sentença condenatória, há autores que defendem que esta sentença de
procedência de uma ação de execução especifica implica uma condenação implícita na entrega da coisa. Mas
imaginemos que o vendedor não lhe entrega as chaves? Agora sim é que haverá necessidade de reparar na
prática o direito de propriedade que neste momento está a ser violado.
Por vezes o documento que titula o contrato contém obrigações de diferentes espécies. Por exemplo:
imaginemos que um empresário contrata um empreiteiro para vender casas de banho amovíveis para
concertos e espetáculos, o problema é de saber se em caso de incumprimento deste contrato que tem
assinaturas reconhecidas (logo é título executivo) qual é a espécie de ação executiva.
O direito sobre as coisas que se compram transmite-se por mero efeito do contrato pois temos um sistema
de título, em caso de incumprimento intenta-se ação executiva para entrega de coisa uma vez que as coisas
compradas são do exequente ou uma ação executiva para prestação de facto porque é preciso instalá-las?
Quando há várias prestações de natureza diferente a cargo do devedor temos de ver se todas elas são
independentes e autónomas embora coligadas; ou se pelo contrário há uma prestação principal e há uma
outra meramente acessória.
A solução é dada pela interpretação do contrato, mas há uma norma no CPC que facilita muito que é o artigo
626º que no nº 4 e 5 “mesmo no caso em que há 2 prestações principais conexas credor propõe apenas uma
ação executiva e essa ação executiva importa a operações diferentes: entrega e montagem”.
Nós vamos estudar apenas o processo executivo comum, mas existem alguns processos especiais. Por
exemplo numa ação de despejo de um imóvel e na sequência desta ação declarativa em caso de
incumprimento da condenação de entrega da coisa segue-se à luz do regime do arrendamento urbano a
possibilidade de tramitar um processo executivo especial em que o agente de execução vai lá, constata que
não houve entrega e tenta mudar as fechaduras e as chaves.
E dentro do processo executivo comum iremos apenas estudar o processo executivo comum para
pagamento de quantia certa,
Na ação executiva a definição não pode ser esta pois a ação executiva é diferente da ação declarativa, então
o pressuposto processual de uma ação executiva são todas aquelas condições de natureza formal sem as
quais não podem ser praticados atos executivos.
Na ação executiva os direitos subjetivos já estão afirmados ainda que provisoriamente num documento que
tem à luz da vontade do legislador uma segurança razoável e justificativa de a pessoa que nele figura como
devedor ser em princípio o devedor; não há processo de conhecimento prévio. Agora não se vai apreciar se
o direito contido nesse título é válido ou inválido (em regra assumimos que é válido, existente e exigível)
mas pode não ser.
Daí que para além dos pressupostos processuais gerais (competência interna e internacional, legitimidade
processual, interesse em agir, patrocínio judiciário, capacidade judiciária, personalidade judiciária) há outros
pressupostos processuais específicos da ação executiva – obrigação exequenda tem de ser líquida, certa e
exigível, e temos ainda de ter um título executivo- artigo 713º CPC.
Há quem diga que posso aplicar à ação executiva os fatores de determinação da competência internacional
direta previstos no artigo 62º CPC. Há até indicações no código que esta solução em relação a bens imóveis
é de rejeitar- artigo 63º alínea D CPC- se for ação executiva para entrega de imóvel situado em Espanha os
tribunais portugueses não têm competência.
Ainda o artigo 24.º/5 deste regulamento, sobre a competência internacional direta e exclusiva dos tribunais
Estados-Membros, traduz a ideia segundo a qual, em matéria de execução de decisões, têm competência
exclusiva os tribunais do Estado-Membro do lugar de execução.
Nos trabalhos preparatórios quis dizer-se com isto que todas as ações declarativas que tramitam por apenso
às ações executivas- embargos de executado, embargos de terceiro, oposição à penhora e outros incidentes
declarativos- têm de tramitar juntamente com a ação executiva seja lá onde for o lugar da execução- não
pode a ação declarativa estar a tramitar em Portugal e os embargos de executado em Espanha.
Logo esta norma não atribui competência internacional direta para intentar ações executivas, mas sim que
explica que as ações declarativas que tramitam por apenso às ações executivas devem tramitar no mesmo
estado-membro onde tramita a ação executiva a que dizem respeito.
O legislador da UE nunca quis definir, com normas vinculativas para todos os Estado-Membros, o lugar da
execução, deixando isso para o critério de cada Estado-Membro.
2- Competência interna
Os critérios de atribuição de competência são os mesmos da ação declarativa, o tribunal onde se ajuíza a
execução tem de ser simultaneamente competente em razão da matéria, valor, hierarquia e território
(cumulativamente).
Importa distinguir quando o título executivo é judicial das hipóteses em que o título executivo é
extrajudicial.
O artigo 85º é uma norma atributiva de competência quando o título executivo é judicial, segundo
esse artigo se a sentença for condenatória resultado de uma ação condenatória tramitada no tribunal
português o requerimento executivo é apresentado no processo em que a sentença condenatória foi
proferida.
Segundo a LOSJ há tribunais de 1ª instância que só tramitam ações executivas- os juízos de execução- por
isso temos de ver quais as ações que tramitam nos juízos de execução. O artigo 129º LOSJ determina a
competência dos juízos de execução em razão da matéria, e segundo o nº2 não tramitam nos juízos de
execução as ações executivas baseadas em sentenças condenatórias proferidas por tribunais de
competência especializada, nem sentenças proferidas por tribunais de competência territorial alargada (a
tramitação faz-se lá nesse tribunal de competência territorial alargada).
Exemplo: uma sentença condenatória proferida pelo Tribunal Marítimo relativa a indemnização na
sequência de um abalroamento de um navio. Essa sentença condenatória independentemente do local onde
se deu o abalroamento é executada lá no tribunal marítimo, cumprindo o disposto no artigo 85º/1 CPC. Logo
o tribunal marítimo é competente em razão da matéria e também da hierarquia por ser de 1ª instância, o
valor da execução é irrelevante e em razão do território também é competente independentemente do local
onde ocorreu o acidente.
Mas além destes existem outros tribunais de competência especializada- juízos de comércio, juízos de
trabalho, juízos de família e menores, juízos locais e centrais cíveis, juízos de competência genérica. Executa-
se no mesmo juízo que proferiu sentença condenatória, assim por exemplo um menor cuja regulação de
responsabilidades parentais estava em causa e que residia em Coimbra fixou pensão de alimentos a cargo
do pai e este não pagava, ela vai-se executar no juízo de família e menores de Coimbra e tramita de forma
autónoma.
Pode por exemplo no âmbito de um juízo de comércio determinar-se a anulação de uma deliberação social
e consequente restituição de dinheiros que foram entregues por conta dessa deliberação dos sócios. Aqui a
ação executiva é executada no mesmo juízo de comércio. A mesma lógica no caso dos juízos de trabalho,
Mas nos juízos locais cíveis, de competência genérica e centrais cíveis é que as coisas já são diferentes.
As sentenças condenatórias proferidas por um juízo cível central (ações acima de 50 mil euros) se nessa
comarca estiver instalado um juízo de execução o processo é remetido para o juízo de execução juntamente
com o requerimento executivo. Caso não exista juízo de execução é executado no próprio juízo cível.
15.03.2022
Em razão da matéria, há tribunais de 1ª instância onde só tramitam ações executivas - juízos de execução.
Mas, nem todas as ações executivas e respetivos apensos, tramitam nos juízos de execução, sobretudo quando
o titulo executivo é uma decisão judicial condenatória.
1) É nos autos das decisões condenatórias dos processos declarativos que tramitam autonomamente
as ações executivas e não, nos juízos de execução. - Art.129.º/2 da LOSJ
Uma sentença condenatória proferida num tribunal de competência territorial alargada, são ajuizadas e
tramitam nesses mesmos tribunais, nos termos do art. 85.º/1 do CPC.
Ex: tribunal marítimo, tribunal da propriedade intelectual, tribunal da regulação, supervisão e concorrência.
2) Grupo de ações que também não tramitam nos juízos de execução - sentenças proferidas por juízos
de competência especializada.
Ex: juízos de família e menores, juízos de comércio, juízos de trabalho.
Em todos os juízos de competência especializada, as sentenças condenatórias são lá executadas, nos termos
do art.85º nº1 do CPC. Não são enviados para os juízos de execução.
Art. 129.º/2 LOSJ – As sentenças condenatórias emitidas nos juízos cíveis locais ou juízos cíveis centrais,
essas são tramitadas nos juízos de execução, se nessas comarcas estiverem instalados juízos de execução.
Art. 85.º/2 CPC - Os juízos locais e os juízos centrais cíveis, são juízos de competência especializada, mas
quando as sentenças condenatórias são emitidas são executadas no juízo de execução.
DL 49/2014 - mapas com comarcas. Nas comarcas do interior, norte e centro, não há juízos de
execução a funcionar.
Ex: Não havendo uma sentença condenatória, por exemplo, proferida pelo juízo central civil de Bragança,
numa questão de incumprimento contratual no valor de 100.000€, essa sentença condenatória será tramitada,
nos próprios autos, de forma autónoma, nesse juízo cível.
No Supremo, pode haver ações de indemnização contra juízes e procuradores na 2ª instância, esses processos
têm de dar entrada no STJ.
EM SUMA: Quanto à hierarquia competentes para executar sentenças condenatórias, são os tribunais de
primeira instância.
• Tribunais arbitrais
• Quando a sentença condenatória é proferida por um tribunal arbitral, os tribunais arbitrais não têm
competências executivas para executar as suas decisões.
• As sentenças dos tribunais arbitrais só podem ser executadas nos tribunais estaduais.
Ex: contrato de um conflito cível, a sentença será executada no juízo de execução.
➔ A competência principal do juízo de execução é executar sentenças.
• Julgados de Paz
• Não têm competências para executar as suas decisões.
• Competência em razão do valor: 15.000€
Ex: sentença proferida pelo julgado de paz de Coimbra, que condenou o réu a pagar 10.000€.
Se na comarca de Coimbra existe um juízo de execução, é nesse juízo de execução que se executa esta
sentença.
• Se não houvesse juízo de execução, a sentença seria executada no juízo local da comarca.
Art. 89.º/1 CPC – Competência em razão do território - domicilio do executado ou tribunal onde a
obrigação devia ser cumprida, quando o executado seja pessoa coletiva.
Ex: documento particular onde confessa uma divida, com assinatura reconhecida.
Art. 89.º/2 CPC – Quando a execução for para entrega de coisa certa. Tribunal que tenha jurisdição onde a
coisa deve ser entregue.
Exemplo: O devedor compromete-se a entregar ao inquilino a casa que tomou de arrendamento até ao dia x.
O senhor não cumpriu. Este documento é suficiente para ajuizar uma ação executiva, sem ser necessário propor
uma ação condenatória.
• Competência em razão do território: a casa está localizada em Coimbra, por isso, será na Comarca
de Coimbra.
• Competência em razão do valor: O valor da execução em função do valor da coisa, por exemplo, no
caso 70.000 o valor do imóvel. Mas, o valor é desvalorizado, pois os juízos de execução são
competentes, independentemente do valor.
O juízo de execução tem competência para executar a sentença, a não ser que o legislador diga o
o contrário.
Exemplo: O Banco empresta 100.000 a duas pessoas para comprar casa, pediu como garantia a hipoteca da
casa. Fez o registo provisório da hipoteca antes da escritura, que no dia da escritura se converte em definitivo,
no dia da escritura.
Por exemplo, uma cláusula que diz que se e quando o mutuário falhar 5 prestações, vencem-se todas.
Por isso, o montante do capital e dos juros que não foram reembolsados, pode ser exigível e o banco pode
executar. Executam na comarca onde o imóvel dado em garantia, esteja localizado.
Interesse em agir
O titulo executivo consome a questão do interesse em agir:
• Se não juntou o titulo executivo, pode haver um despacho de aperfeiçoamento, o juiz convida a juntar
o titulo executivo no prazo de 10 dias.
• Mas se não juntar o titulo executivo, além de falhar o pressuposto geral do interesse processual em
agir, falha o pressuposto processual especifico, sendo que não pode haver execução sem titulo.
Legitimidade processual
Na ação declarativa: O autor é parte legitima, quer uma condenação. Mas, depois descobre-se que afinal
poderia fazer valer a sua posição extrajudicialmente, por isso, tem legitimidade processual, mas não tem
interesse processual.
Na ação executiva:
Art. 53.º CPC - parte legitima como exequente é a pessoa que figura no titulo executivo, na qualidade de
credor. Parte legitima como executado, as pessoas que figurem no titulo executivo, na qualidade de devedor.
DESVIOS
Quando há sucessão na obrigação, o credor intenta ação executiva contra a herança. Se a herança, estiver
aberta e indivisa intenta contra os herdeiros. Mas, no requerimento executivo, o credor tem de narrar os factos
que consubstanciam a sucessão mortis causa, juntando a certidão de óbito e a escritura de habilitação de
herdeiros.
➔ E desta forma, está assegurada a legitimidade processual passiva.
Se, entretanto, os herdeiros já tiverem feito as partilhas, sem pagar a divida. Intenta-se a ação executiva
diretamente contra os herdeiros.
Art. 744.º CPC – caso de inversão do ónus da prova que pertence aos herdeiros, relativamente a bens que
já receberam, sem fazer inventário, são os herdeiros que têm de provar que o bem penhorado já o tinham e
não proveio da herança do devedor.
o Art. 54.º/2 CPC - Dívidas providas com garantia real, constituída com bens de um
terceiro.
O direito real de garantia está constituído sobre bens que pertencem a um terceiro. O credor exequente pode
intentar ação executiva contra a pessoa que é proprietária do bem onerado.
Art. 54.º/3 CPC – A execução pode ser movida inicialmente contra esse não devedor, proprietário dos bens
dados em garantia.
• 1ª hipótese - intentar ação executiva contra o terceiro não devedor, proprietário dos bens.
Na falta de suficiência dos bens onerados, fazer chamar o devedor.
• 2ª hipótese - intentar a ação executiva simultaneamente contra o devedor e o terceiro proprietário dos bens
- litisconsórcio voluntário inicial
RISCO: Intentar a ação só contra o devedor, pode a dada altura do requerimento executivo, dar-se a entender
que o credor exequente está a renunciar ao direito real de garantia. Então só pode executar o devedor e os bens
hipotecados deixam de estar hipotecados, deixando de poder intentar ação executiva contra o terceiro.
Portanto, a hipótese mais correta é litisconsórcio voluntário inicial, intentando a ação simultaneamente contra
o devedor e contra o terceiro, proprietário dos bens dados em garantia.
Caso julgado material - sentença produzida que deixou de poder ser suscetível de recurso, de forma a
ser irrepetível uma nova ação com o mesmo objeto.
O caso julgado material vincula quem foi parte na ação. Se a sentença condena o réu, apenas ele fica atingido
com essa condenação.
Mas há situações em que a sentença tem eficácia de caso julgado e essas pessoas não foram partes passivas.
O caso julgado vincula o adquirente que não pediu a habilitação do alienante, quem vendeu o prédio na
pendência da ação. Se a ação chegar ao fim sem a presença do adquirente do prédio, o juiz condena o réu (o
vendedor) a entregar o prédio.
➔ Esta sentença vincula o adquirente.
Em direito das sociedades, numa ação de anulação de deliberação social, um dos sócios acha que a
deliberação é nula e promova a declaração de anulação ou nulidade da deliberação social, numa ação movida
contra a sociedade.
Se esta ação for julgado procedente, vincula a sociedades e os sócios que votaram a favor, se tiverem sido
atribuídas vantagens patrimoniais dadas através da deliberação a alguns dos sócios, essas vantagens têm de
ser devolvidas. Os sócios ficam vinculados pelo caso julgado da ação.
Numa ação popular, instaurada por duas pessoas com base em interesses individuais homogéneos.
Por exemplo, um medicamento que causou danos graves a milhares de pessoas, podemos ter 2 ou 3 autores
representantes de outras pessoas que também foram prejudicadas pela conduta ilícita do réu. Pedem uma
indemnização para si e pedem que a empresa seja condenada a pagar indemnização a todas as pessoas que não
foram partes, mas que também não se autoexcluíram.
Divergência doutrinal:
O credor tem a seu favor uma sentença condenatória que condena os dois cônjuges.
Um credor normal, em caso de incumprimento, executa os dois.
• Miguel Teixeira de Sousa - tem de executar os dois cônjuges, não pode haver desfasamento entre
regras de direito substantivo e direito processual. Se são os dois responsáveis, em primeiro lugar, a
penhora tem de incidir sob os bens comuns.
▪ Ou seja, considera que é uma hipótese de litisconsórcio necessário.
• Lebres Freitas e Remédio Marques - o credor pode ter uma sentença condenatória contra os dois
cônjuges, mas como qualquer credor de conteúdo de direito patrimonial, pode renunciar ao direito. A
renúncia a direitos subjetivos atuais, é lícita.
▪ Ou seja, consideram que é uma hipótese de litisconsórcio voluntário.
O credor renuncia à garantia patrimonial, constituída por parte dos bens comuns e bens próprios do outro
cônjuge. Pode preferir um bem próprio, quando a divida é dos dois.
Quando se divorciarem ou um deles morrer, na partilha dos bens comuns, o cônjuge prejudicado tem direito
a receber mais bens comuns, porque houve uma divida comum, em que só respondeu um bem próprio, por
isso, tem direito a ser compensado
22.03.2022
Ações executivas para entrega de coisa certa → quando a coisa pertença a vários proprietários
Ações executivas para prestação de facto positiva → quando a obrigação incumba a vários sujeitos
➔ Nestes casos: há litisconsórcio necessário
LITISCONSÓRCIO SUCESSIVO
Normalmente, o litisconsórcio inicial, todavia é possível que uma ação executiva comece com 1 executado, e
depois sejam chamados a intervir ao lado do executado outros sujeitos (art. 54.º/3 CPC) – litisconsórcio
sucessivo.
a. Nas execuções de valor superior à alçada do Tribunal da Relação – ações executivas de valor superior
a € 30.000 (sempre)
b. Nas execuções entre €5.000,01 e 30.000€ - APENAS quando for suscitado/deduzido algum
procedimento que siga os termos do processo declarativo.
Até 5.000€ → não se exige, em nenhuma situação, o patrocínio judiciário.
1. Existência de título executivo (que sustente a concreta espécie de execução que foi ajuizada)
TÍTULO EXECUTIVO
É um documento que, com grande probabilidade, faz presumir que uma obrigação (ainda) existe e aquele que
no titulo aparece como obrigado ainda não a cumpriu.
É o documento que comprova a existência da obrigação exequenda à data em que se ajuíza a ação executiva.
Princípio da tipicidade taxativa dos títulos executivos – só são títulos executivos aqueles que o legislador
enumera como tal com essa qualificação.
A. SENTENÇAS CONDENATÓRIAS
Art. 10.º/3/b) CPC
+ Algumas sentenças proferidas em ações declarativas constitutivas (ação declarativa de execução específica
de contrato-promessa (isto não absolutamente consensual entre a doutrina – Dr. RUI PINTO não concorda).
Ex.: Se o juiz julga procedente a ação de execução especifica → constitui-se o direito de propriedade na esfera
jurídica do autor → há uma condenação implícita em relação ao réu.
Ação declarativa destinada a declarar anulável ou nulo um contrato (por falta de formalismo legal ou erro-
vício ou simulação): o simulador-réu não devolveu a coisa que simuladamente adquiriu do autor-simulador.
Esta sentença proferida numa ação declarativa constitutiva comporta a condenação implícita de restituição das
coisas.
“Sentença condenatória” → abrange ainda decisões condenatórias proferidas por tribunais estrangeiros
O modo de reconhecimento da sentença condenatória estrangeira → Depende do Estado de origem da
sentença condenatória.
SENTENÇAS:
• Provenientes de Estados não membros da UE + Provenientes de Estados que não sejam partes
contratantes da Convenção de Lugano → tem de se ajuizar uma ação especial para reconhecer e
executar essa sentença num dos Tribunais da Relação (arts. 978.º e ss. CPC).
Designa-se por: Ação de Revisão de Sentenças Estrangeiras
Estados-parte da CL:
Noruega
Suíça
Islândia
Lichtenstein
Portugal
Não há reconhecimento automático, pois é necessário que a parte (proveniente de um daqueles 4 países)
que queira intentar uma ação executiva contra a outra parte – que tenha sede ou domicílio num Estado-Membro
da União Europeia -, requeira e obtenha, junto do tribunal de 1.ª instância do lugar da execução uma
«Declaração de Exequator» (declaração executoriedade).
Sentenças Homologatórias
• Confissão do pedido – O juiz vai ter de apreciar a validade da confissão e, se tudo estiver bem, vai
homologar a confissão do réu
NOTA:
Muitas vezes, estes documentos, por si só, não servem de título executivo, tendo de ser acompanhados de
outros documentos – art. 707.º CPC: é o caso dos documentos exarados ou autenticados, por notário ou por
outras entidades ou profissionais com competência para tal, em que se convencionem prestações futuras ou
se preveja a constituição de obrigações futuras.
Exemplos:
1. Contrato de abertura de crédito – regula a celebração futura de outro contrato, mas diante do
qual não nasce nenhuma obrigação imediata.
O contrato de abertura de crédito define qual o montante máximo do financiamento que o banco pode
dar a um empréstimo a determinada taxa de juro.
Para que o empresário mutuário entre em incumprimento é preciso que peça o financiamento, é preciso
que o banco o financie e que, no período acordado, não devolva o dinheiro ao banco,
Ora, só o contrato sozinho não pode aqui servir de título executivo, pois é um mero contrato que regula
contratos futuros. É preciso que o mutuante transfira o dinheiro ao mutuário – ficando este obrigado a
ter que devolver. Logo: é necessário um outro documento em que se comprove que o mutuário ficou
vinculado a essa obrigação.
C. TÍTULOS DE CRÉDITOS
Art. 10.º/3/c) CPC
Títulos de crédito → Letras, Livranças, Cheques
Aquele papel deixa, em certas condições, de valer como título de crédito, porque perde as características da
abstração e da literalidade.
Ex.: sacador deixou prescrever a relação cambiária. Ou o titulo de credito contem a assinatura do endossa,
mas não contém as menções que obrigatoriamente teria de ter.
Todavia, podemos aproveitar a relação fundamental (relação jurídica subjacente à celebração do negocio
cambiário), desde que o exequente alegue no requerimento executivo por que é que foi celebrado o negócio
cambiário.
29.03.2022
Títulos executivos
➢ Títulos de crédito
➢ Art. 703.º/1/d) CPC: Remete para a Legislação Especial.
O legislador prevê que certas entidades têm competência para emitir documentos que tenham força de título
executivo.
A enumeração continua a ser taxativa (ex: atas das assembleias de condóminos que fixem o valor a pagar
anualmente por cada fração dos condóminos).
Relativamente a estas atas→ mesmo os que não pagaram, os que não assinaram ou não apareceram, ficam na
mesma obrigados (mesmo que a sua assinatura não conste da ata).
Não são só as despesas de condomínios, mas também as eventuais multas contratuais (em caso de falta de
pagamento). Também as multas contratuais se acham abrangidas por esta ata.
As sentenças condenatórias são os títulos executivos mais usados, em segundo lugar é a injunção.
O título executivo que resulta no final do procedimento de injunção é o requerimento de injunção no qual foi
aposta a fórmula executória.
Artigo 10º do anexo ao DL 269/98 de 1 de setembro: Forma e conteúdo do requerimento.
Possui uma causa de pedir sintética, a morada para onde deve ser enviada a notificação, e caso se frustre, seja
acompanhado por um procedimento judicial.
Este procedimento de injunção há-de dizer respeito APENAS a obrigações pecuniárias resultantes de
contrato.
Usam milhares destas notificações. Estes tem a morada do seu cliente, a morada de acordo com as cláusulas
contratuais gerais é visto como domicílio convencionado do cliente (todas as notificações vão para este
domicílio).
A operadora de telecomunicações preenche este requerimento, que é imediatamente enviado para a secretaria
do Balcão Nacional de Injunções. Após a receção, o Balcão envia uma notificação registada ao alegado
devedor, dizendo que contra ele corre este procedimento de injunção, dando lhe 15 dias para pagar. A carta é
enviada para o domicílio que consta do contrato de subscrição de telecomunicações.
Se o notificado se opuser, este procedimento de administrativo transforma-se num processo judicial, com
intervenção do juiz.
Este procedimento administrativo, se houver oposição do alegado devedor, muito célere, este requerimento
transforma o procedimento num processo, com intervenção do juiz.
Do Balcão é enviado para o Tribunal Competente, apenas se o alegado devedor se opuser (normalmente não
se opõe). Não se opondo este requerimento de injunção transforma-se num papel com força executiva.
Alguns Estados Membros da UE, este requerimento de injunção é logo apresentado a um juiz.
O título executivo a formar-se, forma-se sem intervenção do juiz, é um título executivo extrajudicial.
Se o notificado não se opõe → a injunção forma logo título executivo. A operadora de telecomunicações pode
logo executar.
No âmbito dos embargos do executado: se contra o notificado for aposta uma oposição 857º CPC, há
uma norma especifica, que se designa por executado neste papel, o mesmo pode alegar exceções, ou o juiz do
procedimento executivo poder conhecer oficiosamente algumas questões no processo de embargos do
executado.
EM SUMA: O alegado credor obtém logo um título executivo, a partir da falta de oposição ao requerimento.
Em geral, é possível executar na pendência do recurso, confirmando esta solução no 704º/1, exceto se a esse
recurso ordinário se for atribuído efeito suspensivo.
➢ Recurso de apelação – que se interpõe das sentenças proferidas pelos juízes de primeira instância,
sendo analisado no Tribunal de 2ª instância competente (juízes desembargadores). É a única espécie
possível.
• Tem efeito meramente devolutivo – o autor (o que venceu) pode executar na pendência do recurso.
• Tem, efeito suspensivo – não pode, apenas com a decisão da 2ª instância. O decidido pelo tribunal
recorrido não produz efeitos da sentença, enquanto não for examinada a decisão, por um Tribunal
superior, não pode ser executada.
As normas sobre os recursos ordinários – 647º/1 – em regra a interposição de um recurso de apelação que vai
ser enviado para o Tribunal da Relação e aí analisado, não suspende, apenas devolve o decidido, tem efeito
meramente devolutivo.
Objeto do recurso – é a parte em que o recorrente perdeu. Os juízes desembargadores não vai rever o caso,
não se vai fazer uma nova ação.
O objeto do recurso é a decisão recorrida.
Nº4 do 647º - o recorrido pode convencer o julgador para que atribua efeito suspensivo ao recurso. O juiz terá
de fazer uma ponderação prática do prejuízo que é causado para o recorrido.
Art. 676.º/1 CPC – na maioria das vezes o recurso tem efeito meramente devolutivo. Só terá efeito
suspensivo, que é o que consta do artigo, nas ações respeitantes ao Estado das Pessoas (tem a ver com o
nosso ser com os outros). Nestas ações o acórdão da relação, objeto do recurso de revista, não pode se executar.
E se o credor (autor da ação) na pendência do recurso da relação intenta já a ação executiva (execução
provisória, uma vez que, é uma execução eventual).
✓ E se o recurso vier a ser parcialmente procedente? A execução está pendente.
Art. 704.º/2 CPC – a execução “modifica-se”, por exemplo, estão feitas penhoras de dois carros e
duas garagens do executado – valor de 55 mil euros – o Acórdão da Relação baixa o montante da execução
para 30 mil.
Deve levantar as penhoras em excesso, por exemplo, de uma das garagens. O montante da execução baixou,
e comunica ao serviço de registo, oficiosamente. Se não o fizer oficiosamente, o executado requer ao agente
de execução para levantar a penhora. Das decisão do agente de execução reclama-se para o juiz no processo
executivo.
Apenas é admissível este recurso quando a decisão do acórdão da 2ª instância tiver revogado (parcialmente)
a decisão da sentença de 1ª instância.
Exceção:
o Revista Excecional (Art. 672.º/1 CPC) – quando o Acórdão da Relação concorda com a decisão
da primeira instância.
O que perdeu duas vezes, pode tentar a revista excecional, com base num dos 3 fundamentos do artigo
672.º/1, presentes nas suas alíneas.
Limitação de recorrer para o STJ – quando duas instâncias inferiores confirmem uma certa decisão, num certo
sentido.
No âmbito do Direito das Obrigações, significa que uma obrigação tem de estar qualitativamente
determinada para ser executada. O que se pergunta é “que obrigação se pretende executar?”.
Pode já começar na ação condenatória, a executar-se a parte líquida, e aguarda-se para pela parte ilíquida (a
outra espera a quantificação) – artigo 716º/8 CPC.
Os procedimentos cautelares não devem ser só pensados antes ou na pendência da ação declarativa, está
se a executar uma parte da quantia, está se à espera de executar a outra, a ação declarativa já acabou, pode se
ajuizar a presença de um procedimento cautelar, por exemplo, o arresto (alegando-se o temor e receio, sem
contraditório prévio), registando-se logo o requerimento do procedimento cautelar dos bens sujeitos a registo.
A quantificação, vendo o 716º - a execução depende apenas de cálculo aritmético, em que uma obrigação
ilíquida é facilmente quantificada (acontece quando estamos perante as obrigações de juros,
independentemente da sua natureza – os juros de mora começam a ser contados muito antes). São logo
quantificados no requerimento executivo.
Juros que se venceram na pendência da ação executiva, serão quantificados no fim, pelo agente de
execução – art. 716º/2 CPC.
Assim como é no fim, que o exequente quantifica a sanção pecuniária compulsória (em parte vai para o
Estado e outra parte vai para o credor).
O problema é quando a liquidação não depende apenas de simples cálculo aritmético. Aqui temos que
distinguir duas situações (depende de fixação por um juiz destes montantes, necessita de produção de prova):
1. Situações em que o título executivo é uma sentença condenatória.
Também no art. 716.º/6 CPC, temos uma situação em que o título executivo é igualmente extrajudicial –
liquidação feita por árbitros.
Antes de apresentar o título executivo, tem de constituir uma arbitragem técnica pericial.
Os árbitros vão fixar o montante para o dono da obra pagar. Os árbitros emitem uma decisão, que quantifica,
só após esta quantificação, é que o empreiteiro pode iniciar a ação executiva.
• Art. 716.º/4 CPC - utiliza o artigo 556º/1/b) – pede que o réu (seguradora) seja condenado numa
quantia certa, líquida e também pelos danos (facto ilícito, nexo causal) que não consegue quantificar,
a quantia ilíquida que venha a ser quantificada depois da sentença condenatória que venha a ser
considerada procedente. Os requisitos da responsabilidade civil estão todos verificados, o dano total
ainda não se conhece.
Não se intenta a ação executiva, não se faz a quantificação no requerimento.
Deduz-se um incidente declarativo de qualificação após o encerramento da ação declarativa – art. 360.º/3
CPC. Esta petição não pode extravasar o objeto do processo anterior. Só depois é que se instaura a ação
executiva, depois de deduzir um incidente declarativo do processo declarativo já findo.
É um incidente que faz abrir o processo declarativo já findo.
Sentença condenatória que já pode estar a ser executada na parte líquida, agora passámos a ter uma sentença
de quantificação da parte ilíquida (que agora já se encontra quantificada). Agora que esta parte ilíquida, já está
líquida, já se pode intentar a ação executiva.
Significa que a obrigação exequenda tem de já estar vencida ou o seu vencimento depende apenas da
interpelação do devedor, e esta já tenha sido feito, já está vencida, podendo já prosseguir os procedimentos
executivos.
Ex: obrigação condicionais (facto futuro e incerto de que depende a produção de efeitos jurídicos).
Ou então nas obrigações dependentes de contraprestação (por exemplo, o credor do preço quer o
preço, mas o devedor da mercadoria, diz que não lhe paga enquanto não montar nesta máquina o software
atualizado que me prometeste quando vendeste a máquina). Há aqui uma paralisação do dever de prestar.
Art. 715.º CPC – Como as duas situações se resolvem?
Cabe ao credor, no requerimento executivo, demonstrar que a contraprestação já foi feita ou que o facto futuro
e incerto já ocorreu.
O agente de execução que poderia, com base na prova documental, “decidir” que a obrigação já era exigível,
se for necessária mais produção de prova, terá que se invocar a presença do juiz.
Enquanto não ficar isto estabelecido, a ação executiva não avança, quando a exigibilidade não se possa fazer
apenas com base em prova documental.
Trata-se aqui de um Incidente declarativo (é preciso narrar factos ou vir a outra parte narrar factos não
coincidentes, apreciar meios de prova e depois decidir) atrelado já numa ação executiva já pendente. Isto é
diferente da ação executiva (atos jurídicos e materiais sobre os bens).
Ex: letra de câmbio; documento particular (enquanto o termo de data não ocorrer, não é exigível).
Não estamos a falar dos processos especiais executivos para pagamento de quantia certa (pagamento de
alimentos, menores e maiores). Há processos executivos com uma tramitação muito singela.
Falamos do processo comum, que pode estar sujeito a duas formas de processo:
o Processo Sumário:
Nas execuções para pagamento de quantia certa que seguem o processo sumário (a grande maioria).
Pelo contrário, as penhoras efetuadas pelo agente de execução são feitas com “efeito surpresa”. Quando o
executado sabe que é executado, sabe porque foi citado pelo agente de execução, neste momento o agente já
penhorou certos bens.
1. Penhora
2. E imediatamente cita o executado para pagar ou para opor-se à execução ou penhora.
❖ Art. 550.º/2/a) e b) CPC – situações mais comuns – o título executivo (sentenças condenatórias,
requerimentos de injunção ao qual tenha sido aposta fórmula executória), que a maioria dos credores
dispõe, permite executar imediatamente por processo sumário.
❖ Art. 550.º/2/c) CPC– título extrajudicial
❖ Art. 550.º/2/d) CPC – pode gerar alguns problemas da inconstitucionalidade – o título é extrajudicial.
Aqui pode-se discutir algum excesso do legislador, esta obrigação não está garantida por penhor ou
hipoteca.
26.04.2022
LIQUIDEZ
A obrigação exequenda tem de ser quantitativamente determinada.
Logo: é obrigação ilíquida aquela que tem por objeto uma prestação cujo quantitativo não esteja ainda apurado.
A liquidação tem lugar em fase liminar do processo executivo, quando não deva fazer-se no processo
declarativo.
➔ A lei processual distingue entre a liquidação que depende de simples cálculo aritmético e a que
dele não dependa.
Quando a liquidação dependa de simples cálculo aritmético → o exequente deve fixar o seu quantitativo no
requerimento inicial da execução.
Exemplos:
o Obrigação de pagamento de um preço a determinar de acordo com a cotação (de moeda, ação,
etc.) verificada em determinado dia;
o Pagamento de juros, cujo montante dependerá do período de tempo durante o qual se vençam.
Neste caso, deve ser deduzido um pedido ilíquido quando os juros continuem a vencer-se na pendência
do processo executivo, sendo liquidados no requerimento inicial os já vencidos, e liquidados a final,
pelo agente de execução, os juros vincendos (art. 716.º/2 CPC).
NOTA: normalmente, os juros começam a ser contados desde a citação – ou seja: desde que o réu tomou
conhecimento de que havia uma ação de dívida a correr contra ele.
JUROS LEGAIS
o Juros civis (art. 559.º/1 CC) – 4%
o Juros comerciais (art. 102.º/3 CCom.) – 7% + BCE
A liquidação pelo agente de execução tem também lugar no caso de sanção pecuniária compulsória:
▪ Art. 829.º-A/4 CC – juros à taxa de 5% ao ano → são juros com função compulsória (e
não juros de mora). Ou seja: este juros, que são uma sanção (pecuniária compulsória) –
possuem uma função punitiva.
• Na pendencia da ação executiva até ao fim da mesma, quem quantifica os juros vincendos → agente
de execução (art. 716.º/3 CPC).
• Até à instauração da ação executiva, no requerimento executivo, quem quantifica os juros já vencidos
→ é o exequente.
LOGO:
➔ É, então necessário, que sejam penhorados bens suficientes não só para pagar a obrigação
exequenda, mas também para cumprir os juros de mora e/ou juros compulsórios devidos até à
instauração da ação e na pendência da ação executiva.
Não dependendo a liquidação de simples cálculo aritmético, o exequente – no próprio requerimento inicial da
execução – especificará os valores que considera compreendido na prestação devida e concluirá por um pedido
líquido (art. 716.º/1 CPC).
O problema é quando a liquidação não depende de simples cálculo aritmético (art. 716.º/4 CPC), mas antes:
o Da narração de factos
o Do exercício do contraditório
o Da produção de prova
o E da decisão do juiz
Os arts. 358.º/2 CPC e 360.º/3 CPC esclarecem esse ponto: afirmando, nomeadamente, que a quantificação
ocorrerá através de um requerimento onde serão narrados os factos constitutivos dos danos e quanto,
pedindo no final do requerimento que o juiz condene o réu e fixe a quantia que não estava fixada na sentença
condenatória a seguir à contestação.
Ou seja: reabre-se o processo declarativo (a “instância extinta considera-se renovada”) para quantificar os
danos e não para rediscutir o que já foi discutido na ação condenatória.
Exemplos: stress pós-traumático; operações médicas; grau de invalidez; medicamentos; perda do rendimento
de trabalho/estudos; etc.
Título extrajudicial
Quando o título é extrajudicial → a liquidação deve ocorrer no início da ação executiva (Art. 716.º/4 CPC).
Não se pode avançar com a ação pendente enquanto não se desenvolver o processo declarativo de
conhecimento para liquidar/quantificar a obrigação.
ASSIM:
Quando:
1. Estejamos perante um título extrajudicial (a execução se funda em título extrajudicial)
2. + Liquidação não dependa de simples cálculo aritmético
O executado é citado para contestar (em oposição à execução, mediante embargos), com a advertência de
que, na falta de contestação → a obrigação se considera fixada nos termos do requerimento executivo.
TÍTULO EXTRAJUDICIAL
Assim: quando uma lei especial determine ou as partes hajam estipulado que a liquidação se faça por árbitros
→ a arbitragem tem lugar extrajudicialmente.
Ou seja: quando a execução se funde em título extrajudicial → a liquidação por árbitros “realiza-se (…) antes
de apresentado o requerimento executivo”, sem prejuízo de ao presidente do tribunal de execução caber a
nomeação do terceiro árbitro (se os dois primeiros não o designarem) ou do segundo (no caso de o requerido
não o designar).
SÓ NÃO É ASSIM:
a. Quando se trate de liquidar obrigação constante de sentença judicial – aplica-se diretamente
o art. 361.º CPC
NOTA:
EM SUMA:
A norma supletiva no domínio das obrigações diz que a escolha pertence ao devedor: arts. 539.º e 543.º do
C.C..
MAS… é uma norma supletiva, isto é, aplica-se apenas se as partes não tiverem convencionado de forma
diferente.
EXIBILIDADE
Releva aqui o fator “tempo”.
• Obrigação exigível – é aquela obrigação que já está vencida ou o seu vencimento depende de uma
simples interpelação do credor ao devedor, estando já verificada/realizada essa interpelação (art.
777.º/1 CC).
Assim, não é exigível quando, não tendo ocorrido o vencimento, este não esteja dependente de mera
interpelação, como sucede nos seguintes casos:
+ art. 805.º/2/a) CC
NOTA:
➔ Se a obrigação é pura vence-se com a interpelação.
Obrigações dependentes de condições suspensiva ou de prestações por parte do credor
ou de terceiro
Art. 715.º/1 CPC
Obrigações a prazo
Uma terceira situação de obrigação inexigível envolve as obrigações a prazo, em que só depois do decurso
do prazo que a obrigação se tornará exigível.
No entanto, há situações em que a demonstração da exigibilidade não é possível de ser feita por mera prova
documental.
Se não for suficiente juntar documentos para demonstrar a exigibilidade da obrigação → é preciso levar a
situação ao juiz.
Quando a prova não pode ser feita por documento, o agente de execução não pode aferir da exigibilidade (art.
715.º/2 CPC – Doutor afirma que é o limite da separação de poderes).
FORMAS DO PROCESSO EXECUTIVO
Há 3 tipos de ação executiva:
1. Execução para pagamento de quantia certa
2. Execução para entrega de coisa certa
3. Execução para prestação de facto
Cada um destes tipos de ação pode seguir uma forma de processo comum ou uma forma de processo especial.
Processo especial – tem lugar quando a lei impõe – para a execução de determinado tipo de obrigação –
uma tramitação especial (que pode ser mais ou menos ampla).
Processo comum:
A. Tem forma única nas (art. 550.º/4 CPC):
a. Execuções para entrega de coisa certa
b. Execuções para prestação de facto
B. Duas formas nas execuções para pagamento de quantia certa (art. 550.º/1, 2 e 3 CPC)
a. Ordinária
b. Sumária
EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA
Só os títulos dos quais conste uma obrigação pecuniária podem dar lugar a processo executivo para pagamento
de quantia certa.
• Processo sumário (art. 855.º/3 CPC) – A especificidade é que o executado só sabe que está a ser
executado, depois do agente de execução já ter penhorado bens.
A forma ordinária emprega-se, em regra, nos casos previstos no art. 550.º/2 CPC.
Art. 550.º/2/d) CPC → quando está em causa uma quantia relativamente baixa, mesmo nesses casos, a
execução tramita sob a forma sumária, porque a quantia está vencida, por isso, a exigibilidade ocorre.
• Processo ordinário
O processo ordinário aplica-se em todos os outros casos (que não estão elencados nas várias alíneas do art.
550.º/2 CPC) + e ainda quando – apesar e se verificar uma das situações que normalmente dão lugar ao
processo sumário – ocorra alguma das seguintes exceções:
a) A obrigação não é certa e a determinação da prestação não cabe ao credor.
b) Há que fazer prova complementar do título executivo.
c) A obrigação carece de ser liquidada na execução e a liquidação não depende de simples cálculo
aritmético.
d) O exequente alega no requerimento executivo a comunicabilidade de dívida constante de título, diverso
de sentença, que apenas obrigue um dos cônjuges.
e) A execução é movida apenas contra devedor subsidiário que não haja renunciado ao benefício de
excussão prévia.
NOTA:
➔ A maioria das execuções para pagamento de quantia certa, tramitam de forma sumária.
FASE INICIAL
REQUERIMENTO INICIAL + TRAMITAÇÃO COMPLEMENTAR
A petição com que se inicia a ação executiva é designada de “requerimento executivo”.
No âmbito de uma execução para pagamento de quantia certa, o requerimento executivo tem de obedecer a
vários requisitos do art. 724.º/1 do CPC.
O requerimento executivo obedece a um formulário próprio que se encontra no sítio eletrónico indicado por
Portaria.
É transmitido eletronicamente ao tribunal (e ao agente de execução nela designado). O requerimento
executivo dá entrada na secretaria, entrando por via eletrónica.
Se os anexos tiverem muitas páginas, o que não couber será enviado por correio ou entregue em mão na
secretaria do tribunal competente – o juízo de execução.
Ao entrar há lugar à distribuição. – Havendo mais do que um juiz nesse juízo, é preciso que o processo
seja distribuído de forma equitativa e aleatória e gera-se um número do processo.
Uma vez que a execução tem sempre por base um título executivo e este deve acompanhar a petição inicial, a
indicação da causa de pedir só tem de ter lugar quando ela não conste do título (art. 724.º/1/e) CPC).
FORMA SUMÁRIA
• Art. 855.º71 CPC – Uma vez dada entrada do requerimento executivo, não há despacho judicial. Ou
seja, não há despacho liminar do juiz que foi indicado na distribuição.
O juiz não vai analisar o requerimento executivo, nem o título executivo, nem documentos anexos,
nem vai fiscalizar a existência de pressupostos processuais.
O requerimento executivo é enviado pela secretaria do tribunal onde chegou o requerimento por via
eletrónica, ao agente de execução indicado pelo exequente.
• Art. 855.º/2 CPC – Cabe ao agente de execução, se for caso disso, recusar o requerimento
executivo.
Mas, só e quando os requisitos que não exigem o exercício de poderes jurisdicionais não estiverem verificados,
é que o agente de execução pode recusar o requerimento executivo.
Se não recusar o requerimento executivo e suspeitar que há falta de algum pressuposto processual → deve
suscitar a intervenção do juiz, nos termos do art. 855.º/2/b) CPC.
• Art. 855.º/3 CPC – O agente de execução inicia imediatamente as diligências para identificar e
localizar bens penhoráveis.
PENHORA
A penhora é uma apreensão de bens, que tem lugar nas execuções para pagamento de quantia certa.
É um mero instrumento de uma finalidade maior: estando os bens penhorados, o fim principal é fazer transferir
para terceiros os direitos que incidem sobre esses bens.
A satisfação do direito do exequente é conseguida – no processo de execução para pagamento de quantia certa
– mediante a transmissão de direitos do executado, seguida (no caso de ser feita para terceiros) do
pagamento da dívida exequenda.
O fim último pode ser também a transferência do produto da venda dos bens penhorados, o preço pode
não ser entregue ao exequente.
Mas, para que essa transmissão se realize, há que proceder previamente à apreensão dos bens que constituem
o objeto desses direitos, ao mesmo tempo paralisando ou suspendendo – na previsão dos atos executivos
subsequentes – a afetação jurídica desses bens à realização de fins do executado – que fica consequentemente
impedido de exercer plenamente os poderes que integram os direitos de que sobre eles é titular.
CONCURSO DE CREDORES
Art. 786.º e ss. CPC
Em muitos países, incluindo Portugal, os processos executivos permitem a intervenção de outros credores,
que tenham direitos reais de garantia sobre os bens já penhorados.
➔ Ou seja, reúnem-se no mesmo processo executivo várias obrigações exequendas.
Exemplo:
O devedor pede um financiamento ao banco de € 50.000. O gerente pede garantias. Devedor tem uma casa no
valor de € 500.000, sobre a casa vai ser constituída uma hipoteca, no valor de € 50.000.
Este devedor, pede um outro financiamento a outro banco de € 100.000. O devedor constitui nova hipoteca
sobre a casa, que o banco entende valer € 550.000.
Ou seja, o banco fica com uma segunda hipoteca, com registo posterior, no valor de 100.000. Passado algum
tempo, pede um novo empréstimo ao Santander, no valor de € 400.000 e faz uma terceira hipoteca sobre a
casa, nesse montante.
Entretanto, o devedor fez um negócio de compra e venda de mercadorias de € 10.000 com o fornecedor e não
pagou.
O vendedor intentou uma ação executiva, penhorando a casa. O agente de execução depois de penhorar a casa,
tem de citar os outros credores, porque estes têm direito real de garantia sobre o bem penhorado, para poderem
reclamar créditos, se a casa for vendida.
Art. 786.º e ss. CPC – Esses credores vêm reclamar créditos da totalidade dos empréstimos.
Os 3 bancos têm de vir reclamar os créditos, porque têm um título executivo extrajudicial: o contrato de mútuo.
NOTA: Não há vários credores numa execução para entrega de coisa – o concurso de credores só tem lugar
nas execuções para pagamento de quantia certa.
Objetivo da penhora:
O objetivo da penhora é transmitir os direitos sobre os bens penhorados e obter um preço/produto da venda,
que é entregue a potenciais credores que venham a reclamar créditos e que tenham ficado graduados em
lugares privilegiados.
Mas, outras vezes, os bens penhorados podem ser adjudicados ao próprio exequente, que oferece um
preço por esses bens.
Mas, esse preço é objeto de licitação, porque pode haver outros credores que já tenham reclamado créditos e
podem oferecer um preço superior. Ora, se nenhum credor reclamante aparecer, os bens serão adjudicados ao
exequente.
É uma espécie de dação pro solvendo. – O credor exequendo vai receber um bem para pagar um crédito.
Se o preço for equivalente ao crédito dele, não paga nada e o bem é adjudicado ao credor.
Nas execuções para entrega de coisa, não há fase da penhora.
O credor é credor da coisa, por isso, não se penhora a coisa, apreende-se a coisa e entrega-se ao exequente.
NOTA: Não há credores numa execução para entrega de coisa – o concurso de credores só tem lugar nas
execuções para pagamento de quantia certa.
Nas execuções para entrega da coisa, há apenas um devedor e um credor.
O agente de execução, para identificar e localizar bens penhoráveis, tem um prazo máximo de 20 dias para
desencadear essas buscas.
Havendo um prédio omisso no registo predial, mas que consta da base de dados da autoridade tributária, o
agente de execução, ao penhorar esse prédio, tem ele próprio de declarar a sua existência na conservatória do
registo predial.
Os navios estão registados na conservatória do registo predial, onde o agente de execução pode identificar
esses navios.
Se o executado for trabalhador, a entidade empregadora tem de pagar, por conta do trabalhador a taxa social
única.
Estes pagamentos fazem-se através do instituto da segurança social, onde consta a informação de o executado
ser trabalhador dependente.
O salário está declarado e quem o paga.
➔ Por isso, o agente de execução notifica a entidade empregadora para todos os meses, quando
pagar o salário, além dos descontos obrigatórios, descontar uma parte do salário que é
penhorável.
Ou seja, a entidade empregadora retém essa parte penhorável do salário de trabalhador-executado e transfere
para a conta bancária que o agente de execução abriu para aquela execução.
Mas…
Se o executado for trabalhador independente, não aparecem as entidades a quem presta serviços.
• Art.735.º/1 CPC – Nas execuções para pagamento de quantia certa, podem ser penhorados todos os
bens do devedor suscetíveis de penhora.
• Art. 735º/2 CPC – Podem ser penhorados bens de terceiros que não são do devedor, desde que a
execução seja movida contra eles.
Terceiros – cujos bens são constituídos direitos reais de garantia a favor do exequente.
Estas pessoas não devem nada ao exequente, mas deram garantias.
A propósito da penhora, tem de se respeitar o princípio da proporcionalidade, nas suas três aceções
fundamentais: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. – Art.735.º/3 CPC e art.
751.º/1 CPC.
03.03.2022
Princípio da proporcionalidade, da proibição do excesso, exigência de adequação e necessidade do ataque aos
bens em função da execução (art. 735.º/1 CPC), reflete-se sobretudo no art. 751.º/1 CPC.
Art. 751.º/1 CPC – a penhora começa pelos bens cujo valor pecuniário seja de mais fácil realização
(e se mostrem adequados ao montante do crédito do exequente).
Penhora de bens cujo valor pecuniário é de mais fácil realização da obrigação/crédito exequente:
o Saldos de contas bancárias
o Salários
o Reforma/Pensões de Aposentação
o Veículos automóveis
Em primeiro lugar, deve o agente de execução tentar identificar e localizar estes bens.
o Direito a alimentos
o Gâmetas
o Direitos morais de autor (não podem ser transmitidos -> não podem ser alienados -> não
podem ser penhorados).
• Al. b) – Bens do domínio público (do Estado e das restantes pessoa coletivas
públicas):
o Linhas férreas
o Rios, lagos
o Armas proibidas pela convenção de Genebra (porque se forem apreendidas, é com o intuito
de serem vendidas posteriormente… vender esse armamento é ofensivo dos bons costumes);
certo armamento cuja penhora é ofensiva dos bons costumes pelos danos que podem produzir.
• Al. c), 2.ª parte – objetos cuja apreensão seja ofensiva dos bons costumes,
pelo seu diminuto valor venal
• Al. e) – Túmulos
Bens que, em certas situações, podem ser penhorados, mas que, noutras situações, não o podem ser.
Consoante a concreta afetação do bem – este pode ou não ser penhorado.
• Art. 737.º/1 CPC – Bens: do Estados e demais pessoas coletivas públicas; de entidades
concessionárias de obras e serviços públicos ou de pessoas coletivas de utilidade pública:
➔ Que se encontrem especialmente afetados à realização de fins de utilidade
pública
São bens em relação aos quais o interesse público sai prejudicado se esse bem for alineado.
São bens só podem ser penhorados em certa parte – falamos aqui essencialmente em direitos de crédito.
Este artigo não funciona nem para bens móveis, nem para bens imoveis.
Art. 738.º/1, parte final CPC: “prestações de qualquer natureza que assegurem a subsistência do executado”
Ou seja: direitos de crédito que o executado tem direito a receber de terceiro, se e quando asseguram a sua
subsistência.
Exemplos:
o Rendas (há senhorios que só têm essa fonte de rendimento).
o Dividendos/ações (que as sociedades distribuem todos os anos aos acionistas que adquiriram ações
cotadas na bolsa)
➔ Quanto a estes bens: são impenhoráveis 2/3 da parte líquida destes bens.
Logo: só se pode penhorar 1/3 destes bens!
IMPORTANTE:
• Apesar da regra de 1/3, há um outro limite pelo baixo que não pode ser ultrapassado na penhora – art.
738.º/3, in fine CP: Tem de se deixar livre o correspondente ao montante equivalente salário
mínimo nacional!
• Limite pelo alto – a impenhorabilidade tem como limite máximo o montante equivalente a 3 salários
mínimos nacionais (ou seja: a parte penhorável é muito superior a 1/3).
Só temos de deixar livre o equivalente a 3 salários mínimos nacionais.
A estes créditos aplica-se um limite “super” mínimo de penhorabilidade – art. 738.º/4 CPC
O que é impenhorável, nestes casos, é somente o montante equivalente ao pensão social do regime não
contributivo (2022: 212€/213€).
Se o executado só receber o salário mínimo (Até 705€), uma execução especial por alimentos -> pode
penhorar-se a diferença entre 212€ e 705€ - porque o que está em causa nestas execuções é a integridade
psicofísica do credor de alimentos.
PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA
Art.745.º CPC
Bens só subsidiariamente penhoráveis: são aqueles bens ou aquele património que só pode ser penhorado
depois de outros bens ou patrimónios o serem previamente.
Exemplos
Situação dos devedores subsidiários:
o Fiador – que não tenha renunciado ao benefício da excussão prévia.
o Dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges: em 1.º lugar – penhoram-se bens comuns; 2.º
subsidiariamente - na falta ou insuficiência de bens comuns, podem penhorar-se bens próprios de um
dos cônjuges.
o Dívida qualificada como divida da exclusivamente responsabilidade de um dos cônjuges: 1.º: bens
próprios, subsidiariamente: bens comuns.
o EIRL – por dividas do património autónomo 1.º: bens afetos ao património autónomo;
subsidiariamente: bens do património geral do titular do EIRL
o Bens que respondem por dívidas da sociedade de responsabilidade limitada (SQ, SA, em comandita
relativamente aos sócios que só respondem limitadamente) – só respondem bens da sociedade (não
podem ser penhorados bens dos sócios); MAS… no âmbito das SQ é possível fixar no contrato de
sociedade que por dividas da sociedade o sócio X respondem, com o seu património pessoal, até ao
montante de y, por dívidas da sociedade.
PENHORABILIDADE POR DÍVIDAS DOS CÔNJUGES
Que bens é que o credor pode fazer com que o agente de execução penhore?
Se a dívida, do ponto de vista de direito substantivo, for da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges,
→ Aplica-se o art. 1696.º/1 CC.
Sendo que:
1. Em primeiro lugar, pode penhorar bens próprios do cônjuge responsável pela dívida
2. E, subsidiariamente, na falta ou insuficiência de bens próprio, pode penhorar bens comuns.
MAS…
Art. 740.º/1 CPC – Quando tiverem de se penhorar bens comuns, por não se conhecerem bens próprios do
devedor ou estes não forem suficientes para saldar a dívida em causa, o agente de execução tem de citar o
cônjuge do executado → para este, querendo, tentar salvar metade do património comum.
Assim: querendo, o cônjuge executado subsidiariamente requerer a partilha dos bens comuns.
Art. 740.º/2 CPC – Requerimento para pedir partilha dos bens comuns.
Processo de inventário fica atrelado ao processo executivo, podendo o cônjuge executado concordar ou
discordar. Ou seja, se o cônjuge não executado não pagar a metade dos bens comuns, será ele próprio
executado.
Art. 740.º/2, parte final CPC – Mesmo que haja um acordo amigável para compor o quinhão de cada
um dos bens comuns, e mesmo que alguns dos bens comuns penhorados venham na partilha a caber ao não
executado, essas penhoras mantêm-se.
O credor exequente pode controlar este processo de partilha, pedindo a avaliação dos bens.
Quando o título executivo é extrajudicial - art.741º e 742º CC - é possível na própria ação executiva o credor
exequente desencadear o incidente declarativo atrelado à ação executivo, no qual alegue factos e tente
demonstrar que a divida que consta desse papel, é uma divida que responsabiliza os dois, embora um só tenha
assinado.
Ex: dívida contraída no exercício do comércio, divida para contribuir para encargos da vida familiar.
Só quando a divida consta de titulo extrajudicial; quando a divida consta de titulo judicial nao está abrangida
porque na contestação da ação declarativa o réu teve o ónus de alegar que a divida não era só dele e pedir a
intervenção principal do outro cônjuge.
Art. 741.º CPC – Só permite a comunicabilidade da divida, quando tem como base um titulo
extrajudicial.
Incidente declarativo – que tramita por apenso a uma ação executiva.
“Movida execução apenas contra um dos cônjuges, o exequente pode alegar fundamentadamente que a dívida
– constante de título diverso de sentença (título executivo extrajudicial) – é comum”.
Por razões de igualdade material das partes – o próprio executado alega os factos da vida constitutivos da
comunicabilidade (dívida contraída em proveito da vida comum; dívida contraída no exercício do comércio).
Porque é que este incidente de comunicabilidade só tem lugar quando título executivo é
extrajudicial?
Nestas situações – em que pode haver litisconsórcio – pode requerer-se a intervenção principal, de quem, na
causa, tenha um interesse igual ao do réu ou do autor.
ASSIM:
➔ Quando o título executivo é uma sentença condenatória, o cônjuge do executado, teve já a
oportunidade de requerer a intervenção principal do outro cônjuge não executado na ação
declarativa (já não o podendo fazer, depois, na ação executiva).
Ao réu incumbia este ónus → não tendo sido exercido este ónus, preclude-se a oportunidade.
EFEITOS DA PENHORA
Os atos que o executado pratique apos a penhora, ou o registo da penhora → são válidos, mas são ineficazes
→ são oponíveis a terceiros.
É como se esses atos nunca tivessem existido, nunca tivessem sido praticados.
O executado perde os poderes de gozo que integram o seu direito, mas não o poder de dele dispor.
Mantém, assim, a titularidade de um direito esvaziado de todo o seu restante conteúdo. E, sendo assim,
continua a poder praticar, depois da penhora, atos de disposição ou oneração.
Contudo, os atos de disposição ou oneração são inoponíveis à execução, justamente porque se assim não
fossem correríamos o risco de comprometerem a função da penhora; sendo certo que readquirem eficácia
plena no caso de a penhora vir a ser levantada (são atos ineficazes).
Se da execução resultar a transmissão do direito do executado, o direito do terceiro que tiver contratado
com o exequente irá caducar, embora transferindo-se por sub-rogação objetiva para o produto da venda,
conforme artigo 824.º do C.C.
Inoponibilidade → negócio jurídico é válido; mas a inoponibilidade é apenas relativa aos credores do
executado → logo: Ineficácia Relativa.
➔ Esses atos praticados posteriormente à penhora pelo executado sobre os bens penhorados, são
ineficazes relativamente aos credores do executado.
09.05.2022
Art. 819.º CC
Este artigo refere a situação pela qual os bens penhorados ficam numa situação de indisponibilidade
situacional e os atos praticados pelo executado sobre esses bens são válidos, mas são inoponíveis ao
exequente, ao tribunal e aos demais credores que tenham reclamado créditos e que tenham direitos reais de
garantia sobre os bens executados.
Ou seja, tudo se passa como se não tivessem sido praticados esses atos sobre esses bens penhorados, isto é,
não se produzem efeitos em relação àqueles sujeitos.
Os efeitos de inoponibilidade que se abatiam sobre esse bem deixam de ser eficazes com o levantamento da
penhora.
O exequente adquire pela penhora o direito de ser pago pelo produto da venda desse bem, à frente de qualquer
outro credor que não tenha direito real de garantia anterior.
➔ Não há aqui um direito de preferência – o que existe é um direito de ser pago com o produto
da venda do bem executado à frente de outros credores, que apenas tenham direitos reais de
garantia sobre os bens penhorados posteriores à penhora.
Ou seja, esta “preferência” do exequente não é exercitável se houver credores reclamantes com direitos reais
de garantia com registo anterior aos bens em causa.
NOTA:
A estrutura clássica dos direitos de preferência é diferente, pois o obrigado à preferência, se quiser alienar o
bem tem de comunicar ao titular do direito de preferência, manifestando as condições de venda, para que este
possa formar a sua convicção livre e informada acerca de comprar o bem.
Exemplo:
O bem é penhorado, estando penhorado, o município expropriou por utilidade pública esse bem.
Esse ato administrativo faz com que o direito de propriedade desapareça e a entidade publica adquire o bem
originariamente.
O direito de propriedade extingue-se e nasce um direito de propriedade pública sobre o bem.
Quando existe uma expropriação por utilidade pública, o expropriado recebe uma justa
indemnização.
Se a negociação amigável não resultar, o valor da indemnização tem de ser fixado pelo tribunal.
Esse valor, nos termos do art. 823.º CC, será o montante em que se sub-roga o bem que desapareceu da esfera
jurídica do executado.
Outra hipótese:
O bem penhorado ardeu num incêndio.
O inquilino fez explodir uma botija de gás e a casa ardeu. O imóvel está destruído, tem de ser demolido.
Ora, se o proprietário-executado tiver um seguro que garanta esse risco de explosão, a companhia de seguros
vai pagar o montante do prejuízo → esse montante vai ser apreendido pelo agente de execução.
Afixa este auto de penhora na porta do prédio, ou noutro local visível, na forma de edital.
O executado continua a ser o proprietário, mas deixa de ser o possuidor em nome próprio.
Outra hipótese:
O bem penhorado tem inquilinos.
Os depositários são os inquilinos, porque são as pessoas mais próximas do bem.
Art. 757.º/3 CPC – Por vezes, para a efetivar a penhora de imóveis, é necessário exercer violência física,
porque as portas estão fechadas e o executado recusa-se a abrir as portas. O agente de execução pode ter de
arrombar portas, se houver justificado receio de resistência, pode solicitar diretamente o auxílio das
autoridades policiais.
Nestes casos, se a diligência tiver de ser efetuada num domicílio, só pode realizar-se entre as 7h e as 21h,
mediante prévio despacho do juiz do processo de execução.
Quando o registo da penhora for efetivada na base de dados eletrónica do instituto de registos e notariado,
retrotrai-se à data da comunicação eletrónica de pedido de registo da penhora.
➔ O que significa que todos os atos praticados pelo executado, antes do registo da penhora, mas já
depois da comunicação eletrónica para fazer o registo da penhora, são inoponíveis, isto é,
ineficazes.
Art. 764.º CPC - a penhora é efetuada através da remoção desses bens para depósitos. O agente de
execução assume a posição de depositário.
Art.764º/4 que remete para o art.757º - se houver resistência do executado, pode recorrer-se à força publica,
aos órgãos de policia criminal, a pedido do agente de execução.
• VEÍCULOS AUTOMÓVEIS
Ainda antes do registo de penhora, pode haver uma diligência prévia de imobilização do veículo
automóvel, que poderá ser feita 24h a 48h antes da comunicação para o registo da penhora.
Portanto, esta imobilização prévia é feita pelo agente de execução, antes do pedido de registo de penhora.
Mas pode acontecer que a remoção do veiculo para o depósito seja muito onerosa ou possa danificar o veiculo.
Nesses casos, o art.768.º/3/b) CPC, se o agente de execução entender que a remoção é desnecessária, o
veiculo fica onde está com os mobilizadores e com um selo a dizer que está penhorado.
• Navios
O navio de matrícula portuguesa, está registado na conservatória do registo predial.
O agente de execução envia ao Instituto de Registos e Notariado, o pedido de registo da penhora do navio.
Art. 770.º CPC – o navio penhorado pode continuar a navegar até ser vendido.
Embora seja pedido o registo da penhora e inscrita a penhora desse avião é necessário notificar a ANA - que
ficou com a conceção de todos os aeroportos portugueses.
Essa empresa concessionária, tem de ser avisada de que determinado avião está penhorado, no aeroporto do
Porto, Lisboa ou Faro, para que esse concessionário poder avisar os controladores aéreos que não podem
deixar levantar voo esses aviões.
Penhora de outras realidades
1. Direitos de crédito
Art. 773.º/1 CC – a efetivação da penhora ocorre através de notificação feita pelo agente de execução ao
devedor.
“A penhora de créditos consiste na notificação ao devedor – feita com as formalidades da citação pessoal e
sujeita ao regime desta – de que o crédito fica à ordem do agente de execução.
Portanto, quanto ao devedor do executado que não cumpre, o seu silêncio faz com que haja o
reconhecimento da existência desse crédito, na medida em que o agente de execução o citou – art. 773.º/4
CPC.
Ex: se o pingo doce tem um trabalhador dependente a ser executado, se não descontar a diferença entre o
salário mínimo e o salário do executado, pode ser co-executado.
Ou seja, o devedor do executado torna-se co-executado nesta execução; o titulo executivo forma-se neste
processo executivo (a notificação recebida para reter parte do salário do executado forma um título executivo).
Podem penhorar-se diretamente os bens do devedor do executado.
O devedor de executado tem de deduzir embargos de executado em ação declarativa, alegando que a divida
do executado não tem nada a ver com ele.
Art.780.º/8 CPC - os bancos têm 2 dias úteis, para comunicar ao agente de execução o montante
bloqueado ou o montante dos saldos existentes.
No momento em que se faz a cativação, pode haver cheques passados pelo executado a outras pessoas →
sendo que o art. 780.º/10/a) e b) CPC - dizem-nos quais os montantes atingidos.
Ex: o executado celebra um contrato promessa, com eficácia real de aquisição de um prédio.
Se celebra um contrato promessa com eficácia real, há uma expectativa forte de poder celebrar
potestativamente o contrato prometido.
Ex: comprar venda com reserva de propriedade - o comprador comprou, mas o vendedor, por razões de
garantia no cumprimento das prestações, fica proprietário do bem até ao pagamento da última prestação.
Quando a última prestação for paga, transfere-se o direito de propriedade para o comprador. - art.778º/3
o Alínea c) – impenhorabilidade absoluta - bens que não podem nunca ser penhorados e foram
Art. 295.º CPC- finda a produção de prova, cada um dos advogados faz breves alegações orais e é
imediatamente proferida decisão por escrito.
o EMBARGOS DE TERCEIRO
Art. 342.º e ss. CPC
A legitimidade ativa para deduzir embargo de terceiro → é um terceiro que não seja parte na ação executiva.
16.05.2022
Embargos de terceiros
Arts. 342.º e ss. CPC
Formalmente é visto como um incidente de intervenção de terceiros numa ação, mas na realidade é uma ação
declarativa:
Art. 345.º CPC → fase introdutória
Art. 348.º CPC → fase contraditória
Os terceiros intervém numa execução dependente, mas o rito, o formalismo que rege esta intervenção supera
o rito de uma intervenção típica de um incidente processual.
Legitimidade processual passiva – quem tem interesse direto em contradizer os embargos de terceiro?
➢ Objeto do pedido:
O terceiro pede que a penhora seja levantada, e que o registo da penhora (se o bem estiver sujeito a registo)
seja cancelado.
O pedido é claramente o levantamento da penhora.
➢ Causa de pedir:
Causa de Pedir – composta pelos factos essenciais (ocorrências da vida real) que individualizam a pretensão.
Art. 342.º/1 CPC – Começava sempre com a ofensa da posse.
Outra causa de pedir – seria a ofensa de qualquer direito incompatível com a realização ou o âmbito da
diligência.
Os embargos de terceiro também se pode alicerçar num direito real que não pode ser desconsiderado/afastado
após a penhora ter sido feita. São raras as situações que hoje os embargantes invocam a ofensa de posse.
Ex: Posse do promitente vendedor que obteve a tradição da coisa – este é um caso típico que é considerado
como uma posse em nome próprio (incompatível com a penhora).
Hão de ser direitos que não se extinguem com a venda executiva do bem penhorado.
Quais os direitos que se extinguem e os que não se extinguem com a venda do bem
penhorado?
Os direitos reais que não se extinguem com a venda executiva, em princípio são incompatíveis.
Outro exemplo:
Pactos de preferência com eficácia real
Direitos reais de gozo (superfície, propriedade, direito de uso e habitação, etc) – se e quando o registo dos
direitos reais de gozo menores for anterior ao registo da penhora e anterior a qualquer registo de direito real
de garantia, não se extinguem com a venda executiva.
Ex: Direito de usufrutuário (registo em 2010) e registo da propriedade plena em 2020 – situação clara de
incompatibilidade.
Ex: hipoteca registada em 2008; o mutuário em 2010 constituiu usufruto vitalício e foi registado esse mesmo
usufruto.
Em 2020, tinha entrado em incumprimento contratual com outro banco, e penhorou a propriedade plena.
Penhorada a propriedade plena, o que é que o Banco que tem a hipoteca registada em 2008, o que terá de fazer
agora?
Terá de vir reclamar o crédito – concurso de credores.
Será graduado em 1º lugar (Banco com a hipoteca registada em 2008), em 2º lugar o exequente (penhora
registada em 2020).
Aparentemente o registo do usufruto é anterior ao registo da penhora, mas posterior ao registo da hipoteca.
EM SUMA:
Direitos reais de gozo menores – se tiverem um registo anterior à penhora e anterior ao registo de qualquer
direto real de garantia invocado no processo executivo – não se extinguem com a venda executiva (não caduca)
os direitos reais de gozo menores e logo estes titulares com sucesso embargar terceiro. No caso de ter havido
penhora de propriedade plena, é incompatível.
Direitos com eficácia meramente obrigacional, tutelados por terceiros: Penhorou-se a propriedade plena –
inquilino está a vier nesse prédio – o senhorio é o executado.
Contrato de arrendamento com registo anterior ao registo da penhora – não vê o seu direito em nada
prejudicado.
A mesma coisa na locação financeira – quem pode fazer locação financeira (apenas os bancos) – numa
execução devida contra a instituição bancária – o dono do prédio é a instituição bancária. O direito do locatário
financeiro não caduca.
Não é um direito incompatível.
Art. 345.º CPC - o juiz vai analisar a petição de embargos e se for caso disso realiza diligencias
probatórias necessárias, para ver se os embargos foram deduzidos a tempo.
Conclui que os fundamentos invocados poderia permitir a apreciação do mérito da causa.
O despacho liminar de aceitação de embargos, avança para o momento da contestação das partes
primitivas (geralmente quem contesta é o exequente) – art. 348.º CPC.
“recebidos os embargos, só agora o jogo começou”
O despacho liminar de aceitação ou rejeição é o ponto diferente.
Fundamento para os embargos do executado – art. 729-º (falta de competência do tribunal) – será a
alínea c), caberá também a falta de legitimidade processual do exequente e do executado.
Há vários fundamentos.
Art. 731.º CPC - se o título executivo for extrajudicial – não há nenhuma fase anterior declarativa.
No processo executivo sumário, não há citação prévia do executado – Art. 856.º/1 CPC.
Fase liminar
Despacho liminar (também o juiz aqui filtra a petição dos embargos do executado, para ver se foram deduzidos
em tempo, e saber se os fundamentos alegados são manifestamente improcedentes).
O exequente é notificado para contestar.
O exequente é o réu, tem também 20 dias para apresentar a contestação.
Regime regra – no artigo 733º - a regra é de não suspender, a não ser que o executado preste caução – art.
733.º/1/a) CPC.
Incidente de prestação de caução – incidente declarativo.
Art. 733.º/1/a), b) e c) CPC- a execução para enquanto os embargos não forem julgados.
Art. 733.º/5 CPC - não se faz a venda, enquanto não houver uma decisão em primeira instância do destino
destes embargos. Não se faz enquanto não houver uma decisão de procedência ou improcedência dos
embargos.
O agente de execução tem de citar oficiosamente duas entidades públicas - a Autoridade Tributária e o
instituto da Segurança Social. Podem ser titulares de privilégios creditórios. Estas entidades tem de ser
obrigatoriamente e oficiosamente citadas, para querendo, vir reclamar créditos.
Para vir reclamar créditos, tem de ser respeitados os 2 requisitos citados acima.
O que acontece se um credor quer reclamar créditos, mas não tem direito real de garantia sobre os bens
penhorados?
Falta-lhe um requisito – ele consegue arranjar um direito real de garantia sobre os bens penhorados?
Art. 710.º/1 CC – hipoteca unilateral
Outra hipótese é instaurar uma ação executiva contra o mesmo executado, por diferentes exequentes, em
tribunais diferentes – art. 794.º CPC
Tem direito real de garantia + mas não tem título executivo – art. 792.º/1 CPC.