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ANOTAÇÕES – DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV

O direito civil brasileiro se encontra numa fase de início da valorização dos precedentes.

Revisão de processo civil

A citação

Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado
para integrar a relação processual.

Parágrafo único. A citação será efetivada em até 45 (quarenta e cinco) dias a partir da
propositura da ação.

A citação pode possibilitar que a pessoa convocada como ré poderá sair do polo passivo –
ilegitimidade passiva – pode transmutar-se para o polo ativo – pode se posicionar enquanto
terceiro interessado

O direito encontra-se em uma mudança do sistema do civil Law para o sistema de precedentes

Após a contingência das diferenças sociais, há o transbordo desse sistema, de modo ao qual o
legislador se furta a análise de determinados temas, restando a inafastabilidade do judiciário
para análise do tema e resolver o litígio

O Incidente de resolução de demandas repetitivas, no incidente de assunção de competência,


e os temas repetitivos uniformizam o entendimento de determinado tema para que os
tribunais julguem determinado tema em consonância com o entendimento jurisprudencial

Jurisdição, processo e ação

Jurisdição é o órgão capacitado para resolução efetiva da lide – Poder Judiciário, tribunal
arbitral, MPT

Na Constituição, há a garantia da inafastabilidade jurisdicional para análise de mérito,


em decorrência de uma divergência quanto a resolução em âmbito administrativo

Caso exista a ocorrência de um conflito e uma pretensão insatisfeita, é possível a provocação


do Poder Judiciário

Jurisdição é uma atividade – deslocamento para resolução do conflito

As formas de se conseguir provocar o judiciário são as formas de ação, devendo escolher o


modo mais adequado para a resolução do conflito
O processo é o procedimento – método – para resolução do conflito, bem como é a relação
jurídica processual

Faz-se necessário a análise da causa de pedir, para que o pedido tenha relação direta com a
parte

O litisconsórcio inclui as pessoas envolvidas na lide, devendo ocorrer a inclusão no polo


quando há afetação e contraposição dos direitos da parte autora e do indivíduo atingido

A assistência só se justifica quando há interesse jurídico – lei ou relação contratual

Denunciação à lide – a ré indica o responsável por estar no polo passivo, eximindo-se da


responsabilidade decorrente da ação

O chamamento ao processo é quando há corresponsabilidade ou outra pessoa envolvida pode


ser responsável na mesma medida, podendo o réu chamar ao polo passivo as outras partes
envolvidas e responsáveis na mesma medida

TUTELAS JURISDICIONAIS

Declaratória – a parte autora solicita que seja declarada a existência ou inexistência da relação
jurídica

Constitutiva - busca constituir ou desconstituir um ato jurídico

Condenatória – busca a obrigação de pagamento de quantia certa

Mandamental – busca a obrigação de fazer, não fazer ou entrega de coisa

Executiva – trata-se de um pedido realizado para obrigação de fazer, não fazer ou entrega de
coisa em casos de cumprimento de ordem

Ex.: utilização de mecanismos do judiciário para a execução forçada de uma ordem,


sem que seja necessária a anuência do réu

Nas tutelas declaratórias, constitutivas e condenatórias o juiz está estritamente ligado ao


pedido realizado

Ex.: caso o juiz tenha visto que cabia uma indenização de 15 mil, mas a parte pediu
apenas 10 mil, o juiz só poderá deferir a indenização até o limite do valor pedido

Nas tutelas mandamentais e executivas o juiz nem sempre estará adstrito aos limites dos
pedidos

TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA


As tutelas jurisdicionais se baseiam na técnica processual adotada

Tutela provisória – cognição sumária – não necessita de um aprofundamento para a análise da


questão – pode ser realizada análise mediante as provas juntadas aos autos

Tutela definitiva - cognição exauriente – necessita de posicionamento da parte para análise da


verdade dos fatos e seus esclarecimentos

A cognição é o grau de aprofundamento da matéria

A tutela comum é a que não apresenta especificidades e justamente por isso é escolhida para
a generalidade dos casos

Nos casos de indeferimento ou deferimento do pedido, costuma-se conceder ou não a tutela


em decorrência da matéria já ter sido apreciada e possuir jurisprudência no sentido massivo a
ser reiterado pelo juiz

A tutela de urgência tem influência do tempo, pois este influencia na possibilidade de risco de
que a tutela jurisdicional não venha a se efetivar em caso de urgência, devendo ser
perpetradas medidas para não perecimento do direito

A tutela de evidência é a que pela análise de prova robusta de direito com base em precedente
vinculante daquele pedido pode ser antecipada a análise de mérito diante da presunção de
certeza do direito

Tutelas provisórias

Tutela de urgência tutela de evidência

Tutela cautelar ou antecipada

Requerida em caráter antecedente ou incidental

A tutela antecipada garante o direito de maneira antecipada

A tutela cautelar resguarda a situação dos direitos para que a situação se mantenha até a
resolução de mérito

A tutela inibitória é a tutela que pleiteia a interrupção de manutenção de um ato ilícito

A tutela de urgência requerida na inicial ou depois tem caráter incidental

A tutela requerida anteriormente ao pedido inicial


Apenas na tutela antecipada antecedente há a estabilização dos efeitos

A estabilização dos efeitos é quando a decisão começa a produzir efeitos, consolidando


os efeitos pretendidos pelo autor, não necessitando, inclusive, a confirmação em sede de
sentença, tendo em vista que já houve a garantia do direito tutelado

A tutela de urgência deve ser concedida quando há certeza para ou probabilidade, desde que
existam elementos que reforcem a tese para deferimento

Liminar é a tutela de urgência requerida no início do processo

A ação de busca e apreensão é uma tutela de urgência cautelar satisfativa

TEORIA GERAL DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

Tutela comum gera o Procedimento comum

Tutela diferenciada gera o Procedimento especial

Acarreta nas tutelas antecipadas

Acarreta na existência de rito processual diferente

É um procedimento de trâmite mais rápido, com menor nível de aprofundamento dos


fatos

Conceito de procedimento –

Conjunto de atos ordenados e exercido pelo juiz, bem como pelo interesse existente
no contraditório

Categorias de procedimento

Comum – CPC

Procedimento especial:procedimentos especiais

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO


Tipo de ação movida pelo devedor que busca a satisfação da obrigação de pagar quantia certa
ou entregar coisa pelo devedor.

O devedor busca se livrar da obrigação de pagar dívida, quando há discordância quanto aos
valores a serem pagos, para que se evite a incidência de juros e correção

Quando cabe a ação de consignação em pagamento

Art. 335 CC –

Mora do credor –

quando o credor não puder ou recusar sem justa causa o recebimento do pagamento ou dar
quitação do débito na forma devida

Se o credor não for e nem mandar receber a coisa no lugar, com tempo e condições devidas

Se o credor for incapaz de receber – credor desconhecido, declarado ausente, reside em lugar
incerto ou de acesso perigoso

Dúvida sobre a quem deve pagar –

Se ocorrer dúvida sobre quem é legítimo para receber o pagamento ou se houver litígio sobre
o objeto do pagamento

Ex.: União cobrando ITR, Município cobrando IPTU / herdeiros

CONSIGNAÇÃO EXTRAJUDICIAL

Requisitos:

A obrigação de pagar quantia certa deve ser em dinheiro

O depósito deve ser feito em estabelecimento bancário oficial ou, se não houver em banco
particular

O depósito deve ser feito no lugar de cumprimento da obrigação

Procedimento

Devedor deposita - Credor tem ciência - Credor tem 10 dias para manifestar a recusa, caso não
faça aceita tacitamente - O prazo de 10 dias conta a partir do retorno do AR assinado

Reações do devedor
Levantar o valor, extinguindo a obrigação

Levanta o valor mas faz ressalvas quanto ao valor correto, podendo cobrar a diferença
em ação de cobrança (STJ RESP 189019/SP

Não se manifesta, implicando em aceitação tácita

Recusar expressamente o depósito, mesmo sem justificativa, podendo o depositante


levantar o valor para ingressar com ação de consignação judicial em 1 mês, com a prova da
recusa.

(caso ultrapasse o prazo de 1 mês poderá ajuizar, mas incorrendo em mora)

É possível que o devedor realize o pagamento diretamente pela via judicial

COMPETÊNCIA

A ação será proposta no foro do lugar do pagamento

Dívida portável (regra) – pagamento no domicílio do credor

Dívida quesível – pagamento no domicílio do devedor

A competência é territorial, podendo as partes pactuarem o foro de forma diversa

Legitimidade ativa

O devedor

Terceiro interessado que sofre com a obrigação – fiador ou avalista

Terceiro não interessado – pessoa que busca quitar o débito, podendo ser reembolsado caso
tenha feito o depósito em seu nome, mas sem os privilégios do credor originário

O devedor pode se opor ao pagamento

O credor pode se opor ao pagamento realizado por terceiros:

Quando o contrato proíba

Quando lhe causar prejuízo

Quando a obrigação só pode ser cumprida pelo devedor

Legitimidade passiva
Apenas o credor

Havendo dúvida, forma-se o litisconsórcio passivo necessário entre os supostos credores

Consignação judicial

O devedor deve observar o art. 319 do CPC – o depósito da quantia ou da coisa devida a ser
efetivado no prazo de 5 dias contados do deferimento (deve haver o pedido do depósito na
inicial) – a citação do réu para levantar o depósito ou apresentar contestação – se não houver
depósito, se extingue o processo sem resolução de mérito (caso o depósito seja fora do prazo
é válido, não implicando em extinção sem resolução de mérito)

Formas de consignação

Se a consignação for de coisa indeterminada a escolha caberá ao devedor ou ao credor, ou


ainda como ficar estabelecido previamente entre as partes

Se a escolha for de direito do credor, ele será citado para exercer seu direito de
escolha em 5 dias, abrindo prazo para o devedor depositar a coisa em 5 dias

Nos casos de prestações sucessivas, a consignação da primeira parcela autoriza o devedor a


consignar as demais, mesmo que não faça expressamente esse pedido – art. 323 do CPC

Para o depósito judicial de crédito tributário, o prazo de 5 dias não interrompe os juros e
correção – entendimento do STJ

Reações do réu

Se levanta o valor (incontroverso) ou a coisa há o reconhecimento do pedido – art. 487,III CPC

Pode se manter inerte configurando revelia e o juiz julgar antecipadamente o mérito

Apresentar contestação em 15 dias estando limitado as defesas de medito do art. 544 do CPC

Não houve recusa ou mora

A recusa foi justa

Depósito não ocorreu no prazo e no lugar

Depósito não foi integral

Após a contestação
Se o depósito foi parcial o autor (devedor) pode complementar ou discutir essa quantia
controversa

A insuficiência do depósito acarreta na improcedência da demanda e autoriza o réu a executar


a diferença

AÇÃO POSSESSÓRIA

É a ação que discute a posse – relação de fato, e não de propriedade – relação de domínio com
a coisa

Posse direta – possuidor está em contato direto com a coisa

Posse indireta – relação jurídica que liga o possuidor indireto ao direto e ao bem

A tutela possessória deve ser deferida a quem possui a melhor posse

Cabimento da ação

Súmula 487 do STF – a posse será definida a quem tiver o domínio

Em ação possessória entre particulares o ente público pode alegar o domínio do bem

A ocupação irregular de bens públicos não caracteriza posse, apenas uma detenção, não
possuindo direito de detenção e indenização de benfeitorias

Se particulares litigam entre si sobre a ocupação do bem público é possível o deferimento da


tutela possessória, não sendo possível a tutela no caso de particular em ação ocntra o ente
público

Espécies

Interdito proibitório

Ação possessiva preventiva, que busca evitar a turbação ou esbulho iminentes

Ação de manutenção de posse

É a ação possessória que bisca normalizar a perturbação, com a perda parcial da posse

Ação de reintegração de posse

Ação que busca recuperar a posse perdida pelo esbulho


O código civil possibilita ao possuidor a realização de esforços para manter-se ou restituir-se
na coisa, devendo fazer logo os atos para ser mantido

Art 1224 – cc – define

Competência

Justiça estadual comum

Caso seja área quilombola, a união deverá estar como litisconsorte necessária

Exceção

Justiça do trabalho – quando há exercício de greve

Justiça federal – se houver a participação de algum ente federal, caso seja o proprietário

Bem móvel – domicílio do réu

Bem imóvel – local do imóvel

Legitimidade ativa

Possuidor direto ou indireto

Legitimidade passiva

Aquele que violou a posse

Nos casos de desdobramentos da posse é possível ocupar o polo passivo por outro
possuidor

Em casos de cônjuges, forma-se um litisconsórcio passivo

Obs.: não é legitimamente parte apenas o detentor

Ex.: caseiro, morador, manobrista

Procedimento

Posse velha – agressão há mais de 1 ano e 1 dia


Procedimento comum

Posse nova – posse há menos de 1 ano e 1 dia

Procedimento que possibilita pedido de liminar – tutela de evidência atípica

Requisitos

Provar a posse do autor

A ocorrência da turbação ou esbulho, bem como sua data

Cumulação de pedidos

Admiti-se a cumulação do pedido com perdas e danos, indenização

Procedimento

Pedido de liminar que pode já ser deferido 561 cpc

Audiência de justificação prévia –

Apresentação de contestação pode formular pedido contra o autor

Litígio coletivo pela posse de imóvel

AÇÃO DE DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES

Instrumento processual que o proprietário da área garantir os limites de sua área

Busca estabelecer novos limites do terreno ou retomar os limites anteriormente obtidos

REQUISITOS

Existência de um direito real sobre a coisa demarcante

Enfiteuta, habitador, usuário, proprietário

Haver a continuidade entre os imóveis


Confusão entre os limites dos imóveis confinantes ou perigo de haver

Confusão subjetiva – quando existe uma linha demarcatória mas não é aceita

Confusão objetiva – não há um marco divisório entre as áreas

CABIMENTO

Quando há dúvidas sobre a determinação do lugar da divisa

Delimitar quando não se tem divisas ou estão desaparecidas

Quando as divisas existem, mas estão em desconformidade com os títulos dominiais, cabe
reivindicatória

Se com a existência de divisão houverem dúvidas quanto os limites, cabe a demarcação

Novidades do CPC

É possível se fazer a demarcação em cartório, se houver consenso

Competência

Local em que se situa o bem

Legitimidade ativa

Proprietário

Nu-proprietário

Usufrutuário

Usuário

Habitador

Senhorio

Enfiteuta

Titular da servidão

Coproprietário
Proprietário com domínio resolúvel

QUALQUER COPROPRIETÁRIO OU CONDÔMINO É ARTE PARA PROMOVER A DEMARCAÇÃO DO


IMÓVEL

Legitimidade passiva

Confrontante

Proprietário ou titular de direito real sobre o imóvel ou o mero possuidor

PROCEDIMENTO

Fase contenciosa

Definição da Linha demarcanda

Colocação no solo dos marcos identificadores da linha

A petição inicial deve preencher os requisitos do art. 319 e do 574

Deve ter o título de propriedade

Descrever os limites devidos

Indicar todos os confinantes

Matéria de contestação

Ausência de domínio que autorize a pretensão do autor

Ausência de confusão de limites

Irresignação da descrição dos limites a serem assinalados

Prescrição aquisitiva da área

AÇÃO DE DIVISÃO DE TERRAS PARTICULARES

AÇÃO QUE RESGUARDA O DIREITO DO CONDÔMINO DE EXIGIR A DIVISÃO DA COISA COMUM

Cada um terá direito ao seu respectivo quinhão

O imóvel tem que ser divisível


Navio e avião são considerados bens imóveis não passíveis de di

A ação de divisão só ocorrerá quando houver a ciência dos limites da área a ser dividida

O objetivo da ação é cessar o condomínio e que cada um fique com a porção devida da área

Requisitos

Deve existir propriedade em condomínio

A coisa deve ser divisível

Competência

Foro do imóvel

Legitimidade ativa

Cada condômino, nu-proprietário, enfiteuta, fiduciário usufrutuário

Legitimidade passiva

Todos os condôminos

Alienação a terceiros

Se houver a alienação sem a anuência dos demais condôminos esse adquirente entrará
concorrendo com os demais condôminos na relação processual

Se houver autorização, não há problema

PROCEDIMENTO

Fase contenciosa – apura a existência do condomínio

Fase executiva – extingue o condomínio e divide a propriedade

REQUISITOS
Art. 319 e art 588

Deve inidicar a origem da comunhão a situação e as características do bens

Nome dos condôminos

Benfeitorias comuns

Contestação do réu

Falta de domínio ou de direito real

Ausência de ius in re do autor (não tem domínio do imóvel que alega)

Desaparecimento do condomínio ou usucapião do réu

Existência de cláusula contratual ou testamento que impeça a divisão

Operações técnicas e jurídicas

O perito verifica a planta, classificação, valor e plano de partilha do imóvel

O perito e o juiz devem observar as particularidades de cada um dos condôminos das


preferências de cada um e suas particularidades

AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE

Ação que busca a resolução da sociedade a um sócio

Possui duas pretensões: apuração de haveres (valor das cotas) e retirada de sócio

O marco da retirada é importante para a responsabilização do sócio e de eventuais lucros

Ainda que o sócio tenha cometido ato ilícito, ele terá direito a sua cota

Hipóteses

Saída voluntária com permanência dos outros sócios

Exclusão de sócio (necessidade de garantia de contraditório e ampla defesa)

Falecimento

Competência – sede da empresa caso a ação seja movida contra a pessoa jurídica
Se houver filial, e o sócio for integrante apenas dessa unidade, a competência será o do foro
da filial

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