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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA

DE SÃO PAULO/SP

JOHN SMITH, (estado civil), (profissão), inscrito no CPF sob n.°


(CPF), (endereço eletrônico), residente na (rua), (n.°), (Bairro), em Santos/SP,
vem, com fundamento no artigo 335, I, do CC, artigo 539 e seguintes do CPC
c/c o artigo 337 do CC propor a presente ação de

CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

em face de SARDINHA LEASING S.A., pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob n.º. (CNPJ), com sede na (rua), (n.°), no Bairro de
Pinheiros, São Paulo/SP pelos fatos e fundamentos a seguir elencados.

DOS FATOS

Autor e ré firmaram contrato de arrendamento mercantil de uma


máquina copiadora importada em 24 parcelas mensais com reajustes previstos
a cada 12 meses, tendo como indexador financeiro, o INPC.

Devido a uma forte oscilação nas taxas de câmbio, a ré enviou


notificação extrajudicial ao autor, informando aumento de 25% (vinte e cinco
por cento) incidente sobre a última prestação recebida, já vigorando a partir da
próxima parcela, sem prejuízo dos reajustes anuais, fundamentado em cláusula
contratual que daria a ela o poder de aumentar o valor das parcelas se
ocorresse desvalorização no câmbio.

Entretanto, não concordando com a pretensão da ré, o autor, na


data de ontem, tentou pagar a parcela sem o aumento, o que foi recusado pela
ré.

Diante da recusa da ré em aceitar o pagamento sem o reajuste, o


autor abriu uma conta bancária em nome da mesma, nela depositando o valor
da prestação, enviando-lhe, também, notificação acerca do depósito. A ré, por
sua vez, notificou-lhe por escrito, recusando o valor depositado, insistindo que
o valor com o reajuste estava correto.

Diante dos fatos, o autor não teve outra alternativa, senão a


propositura da presente ação.
DO DIREITO

O autor, impossibilitado de fazer o pagamento diante da recusa da


ré em recebê-lo, não teve outra alternativa senão depositar a importância
relativa à parcela sem o indevido acréscimo, em instituição bancária,
notificando-a em seguida. Diante da recusa da ré, promoveu a presente ação.

A matéria é disciplinada no CC, em seu artigo 335, inciso I:

Art. 335. A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar


receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;

...

Para Misael (2011 p. 187), a ação de consignação em pagamento


é o instrumento jurídico-processual adequado para que terceiro tenha a
obrigação de pagar quantia em favor do credor, obtenha o reconhecimento de
sua liberação e da consequente quitação, nas hipóteses previstas na lei civil.

No mesmo sentido leciona Pinho (2012 p. 489-490), in verbis:

“A ação de Consignação em Pagamento é um instituto


criado pelo direito processual apenas para regular o
procedimento de eficácia liberatória do pagamento, sem
que haja, de forma necessária, a transferência do bem ao
credor, [...]. A consignação é modalidade de extinção das
obrigações e a ação de consignação em pagamento é o
procedimento através do qual se exercita a pretensão de
consignar em juízo. Em outras palavras, a ação de
consignação em pagamento é o meio processual
adequado, utilizado pelo devedor ou terceiro interessado
para exonerar-se de uma obrigação de dar coisa ou de
pagar quantia, em face de seu credor. Tem por finalidade
resolver a obrigação assumida, ou seja, pretende-se com o
ajuizamento desta ação a finalização do vínculo jurídico
existente entre devedor e credor.”

Nesse sentido, o disposto no artigo 539 do CPC:

Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou


terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação
da quantia ou da coisa devida.

§ 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor


ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde
houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o
credor por carta com aviso de recebimento, assinado o
prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa.
No entendimento do artigo 540 do CPC, o autor procedeu de
maneira correta ao promover o depósito, desobrigando-se, inicialmente dos
ônus:

Art. 540. Requerer-se-á a consignação no lugar do


pagamento, cessando para o devedor, à data do depósito,
os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada
improcedente.

Adroaldo Furtado Fabrício, em Comentários ao Código de


Processo Civil, assevera que o devedor é titular de direitos. E não somente o
direito de apenas pagar nos limites do devido e não antes do vencimento. O
devedor é juridicamente interessado na própria exoneração, porque a
permanência do débito é uma situação constrangedora e potencialmente
danosa, explica o doutrinador. E conclui: “O direito não poderia deixar de
proteger esse interesse do devedor na própria liberação, de modo que não há
impropriedade em falar-se de um direito subjetivo à liberação.”

Igual entendimento ementa no REsp 1170188/DF, da lavra do I.


Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA:

Ementa Oficial

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE


CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. PROCEDIMENTO QUE
SE AMOLDA AO DIREITO MATERIAL, PROPICIANDO, EM
VIRTUDE DE ALGUM OBSTÁCULO, A LIBERAÇÃO DO
DEVEDOR DA OBRIGAÇÃO. DEPÓSITO DA QUANTIA OU
COISA DEVIDA. PRESSUPOSTO PROCESSUAL OBJETIVO.
REQUERIMENTO DO DEPÓSITO APENAS DAS
PRESTAÇÕES QUE FOREM VENCENDO NO DECORRER
DA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO, SEM RECOLHIMENTO
DO MONTANTE INCONTROVERSO E VENCIDO.
DESCABIMENTO.
1. O procedimento da consignação em pagamento existe
para atender as peculiaridades do direito material, cabendo
às regras processuais regulamentar tão somente o
procedimento para reconhecimento judicial da eficácia
liberatória do pagamento especial. 2. Na consignação em
pagamento, o depósito tem força de pagamento, e a ação
tem por finalidade ver atendido o direito material do
devedor de liberar-se da obrigação e de obter quitação, por
isso o provimento jurisdicional terá caráter eminentemente
declaratório de que o depósito oferecido liberou o autor da
obrigação, relativa à relação jurídica material. (REsp
886.757/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/02/2007, DJ 26/03/2007,
p. 214) 3. Todavia, para que a consignação tenha força de
pagamento, conforme disposto no art. 336 do Código Civil,
é mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto,
modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é
válido o pagamento. Destarte, a consignação em
pagamento só é cabível pelo depósito da coisa ou quantia
devida, não sendo possível ao recorrente pretender fazê-lo
por montante ou objeto diverso daquele a que se obrigou,
pois o credor (réu) não pode ser compelido a receber
prestação diversa ou, em se tratando de obrigação que
tenha por objeto prestação divisível, a receber por partes,
se assim não se ajustou (arts. 313 e 314 do CC).
4. Recurso especial não provido.
(REsp 1170188/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 25/02/2014, DJe 25/03/2014)

Sobre o tema, leciona Humberto Theodoro Júnior:

"Esse sucedâneo do pagamento é a consignação, cuja


forma consiste no depósito judicial da quantia ou da
coisa devida. O uso dessa via liberatória é franqueado ao
devedor, tanto quando o credor
se recusa injustificadamente a receber a prestação, como
quando o devedor não consegue efetuar validamente
o pagamento voluntário por desconhecimento ou
incerteza quer em torno de quem seja o credor, quer em
razão de sua ausência ou não-localização ao tempo do
cumprimento da obrigação" (Cód. Civil, art. 973) (Curso
de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: Forense, 17ª
edição, p. 12).

Já o nosso CPC nos diz em seu artigo 542 e incisos:

Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá:

I – o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser


efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do
deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3º;

II – a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer


contestação.

Logo, percebemos que o autor está amplamente amparado pela


legislação, conforme documentos acostados percebe-se que o autor sempre
cumpriu rigorosamente com suas obrigações, não encontrando outra
alternativa senão valer-se dos dispositivos supramencionados no intuito de ver
sua obrigação satisfeita.

DOS PEDIDOS

DIANTE DO EXPOSTO, requer:

1) A procedência do pedido, dando-se por quitada a parcela


devida à ré sem o acréscimo pretendido;

2) A citação da ré no endereço constante nos autos, para ciência


da demanda, bem assim contestá-la, se desejar, sob pena de
quitação da parcela;

3) A condenação da ré nas custas processuais e honorários


advocatícios.
REQUER ainda:

A intimação do advogado (nome, prenome), inscrito na OAB/UF


sob o n.° (n.°) com endereço profissional na (endereço) para os atos do
presente processo.

VALOR DA CAUSA

O valor da causa da ação de consignação em pagamento


corresponde a 12 vezes o valor da prestação sem o acréscimo pretendido pela
ré, conforme artigo 292, §§ 1.° e 2.° do CPC:

Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da


reconvenção e será:

...

§ 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas,


considerar-se-á o valor de umas e outras.

§ 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma


prestação anual, se a obrigação for por tempo
indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se
por tempo inferior, será igual à soma das prestações.

...

Isto posto, considerando o valor da parcela de R$416,00


multiplicado por 12, dá-se à causa o valor de R$4.992,00.

DAS PROVAS

O autor provará suas alegações mediante produção de todos os


meios de prova admitidos em direito, principalmente as provas oral,
documental, pericial e inspeção judicial.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO


O autor informa que não tem interesse na audiência de
conciliação, na conformidade do artigo 334, § 5.°, do novo CPC.
Nestes termos,
Pede Deferimento.
Local, data
Advogado
OAB/UF

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