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APERFEIÇOAMENTO ESCOLAR - Moçambique

Por Gildo João Manuel


INTRODUÇÃO
O presente ensaio tem como pano de fundo o Sistema Educativo em Moçambique, em volta
do mesmo aborda-se o aspecto do aperfeiçoamento em diferentes níveis nacional, escolar e
dentro da sala de aulas.
A educação é o sector chave para o desenvolvimento de uma sociedade. Como tal, há necessidade
de se manter atenta e integrar o movimento de mudanças com vista a se manter actualizada e
responder as necessidades da população.

Segundo Hopkins, Ainscow, West. (1994) é um processo que visa desenvolver as escolas elevando
o seu nível de qualidade de modo a servir eficazmente as necessidades da população, em particular
dos alunos.
É um processo sistemático e sustentável orientado para melhoria das condições de aprendizagem e
outras condições internas das escolas.

Hopkins et all (1994) consideram que ao analisar o processo de ensino e aprendizagem ao longo dos
tempos, é necessário deixar-mos de lado o pessimismo de modo a visualizar as mudanças, embora
pequenas, que se verificam no sistema de ensino.
Neste contexto a educação é abordada de baixo para cima, e promover a descentralização.

Na visão de Hopkins et all (1994) neste processo de descentralização as escolas continuam sob
orientação da agenda nacional, motor que orienta todo ensino em todo país.

O sistema educativo moçambicano prima pela descentralização no processo de gestão da sua


actividade.
Esta descentralização da educação esta integrada num amplo processo de descentralização levado a
acabo pelo governo com o intuito de promover a “criação de capacidades técnicas, humanas, e
materiais para a participação activa dos cidadãos na resolução dos problemas emergentes”
(Nhavoto, Buendia e Bazo, 2008: 9).
Na visão de Nhavoto, Buendia e Bazo (2008), tal implica tornar as escolas autêntica instituição
educativa, apta a gerir todos processos envolventes a realidade e exigências da educação. Isto
representa os princípios fundamentais da gestão autónoma da educação assente na descentralização,
democracia e autonomia.
1.QUADRO TEÓRICO

Os estudos centrados nas características organizacionais das escolas segundo Nóvoa


(1992), tendem a construir-se com base em três grandes áreas: A estrutura física da escola, A
estrutura administrativa da escola, A estrutura social.
A escola é o lugar “onde os jovens desenvolvem um conjunto de competências que
contribuem para a sua definição como pessoas e como membros de uma comunidade,
durante um período decisivo da sua vida” (Nóvoa, 1999: 93)
Noutra vertente afirma que é uma organização relativamente permanente de forças de
trabalho, de recursos humanos e materiais orientados para uma finalidade.
Escolas eficazes são definidas como “estudo dos vários níveis de ensino e o
reconhecimento de que medidas pontuais de remediação não surtem qualquer efeito”
(Nóvoa, 1999:95).
Ela é uma organização que possui a responsabilidade integral da formação dos seus
futuros profissionais (idem, 65).
Aperfeiçoamento escolar
Para Hopkins (1993, 68) define o aperfeiçoamento escolar como sendo “uma
abordagem de mudança educacional que tem duas finalidades de melhorar o desempenho
dos alunos e reforço da capacidade da escola de gestão da mudança”.
Assumimos que a escola é aquela organização defendida por Nóvoa (1999), em que os
jovens desenvolvem um conjunto de competências que contribuem para a sua definição como
pessoas e como membros de uma comunidade, durante um período decisivo da sua vida.
E também afirmamos que pode só poder existir aperfeiçoamento escolar quando os
responsáveis das escolas abrirem-se para adquirir conhecimentos novos ou avaliar as suas
práticas e aceitando uma aprendizagem contínua. Quando o director da escola dedica a sua
atenção para traçar metas da aprendizagem e estabelecendo avaliações externas.

Como afirma Hopkins (1993) para garantir o aperfeiçoamento escolar é imperioso que as
condições internas de escolas sejam como uma chave para alterar. Estes incluem não apenas
as actividades de ensino-aprendizagem utilizadas na escola, mas também os procedimentos
de escolas, atribuição de função e recursos usam que suportam o progresso de ensino-
aprendizagem.
O Sistema Nacional de Educação (SNE) “é um sistema perspectivo de forma a ser um
contributo potenciador das transformações que se prevêem nos domínios da socialização do
Campo” (Rodrigues, 2007:57).

2. Panorama geral do Sistema Nacional de Educação em Moçambique (SNE)


O sistema Nacional de Educação (SNE) è caracterizado por mudanças profundas nestes
últimos 25 anos e estas mudanças tem implicações a nível do currículo isto nas estruturas e
no modelo de Administração e Gestão.
Durante os primeiros anos de independência (1975-1980), houve uma explosão de
escolaridade maciça, como resultado do entusiasmo popular trazida pela independência e pela
prioridade dada ao sector da educação pelo governo (Bazo, M. 2010).
Após a independência, devido à falta de professores, a deterioração da qualidade do ensino e
dificuldades ao nível da administração do sistema, o Ministério da Educação tentou controlar
o fenómeno da explosão de escolaridade. Um novo processo, que consiste na reorganização
da rede escolar e reforma do sistema de currículo e educação foi iniciada.
Isto levou à introdução do Sistema Nacional de Educação (SNE) em 1983 houve reforma
curricular em 1983 que culminou com a introdução da 12ª classe em 1994 (MINED –
Direcção Planificação, 2001), estas reformas estavam desenquadradas naquilo que era a
demanda do País em vários níveis, isto fez com que Moçambique abraçasse alguns programas
para o reajustamento estrutural ao aderir e beneficiar do financiamento do Banco Mundial,
Fundo Monetário Internacional.
Ocorreu em simultâneo a aprovação da Nova Constituição em 1990 que advogava um
sistema político multipartidário e que trouxe novas abordagens dos curricula de ensino no
concernente as responsabilidades de administração de educação.
Abriu-se um espaço de colaboração no próprio sistema e “dos debates efectuados
desenvolveu-se um consenso sobre a necessidade de tornar clara a distinção entre processos
de tomada de decisão política e a implementação, bem como as implicações deste novo
quadro na divisão de funções e responsabilidades entre as estruturas centrais e locais”
(MINED – Direcção Planificação, 2001:7).
Foi nesta conjuntura que tentou se sair dum sistema nacional de educação centralizada para
descentralizada e começa-se de facto a se integrar vários intervenientes no processo da
educação como é o caso dos agentes e parceiros das organizações não governamentais,
instituições religiosas no processo de administração e gestão da educação.
O estado Moçambicano foi subscritor da declaração de Jomtien sobre o ensino Básico em
1990 ((MINED – Direcção Planificação, 2001). Esta assinatura teve implicações no próprio
sistema de educação e levou ao Ministério de educação e Cultura a reformular o seu
currículo, elaborou um plano concreto apelidado em PLANO DIRECTO PARA
EDUCAÇÃO BÁSICA e logo depois desenvolveu-se planos subsectoriais para o ensino
secundário e técnico profissional.
O plano do ensino Básico defende que o ensino básico é obrigatório e gratuito para todo o
cidadão moçambicano, mas tarde o plano “mostrou que a falta d uma visão global e integral
sobre as necessidades de desenvolvimento do sistema, dificulta a implementação dos planos
subsectoriais elaborados” (MINED – Direcção Planificação, 2001:8).
Esta inquietação levou a uma análise sectorial da educação a nível dos seus fundamentos e
funcionamento, isto só foi graças a boa vontade do governo que deu uma abertura à sociedade
civil, à actores nacionais e internacionais que lidam com a educação e como resultado houve
desta análise avançou-se com algumas recomendações importantes tais como:
- Antes de avançar em planos o País deve deixar bem claro aquilo que é a axiologia da
educação no que concerne ao seu papel, missão de cada nível de ensino do sistema.
Na tentativa de dar resposta foi elaborado e aprovado a Política Nacional de Educação (PNE)
em 1995 que identifica três linhas de acção a saber:
- Expansão do acesso equidade;
- Melhoria da qualidade e relevância da Educação;
- Reforço da capacidade instituicional. (MINED – Direcção Planificação, 2001).
O plano escolheu o ensino Básico como a maior prioridade das intervenções a efectuar, na
base disso foi elaborado o Plano Estratégico que foi encarado como um processo de
aprendizagem de uma gestão mais distendida, participativa e descentralizada.
No quadro da reforma o Estado permite a participação de outras entidades no processo
educativo e concebe o ensino público como laico, estava reforma visava o reajustamento do
sistema educativo e adequar às disposições contidas na lei nº 4/83 de Março, às condições
sociais e económica do País tanto do ponto de vista pedagógico e organizacional da educação
segundo a lei nº 6/92 de 6 de Maio (MINED – Direcção Planificação, 2001).
Quanto a estruturação do sistema temos o Ensino primário, Secundário, Médio e Superior e o
ensino escolar compreende:
- O ensino Geral;
- O ensinoTécnico-Profissional;
- O ensino Superior
Para além destes temos: O ensino Especial; O ensino Vocacional; O ensino de Adultos; O
ensino à Distância e a Formação de Professores.
É de salientar que cada uma destas modalidades é parte integrante do ensino escolar apesar de
ter um regimento especial. O (SNE) na sua estrutura mostrou-se ordem e princípio de
funcionamento rígido e centralizado e com as principais responsabilidades funcionais de
gestão vertical, porém esta é acompanhada por longos anos de descentralização de algumas
funções e competências para os níveis mais baixos de Administração designadamente as
Províncias, Distritos e Escolas (MINED – Direcção Planificação, 2001).
A nível da organização pedagógico o SNE condiria em todos os alunos matriculados em
diferentes classes serem distribuídos em turmas e geralmente estas funcionam em dois turnos
apesar de nas zonas de maior concentração populacional funcionarem em três turnos.

3.Como os diferentes tipos de intervenções para apoiar as escolas em Moçambique nos


seus esforços de aperfeiçoamento podem ser o mais eficazes possível, e como é que tal
eficácia poderá ser avaliada?

É necessário investir em programas educacionais substantivos que contém quatro partes bem
integrado: um exame nacional ou programa de avaliação, prioridades do currículo nacional
em temas centrais, formação de professores (focadas no assunto maestria e instrucional
princípios) e um sistema de vigilância nacional;
- Descentralizar a gestão da escola, criar condições de participação local e controle sobre as
condições financeiras e condições dos professores do trabalho;
- Use diferente media (educação a distância, cursos de formação, modelo de currículos, auto-
avaliação) para melhorar a gestão de sala de aula, o tempo de aprendizado efectivo e ensino
estruturado (com diagnóstico, feedback e correcção imediata em seu núcleo) para estimular o
"tempo na tarefa" na aprendizagem; adapta estas condições gerais instrucionais para aspectos
da cultura local.
Como tal eficácia poderá ser avaliada?
Para avaliar a eficácia poderá se recorrer a base de conhecimento de eficácia escolar em
vários níveis e com base disso poderá se fazer de avaliação e acompanhamento. Neste caso, o
conhecimento de eficácia de escola pode ser usado para identificar e seleccionar indicadores
que reflictam as variáveis que têm se mostrado positivamente associado com resultados
educacionais e resultados (Scheerens, 1990).
3.1 Como coordenar todos os tipos de apoio ao sistema educativo e escola em Moçambique
para aumentar a eficácia das intervenções referidas na linha anterior tendo em vista que
muitos dos projectos são oriundos de instituições estrangeiras?
O Ministério da Educação (2000) assinalou que o seu mandato, portanto, consistiria
essencialmente em coordenar, regulamentar e fiscalizar as actividades a serem
implementadas por órgãos de governo locais, reduzindo as diferenças regionais e garantir
níveis satisfatórios de desempenho do sistema.
Aliado a isto para garantir a eficácia do sistema desenhou estratégias de como massificar as
ajudas externas no (SNE), a estratégia proposta pelo governo dos Estados Unidos da América
ao governo Moçambicano é “apoio prestado a onze escolas de Formação de Professores por
todo o País e no desenvolvimento dos formadores de professores (Collier, P. s.a.:8), isto
contribuirá para a melhoria da qualidade de ensino pois, formando bem os professores e
administradores da educação as escolas saiam a ganhar.
O papel do Ministério da educação é fazer a fiscalização da formação dos professores do
ensino técnico e doutras áreas, mas a maior parte da formação técnica terá que ser coordenada
com os outros ministérios, através de fundos adicionais e de possíveis parcerias públicas e
privadas (Collier, s.a).

4. Os três aspectos do sistema educativo em Moçambique que devem ser aperfeiçoados


num futuro muito próximo.
4.1. A Nível nacional
É imperioso que se olhe em muitos aspectos a saber:
- Encontramos o dilema da quantidade e a qualidade do ensino (aumentando matrículas ou
investir em qualidade)
- Garantir professor de formação psicopedagógica ou, pelo menos, estabelecendo padrões de
formação;
- Organizar a distribuição equitativa dos escassos recursos dando prioridade as zonas rurais onde
ocorrem mas desistências devido a vários factores.
- Definir e uniformizar os objectivos educacionais e normas de coordenação vertical entre os
níveis de escolaridade.
- Estimular a responsabilização, através da introdução de avaliação e mecanismos de
feedback, que podem atender a requisitos de informação dos consumidores de educação e
administradores.
4.2. Ao nível das escolas
O aperfeiçoamento----
Na visão de Nhavoto, Buendia e Bazo (2008), tal implica tornar as escolas autêntica
instituição educativa, apta a gerir todos processos envolventes a realidade e exigências da
educação. Isto representa os princípios fundamentais da gestão autónoma da educação assente
na descentralização, democracia e autonomia.
Mantém a Escola actualizada em relação as tendência do mercado no referente ao processo de
ensino e aprendizagem. Permite a transição de um estágio para outro mais avançado e
inovador.
Segundo Hopkins et all (1994) a mudança permite reajustar as estruturas educativas às
necessidades actuais da sociedade e melhora o ambiente de aprendizagem dos alunos.
As escolas terão que fazer auto-avaliação fazendo uma triangulação das respostas colhidas
nas entrevistas dos professores e aluno, porque segundo (Scheerens, J. 2000) o sistema
nacional de indicadores de educação, nomeadamente a nível das escolas, professores e
alunos, podem ser usados para fins da escola de auto-avaliação.
Na mesma esteira da avaliação as escolas poderão estabelecer normas de realização e
avaliação de desempenho dos alunos referem-se favoravelmente a eficácia reforçar condições
a nível escolar. Definindo de forma clara os objectivos e torná-los acessíveis adicionando
deste modo a orientação global de propósito e realização da escola.

4.3. Ao Nível da sala de aula

Na sala de aula a questão do aperfeiçoamento está intimamente relacionado os método de


ensino estruturado como aprendizagem cooperativa, de feedback, reforço e adaptável
instrução.
A relação aluno /professor, educação dos professores, os salários dos professores, por
despesas de aluno e disponibilidade de livros didácticos.
Segundo (Fuller e Clarke 1994) citado por (Scheerens, J. 2000) advoga que os efeitos
bastante consistente de escola podem ser encontrados em três áreas principais:
disponibilidade de livros didácticos e material de leitura complementar, qualidades do
professor (por exemplo, conhecimento dos professores do assunto e suas proficiências
verbais) e tempo instrucional e condições de trabalho impostas aos estudantes.
Política relevante factores que mostrou inconsistente ou falta de efeitos parece ser os salários
de tamanho e professor de classe.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Mestrado) do Instituto Superior Maria Mãe de África, Maputo.

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