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Introdução
O presente trabalho, visa abordar sobre o Processo de Orientação Escolar e Profissional para
alunos com Necessidades Educativas Especiais, no contexto moçambicano.

No entanto, fazem parte deste ofício, os seguintes subtemas: conceito da orientação escolar e
profissional, objectivos da orientação escolar e profissional, o papel da orientação escolar e
profissional, aspectos a ter em conta na escolha de uma profissão no contexto moçambicano,
procura de mercado de emprego, orientação escolar e profissional para alunos com necessidades
educativas especiais no contexto moçambicano, periodização do ensino de alunos com
necessidades educativas especiais (NEE), educação especial, educação integrada, escola
inclusiva, actividades realizadas, estratégia de educação inclusiva, desafios e por ultimo a
conclusão e a bibliografia onde contém as referências bibliográficas das fontes que nos
auxiliaram durante o trabalho.

Contudo, o presente trabalho resulta de uma profunda consulta bibliográfica, navegação pela
internet e de outras fontes que fazem menção ao tema.
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1. O Processo de Orientação Escolar e Profissional para alunos com Necessidades


Educativas Especiais, no contexto moçambicano

1.1. Conceito da Orientação Escolar e Profissional

Segundo, LOFFREDI (1976) apud FOLBERG (1986:77),

“a Orientação Escola e Profissional é uma acção no sentido de mobilizar os agentes educativos para que
cada individuo dentro das suas possibilidades e limitações possa desenvolver relações significativas com
objectivo de criar um clima educativo que favorece o processo de aprendizagem/maturação”.

Para NERICI (1992:24), orientação escolar e profissional é o processo de auxiliar o individuo a


escolher uma profissão, preparar-se para a mesma nela ingressar e progredir.
Nesta perspectiva, OEP é uma acção de ajuda que tem a finalidade de preparar o indivíduo para
se integrar nos diferentes sectores da sociedade, destacando-se de entre eles, o mundo laboral,
facilitando assim a escolha da sua profissão e o desenvolvimento das suas competências
profissionais. Neste contexto, a escolha profissional não deve ser encarada apenas como um
meio de vida que possa garantir a subsistência individual ou familiar, mas também como uma
matriz de ordem psicológica que é equilíbrio psíquico e satisfação interior do indivíduo que a
escolhe.

Na perspectiva psicológica significa a ajuda prestada a uma pessoa com vista a solução de
problemas relativos a escolha de uma profissão ou progresso profissional, tomando em
consideração as características do interessado e a relação entre essas características e as
possibilidades no mercado do emprego.

1.2. Objectivos da Orientação Escolar e Profissional

Em relação aos objectivos da OEP, podemos referir que os mesmos cingem-se nos seguintes:

 Capacitar o indivíduo para tomar decisões, em termos de carreira, da vida profissional


futura;
 Chamar atenção de jovens para as opções que terão de tomar ao longo da sua vida
escolar, valorizando a escola e o prolongamento dos estudos;
 Explorar e conhecer as possibilidades de formação oferecidas pelo sistema educativo;
 Conhecer curso e profissões.
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1.3. O papel da Orientação Escolar e Profissional

A Orientação Escolar e Profissional (OEP) representa uma actividade de interface entre


Educação/ Formação Profissional e inserção na vida activa e constitui o veículo que poderá
permitir uma adaptação harmoniosa e equilibrada entre Sistema Educativo e Sistema Económico.
A OEP é um elemento estratégico sob vários pontos de vista sendo assim, desempenha um papel
fundamental para os jovens:

 Permite um melhor conhecimento das oportunidades disponíveis para assim poderem


fazer as suas opções de forma lúcida e consciente;
 Permite conhecer, à partida, as qualificações e competências de eventuais futuros
empregados; permite potenciar os seus recursos humanos;
 Assegurar a equidade social no acesso às oportunidades de ensino e profissionais e uma
eficiente distribuição e utilização dos recursos humanos.

1.4. Aspectos a ter m conta na escolha de uma profissão no contexto moçambicano

A escolha adequada da profissão depende em grande parte do ajustamento pessoal e social do


indivíduo e consequentemente o seu futuro. Sendo assim é importante orientar os Jovens para
escolha da profissão, que lhes permita ter sucesso na vida profissional no seu país.
Quando o jovem escolhe uma profissão deve ter em conta que essa profissão representa, não
apenas assegurar o seu sustento material e satisfação pessoal, mas também que irá servir o
próximo. Não se devendo planear a vida somente em termos pessoais, sendo que se deve tomar
em conta a sociedade onde está inserido. Dai que na escolha de uma profissão devemos ter em
conta alguns princípios:

 A necessidade de melhoria do mercado de emprego de Moçambique;


 Situação do mercado de emprego em Moçambique.

Em Moçambique, a situação do mercado de emprego é ainda difícil caracterizar. Entre a


existência de pessoal altamente qualificado, mas mal-empregado ou desempregado e a existência
de altos postos de trabalho ocupados por pessoal de baixas qualificações, o desafio dos
empregadores e dos candidatos a emprego continua a ser o fomento do emprego e do auto-
emprego, bem como melhoramento da qualidade dos profissionais que saem das nossas
instituições de ensino.

Para SORTANE & FALUSSO (2008:87),

“Moçambique não está preparado para enfrentar as permanentes mudanças contextuais da sociedade actual
significa pagar um preço muito elevado: o desemprego e a exclusão social, Moçambique não está fora deste
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contexto. O combate a estes dois flagelos pressupõe adequação entre oferta e procura no mercado de
emprego, o que implica que os indivíduos sejam dotados de qualificações e competências que lhes
permitam acompanhar o ritmo das transformações do mercado de emprego e da sociedade em geral”.

Ao Estado, cabe a responsabilidade de regular, fiscalizar e facilitar as acções das instituições e


dos cidadãos, promovendo um ambiente laboral favorável ao investimento, bem como a
responsabilidade de promoção de iniciativas que visem uma melhor gestão do mercado de
emprego, para que se garanta a colocação da pessoa certa no lugar certo, factor que é muito
importante num país com escassos recursos humanos como é o nosso.
SORTANE & FALUSSO (2008:88) advogam que à,

“Orientação Escolar e Profissional cabe o papel de garantir uma adaptação equilibrada entre formação e
inserção na vida activa, contribuindo para a requalificação da mão-de-obra desempregada e
complementando o trabalho desenvolvimento pelos sistemas de ensino em Moçambique no sentido de
proporcionar as qualificações adequadas aos jovens que encontram nesses sistemas”

È notório que em Moçambique a procura é maior que a oferta. Outrora o estudante após a
conclusão do nível médio ou uma formação técnica, automaticamente tinha o emprego garantido.

Actualmente, mesmo com a formação superior os jovens não encontram postos de trabalho, não
têm facilidade de acesso ao emprego para iniciar uma actividade económica, a não ser que
consigam uma vaga a partir das Instituições onde tiverem a sorte de estagiar e o empregador
gostar do seu empenho.

1.5. Procura de mercado de emprego.


Devemos ter em conta a possibilidade de derivar do seu exercício da profissão o sustento
adequado do indivíduo e da sua família. É preciso escolher uma profissão que garanta a
possibilidade de emprego no mercado nacional.
Quanto ao mercado de emprego nota-se uma grande procura nas áreas das minas, com as
descobertas das areias pesadas de Moma-Nampula e chibuto em Gaza, gás naturais de Pande em
Inhambane, e com a instalação da Mozal, sentiu-se uma falta de formação dos jovens para áreas.

2. Orientação Escolar e Profissional para alunos com Necessidades Educativas Especiais no


contexto moçambicano
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Neste seguimento JIMÉNEZ (1997:101) “refere-se que, necessidades educativas especiais se


relacionam com as ajudas pedagógicas ou serviços educativos que os alunos precisem ao longo
do seu percurso escolar, para conseguir o máximo crescimento pessoal e social”.
De acordo com mesmo autor Educação Especial refere-se a um conjunto de recursos humanos e
materiais postos à disposição do sistema educativo para que este possa responder adequadamente
às necessidades de alguns alunos.
Do nosso ponto de vista, necessidades educativas especiais, abrangem a todas crianças que não
são necessariamente portadoras de deficiências, e por sua vez, necessidade especiais particulariza
pessoas que necessitam maior atenção de atendimento.

2.1. Periodização do Ensino de alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE)

2.1.1. Educação Especial

Em 1975, em Moçambique existiam 5 Escolas Especiais privadas, sendo duas na Cidade de


Maputo (Deficiência Auditiva e Mental), duas na província de Sofala (Deficiência Auditiva e o
Instituto Nacional dos Deficientes Visuais) e uma na cidade de Nampula (Deficiência Mental) as
quais foram nacionalizadas. Estas instituições tinham uma tripla subordinação, nomeadamente
Saúde (assistência médica), Acção Social (apoio social) e a Educação profissional, programas de
estudo e o apoio directo às escolas.

Os efectivos escolares de crianças e jovens com Necessidades Educativas Especiais (NEE) nas
escolas referenciadas de 1975 a 1990, oscilava de 20 a 50 alunos, o rácio professor aluno era de 3
a 7 aluno.

2.1.2. Educação Integrada

O Ensino integrado iniciou nos anos 80/90 na Escola Secundária Mateus Sanção
Mutemba/Escola Secundária Samora Moisés Machel, ambas na cidade da Beira com 3
estudantes com NEE Visuais e atendidos por professores sem formação especializada.

O projecto-piloto de Educação inclusiva iniciou em 1998, em 5 províncias, nomeadamente:


Cidade de Maputo, província de Maputo, Sofala, Zambézia e Nampula. Na Consecução deste
projecto foi formado uma equipa técnica do MINED, responsável pela gestão do projecto e pela
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formação dos directores e professores de escolas regulares seleccionadas para a fase piloto a
diferentes níveis e professores de apoio para o processo de inclusão. Estas actividades contaram
com o financiamento da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e
Cultura).

O Plano Estratégico da Educação (1999-2003), “prosseguiu com o Plano Estratégico anterior


nomeadamente a expansão do acesso à escola a melhoria da qualidade de ensino, continuando a
adoptar a filosofia a expansão do acesso à educação inclusiva. Esta baseia-se no princípio de
que”. Todos aos alunos devem aprender juntos, sempre que possível, independentemente das
dificuldades e das diferenças que apresentam”, bem como os seus estilos e ritmos de
aprendizagem. (Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, celebrado em
Salamanca de 07 a 10 de Junho de 1994 pelo Governo de Espanha em colaboração com a
UNESCO).

Em 2003-2005, já frequentavam as escolas regulares de todo o país cerca de 31.000 crianças e


jovens com NEE, 418 que exigiam uma atenção mais especializadas foram integradas nas 6
escolas/turmas especiais (Maputo, Sofala, Manica, Tete, Zambézia, Nampula e Niassa).

A criação de turmas especiais nas escolas regulares visavam escolarizar alunos com NEE
Auditivas, Visuais e Mentais atendidos por professores com competências básicas de Língua de
Sinais Moçambicano, Sistema Braille e respectivas metodologias para o processo de ensino
aprendizagem. Mas, as actividades extracurriculares, Educação Física e outros fazem em
conjunto.

Em 2007/2008 frequentaram as Escolas do Ensino Primário Regular aproximadamente 89.125


alunos com NEE (maior incidência na escrita, cálculo) e nas 6 escolas especiais e /ou turmas
inclusivas foram atendidas 440 alunos com destaque em Maputo, Sofala, Tete, Manica,
Quelimane e Nampula.

Neste momento, cerca de 100 mil alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE),
nomeadamente dificuldades de aprendizagem, comportamento e emocional, transtornos de fala,
deficiências auditiva, visual, mental físico-motor, entre outros, frequentam as escolas do Ensino
Primário, Secundário, Técnico-Profissional e Superior, incluindo alunos das Escolas/Turmas
Especiais (600), dos Centros de Recursos de Educação Inclusiva (232).
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No Ensino Superior foram integrados 17 estudantes, sendo 15 com deficiência visual, sendo 6 na
UP Maputo (História, Ed. Infância, Psicologia Escolar), 4 UP Beira (História, Inglês, Geografia),
3 Universidade de Porto/ Lisboa em Portugal (Sociologia), 1 SPU em Maputo (Direito), 1 na
UEM (Sociologia) e 2 Estudantes com Deficiência Auditiva na UP (Gestão de Educação à
Distancia).

2.1.3.Escola inclusiva

 No mercado de trabalho 90 pessoas com Deficiências Auditiva, Visual, sendo 86 com Visuais e
4 Auditivos.

2.1.4. Actividades realizadas

No âmbito da melhoria do processo de inclusão escolar foram realizadas as seguintes acções:

 3.127 Professores no âmbito de Educação inclusiva;


 275 Técnicos das DPEC’s e dos SDEJT, 45 Técnicos do órgão central do MEC, 1781
Directores de escolas de inclusivas, 322 coordenadores de ZIP’s em técnicas de
identificação, elaboração do plano Inclusivo, avaliação de alunos com NEE;
 556 Professores em Língua de Sinais;
 258 Professores em Sistema Braille;
 16 Activistas surdos para apoio aos professores no processo de ensino-aprendizagem;

 Adaptados os conteúdos do 1º Ciclo de 1ª classe, disciplina de Português e Matemática


para alunos com NEE Auditiva, Visual e Mental e em curso os da 2ª Classe;

2.1.5. Estratégia de Educação Inclusiva


Para além desta actividade foram integrados conteúdos específicos sobre NEE nos novos
modelos de formação de professores na disciplina de Psicologia, para assegurar a integração
socioeducativa e apoios complementares a criança e jovens com NEE.

Ainda, nesse âmbito, de 2010/2012 foram adquiridos 100 pautas, 100 punções, 50 bengala, 100
máquinas Braille, 16 computadores adaptados para pessoa com deficiência visual com as
respectivas impressoras. Em curso aquisição 200 pautas e punções, 100 máquinas Braille 50 cx
de resma Braille, 100 bengalas, 2 audiómetro.
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Em relação as infra-estruturas as novas construções e ou reabilitadas contemplam o acesso a


pessoa com deficiência e/ou NEE, através de rampas e corrimões. O MEC reabilitou e
apetrechou a Escola Especial nº1 e 2 para Deficiência Auditiva e Mental de Maputo.

3. Desafios

O processo inclusivo enfrenta desafios devido a mobilidade de técnicos, directores e professores


de escolas formados/capacitados. Assim sendo e no âmbito de uma abordagem inclusiva, visando
abranger alunos com NEE há necessidade de se prosseguirem acções e mudanças preconizadas
pelo Plano Estratégico de 2012-2016 que possibilitem tanto o acesso, como a retenção,
adaptações arquitectónicas às infra-estruturas escolares, desenvolvimento de programas para
formação de professores, curricula flexíveis que respondam as características e necessidades de
todos alunos, a organização de recursos técnicos de serviços e parcerias com as comunidades
(NERICI, 1991:48).

Conclusão

Chegado ao final do trabalho, concluímos que, a Orientação Escola e Profissional é uma acção
no sentido de mobilizar os agentes educativos para que cada indivíduo dentro das suas
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possibilidades e limitações possa desenvolver relações significativas com objectivo de criar um


clima educativo que favorece o processo de aprendizagem/maturação.

No entanto, é uma acção de ajuda que tem a finalidade de preparar o indivíduo para se integrar
nos diferentes sectores da sociedade, destacando-se de entre eles, o mundo laboral, facilitando
assim a escolha da sua profissão e o desenvolvimento das suas competências profissionais, a
escolha adequada da profissão depende em grande parte do ajustamento pessoal e social do
indivíduo e consequentemente o seu futuro. Sendo assim é importante orientar os Jovens para
escolha da profissão, que lhes permita ter sucesso na vida profissional no seu país.

As necessidades educativas especiais, abrangem a todas crianças que não são necessariamente
portadoras de deficiências, e por sua vez, necessidade especiais particulariza pessoas que
necessitam maior atenção de atendimento. Assim, em 1975, em Moçambique existiam 5 Escolas
Especiais privadas, sendo duas na Cidade de Maputo (Deficiência Auditiva e Mental), duas na
província de Sofala (Deficiência Auditiva e o Instituto Nacional dos Deficientes Visuais) e uma
na cidade de Nampula (Deficiência Mental) as quais foram nacionalizadas. Estas instituições
tinham uma tripla subordinação, nomeadamente Saúde (assistência médica), Acção Social (apoio
social) e a Educação profissional, programas de estudo e o apoio directo às escolas.

Conclui-se porém, que a criação de turmas especiais nas escolas regulares do nosso país visam
sobretudo escolarizar alunos com NEE Auditivas, Visuais e Mentais atendidos por professores
com competências básicas de Língua de Sinais, Sistema Braille e respectivas metodologias para
o processo de ensino aprendizagem.

Bibliografia

JIMÉNEZ, R. B. Educação Especial e Reforma Educativa. In R. Bautista, Necessidades


Educativas Especiais (pp. 9-19). Lisboa: Dinalivro, 1997.
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NERICI, Imideo G. Introdução à didáctica geral; 16ª edição, editora atlas; São Paulo
1991.

SORTANE, Conceita & FALUSSO, Delfim. Ficha 4 de OEP, 3 º Ano. UP-Maputo, 2008.

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