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PROJETO DE VIDA
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Aprofundamento: Projeto de Vida.
No curso de Formação Básica, você teve a oportunidade de refletir sobre os desafios da escola no mundo
contemporâneo, relacionados aos temas das adolescências e juventudes, e compreender o propósito do
Projeto de Vida no âmbito do Programa Inova Educação.
Nesse percurso, você, como educador, vem observando que um novo jeito de ver, sentir e cuidar dos
adolescentes e jovens pede, consequentemente, um novo jeito de fazer escola. Todas as inovações, que
começamos a apresentar no curso básico e aprofundaremos neste curso, buscam promover mudanças
significativas nas práticas pedagógicas em que o estudante, como centro do processo educativo, é
compreendido como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso.
Sobre o curso
Com carga horária de 30 horas, o curso Aprofundamento: Projeto de Vida está estruturado em quatro
módulos:
Assim como no curso básico, as questões objetivas serão disponibilizadas ao final dos quatro módulos.
DicaRecomendamos que você registre no bloco de notas do seu computador os pontos principais de cada
módulo, definindo suas reflexões. Isso facilitará os seus estudos e uma possível revisão de conteúdo.
Para começar o curso, assista ao vídeo a seguir com o depoimento da diretora Marcia Benedicto para
entender melhor o Projeto de Vida e suas dimensões.
Tx impresso
PV IMPORTANCIA PV NA ESCOLA MARCIA Para que o Projeto de Vida do aluno aconteça, é necessário,
primeiro, que ele elabore, que ele estruture esse Projeto de Vida e que tenha acompanhamento da escola,
com os professores. E esse Projeto de Vida, na medida do possível, a escola oferece as possibilidades para
que ele chegue a esse Projeto de Vida, que, necessariamente, pode ser alterado. Esse Projeto de Vida não
é estático. A gente costuma dizer que nós, enquanto adultos, não temos ainda um projeto de vida definido.
Então, o jovem também não. Ele pode iniciar esse Projeto de Vida e, ao longo do percurso dele, na vida
dele escolar, alterar esse projeto por interesse de uma outra disciplina, ou no foco, de repente, de uma
visita que ele tenha feito e tenha criado o desejo de alteração. O Projeto de Vida pode ser acadêmico ou
não. Lá na nossa escola, a gente consegue enxergar alguns casos, por exemplo: de um aluno que quer fazer
um mochilão pelo mundo. E o que é fazer esse mochilão? Ele tem que ter conhecimento da cultura desse
país, ele tem que ter conhecimento da alimentação, da moeda, juntar dinheiro, de como ele vai se manter
nesse lugar. Então, isso passa, sim, pela Educação Básica. Ele vai ter que estudar mais Geografia, ele vai ter
que estudar mais inglês, ele vai ter que estudar essas disciplinas que estão "linkadas" com o Projeto de
Vida dele. Como eu costumo dizer na escola, a gente tem que abraçar todos os projetos de vida, não é só
uma faculdade ou só Engenharia, ou só... o aluno, às vezes, não quer. Muitos alunos querem fazer
intercâmbio, e não tem a ver com o acadêmico. Então, a gente costuma dizer que tudo é um Projeto de
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Vida, até a qualidade de vida da gente é um Projeto de Vida. Eu vou escolher uma disciplina que trata de
esporte, por exemplo, uma Eletiva. Eu estou pensando no meu bem‐estar, eu estou pensando no meu
projeto pessoal de saúde, que está "linkado": se eu não tiver saúde, eu não vou seguir meu Projeto de
Vida. Então, a gente tem esse olhar, sim, para aqueles que querem um Projeto de Vida acadêmico,
continuar os estudos, dar continuidade nos seus estudos, e aquele aluno que quer simplesmente conhecer
os países e, depois, a partir daí, elaborar o que ele quer fazer de verdade. E a escola está lá para dar esse
apoio
Para se ter um projeto, primeiro é necessário descobrir o que se quer. Afinal, todo tem sonhos, mas o que
é preciso fazer para transformá-los em realidade? Como a escola contribui para a realização dos nossos
sonhos?
Para que o Projeto de Vida do estudante se realize de fato, a escola precisa entendê-lo como sendo o eixo
central de todas as suas ações, ou seja, a partir do Projeto de Vida a escola organizará todas as suas
práticas, a fim de se tornar um centro irradiador de inovação, tendo como foco o estudante protagonista e
a elaboração de seu projeto de vida.
Objetivos de aprendizagem
Compreender o Projeto de Vida como uma proposta de consolidação de uma nova cultura escolar,
tendo o Projeto de Vida como eixo central da escola.
Conhecer processos e metodologias que permitam trabalhar o desenvolvimento integral do
estudante, considerando tanto competências cognitivas quanto socioemocionais.
Conhecer os organizadores curriculares itinerário formativo e ênfase em desenvolvimento
socioemocional em Projeto de Vida para os Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Compreender a proposta de avaliação para o componente Projeto de Vida.
Neste módulo, vamos retomar nossa discussão sobre Projeto de Vida e o propósito desse componente no
âmbito do Programa Inova Educação, além de refletir sobre os desafios dos adolescentes e jovens e da
escola no mundo contemporâneo.
O trabalho com o Projeto de Vida atribui sentido e significado ao projeto escolar, em resposta aos desafios
advindos do mundo contemporâneo sob o ponto de vista da formação dos jovens. Trabalhar com o Projeto
de Vida contribui para transformações pretendidas nos planos social, político, econômico e cultural,
porque aposta no sonho, cuida do presente e planeja o futuro.
Reconhecer que a consolidação de uma nova cultura escolar tem o Projeto de Vida como eixo
central da escola.
Entender a importância de articular o componente curricular Projeto de Vida com as outras áreas
de conhecimento e vice-versa.
Reconhecer que a implementação bem-sucedida do componente Projeto de Vida depende de ações
articuladas e alinhadas de toda a equipe da escola, e não apenas do professor de Projeto de Vida.
Entender a importância do acompanhamento e do monitoramento do desenvolvimento de
competências a serem trabalhadas em toda a escola para a realização do projeto de vida dos
estudantes.
O Projeto de Vida reside no coração do projeto escolar. Ele é a centralidade e sua razão de existir. É fruto
do foco e da conjugação de todos os esforços da equipe escolar. É nele que o currículo e a prática
pedagógica realizam seu sentido na vida do estudante ao longo e ao final da educação básica. Ele deve ser
fruto dos diversos aprendizados nas mais distintas áreas de conhecimentos do currículo, que se processa
nas várias práticas educativas (in)formais e nos mais variados espaços e tempos escolares. É fruto também
da presença pedagógica generosa e afirmativa daqueles que apoiaram a trajetória do estudante nos
diversos ambientes em que ele realizou sua passagem – colegas, educadores, familiares.
A proposta de consolidação de uma nova cultura escolar, tendo o Projeto de Vida como eixo central da
escola, é pautada em referências importantes para a concepção de educação integral:
Porém, esses princípios e eixos não serão mobilizados na escola ao acaso, sem planejamento e trabalho.
Quebrar alguns ciclos já instituídos há séculos pode ser difícil, porém possível!
Que tal iniciar uma chuva de ideias sobre práticas que você já desenvolve e outras que poderia introduzir
que contribuam para mobilizar os princípios e eixos do Projeto de Vida na escola?
Lembre-se de atividades em que você estimulou que os estudantes desenvolvessem determinação, uma
habilidade socioemocional ou uma proposta em que os convidou para atuarem na resolução de problemas
do bairro onde vivem.
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Lembre-se de organizar um registro das suas reflexões e considerações do curso no bloco de nota do seu
computador.
Compartilhe suas ideias com outros educadores na escola em que você atua e nas redes sociais usando
a hashtag #inova_educacao.
1.1.3. Os sonhos
No trabalho com o Projeto de Vida, os estudantes são levados a refletir sobre seus sonhos, suas ambições
e aquilo que desejam para as suas vidas e que pessoas pretendem ser. Mas para chegar lá, é fundamental
agir sobre os sonhos, ou seja, identificar quais etapas deverão atravessar e o que é preciso mobilizar para
alcançar seus objetivos.
Projetar a vida com base em uma visão que se constrói do próprio futuro é essencial para todo ser
humano. As pessoas que constroem uma imagem afirmativa, ampliada e projetada no futuro e atuam
sobre ela têm mais possibilidades de realizá-la do que aquelas que meramente sonham e não conseguem
projetar de forma nítida o que pretendem fazer em suas vidas nos anos que virão. O que as diferencia é,
sobretudo, que aquelas que têm uma visão estão comprometidas, direcionadas, fazendo algo de concreto
para levá-las em direção a seus objetivos.
Como ir além dos sonhos a partir das contribuições da escola?
O Projeto de Vida se constrói a partir de alguém que sonha, que tem ambição e que quer realizá-lo.
Para isso, a essa pessoa devem ser providas as condições de uma formação acadêmica de excelência,
associada em uma mesma escala de importância a uma sólida formação em valores fundamentais para
apoiá-la nas decisões que tomará ao longo da sua trajetória e, igualmente, no desenvolvimento de
competências que permitirão a ela transitar e atuar diante dos imensos desafios da vida.
Projeto de Vida é projeto profissional?
Apoiar os estudantes na construção dos seus projetos de vida não significa ajudá-los na definição de uma
carreira profissional, mas, antes, definir quem eles querem ser, que valores querem construir e instituir em
sua vida como fundamentais, que conhecimentos esperam ter constituído de maneira a ter ampliado e
diversificado o seu repertório e que, no conjunto, o apoiarão na tomada de decisões sobre os diversos
domínios de suas vidas, ou seja, a vida pessoal, social e a profissional.
Qual desenvolvimento a escola precisa promover?
Desenvolvimento pleno dos estudantes. Para isso, um forte trabalho baseado no desenvolvimento de um
conjunto amplo de habilidades, entre elas as de natureza socioemocional, se torna fundamental. A
literatura tem mostrado e evidenciado que o que mais importa no desenvolvimento de uma pessoa desde
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os seus primeiros anos de vida é menos a quantidade de informações que chegam até ela e mais o
desenvolvimento de um conjunto de habilidades como autoconhecimento, autocontrole, persistência,
determinação, entre outras. Vale aqui não apenas o que se aprende, mas como se aplica o que foi
aprendido e de que forma se usufrui.
Que lugar o trabalho com o Projeto de Vida deve ocupar na escola?
É importante pensar que a construção dos Projetos de Vida dos estudantes reside no coração do projeto
escolar, na prática pedagógica de todos os educadores, nos processos de gestão e nas expectativas dos
adolescentes e jovens estudantes.
Para a construção do Projeto de Vida, o estudante precisa partir de uma situação real que o impulsione a
uma participação ativa em sua própria vida. É importante lembrar que esta construção é uma tarefa para
toda a vida. O processo de autoconhecimento e tomada de decisão se inicia quando o estudante é
instigado a refletir sobre seus sonhos e, sobretudo, quando é levado a ter confiança em si, acreditando que
é capaz.
O estudante tem a oportunidade de encontrar um papel significativo na sociedade. Para isso, é preciso
reafirmar sempre suas condutas positivas para que ele mesmo e os outros acreditem que ele pode e
consegue alcançar seus sonhos.
O estudante vai compreendendo a importância da escola para realizar seus planos. Essa constatação é o
início de todo o processo, pois, ao perceber que é por meio de ações presentes que se concretizam os
objetivos futuros, o estudante compreende que é possível sonhar, planejar seu futuro e que ele é o ator
principal desse processo!
Então é trabalho da escola levar sonhos aos que não ousam sonhar... Romper o ciclo de que não existem
possibilidades para uma parcela significativa da população brasileira não é tarefa fácil, mas possível. No
material de apoio você encontrará dicas para trabalhar com estes estudantes.
Como resultado de todo processo educativo, idealiza-se um jovem autônomo, solidário e competente
(COSTA, 2001). Nesse sentido, o conjunto dos componentes curriculares e metodologias desenvolvidos na
escola não atuam só para desenvolver a excelência acadêmica e, sim, para fortalecer o adolescente e o
jovem para que acreditem que são capazes de elaborar e executar seu projeto de vida.
Toda a lógica da escola tem que ser construída e baseada na convicção de que todo estudante é capaz de
aprender, todo estudante tem um sonho e a escola tem um papel estruturante para que o sonho se torne
realidade! Para tanto, é necessário fortalecer os estudantes na busca da realização de seus sonhos e na
construção do seu Projeto de Vida.
Hora de refletir!
1 De que forma a equipe escolar pode contribuir para a construção do projeto de vida dos
estudantes?
2 Como você imagina que as aulas de Projeto de Vida podem oportunizar e garantir a construção do
projeto de vida dos estudantes?
Compartilhe suas ideias com outros educadores na escola em que você atua e nas redes sociais usando
a hashtag #inova_educacao.
Comentário
Conheça um material desenvolvido pelo Instituto Ayrton Senna para os estudantes organizarem seus
estudos.
Estudos orientados
Um dos aspectos preocupantes da situação atual da educação está no nível de expectativa que os
adolescentes e os jovens têm em relação a si mesmos. Muitos deles percebem que, para ter chances de
realizar seus sonhos, precisam desenvolver habilidades e competências que dependem de uma formação
adequada. Nesse sentido, a escola tem papel fundamental e o componente Projeto de Vida foi
intencionalmente proposto para fazer frente a essa situação.
O Projeto de Vida é um meio de motivar o estudante a fazer bom uso das oportunidades educativas. Aos
educadores, cabe a tarefa de apoiar o projeto de vida de seus educandos e garantir a qualidade de suas
ações. No entanto, cabe também aos estudantes a corresponsabilidade no seu desenvolvimento, já que
são os interessados diretos. O projeto de vida é o foco para o qual devem convergir todas as ações
educativas, sendo construído a partir do provimento da excelência acadêmica, da formação para valores e
da formação para o mundo produtivo.
É fundamental que a equipe escolar incentive o estudante a refletir sobre quem ele é, quem ele gostaria de
ser e ajudá-lo a planejar o caminho que precisa seguir para alcançar o que pretende ser. Essa reflexão deve
contemplar a articulação entre a singularidade do indivíduo e os diversos contextos em que está inserido, o
que dará suporte a ele na realização de suas escolhas.
A aquisição das aprendizagens oferecidas pela escola ao estudante é um elemento fundamental para a
construção do projeto de vida, pois possibilita seu desenvolvimento acadêmico e pessoal.
A construção do projeto de vida deve considerar a reflexão sobre sonhos e planos, que é um processo
complexo e, por vezes, demorado, que pode ser alterado à medida que os estudantes amadurecem, sendo
também um estímulo àqueles que nem ousam sonhar.
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No contexto atual, constata-se que não basta à escola oferecer boas aulas; é igualmente necessário que
haja interesse por parte dos estudantes de participar ativamente do processo de ensino e aprendizagem.
Esse interesse recebe um importante reforço quando o adolescente ou o jovem tem um projeto, um
objetivo, um desejo direcionado, bem como a consciência de que a realização de seus sonhos depende
daquilo que ele pode aprimorar em si mesmo, com o apoio da equipe escolar. Assim, a equipe escolar deve
oferecer recursos materiais e pedagógicos para que os estudantes consigam realizar seus projetos de vida,
e esses, por sua vez, precisam aprender a buscar nas práticas escolares os meios para essa realização.
A proposta de orientar o estudante no desenvolvimento de seu projeto de vida impacta o ambiente escolar
no processo de ensino e aprendizagem que deverá traduzir uma postura inventiva e criativa, na capacidade
de enfrentar e resolver problemas e na curiosidade face ao novo, em que é importante que o professor
atue como mediador e moderador.
No primeiro dia de aula, os estudantes participam de uma ação intitulada Acolhimento. Nesse momento,
os estudantes vivenciam dinâmicas de grupo, nas quais são levados a refletir sobre suas aspirações. Ao
final dessa atividade, cada estudante será capaz de escrever um primeiro rascunho do seu projeto de vida,
isto é, colocar no papel quais são seus sonhos, bem como o que precisa fazer para que eles se tornem
realidade. Isso marca o início de um processo colaborativo entre os educandos e os educadores.
Assim, é fundamental que os educadores incentivem cada educando a sonhar e a fazer o esforço
necessário para realizar seus sonhos, bem como apoiá-lo nesse processo. Iniciando o percurso da
construção do projeto de vida, os estudantes percebem a relação que as atividades escolares têm com
seus sonhos. Dessa forma, o Projeto de Vida sela uma parceria entre cada estudante e a escola, e a
concretização de seus anseios passa a ser meta também da escola e de cada membro da equipe escolar.
Para preparar os estudantes e a escola para o acolhimento, haverá formações específicas e aprofundadas
no tema. Para começar a pensar mais sobre esse processo, veja como organizar este dia.
Esses são elementos importantes que intencionalmente devem movimentar o fazer cotidiano e contribuir
com uma nova cultura escolar, na qual as práticas se organizam com base em seus estudantes e permitam
ajudá-los a converter intenção em ação.
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Resumindo, as bases para a elaboração do projeto de vida são:
Na formação básica, foi iniciada a discussão sobre a importância de articular as áreas de conhecimento do
Currículo Paulista com o componente curricular Projeto de Vida e vice-versa.
O convite feito aqui é para aprofundarmos a compreensão de que o trabalho com o Projeto de Vida é uma
ação coletiva da escola com papéis bem definidos.
Todas as ações da escola devem se dar, sempre de forma intencional, partindo e voltando para o projeto
de vida de seus estudantes. Assim, cria-se uma rede de trocas de saberes e informações sobre quem são os
estudantes e como respondem a essa imbricada rede de trabalho.
Conheça um quadro detalhado com a relação entre Projeto de Vida e os outros componentes e princípios
do Inova Educação e do Currículo Paulista.
Quadro detalhado
O trabalho com o Projeto de Vida confere e agrega sentido às aprendizagens relacionadas aos
componentes das áreas de conhecimento do Currículo Paulista, às Eletivas, à Tecnologia e Inovação e
aos produtos do Acolhimento. Há uma relação de complementaridade entre as aprendizagens e sentidos
construídos desde o Acolhimento, as aulas de Projeto de Vida e os conhecimentos apreendidos nos demais
componentes curriculares. Dessa forma, o desenvolvimento alcançado em cada um dos componentes é
articulado e mobilizado de maneira integrada e indissociável em todas as aulas e na vida do estudante
como um todo. Os impactos positivos e o sentido percebido nas aulas de Projeto de Vida não devem se
restringir a esse componente, mas devem ser irradiados, recebendo insumos e contribuições de outros
componentes.
Assista ao vídeo com a professora Elicélia Andrade Carvalho, que fala sobre Projeto de Vida e o
desenvolvimento integral com os outros componentes.
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Versão para impressão
PROJETO DE VIDA: PV COMO ESPAÇO IMPORTANTE – PROFESSORA ELICÉLIA O Projeto de Vida vai dar
oportunidade para as crianças sonharem, para as crianças acreditarem, terem objetivos. Ele está dentro da
escola com esse intuito. E a criança que se mostra apta a sonhar, a ter metas, a desejar o que ela quer na
frente, lá no futuro, a escola vai ajudá-la a traçar esse caminho. O Projeto de Vida vai estimular muito a
autonomia do aluno, vai estimular a autoconfiança, o autoconhecimento, ele vai se conhecer. A partir do
momento que ele se conhece, ele vai conhecer as relações que ele estabelece na escola, na sociedade, na
família. Então, ele vai trazer para o aluno essa autoconfiança e essa autogestão da sua própria vida. O
aluno, quando se propõe a sonhar, se propõe a ter uma meta, vai atrás dessa meta, dessa busca. E a escola
é esse mediador desse caminho. A escola está ali para auxiliar nesse caminho que ele está percorrendo
para alcançar seus objetivos. O Projeto de Vida vai auxiliar no desenvolvimento integral do aluno e ajuda
na Base Nacional Comum, porque o aluno passa a ter objetivo, passa a ter metas. E, com esses objetivos e
essas metas, ele se interessa pela Base Nacional Comum, ele percorre as outras disciplinas para alcançar os
seus objetivos. O Projeto de Vida vai dizer qual é a cara da escola, qual é a identidade da escola também.
Então, ele é bom para o aluno, mas também é bom para a escola. Ele coloca a escola em uma posição
protagonista na vida do aluno, e o aluno é protagonista dentro da escola. O Projeto de Vida não é estático.
Ele pode mudar no decorrer da escolaridade, pode mudar no decorrer da vida, porque o projeto é de vida,
não é de escola. Então, ele vai mudar à medida que a criança se conhece. O adolescente vai se
conhecendo, vai desenvolvendo mais algumas habilidades, umas mais, outras menos. Então, ele pode
mudar esse Projeto de Vida. E ele vai desenvolver isso como? Com as ações protagonistas dentro da
escola. Tudo que ele faz dentro da escola, todas as soluções para os problemas diários, tudo aquilo que ele
percorre, o caminho que ele traça dentro da unidade escolar vai auxiliar, ajudá-lo nesse Projeto de Vida. Os
alunos que já saíram da escola voltam falando sobre as entrevistas que foram feitas na escola com o
decorrer do ano. Eles falam que isso ajudou no dia a dia, em uma entrevista de emprego, ajudou a
concentração na hora de fazer um vestibular, um ENEM, porque eles tiveram foco para desenvolver. Então,
o nervosismo, que foi trabalhado isso na escola, o autoconhecimento deles: "Vamos focar naquilo que a
gente sabe, nas habilidades que a gente sabe". Então, isso vai prepará-los, e eles voltam, eles voltam
muito. Eles vão direto à escola, querem participar do intervalo, eles querem fazer atividades de
acolhimento, para explicar para os outros alunos como desenvolver esse Projeto de Vida, como é bacana
essa disciplina, como fazer com que isso aconteça dia a dia na escola, o tempo todo. O Projeto de Vida vai
orientar todas as ações da gestão. A gestão está na escola, está posta lá, para trabalhar com o aluno. O que
o aluno precisa é de uma aprendizagem significativa. Então, se a gente conhece o Projeto de Vida do aluno,
a gente pode dar uma aprendizagem significativa. É esse o objetivo da escola. Então, o projeto de vida vai
orientar as ações da gestão. O que aquele aluno precisa? O que aquela turma precisa? Às vezes, você tem
uma escola com 7 ou 8 turmas de 1º ano, mas as necessidades são diferentes. Então, a gestão da escola
precisa entender que essas necessidades de turmas e de alunos são diferentes, e ela precisa gerir a escola
mediante essa necessidade.
Com base no infográfico Projeto de Vida e o desenvolvimento pleno, reflita: o que o trabalho com o
Projeto de Vida reverbera nos outros componentes do Currículo Paulista e/ou do Programa Inova?
Para que esse movimento aconteça, é fundamental que a equipe tenha seus papéis definidos:
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Acompanhamento e monitoramento dessa rede de ações pelos professores, coordenadores
pedagógicos, gestores e os próprios estudantes.
Uso das ATPCs para trocas e construções coletivas.
Assim, é preciso que o gestor escolar atue na perspectiva de acompanhar sua equipe para inspirar os
estudantes.
E o professor?
Despertar
Os professores devem instigar o estudante a pensar nos seus sonhos de vida, quais percursos deve trilhar
para alcançá-los e, com isso, como se tornará uma pessoa melhor. Despertar: O professor pode pedir aos
estudantes que identifiquem uma pessoa que admirem muito. Vale ser um profissional da escola, um
membro da comunidade, um colega, um familiar ou uma personalidade famosa. Depois, em duplas, os
estudantes dividem as razões pelas quais fizeram aquelas escolhas. Nessa conversa, a dupla deve falar de
elementos que gostariam de desenvolver em suas vidas – sonhos – inspirados por aquelas figuras.
Exemplo: Conduzir: Os professores devem conduzir os estudantes a refletirem sobre as ações, as etapas
que deverão atravessar e sobre os mecanismos necessários para chegar aonde desejam.
Exemplo: O professor pode sugerir aos estudantes que definam uma meta que gostariam de atingir em sua
vida acadêmica e pessoal ao final de cada mês. Para chegar lá, os estudantes são convidados a listar três
ações que devem tomar, com prazos. Ao longo do mês, cada estudante acompanha as ações de um colega
e o ajuda a cumprir seus planos.
O professor pode pedir para que os estudantes tragam fotos de pessoas importantes nas suas vidas e
contem um pedaço da sua história em que aquela figura foi relevante e por quê. Dessa forma, professor e
colegas ficam conhecendo mais da trajetória de cada um.
Veja algumas ações que devem ser feitas na escola para que a implementação do componente curricular
Projeto de Vida seja bem-sucedida.
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Decisões pedagógicas
É importante ter ciência de que o trabalho com Projeto de Vida deve ser uma ação da escola, e não apenas
do professor de Projeto de Vida.
O centro das decisões pedagógicas da escola precisa ser o estudante e seu projeto de vida.
Os registros da secretaria escolar têm muitas informações sobre seus estudantes, que permitem à equipe
escolar começar a conhecê-los melhor:
Importante!
Esses levantamentos jamais devem ser usados para criar "rótulos" sobre os estudantes. São apenas uma
forma de entender mais sobre o perfil daqueles que estudam na unidade escolar e, assim, pautar as suas
ações.
Acolhimento
O trabalho com o Projeto de Vida nasce nas oficinas do Acolhimento, em que há momentos de revelação
de sonhos, desejos e expectativas (ou de sua ausência).
As oficinas conduzem os estudantes à reflexão sobre seus objetivos e à sistematização de suas metas, cuja
continuidade se dará ao longo de sua jornada escolar.
Todo o material do Acolhimento deve ser estudado pela equipe escolar, liderada pela Coordenação
Pedagógica. Primordialmente, o trabalho com o varal dos sonhos merece um olhar destacado:
Quantos sonham?
Quantos não sonham?
Com o que sonham?
Vale lembrar que estes são elementos que dão subsídios para a criação das Eletivas.
DICA!
É importante que o estudante saiba que professores e gestores lerão aquilo que ele escreveu. Não se
esqueça de deixar esse combinado claro desde o começo das atividades. Caso haja algum estudante que
não se sinta confortável ainda para compartilhar seus sonhos, a equipe escolar deve respeitar seu desejo e
trabalhar, ao longo do ano, para que ele se sinta seguro para isso. Esse é um sinal, até mesmo, de que o
estudante deve ser cuidadosamente acompanhado.
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Perfil do estudante
O perfil do estudante une as informações sobre seus sonhos às levantadas pela secretaria escolar. Esse
perfil não deve ser visto ou tratado como algo determinante sobre a forma de ser do estudante ou para
estigmatizá-lo, mas como ponto de partida para a construção de seu projeto de vida.
Alimentar constantemente esse perfil com informações advindas de suas aulas, em diálogo com os
estudantes;
Acompanhar quais competências socioemocionais estão sendo mais mobilizadas e desenvolvidas
em cada estudante e quais precisam ser prioritariamente fortalecidas, de modo que todos os
professores – orientados pela coordenação pedagógica – possam acompanhar e contribuir no
desenvolvimento do estudante;
Compartilhar em ATPCs e em outras oportunidades informações relevantes do perfil do estudante
com outros professores da escola.
DICA!
No Módulo 4 deste curso, você conhecerá um instrumento muito útil que vai apoiar sua prática pedagógica
no sentido de acompanhamento e desenvolvimento socioemocional dos estudantes.
Montar o perfil do estudante é uma atividade fundamental para o trabalho com o Projeto de Vida. Ainda
que seja um documento em constante elaboração, auxilia os professores do componente em suas
atividades específicas e os demais profissionais da escola num movimento de conhecimento e
aproximação dos estudantes, possibilitando foco dedicado nesse trabalho. Por isso, o perfil deve ser de
conhecimento de todos os profissionais da escola e usado para alinhar os educadores (todos os que têm
interface com o estudante) sobre como agir e atuar com o perfil nos diversos espaços da escola.
Cultura escolar
A cultura escolar deve ser centrada no estudante e ter como objetivo fortalecê-lo em todas as suas
dimensões na busca por seu projeto de vida. Assim, a escola provê as condições de uma formação
acadêmica de excelência associada a uma sólida formação para a vida e a um conjunto de competências
socioemocionais fundamentais para viver neste século.
Para isso, um ambiente em que o estudante se sinta seguro e saiba que pode contar com os profissionais e
estudantes ao seu redor se faz essencial. Os grupos de apoio entre pares, em que estudantes se apoiam
quando percebem que estão em situações de bullying, por exemplo, podem contribuir para a criação de
uma cultura escolar de paz. A clareza de quais membros da equipe gestora podem dar suporte em cada
situação de conflito também se faz essencial.
Você viu que é fundamental que todo o trabalho da escola articule todos os fazeres escolares e envolva
todos os seus atores, como estudantes, professores, coordenação pedagógica e gestão. Lembre-se de que
a família não pode ficar de fora também!
Hora de criar!
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Agora, a ideia é que você olhe para suas classes e crie um protótipo para conhecer o perfil dos estudantes
e identificar caminhos que a escola pode seguir para contribuir com a realização dos sonhos deles. Lembre-
se de que o perfil é um documento sigiloso e deve ser pautado nas reuniões de trabalho para alinhamento
de ações e atitudes para com os estudantes.
1 Mapeie alguns estudantes para ter uma amostra representativa. Levante informações sobre eles:
de que escolas vieram? Quais são seus resultados acadêmicos – sãos estáveis ou instáveis? Já reprovaram?
Para que efetivamente o trabalho com o Projeto de Vida aconteça na escola, é necessário que as ações de
todos se deem de forma alinhada, horizontal e vertical. Isso significa que, considerando o Projeto de Vida,
todos da escola combinam sobre “o quê”, “quando”, “por quê” e “como” fazer uma ação ou tomar uma
atitude.
Na estrutura da escola podemos dizer que os alinhamentos se dão, basicamente, da seguinte forma:
Veja que o professor de Projeto de Vida está alinhado com os demais professores da escola: ele não é mais
nem menos que nenhum dos outros professores. Todos devem trocar entre si, nas reuniões coletivas
(ATPC), informações que levem os estudantes a se movimentarem com base nas competências
socioemocionais que foram priorizadas pela escola e também rumo a um fortalecimento da sua
aprendizagem. Não se esqueça de que o professor de PV é também professor de outros componentes!
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Você pode, com o apoio do diretor da sua escola, retomar quais são as atribuições de cada um e encontrar
os pontos de contato tanto horizontal como verticalmente.
Para o trabalho com o Projeto de Vida, esses alinhamentos são de extrema importância: as informações
geradas nas aulas do componente podem alimentar todos na escola e, assim, impactar diretamente no
trabalho com os estudantes. Decisões precisam ser tomadas em todos os âmbitos de formação (São
considerados exemplo de âmbitos de formação: cognitiva e socioemocional). e, para que se alcance o
sucesso esperado, todos precisam saber o que “ver e cuidar” com base no lugar que ocupam na dinâmica
escolar.
Vamos ver como os diferentes atores da escola podem se organizar para acompanhar, por exemplo, o
desenvolvimento dos estudantes em algum dos diferentes aspectos trabalhados no Projeto de Vida.
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lugar do no livro conflitos na derrubar parte ambiente
colega numa considerando escola e da refeição na reconhecendo
situação de que outros o quando mesa ou no que é um
discordância usarão. presencia chão, o espaço
ou conflito e alguma estudante toma comum e que
os colegas situação de a iniciativa de será usado
em relação a conflito limpar sem ter por outros
ele. coloca-se na que ser
O professor posição de acionado por um
exerce auxiliar na terceiro.
pedagogia da sua solução.
presença
com todos os
estudantes e
estes
reconhecem.
Esse movimento alinhado e vivenciado por todos potencializa o resultado a ser alcançado – nesse caso,
que o estudante atue de forma empática. Observe que há um esforço para que todos estejam alinhados e
desempenhem suas ações na escola, considerando suas especificidades, ao mesmo tempo em que tenham
um objetivo comum de desenvolvimento pleno dos estudantes e reconhecimento do Projeto de Vida como
o coração da escola. Vale lembrar que o Projeto de Vida, como mostra o quadro, não acontece apenas na
sala de aula ou no tempo reservado para este componente. As diversas habilidades relacionadas ao
componente podem se desenvolver a qualquer momento e é preciso estar atento para isso, criando
estratégias de acompanhamento.
Agora, considerando algumas das atividades do trabalho com Projeto de Vida, veja suas principais
atribuições e alinhamentos:
1. Coordenação pedagógica
O quê? Quando? O que entregar? Para quem?
Orientam a secretaria No início de cada ano Relatório por turma Todos os professores.
escolar a fazer pesquisa letivo. com informações por
sobre os estudantes. estudante como já
indicado nesse módulo.
Recolhem as produções No início de cada ano Relatório dos sonhos Todos os professores.
dos alunos ao final do letivo. dos estudantes da
Acolhimento: varal dos unidade escolar.
sonhos e atividade da
escalada.
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material oriundo das
produções dos
estudantes no
Acolhimento.
Produzem relatórios do
varal dos sonhos e da
atividade de escalada
consolidando os
indicadores e as
informações relevantes.
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Sistematizam as informações No início de cada ano Portfólios individuais de Todos os
advindas do material do letivo. estudantes. professores.
Acolhimento e elaboram o
perfil de cada estudante.
Observe que todas as atividades precisam ser realizadas, a partir dos esforços de toda a equipe, por meio
do Projeto Escolar. Caso contrário, o processo pode ser comprometido. Dessa forma, é a escola que deve
prover as condições de uma formação acadêmica de excelência associada a uma sólida formação para a
vida e para o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais – não há Projeto de Vida
sem excelência acadêmica.
A equipe de educadores deve se envolver com o Projeto de Vida (mesmo que não seja um professor desse
componente curricular), de modo que o trabalho ao longo dos anos estimule no estudante a crença no seu
potencial e o motive a atribuir sentido à criação do projeto que dá perspectiva ao seu futuro.
18
Agora é com você!
Para dar continuidade à sistematização iniciada nos quadros apresentados anteriormente, escolha um
profissional da escola que não tenha sido contemplado no quadro e preencha a nova planilha. Baixe e
preencha o quadro abaixo para registrar seus resultados.
Compartilhe sua ideia com outros educadores na escola em que você atua e nas redes sociais usando
Dando continuidade ao nosso percurso de aprendizagem sobre como implementar o componente Projeto
de Vida, é o momento de apresentar as formas de acompanhamento e monitoramento desse trabalho na
escola.
Atuar na definição dos papéis e das atribuições de todos na escola com foco no trabalho articulado entre
professores dos demais componentes/professores de Projeto de Vida/equipe gestora.
Alinhar toda a equipe pedagógica para atuar intencionalmente com os três eixos formativos (excelência
acadêmica, desenvolvimento das competências socioemocionais e formação para a vida).
Assista ao vídeo a seguir com o professor Francisco dos Santos Cardoso, que destaca a importância do
acompanhamento e do monitoramento do componente Projeto de Vida.
Que tal saber mais detalhes sobre o processo de acompanhamento e monitoramento nos eixos indicados?
É importante reforçar que não há Projeto de Vida que se sustente sem excelência acadêmica. É
fundamental que todos, inclusive os estudantes, saibam o que se tem para ensinar e aprender em um
bimestre/semestre; assim como as formas que serão utilizadas para fazer a avaliação. Essa ação possibilita
que os estudantes regulem seu processo de aprendizagem e mobilizem importantes competências
socioemocionais.
Apoiada pela coordenação pedagógica, é importante que a equipe escolar defina um instrumento comum
que tenha minimamente os conteúdos do Currículo Paulista de todos os componentes que serão
trabalhados no período letivo (bimestre ou semestre), semelhante a uma ementa de disciplina no curso
superior. Cada professor faz a parte referente ao componente que leciona.
As formas de avaliação e as referências bibliográficas que sustentam o trabalho dos professores devem ser
explicitadas nesse instrumento. Recomenda-se que o instrumento seja apresentado por todos os
20
professores (cada um fala sobre o seu componente), em uma ação orquestrada na escola: na aula
inaugural de um período letivo, por exemplo.
Após a apresentação, é importante que o instrumento fique afixado numa parede da classe ao alcance dos
olhos e do acompanhamento de todos.
Cada vez que um conteúdo for concluído (ou não), o professor da disciplina deve voltar ao instrumento e
dialogar com sua turma no sentido de evidenciarem os motivos que levaram àquele resultado: por que
alcançamos (ou não alcançamos) o resultado esperado? A problematização, com base no resultado, trará à
tona elementos que evidenciam atitudes e comportamentos a serem consolidados ou melhorados.
Por exemplo, alcançamos porque fomos atentos, participativos, entre outros motivos. A pergunta seguinte
deveria ser: como nos manteremos nessa trajetória? O contrário também pode acontecer: por que não
alcançamos? Porque houve bagunça, porque fomos faltosos, entre outras possibilidades. A questão não é
julgar o resultado, mas aprender com base nele, lembrando que nossas escolhas (comportamentais,
inclusive) impactam os resultados alcançados. Assim, o trabalho será discutir, problematizar e construir
coletivamente e com corresponsabilidade entre estudantes e professores soluções e estratégias de como
vencer os desafios identificados.
O conteúdo a ser trabalhado no bimestre/semestre deve ser monitorado, de forma alinhada, pelos
professores nas suas disciplinas e pela coordenação pedagógica na escola, no máximo quinzenalmente, de
modo que seja possível interferir e ajustar os processos pedagógicos para que o resultado final de
aprendizagem dos estudantes seja o melhor possível.
Cada professor, com a participação protagonista dos estudantes, deve monitorar os conteúdos trabalhados
(não é necessário aplicar uma avaliação quinzenalmente). As observações, os trabalhos e as atividades
fornecem informações importantes que, de agora em diante, devem ser usadas em favor do movimento
do Projeto de Vida dos estudantes via desenvolvimento intencional das competências socioemocionais.
Por exemplo, talvez seja importante mostrar para o estudante que ele venceu sua tolerância à frustração e
por isso teve melhor resultado, assim como talvez algum estudante precise trabalhar com sua tolerância à
frustração para ter um melhor resultado no próximo período (quinzena). Você e a escola precisarão atrelar
todas as ações pedagógicas em torno do Projeto de Vida de seus estudantes.
Aqui, vale estimular que os estudantes criem agendas ou calendários para que também organizem a
maneira como vão transitar pelo conteúdo. Tendo visibilidade de quantos temas vão aprender no
bimestre, eles conseguem prever como vão priorizar seu tempo, dividir os horários de lazer e de tarefas
etc.
Projeto de Vida também tem tudo a ver com organização da vida escolar!
21
Geral (a ser realizado pelos diferentes atores da escola, em múltiplos espaços e momentos).
Específico (realizado pelo professor de Projeto de Vida, como base nas competências
socioemocionais definidas para cada ano/série, utilizando um instrumento de avaliação formativa
com rubricas).
Retome o quadro apresentado anteriormente neste módulo. Com base nesse material, a gestão escolar
pode organizar fóruns com estudantes, equipe pedagógica e demais funcionários para juntos definirem
como podem monitorar se essas competências estão ou não sendo desenvolvidas. Um exemplo é
acompanhar se a escola está gastando menos recurso financeiro com reparos que podem ser evitados pela
ação intencional de quem usa a escola. Outro ponto é medir se o possível desperdício com a alimentação
diminuiu. Ou, ainda, se o número de brigas e conflitos diminuiu.
Para tanto, recomenda-se que os estudantes sejam mobilizados a produzir cartazes ou outros recursos que
deixem evidente e visível na escola que esse trabalho está acontecendo e que é um compromisso de
todos.
No âmbito da sala de aula, a coordenação pedagógica pode alinhar com todos os professores como os
estudantes podem definir pequenas metas pessoais para o desenvolvimento das competências discutidas.
Essas metas podem constar nas suas agendas sobre os conteúdos que aprenderão ao longo do bimestre.
Leia mais
É importante ressaltar que o Projeto de Vida deve ser um articulador do projeto pedagógico de educação
integral das escolas, com papel de potencializar e irradiar o desenvolvimento intencional de competências
socioemocionais articulado ao desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Cabe relembrar que as
competências socioemocionais são maleáveis, ou seja, passíveis de serem desenvolvidas por meio de
experiências formais e informais de aprendizagem, apesar de se apresentarem como padrões mais ou
menos consistentes de pensamentos, sentimentos e comportamentos.
Leia mais
Lembre-se!
22
No Módulo 4 deste curso, você conhecerá um instrumento muito útil que vai apoiar sua prática pedagógica
no sentido de acompanhamento e desenvolvimento socioemocional dos estudantes.
Sua escola.
Sua cidade.
Exemplo
Nesse sentido, quais evidências podem ser trabalhadas como subsídios para que a equipe escolar incentive
os estudantes a se fortalecerem e apoiarem seus pares?
Por exemplo, sabemos que bullying, automutilação e até mesmo suicídio são problemas enfrentados pelos
estudantes. A escola precisa estar atenta e sensível para observar pontos de atenção nesse sentido e
mobilizar estratégias, considerando o protagonismo dos estudantes para mitigar problemas dessa ordem.
O acompanhamento e o desenvolvimento de uma formação para a vida visam possibilitar ajustes que
proporcionem aos estudantes atuar num mundo em acelerado processo de mudanças e transformações
nos mais variados âmbitos: político, social, econômico, tecnológico etc.
Dessa forma, os produtos do monitoramento do currículo devem ser vistos juntamente com o produto do
desenvolvimento das competências socioemocionais na escola e com as evidências do trabalho intencional
com a formação para a vida. Esses elementos devem levar à reflexão da equipe escolar e à tomada de ação
e atitudes alinhadas de todos com os estudantes:
Essa ação deve ser empreendida pela coordenação pedagógica, alimentada por todos os professores e
pelos professores de Projeto de Vida, e deve ser cíclica: quinzenalmente, como indicador de processo de
um bimestre/semestre.
Nessa perspectiva, cada bimestre/semestre vai se interligando ao outro por esses pequenos movimentos
e, entre estes, as tomadas de decisão alinhadas da equipe impulsionam os estudantes a se manterem
firmes na direção de seus projetos de vida.
23
1.1.13. Finalizar módulo
Você já está sabendo sobre a relação de Projeto de Vida com outros componentes, bem como sobre a
organização dos papéis dentro da escola para que ele funcione bem. Agora, vamos entender mais dos
temas que serão trabalhados para cada um dos anos/séries no componente. Nos próximos módulos,
apresentaremos atividades práticas, dicas, informações sobre o material de apoio e habilidades que serão
desenvolvidas. Por último, no módulo 4, você vai entender mais sobre como avaliar os estudantes! Vamos
lá?
Organizadores Curriculares
2.1.1. Abertura do módulo
Este módulo será dedicado à apresentação dos Organizadores Curriculares do componente Projeto de
Vida. Vale lembrar que o ponto de partida para essa construção é a experiência de mais de oito anos do
Programa Ensino Integral.
Para começar, é importante que você volte seu olhar para os momentos de vida dos estudantes ao longo
da trajetória escolar no Ensino Fundamental – Anos Finais e Ensino Médio.
Para desenvolver melhor esses conceitos e objetivos, o módulo 2 está organizado pelos temas:
A escuta da rede pública estadual de educação paulista, representada por educadores da Diretoria de
Ensino, aconteceu com o objetivo de olhar e conhecer as características marcantes dos estudantes do 6º
ano ao 9º ano do Ensino Fundamental e da 1ª à 3ª série do Ensino Médio.
24
Agora, a proposta é que você realize a mesma atividade, que servirá de norte para as discussões ao longo
deste módulo.
Hora de refletir!
Siga o passo a passo e faça anotações no bloco de notas de seu computador. Esses registros serão úteis às
formações nos horários de trabalho pedagógico, assim como ao desenvolvimento de suas atividades
docentes com suas turmas.
Como foi fazer esse exercício? Conseguiu responder a todas as questões? Em qual(is) você teve mais
facilidade ou dificuldade?
Compartilhe sua experiência com outros educadores na escola em que você atua e nas redes sociais
usando a hashtag #inova_educacao.
Tendo em mente a reflexão feita sobre interesses, desafios e potencialidades dos estudantes, articule
essas considerações com as três dimensões dos estudantes, propostas pelo professor Antônio Carlos
Gomes da Costa, trabalhadas nas diretrizes curriculares do componente Projeto de Vida.
As atividades de Projeto de Vida são formuladas e estruturadas para atender às três dimensões do
indivíduo, nas diferentes fases de sua vida. Tais dimensões, a pessoal, a cidadã e a profissional, embora
sejam estudadas separadamente, compõem os aspectos objetivos e subjetivos do ser humano, os quais só
podem ser percebidos de forma interligada e inseparável.
Dimensão pessoal: O estudante investiga os fatores que o mobilizam no âmbito individual e na interação
com os demais. Além disso, ele se coloca em ação para descobrir e potencializar suas forças, bem como
para identificar os desafios de seu processo de amadurecimento e possíveis estratégias a adotar para
superá-los.Leia mais
Dimensão cidadã: A busca é por uma compreensão do comum, das questões envolvidas na convivência e
na atuação coletiva. Perceber-se um cidadão, que integra a construção da vida familiar, escolar,
comunitária e social, é um movimento essencial nessa dimensão.
25
Dimensão profissional: Traz uma provocação para que os estudantes dirijam o olhar à sua inserção
produtiva. O trabalho, elemento que promove o cruzamento entre a vida pessoal e a vida em sociedade, é
objeto de profunda reflexão e compreensão, com vistas a um posicionamento do estudante. O que está
em foco é perceber interesses nesse campo, identificar habilidades e conhecimentos que podem “jogar a
favor” das aspirações profissionais, abrindo caminho ao planejamento de metas e estratégias nesse
campo.
Qual é o estudante que você quer formar? Como o estudante paulista deveria encerrar seus
estudos ao final da 3ª série do Ensino Médio?
Como construir o ideal formativo para contribuir com o projeto de vida desse estudante?
Considerando seus conhecimentos e experiências teórico-práticas na vida docente, o que você acha
necessário garantir ao estudante paulista, em termos de formação, no componente curricular Projeto de
Vida?
Se você fosse elaborar um ideal formativo acerca do que o estudante precisa saber, como ele seria,
considerando as dimensões de pessoa, cidadão e profissional?
Retome o raciocínio iniciado no módulo 1 deste curso e anote suas reflexões no bloco de notas.
Feito esse exercício reflexivo, compare sua elaboração ao que está proposto nos documentos
oficiais: Currículo Paulista e Base Nacional Comum Curricular.
Compartilhe suas ideias com outros educadores na escola em que você atua e nas redes sociais usando
a hashtag #inova_educacao.
Agora, veja como o Currículo Paulista define o ideal formativo para os Anos Finais do Ensino Fundamental
e a BNCC para o Ensino Médio.
“É necessário garantir que, ao final do Ensino Fundamental, o estudante paulista se constitua como
cidadão autônomo, capaz de interagir de maneira crítica e solidária, de atuar de maneira consciente e
eficaz nas ações que demandam análise criteriosa e na tomada de decisões que impactam o bem comum,
de buscar e analisar criticamente diferentes informações e ter plena consciência de que a aprendizagem é
demanda para a vida toda.”
Ensino Médio
Assegurar que todos os estudantes, ao final do Ensino Médio, possuam repertório pessoal-biográfico,
científico, cultural e político para que sejam capazes de estruturar seus projetos de vida de forma
sustentável em relação à continuidade dos estudos, ao ingresso qualificado no mundo do trabalho, à
orientação para uma vida saudável e feliz, tanto do ponto de vista individual como do ponto de vista
comunitário e social. De forma que, ao se reconhecerem como sujeitos históricos, cuja construção
identitária deriva de um processo contínuo de interação e participação, respondam às demandas sociais,
26
econômicas, culturais e políticas, próprias da vida em sociedade, de maneira responsável e ética. BNCC
(2019)
Mas como garantir a formação do estudante que atenda ao proposto no ideal formativo?
Como construir um percurso de aprendizagem que atenda a esses ideais no componente curricular Projeto
de Vida?
É necessário considerar que os estudantes que vivenciam os Anos Finais do Ensino Fundamental são os
mesmos que avançam para o Ensino Médio; por essa razão é que os organizadores curriculares foram
desenvolvidos de modo a oferecer um percurso formativo que dialogue com as expectativas, com as
necessidades e com as fases da vida dos estudantes paulistas para apoiá-los no desenvolvimento das
competências previstas na BNCC e no Currículo Paulista. Ademais, tais organizadores curriculares
possibilitam o trabalho intencional e focado em competências socioemocionais, na excelência acadêmica e
na formação para a vida e para o mundo do trabalho.
Fonte: Instituto Ayrton Senna (IAS). Apud Wille, B. & De Fruyt, F. (2019). The development of vocational
interests. In: C. D. Nye & J. Rounds (Eds.), Vocational Interests in the Workplace: Rethinking Behavior at
Work.
Nas aulas de Projeto de Vida são trabalhados temas e conteúdos de forma progressiva ao longo dos Anos
Finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, respeitando as etapas de desenvolvimento dos
estudantes, bem como proporcionando o aprofundamento da aprendizagem. Assim, temos um currículo
em espiral.
27
Fonte: BRUNER, Jerome. The process of education. Cambridge: Harvard University Press, 1960.
As atividades propostas contemplam uma multiplicidade de aspectos que contribuem para a formação
integral dos estudantes: o cognitivo, o afetivo, o físico e o social. Ao longo do ano letivo, a utilização de
várias linguagens (escrita, falada, usando tecnologia, por meio de desenhos etc.) em sala de aula e
diferentes espaços formativos (pátio, equipamentos públicos etc.) favorece a expressão dos jovens e,
assim, permite que eles construam seu projeto de vida a partir de uma base sólida de valores que
contribuam para o movimento dos Quatro Quatro Pilares da Educação em diversos aspectos. Sua voz tem
de estar presente nas Situações de Aprendizagem, mas é preciso também que o estudante aprimore sua
escuta, tornando-a cada vez mais ativa.
Pedagogia da Presença
O diretor de uma escola, conhecedor da realidade de seus estudantes, os esperava todos os dias no portão
da escola para o “bom dia”. Antes, porém, a secretaria escolar entregava para o diretor uma lista de quem
estava aniversariando no dia. O diretor criava muitas estratégias para a celebração da vida de seus
estudantes. Uma delas consistia em entregar um balão/bexiga para o aniversariante, que o amarrava na
mochila ou em outro lugar. Enquanto este estudante se movimentava pela escola, os demais sabiam que
ele estava aniversariando. Este pequeno, intencional e organizado gesto favorecia que todos pudessem
28
celebrar esse dia potencializando o movimento do Pilar do Ser e do Conviver com maior ênfase, além do
exercício da Pedagogia da Presença.
Agora que você já viu o ideal formativo, conheça o quadro dos Organizadores Curriculares do componente
Projeto de Vida. Baixe o quadro e, enquanto navega por ele, vá registrando seus estudos, reflexões e
aprendizados.
Organizadores Curriculares
Ao navegar pelos Organizadores Curriculares do componente Projeto de Vida, você deve ter observado
que, para cada ano/série, estão elencadas algumas competências socioemocionais a serem desenvolvidas
de modo intencional. Agora, você vai ver como se dará esse desenvolvimento.
Para este exercício, siga o passo a passo e anote em seu bloco de notas:
1 Pense em um desafio recorrente ao longo de sua trajetória de vida. Elenque ao menos três
competências socioemocionais que são úteis para enfrentar esse desafio.
2 Registre, no seu bloco de notas, as competências elencadas por você e justifique porque você as
indicou.
3 Agora, reflita: essas competências foram intencionalmente desenvolvidas por você na sua
trajetória escolar? De que forma? Se não foram, você avalia que deveriam ter sido? Como esse movimento
teria contribuído para a superação do seu desafio?
Você viu na Formação Básica que as cinco macrocompetências socioemocionais foram desdobradas em 17
competências socioemocionais, assim relacionadas:
Abertura ao novo
1. Curiosidade para aprender;
2. Imaginação criativa;
3. Interesse artístico.
Amabilidade
4. Empatia;
5. Respeito;
6. Confiança.
29
Autogestão
7. Determinação;
8. Organização;
9. Foco;
10. Persistência;
11. Responsabilidade.
Engajamento com os outros
12. Iniciativa social;
13. Assertividade;
14. Entusiasmo.
Resiliência emocional
15. Tolerância ao estresse;
16. Autoconfiança;
17. Tolerância à frustração.
Respaldadas por evidências científicas com resultados positivos para a vida do estudante, dentro e fora da
escola, essas competências são maleáveis e possíveis de ser desenvolvidas no cotidiano escolar de modo
intencional. Por isso, foram identificadas como importantes de ser consideradas e desenvolvidas nas
escolas da rede pública estadual de São Paulo, nos Anos Finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
Fonte: INSTITUTO AYRTON SENNA. 2016. Tomando Nota! Sobre o desenvolvimento das Competências
Socioemocionais na escola.
P.31.Disponívelem: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/atua%C3%A
7%C3%A3o/centros/edulab21/Livro_TomandoNota_Final.pdf. Acesso em: 20 set. 2019.
Comentários
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A ciência mostra que não há uma ordem definida em termos de qual competência deve ser trabalhada –
de forma intencional – a cada ano/série.
Considerando essa evidência científica, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo realizou
uma pesquisa on-line com os cursistas da Formação Básica, no AVA-EFAPE, para identificar a visão dos
professores e gestores, a partir de seus conhecimentos e experiências pedagógicas, sobre quais
competências devem ser enfatizadas intencionalmente a cada momento do percurso formativo dos
estudantes.
Mais de 100.300 educadores da rede pública estadual de São Paulo participaram desse levantamento, e a
discussão sobre a escolha de quais competências socioemocionais serão enfatizadas a cada ano alcançou
todos os polos do Estado por meio de ações com supervisores e PCNPs.
Tendo como base vários espaços de escuta e a construção coletiva da rede (e com o aporte de evidências
científicas já mencionado), o Inova Educação propõe uma ênfase nas competências socioemocionais
distribuídas entre os Anos Finais do Ensino Fundamental (do 6º ao 9º ano) e do Ensino Médio (da 1ª à 3ª
série), de modo que a cada etapa sejam trabalhadas todas as 17 competências do modelo organizativo.
Esse exercício de ênfase em socioemocionais visa a atender à recomendação trazida pelo Currículo Paulista
de “que seja enfatizada, em todos os componentes curriculares, a íntima correlação entre as habilidades
socioemocionais e as cognitivas.” (Currículo Paulista, 2019, p. 24).
No vídeo a seguir, Bruna Waitman, assessora de Educação Integral da Seduc-SP, e Hudson Carvalho,
especialista em Educação Integral do Instituto Ayrton Senna, justificam as competências priorizadas a cada
ano/série nos Anos Finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
PROJETO DE VIDA: COMPETÊNCIAS POR ANO/SÉRIE – BRUNA E HUDSON O Inova vem dentro do bojo do
Currículo Paulista e se conecta totalmente com a premissa de Educação Integral que o Currículo traz. Ou
seja, é um olhar para o desenvolvimento das múltiplas dimensões dos nossos estudantes, seja o olhar para
o cognitivo, para o aspecto Físico, socioemocional etc. Ou seja, esse cuidado para desenvolver as
habilidades socioemocionais é essencial para o Inova, e já existem pesquisas que comprovam que o
desenvolvimento dessas habilidades inclusive impacta outras dessas dimensões que eu comentei, por
exemplo, o cognitivo. Então, quando você tem um trabalho, por exemplo, com uma competência
socioemocional que é a determinação, você acaba estimulando que o estudante, por exemplo, se
preparando para uma prova de Matemática, esteja, lá, mais focado e acabe chegando a um resultado
Melhor. Quando a gente desenvolve as competências socioemocionais nos estudantes, existem vários
benefícios. Eu já falei agorinha de um, que é o fato de que impacta o desenvolvimento de outras
Dimensões do estudante, por exemplo, a cognitiva, mas, além disso, quando o estudante, por exemplo,
desenvolve a amabilidade, ou a autogestão, ou o foco, isso com certeza vai impactar a maneira como ele
vai se relacionar com os sonhos e os projetos futuros dele. Pensando em Projeto de Vida, a gente sabe que
os nossos estudantes vão idealizar diversas metas que eles querem atingir. E, certamente, o trabalho com
essas competências vai aumentar a chance de eles se organizarem e chegarem lá. Falando em
competências socioemocionais, um ponto importante é que, hoje, a gente já consegue nomear cada uma
31
delas. Então, a gente consegue entender o que é foco, o que é determinação, e, a partir do momento que a
gente organiza esse conhecimento, fica mais fácil de a gente definir foco e estratégia para desenvolver
essas competências. A gente sabe que as competências socioemocionais podem ser desenvolvidas e
aprendidas e que isso se fortalece quando a gente foca em algumas delas a cada ano. Para definir quais
competências socioemocionais a nossa rede ia focar para cada um dos anos dos anos finais do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio, foi realizada uma série de oficinas com representantes de todas as partes
do estado. Nessas oficinas, os grupos, que contavam com PCNPs, supervisores, entre outros, discutiram as
justificativas para escolher algumas das competências ano a ano. O resultado então de quais competências
socioemocionais vão ser enfatizadas a cada ano parte da discussão que os 15 polos de todo o estado
fizeram. Esse processo, na verdade, foi um encontro entre dois critérios: um critério pedagógico, curricular,
e um critério voltado ao entendimento das situações que os estudantes poderiam enfrentar em cada um
daqueles anos. Para o 6º ano, a gente construiu um itinerário que trabalha as competências de autogestão
em combinação com lidar com as próprias emoções, principalmente emoções negativas, e lidar com o
outro, com os colegas e com os professores, de modo mais cordial e afetuoso. Quando a gente migra para
o 7º ano, a gente continua trabalhando com a autogestão, mas a gente também inclui elementos
relacionados à abertura, à experiência e a novos conhecimentos. No 8º e no 9º ano, além das
competências de autogestão, a gente também trabalha muito as competências de engajamento com os
outros, como assertividade, entusiasmo, dentre outras. Quando a gente migra para o Ensino Médio, a
gente utiliza outra estratégia. A gente combina competências de diferentes domínios em um mesmo ano.
Então, por exemplo, no 1º ano, a gente trabalha tanto elementos de lidar com os próprios afetos
negativos, elementos de engajamento com o outro e de abertura, e mais competências específicas.
Quando a gente vai para o 2º e para o 3º ano, a gente trabalha muito o engajamento com o outro, assim
como a cordialidade, a amabilidade em relação ao outro e a capacidade de lidar com sentimentos
negativos, que é algo que acaba atravessando os três anos do Ensino Médio
Agora que você já tem uma macrovisão de como o componente Projeto de Vida pode ser trabalhado em
todos os anos e sabe da importância da ênfase nas competências socioemocionais, clique em cada item
para ver mais de perto o que é destacado em cada ano/série nas diretrizes curriculares.
6º ano EF – Eu e o outro
No 6º ano, o percurso formativo do Projeto de Vida se inicia tendo como base o fortalecimento da
percepção do estudante sobre si mesmo, assim como na sua capacidade de refletir sobre os sonhos como
processo inicial de construção de uma visão acerca de quem ele é. Desse modo, no âmbito da dimensão
pessoal, espera-se que o estudante se engaje no processo de autoconhecimento. O percurso formativo
contempla ainda a dimensão cidadã, que tem como propósito a qualificação das relações afetivas e sociais
que os estudantes estabelecem.
Nesta faixa etária, os estudantes comumente associam a experiência escolar ao desejo de produzir algo, de
ser capazes de aprender e de se inserir no grupo social.
Em uma nova etapa de vida, que são os Anos Finais do Ensino Fundamental:
Os estudantes precisam lidar com mudanças como a quantidade de professores que ministram aulas, a
interação com diferentes professores especialistas em períodos curtos, a adaptação aos níveis de exigência
distintos de cada professor, bem como a organização e didática das aulas, entre outras. Considerando
todas essas mudanças, há que se ter o cuidado para que o processo de aprendizagem não seja fragilizado
32
na transição dos Anos Iniciais para os Finais, o que poderia culminar em obstáculos que comprometam a
aprendizagem dos estudantes.” (Currículo Paulista, 2019, p. 87)
Tendo como referência os desafios apontados no Currículo Paulista sobre a chegada nos Anos Finais do
Ensino Fundamental, o percurso formativo de Projeto de Vida movimenta um conjunto de competências
que favorece a organização da vida escolar, oferecendo ao estudante senso de conquista, sentimento de
sucesso e pertencimento à nova escola.
O componente Projeto de Vida acolhe e apoia o estudante do 6º ano na mudança de etapa do Ensino
Fundamental, no que diz respeito às suas capacidades de:
se conhecer.
gerir seus estudos.
convívio.
7º Ano EF – Eu e meus projetos
Neste ano ocorre a continuidade do processo de autoconhecimento dos estudantes, iniciado no ano
anterior. Por isso, o foco na dimensão pessoal permanece. Contudo, a ampliação e o desenvolvimento do
domínio pessoal dos estudantes se dão a partir do exercício de fazer escolhas de forma consciente e
responsável. Ou seja, na identificação de caminhos para a sua expansão na direção que desejar, ampliando
seu repertório de vida, suas ambições, seus desejos para o presente e para o futuro, aprendendo com os
seus sucessos e fracassos e se munindo de estratégias para tentar novamente com mais chances de êxito.
No 7º ano, os estudantes compreendem a importância do planejamento de ações e sua execução com foco
em um objetivo relacionado a algo prático da sua vida estudantil (por exemplo, melhorar meu aprendizado
em determinado componente curricular). Esse conhecimento será necessário para a elaboração de um
Plano de Ação do Projeto de Vida no 9º ano. Devido à sua importância, o planejamento de ações é algo
que perpassa todo o percurso formativo dos anos subsequentes. Vale destacar que os conteúdos são
apresentados de forma progressiva dentro do componente.
O componente Projeto de Vida apoia o estudante do 7º ano no desenvolvimento das capacidades de:
O percurso formativo do 8º ano é voltado para o desenvolvimento da dimensão cidadã dos estudantes na
perspectiva da sua atuação protagonista. Isso porque não tem como conceber uma escola e os desafios na
construção dos projetos de vida dos estudantes sem que estes experimentem oportunidades de
crescimento pessoal na ampliação da sua relação com os outros e com o mundo. É importante ressaltar
que o projeto de vida se constrói quando o estudante acredita no seu potencial, e isso só é possível por
meio de uma ação educativa que cria oportunidades para que ele participe de atividades direcionadas à
solução de problemas reais, atuando de modo protagonista.
33
inaugurando um novo espaço de descobertas e experimentação social, um apelo à construção de estilos de
vida saudáveis, sustentáveis e éticos.
O componente Projeto de Vida apoia o desenvolvimento do estudante do 8º ano com foco nas
capacidades de:
“aprender a fazer”, desenvolvendo a iniciativa social;
desenvolver o senso de coletividade.
9º Ano EF – Eu e meu propósito
Neste ano, o foco no desenvolvimento da dimensão produtiva se dá para que o estudante tenha
autoconhecimento e repertórios para vislumbrar possibilidades sobre a trajetória que seguirá no Ensino
Médio, com vistas a assegurar a continuidade de estudos.
Vale ressaltar que, a partir desta etapa, o estudante tem condições de fazer uma análise crítica acerca das
informações que dispõe sobre si mesmo para a organização e o gerenciamento do seu projeto de vida. O
estudante também tem a capacidade de articular seu projeto de vida a interesses e possibilidades que
criem condições para refletir sobre o novo mundo do trabalho, a partir de comportamento exploratório e
de ampliação de repertórios. É neste momento que ele também obtém mais clareza sobre a importância
de seguir estudando.
O componente Projeto de Vida apoia e prepara o estudante do 9º ano para a mudança de etapa para o
Ensino Médio, desenvolvendo as capacidades de:
O percurso formativo de Projeto de Vida na 1ª série do Ensino Médio trabalha as dimensões pessoal,
cidadã, profissional e acadêmica, criando condições para que o estudante faça escolhas na sua vida na
escola para além dela e sobre as suas visões de futuro.
Estatísticas apontam a evasão escolar na 1ª série como grande desafio a ser superado pela escola. Nesse
sentido, o Projeto de Vida busca criar condições para que o estudante perceba sentido na escola e nas
aprendizagens que ela possibilita, sempre relacionando-as aos seus planos presentes e futuros.
Nesta etapa, entre tantas reflexões e decisões, aquelas sobre qual caminho tomar para a sua formação
profissional serão apoiadas pelo planejamento do seu projeto de vida.
O componente Projeto de Vida acolhe e apoia o estudante da 1ª série na chegada ao Ensino Médio, no que
diz respeito às capacidades de:
34
se conhecer, identificando seus processos de formação e sua relação com a família, escola e
comunidade;
fazer escolhas, tomando decisões com responsabilidade, considerando seu projeto de vida;
qualificar as relações que estabelece com os outros;
se abrir a novas experiências intelectuais, culturais e estéticas, aos aprendizados que serão
construídos nessas experiências e à diversidade de caminhos para a autorrealização que delas
decorrem.
Atenção!
Nesta série, desenvolva atividades práticas com a intenção de que os estudantes tenham os documentos
(por exemplo: RG, CPF, título de eleitor, carteira de trabalho etc.) necessários para sua vivência cidadã, que
faz parte do Ensino Médio como etapa formativa. Orientar, estimular e checar se os estudantes estão
emitindo seus documentos é de fundamental importância para que eles possam seguir na vida acadêmica
e no mundo do trabalho.
dimensão pessoal, identificando “quem eu sou” e refletindo sobre “quem eu quero ser”;
dimensão cidadã, exercitando a convivência, pautada na empatia e no conhecimento de seus
direitos, em uma realidade permeada pelas redes e culturas digitais;
dimensão produtiva, que envolve aprendizagem e desenvolvimento profissional em situações
novas e, por vezes, adversas, de um mundo complexo, incerto e em transformação.
Assim, está construindo uma visão de mundo mais ampla e exploratória acerca de possibilidades variadas
para viabilizar seu Projeto de Vida e, por isso, pode colocar-se com mais propriedade como sujeito
construtor de sua própria aprendizagem.
Na 2ª série, o estudante segue sendo incentivado a observar e reconhecer a importância das áreas de
conhecimento e como esses conhecimentos se articulam ao seu projeto de vida. Portanto, o percurso
formativo de Projeto de Vida nesta etapa busca trabalhar estratégias e práticas articuladas às
necessidades, expectativas e ambições dos estudantes, expressas e alinhadas na construção do plano de
ação do seu projeto de vida. É dessa forma que o estudante é provocado, não apenas a refletir sobre suas
próprias capacidades, mas a colocar em prática algumas ações que influenciem positivamente o alcance
dos resultados que espera.
O componente Projeto de Vida apoia o desenvolvimento do estudante da 2ª série com foco nas
capacidades de:
Atenção!
Nesta série, desenvolva atividades práticas com a intenção de que os estudantes tenham os documentos
necessários para sua vivência cidadã, que faz parte do Ensino Médio como etapa formativa. Orientar,
estimular e checar se os estudantes estão emitindo seus documentos é de fundamental importância para
que eles possam seguir na vida acadêmica e no mundo do trabalho.
35
3ª série EM – Meu percurso, conquistas e novos desafios
autoavaliação;
reflexão coletiva acerca dos aprendizados e redes construídas, de modo que o estudante se
perceba em convivência com os colegas, a comunidade escolar e a família.
Assim, por meio de um percurso formativo que trabalha a autoavaliação do estudante, diante das suas
decisões, que agora giram em torno de uma outra perspectiva em termos de maturidade e de expectativa,
espera-se que o estudante exerça postura protagonista diante de sua vida, reconhecendo conquistas e se
propondo a novos desafios, com mais propriedade, ressignificando o seu papel no mundo.
São retomadas questões referentes aos conflitos para a composição de seus desejos profissionais, de
forma a reafirmar seus sonhos e, principalmente, para que o estudante tenha clareza quanto às condições
de materializá-los e reduza sua ansiedade ante as demandas por escolhas e tomadas de decisão. Para isso,
é estimulado a buscar um conjunto de referências e redes, informações e orientações que deverão auxiliá-
lo na consolidação das escolhas do seu projeto de vida. Um ponto importante dessa trajetória diz respeito
às contribuições alicerçadas pela escola de que o projeto de vida é tarefa para uma vida toda com vistas à
autorrealização; sendo assim, pressupõe engajamento em formação contínua, formal ou informal.
O componente Projeto de Vida apoia e prepara o estudante da 3ª série para a conclusão do Ensino Médio,
visando a desenvolver as capacidades de:
consolidar o planejamento de seu projeto de vida, com vistas à autorrealização pessoal, profissional
e cidadã;
querer se engajar, em formação contínua ao longo da vida, estudando e aprendendo com
autonomia;
Atenção!
Nesta série, desenvolva atividades práticas com a intenção de que os estudantes tenham os documentos
necessários para sua vivência cidadã, que faz parte do Ensino Médio como etapa formativa. Orientar,
estimular e checar se os estudantes estão emitindo seus documentos é de fundamental importância para
que eles possam seguir na vida acadêmica e no mundo do trabalho.
No próximo módulo, conheça os materiais de apoio e analise alguns exemplos práticos da aplicação das
propostas a serem desenvolvidas ano a ano.
36
O COMPONENTE NA PRÁTICA ESCOLAR
3.1.1. Abertura do módulo
Agora que você já conhece as diretrizes curriculares do componente Projeto de Vida, apresentado no
módulo 2, é hora de integrá-lo a sua prática docente, explorando os materiais de apoio do componente e
as estratégias de gestão de sala de aula e de outros espaços formativos.
Ao longo deste módulo, você terá a oportunidade de relacionar os aprendizados ao que você já faz, como
professor, no seu cotidiano de trabalho. Além disso, poderá relacionar o que foi apresentado nos módulos
anteriores com o material de apoio de Projeto de Vida.
Para desenvolver melhor esses conceitos e objetivos, o módulo 3 está organizado nos seguintes temas:
1 Materiais estruturados;
2 Gestão e mobilização dos eixos formativos na sala de aula, irradiando-os para toda a escola;
3 Dicas práticas de gestão da aula: antes, durante e depois.
O material de apoio de Projeto de Vida é composto por: Caderno do Professor e Caderno do Estudante.
Cada um deles está organizado de maneira progressiva, com um volume por ano/série e divididos por
bimestres. Além destes, há outros materiais , como o Diário de Práticas e Vivências e a Agenda do
Estudante.
Caderno do Professor
É um suporte didático que contribui para a materialização da educação integral em sala de aula, sendo
mais uma oportunidade formativa disponibilizada aos docentes para que possam ampliar seu repertório,
alinhado-o às premissas do Currículo Paulista.
O Caderno do Professor é um material de referência que contém atividades e orientações para planejar e
mediar as atividades que estão propostas no Caderno do Estudante. As atividades presentes no Caderno
37
do Professor são planejadas de acordo com os objetivos de aprendizagem previstos em determinado
período de tempo.
Apoiar os professores do componente Projeto de Vida na gestão de sala de aula e no desenvolvimento das
atividades, com foco nos três eixos formativos:
Uma introdução que explicita os temas e intencionalidades pedagógicas que serão trabalhados
durante o bimestre de cada ano/série;
Atividades pedagógicas acompanhadas de estratégias de avaliação que retomam os objetivos de
cada aula, bem como um instrumento que possibilita a avaliação formativa de competências
socioemocionais.
No módulo 4 deste curso, discutiremos mais sobre as estratégias e ferramentas para acompanhamento e
avaliação do estudante.
38
Para cada atividade, há um quadro com:
Objetivos;
Competências socioemocionais a ser intencionalmente desenvolvidas;
Recursos necessários;
Duração prevista;
Orientações ao professor sobre o desenvolvimento das atividades;
Estratégias de avaliação.
-------------------------------------------------------------------------------------
Caderno do Estudante
É um material de atividades, que pressupõe o diálogo entre professor e estudante, que traz propostas de
atividades para todo o ano letivo, divididas por bimestre, e que favorecem o desenvolvimento integral dos
estudantes. O conjunto de atividades também inclui desafios para que os estudantes aprendam a conviver
e trabalhar de forma colaborativa, em duplas, em pequenos grupos e/ou em rodas de conversa. Esse
material conta com espaços para registros dos estudantes, além de perguntas norteadoras para as
atividades.
Além do Caderno do Professor e do Caderno do Estudante, que são disponibilizados pela Seduc, também
são propostos outros materiais importantes, que compõem o trabalho no componente Projeto de Vida,
como o Diário de Práticas e Vivências e a Agenda do Estudante.
Esses materiais devem ser criados pelos próprios estudantes, usando sua criatividade, a partir das
orientações dos professores. Saiba mais sobre cada um:
É o material no qual os estudantes registrarão suas principais reflexões, anseios e possíveis conclusões
referentes aos temas e situações de aprendizagem propostos nas aulas de Projeto de Vida. Serve também
para anotação das práticas, vivências e atividades desenvolvidas em outros componentes curriculares que
contribuam para a realização dos seus sonhos. Trata-se de um material importante que vai acompanhá-los
durante toda sua trajetória escolar. Por isso, é fundamental que seja sempre atualizado e revisitado pelos
estudantes, de modo a avaliar seus passos, suas vitórias e seus desafios.
Agenda do Estudante
Pode ser um caderno customizado pelos próprios estudantes ou uma ferramenta de organização digital,
uma espécie de agenda, na qual eles podem fazer anotações sobre seu desenvolvimento pessoal e sua
autogestão, a sua maneira e com suas próprias palavras.
Por exemplo, um estudante também pode usar sua agenda para anotar datas de provas, compromissos de
estudos etc.
Hora de refletir!
39
A partir de tudo que você viu até agora, pense e registre em seu bloco de notas as respostas para as
seguintes questões:
Para explorar o material, apresentaremos atividades que constam nos Cadernos do Professor e do
Estudante a partir dos três eixos estruturantes do componente Projeto de Vida, que você já conheceu nos
módulos anteriores:
É por meio desses três eixos formativos que a prática pedagógica se realiza. Eles devem orientar e alinhar
as práticas e atitudes de todos os professores, independentemente dos componentes curriculares que
lecionem.
Agora, assista ao vídeo em que Elizane Mecena, do Instituto de Corresponsabilidade pela Educação, fala
sobre a importância da escola para o desenvolvimento do Projeto de Vida.
Nas próximas telas, você vai conhecer exemplos de atividades práticas para desenvolver em Projeto de
Vida.
A formação para a vida fortalece as condições para que o estudante veja valor em si mesmo, na sua vida,
nas experiências que configuram sua trajetória, se conheça mais e melhor, identificando seus interesses e
necessidades, bem como caminhos e estratégias para superar as dificuldades e possíveis frustrações e
alicerçar a realização de seus sonhos.
Esses desafios incluem, de maneira destacada, atuar num mundo em acelerado processo de mudanças e
transformações nos mais variados âmbitos: político, social, econômico, tecnológico etc. O que implica a
capacidade de observar, de fazer análises, de emitir opiniões e julgamentos, de fazer seleções e escolhas e
de tomar decisões.
A atividade Histórias de vida: como ver o mundo com outros olhos?, que consta no Caderno do 1º
bimestre da 3ª série do Ensino Médio, materializa bem esse eixo. Veja!
40
O mundo do trabalho apresenta desafios para todo jovem e não deve ser só você que se sente inseguro
diante dele. O mais interessante, porém, é que cada um encontra saídas diferentes para superá-los. Por
isso, as trajetórias de vida são tão diversas: nelas influem os desejos, vontades, competências e
necessidades.
A partir das explicações do seu professor, logo a seguir, você poderá conhecer os perfis de dois jovens que
se deram bem nesse processo, conseguindo fazer escolhas responsáveis, mesmo encarando algumas
dificuldades.
O “clique”
Quando estava no Ensino Médio, Nathalie Brito foi a uma biblioteca de sua cidade para cumprir um desafio
de leitura proposto em um projeto escolar.
Durante a visita, ela tomou contato com O Diário de Anne Frank, livro em que uma garota alemã descreve
o cotidiano de sua família judaica que vivia escondida em Amsterdã, durante a ocupação nazista nos Países
Baixos.
Foi do contato com esse livro que algumas de suas dúvidas quanto à profissão que gostaria de seguir foram
esclarecidas:
“Decidi que queria fazer psicologia, que assim poderia mudar o mundo e aliviar todo o sofrimento das
pessoas”.
Lapidando as ideias
Nathalie colocou na cabeça que gostaria de cursar a faculdade de psicologia e, com o tempo, descobriu
mais informações sobre essa carreira. No fim das contas, percebeu que a psicologia não poderia resolver
todos os problemas do mundo, mas que ainda assim era uma profissão fascinante. Junto às várias
pesquisas que fez para entender como o curso funcionava, quais eram as disciplinas e como poderia se
inserir no mundo do trabalho depois de formada, ela tinha que superar um desafio ainda maior: na sua
cidade não havia nenhuma faculdade e a região em que morava não possuía nenhuma universidade
pública. Nathalie é de Apiaí, localizada no Vale do Ribeira, região com um dos piores índices de
desenvolvimento humano do Estado de São Paulo.
Desafios da Universidade
“Algumas competências que desenvolvi na escola foram essenciais para que eu pudesse dizer: sou capaz.
Fiz do estudo e da leitura grandes aliados”, conta Nathalie.
Ela explica que pesquisar sobre o curso que queria fazer e sobre as universidades foi fundamental.
Só dessa maneira ela descobriu que as instituições federais oferecem subsídios para alguns de seus
estudantes, o que possibilitou que ela pudesse sair do interior de São Paulo e ir para Curitiba, onde hoje
cursa o último ano de Psicologia, na Universidade Federal do Paraná.
41
Planejamento
Nesse intervalo de tempo, Nathalie conta que o planejamento foi fundamental para seu percurso, o que
permitiu que ela lidasse com os vários desafios que encontrou pela frente. “Sair de uma cidade pequena
para uma metrópole e ter que morar sozinha foi um baita desafio. Também idealizamos muito a
universidade, mas, quando entramos, percebemos que é preciso correr atrás do conhecimento para nos
atualizarmos”, ela diz. Numa constante avaliação de suas escolhas, Nathalie pesa na balança tudo o que
deu certo ou errado e tenta entender os motivos disso. Atualmente, ela deseja seguir na carreira
acadêmica, para realizar mestrado e doutorado.
Arsenal de ferramentas
Mudanças
Alisson das Neves mora no Distrito Federal, tem 28 anos e hoje é professor de Educação Física. Para ele, o
percurso escolar foi recheado de mudanças.
No Ensino Fundamental, ele era visto como um “aluno-problema”, pois discutia com os professores e era
“danado”, como ele mesmo diz. Já no Ensino Médio, ele adotou outra postura. “Comecei a ser mais
rigoroso com meus compromissos, mais autônomo, e passei a me integrar à vida escolar”, conta.
Para isso, foi fundamental o seu envolvimento com a cultura hip-hop, o que conferiu a ele uma habilidade
de se conectar com as pessoas, de falar bem em público, de se expor e se colocar nos momentos
necessários.
O outro fator foi a decisão de participar ativamente das atividades escolares. Isso lhe conferiu
reconhecimento e fortaleceu seu interesse pela política, ou seja, sua vontade de participar das decisões e
melhorias do que era comum aos estudantes.
Alisson conta que, na esteira da sua atuação na escola, considerou fortemente a possibilidade de cursar
Direito. Essa vontade provinha de sua relação com a questão da identidade negra. “Quando tive contato
com o meu lado afrodescendente, com as minhas raízes e as histórias dos meus ancestrais, comecei a
entender com mais clareza o preconceito, como a minha cor incomodava algumas pessoas e como isso
exigia que eu fosse forte.” Como advogado, Alisson gostaria de combater a violência contra a população
negra. Mas, no turbilhão de dúvidas e opções a seguir, Alisson terminou por escolher a profissão de
educador físico. “Aos poucos, fui percebendo que tudo o que eu gostava de fazer, do hip-hop à minha
atuação no grêmio, tinha a ver com o corpo e com essa vontade de estar junto a outras pessoas,
contribuindo para a construção de novas visões sobre a escola e a comunidade.” Alisson acreditava, por
experiência própria, no potencial transformador da escola e da educação física, e gostaria de partilhar isso
com outros jovens.
42
Fazer um curso em uma universidade federal não era uma opção, pois ele precisava trabalhar e garantir
uma renda. Ele começou então a trabalhar em um projeto de formação de outros jovens, que buscava
estimular que estes se tornassem autônomos e protagonistas.
“Criei muitas responsabilidades e uma nova rotina, era um emprego que exigia de mim autonomia,
responsabilidade e planejamento.
O ensino superior
Quando entrou para a faculdade de EducaçãoFísica, Alisson viu que sua experiência de trabalho enriquecia
sua postura como estudante. Ele se saía bem nos trabalhos e se destacava como aluno da turma. Ao se
formar, logo conseguiu trabalho em uma academia e, em seguida, em escolas, nas quais é professor de
Educação Física do Ensino Médio. Alisson pensa em continuar estudando, fazendo cursos e especializações,
e se esforça para realizar o sonho de dar aula em escolas públicas.
Ele resume todo esse percurso, em que foi desenvolvendo suas competências e seus conhecimentos, em
uma rica metáfora: “No Ensino Médio, eu tinha algumas ferramentas em meu bolso. Na faculdade, as
carregava em uma maleta. Agora, no mundo do trabalho, tenho um grande arsenal de ferramentas”.
Como contado nos perfis acima, a passagem do Ensino Médio para o mundo do trabalho demanda
dedicação, iniciativa, planejamento e responsabilidade. São várias ações e competências que
complementam as escolhas feitas e determinam um futuro de realização pessoal e profissional.
Para ter uma ideia ainda melhor de jovens que seguiram seus próprios caminhos, que tal pesquisar sobre
mais alguns deles? Assim, forme um trio de pesquisa com os seus colegas para esse exercício. Na próxima
aula, vocês deverão escolher uma história para escrever um perfil jornalístico, como os apresentados
acima.
Dica!
Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari, no livro Técnica de Reportagem – Notas sobre a Narrativa
Jornalística (1986), explicam que perfil, em jornalismo, ‘significa dar enfoque na pessoa – seja uma
celebridade, seja um tipo popular, mas sempre o focalizado é protagonista da história: sua própria vida’.
Assim, o perfil pode ser uma leitura saborosa quando consegue contar passagens relevantes da vida e da
carreira do entrevistado, colher suas opiniões em assuntos importantes, ouvir o que dizem dele os amigos
e os inimigos, mostrar como faz o que faz.
Sérgio Vilas Boas, no livro Perfis – E como Escrevê-los (2003), diz que, diferentemente das biografias
em livro, em que os autores têm de enfrentar os pormenores da história do biografado, os perfis podem
focalizar apenas alguns momentos da vida da pessoa. É uma narrativa curta, tanto na extensão (no
tamanho do texto) quanto no tempo de validade de algumas informações e interpretações do
repórter.” Hérica Lene
43
Ao todo, vocês terão o restante do encontro de hoje e mais 25 minutos da próxima aula para pesquisar,
apurar e até mesmo entrevistar o jovem selecionado por vocês, conforme as instruções que o professor
apresentará. O restante do tempo será destinado à escrita do perfil.
O tempo é curto, mas suficiente, e ninguém pode ficar para trás! Aí vai um exemplo de jovem com história
inspiradora cuja trajetória vocês podem pesquisar na internet.
Malala Yousafzai – Foi a pessoa mais jovem a receber um Prêmio Nobel da Paz. Luta pelo direito de jovens
estudarem no Paquistão.
Mas não se limitem a ela: busquem histórias de outros jovens que também mereçam ser contadas, sejam
eles famosos ou do círculo de convívio de vocês.
1 Colocar-se no lugar de outros jovens que enfrentam desafios semelhantes aos seus;
2 Refletir sobre as suas escolhas e a responsabilidade que tem sobre elas;
3 Criar estratégias para os anos que seguem o final da educação básica;
4 Conhecer trajetórias de jovens inspiradores.
Em outros módulos, já discutimos sobre este eixo. Agora que você já conheceu um exemplo de atividade
que consta no Caderno do Estudante e das possíveis maneiras de trabalhar com seu conteúdo, vamos
apresentar outras práticas que podem ser realizadas na sua escola.
Você já pensou nas ações que a escola está fazendo para fortalecer os valores e repertórios dos estudantes
na hora de fazer escolhas em suas vidas?
Um caminho interessante é acompanhar como os valores decorrentes dos Quatro Pilares da Educação
estão sendo intencionalmente movimentados na escola.
Lembre-se!
A equipe gestora deve monitorar o impacto do trabalho intencional com valores na escola e compartilhar
os resultados com todos (pais e estudantes também estão nessa lista).
Um caminho para esta partilha é, considerando o mesmo período do ano anterior, por exemplo, medir se
os custos com manutenção escolar diminuíram; atrasos, pedidos de dispensa; desperdício com a refeição
são alguns exemplos de como o impacto com valores pode ser medido na escola. Os valores elencados
devem ser praticados por todos na escola. Todos mesmo! Todos os educadores devem ser e se ver como
uma presença afirmativa para os estudantes. Assim, se os estudantes não podem chegar atrasados para as
aulas, seus professores também não devem fazê-lo. Essa é uma das formas de exercício prático da
presença pedagógica e também da vivência dos valores do Inova Educação.
Uma das formas de trabalhar com os valores na sala de aula é sempre apostar numa atitude protagonista
dos estudantes, elencar os contratos de convivência para todas as turmas. Não esqueça de que o contrato
nunca deve ser unilateral, partindo somente do professor, e valer somente para os estudantes, sem que o
professor e demais profissionais da escola também respeitem os combinados. Todos que estiverem na sala
44
devem praticar os mesmos valores. Para tanto, você precisará do apoio da Coordenação Pedagógica da
escola.
O contrato de convivência
No contrato de convivência cabem combinados que vão desde o cuidado com a limpeza dos banheiros e a
organização da fila no refeitório até a importância de dar “bom dia” para quem frequenta a escola. Veja
um exemplo de caminho a seguir para a elaboração do documento.
Leia mais... Gestor deve organizar a agenda de reunião com todos os líderes/representantes de turma,
nesta reunião deverá apresentar o que é um contrato de convivência e orientar os estudantes em como
fazê-lo com sua turma considerando os valores a ser trabalhados pela escola. Importante sempre trabalhar
numa vertente formativa e não punitiva.
Leia mais... A Coordenação Pedagógica deve alinhar com todos os professores de cada período que no dia
X na aula Y o representante da turma irá conversar com seus pares para explicar como será o processo de
trabalho para a elaboração do contrato de convivência da escola.
Leia mais... No dia indicado, todos se organizam para este importante evento. Professores que têm aula
neste momento ficam em sala e ajudam os estudantes na discussão sem se posicionar, a fim de estimular o
protagonismo dos estudantes.
Elaborar relatório dos resultados da conversas com a turma sobre o contrato de convivência.
Leia mais... Feito este movimento, cada líder/representante de turma deverá entregar a contribuição de
sua turma para a Coordenação Pedagógica.
Leia mais... O(s) professor(es) de Projeto de Vida apoiado(s) pela Coordenação Pedagógica deverão
sumarizar os olhares de todas as turmas em um só documento: o contrato de convivência da escola.
Leia mais... O próximo passo será, novamente, em dia e horário marcado para todas as turmas da escola, a
validação ou ajustes pelas turmas do que deverá ser o contrato de convivência da escola.
45
Leia mais... Ao ser validado, o contrato deverá ser fixado em todos os ambientes da escola, para que todos
pratiquem seu conteúdo. Todos também devem se sentir responsáveis pelo acompanhamento desse
processo. Importante combinarem, também, como agirão quando algo do contrato for descumprido.
Leia mais... Vocês podem discutir com os líderes se a validade do contrato é de um semestre ou de um
ano. Vale ressaltar que a escola não pode ficar sem o contrato de convivência o qual não pode ser
elaborado sem a participação dos estudantes.
Atenção!
O objetivo deste eixo é o desenvolvimento pleno do estudante e sua preparação para fazer escolhas com
base no seu projeto de vida, o que significa ir além de um modelo moral de comportamento.
Esse desenvolvimento pode ser apoiado pelo trabalho na escola de forma intencional, explícita, ativa e
sequencial, de modo articulado e integrado ao currículo, numa visão sistêmica das ações escolares e do
desenvolvimento humano.
Veja o exemplo de um quadro preenchido para a aula O que gosto de fazer, como me vejo no presente e
no futuro?
46
Repare que as competências em foco estão sempre contidas entre aquelas priorizadas para ser
desenvolvidas ano a ano. Sua indicação apoia o processo de acompanhamento do desenvolvimento do
estudante pelo professor.
Veja, a seguir, parte da atividade Desafio do Autoconhecimento Socioemocional, que consta no material do
estudante do 6º ano do Ensino Fundamental.
A proposta é que essa atividade seja desenvolvida logo depois de os estudantes terem respondido a um
exercício em que identificaram como anda o desenvolvimento das suas competências socioemocionais
individualmente e, em seguida, levantaram quais são as duas que precisam de mais acompanhamento
dentro da turma, de forma coletiva.
Para seguir em frente neste desafio, que é um verdadeiro “jogo da vida”, escreva em seu Diário de Práticas
e Vivências um plano de desenvolvimento pessoal para se desenvolver nas competências que foram
escolhidas pela turma.
Passo 1: Indique pelo menos um colega da turma que possa apoiar você no desenvolvimento de cada uma
dessas duas competências. Converse com esse colega para pedir o apoio dele!
Passo 2: Planeje pelo menos uma ação que você deverá praticar para conseguir desenvolver cada uma das
duas competências.
Lembre-se
Mantenha o seu Diário de Práticas e Vivências sempre atualizado! Registre nele suas ideias, percepções,
experiências, desejos, vitórias... Faça dele o seu melhor amigo!
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Relembre algumas informações sobre o eixo Desenvolvimento intencional de competências
socioemocionais
As competências socioemocionais são maleáveis, ou seja, passíveis de serem desenvolvidas por meio de
experiências formais e informais de aprendizagem, apesar de se apresentarem como padrões mais ou
menos consistentes de pensamentos, sentimentos e comportamentos.
As cinco macrocompetências e as 17 competências foram selecionadas para serem focadas ao longo dos
Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, como mencionado em módulos anteriores, por
possuírem evidências de impacto positivo para a aprendizagem, bem-estar, continuidade dos estudos,
empregabilidade, dentre outros.
Assista ao vídeo da professora Lilian Bacich, elaborado para a formação básica do curso de Tecnologia,
sobre o conceito de metodologias ativas e suas variações.
Desta forma, o estudante reflete sobre o processo e se apropria mais do aprendizado proporcionado pela
situação, ampliando seu repertório. Quando ele se deparar novamente com um desafio, a probabilidade
de saber lidar com aquela situação é maior, generalizando o aprendizado da competência.
E você, professor, é essencial para conduzir os estudantes nesse processo de reflexão e autoconsciência
sobre quais competências estão sendo desenvolvidas e mediante quais experiências.
O objetivo deste eixo é assegurar o pleno domínio de um conjunto de aprendizagens essenciais previstas
desde o Ensino Fundamental até a conclusão do Ensino Médio.
Trata-se de viabilizar o que foi previsto no Currículo no tempo e na qualidade de suas respectivas etapas de
ensino, possibilitando o desenvolvimento e a aprendizagem do estudante, de modo que:
Identifique e busque superar seus limites (não se frustre, não se apequene, não se desacredite);
Explore e amplie suas possibilidades (se desenvolva, se realize, se compreenda).
Na aula Retrovisor, que está no Caderno do Estudante do 9º ano do Ensino Fundamental, este eixo se
concretiza. Veja!
Aula: Retrovisor
A vida de estudante não é fácil: são muitos os conhecimentos que você precisa aprender! E mesmo
sabendo da importância deles para a sua formação, às vezes você gosta mais de algumas disciplinas do que
de outras e isso faz com que se saia melhor em certos componentes curriculares, deixando um pouco a
desejar em relação a outros. Mas isso não é um problema quando se tem em mente que há diversas
maneiras de aprender, de estudar e de pesquisar para se apropriar cada vez mais das aprendizagens
escolares! O primeiro passo para isso é identificar qual a sua relação e afinidade com cada componente
curricular!
1 Odeio/Muito pouco
49
2 Tolero/Pouco
3 Tanto faz/Razoável, na média
4 Gosto/Bom
5 Amo/Ótimo
Língua
Portuguesa
Arte
Educação
Física
Língua
Inglesa
Matemática
Ciências
Geografia
História
Eletivas
Tecnologia e
Inovação
Projeto de
Vida
Resultado
50
Não é só por meio das notas e das avaliações que se percebe como as aprendizagens são importantes para
nós. É válido reconhecer, mesmo naqueles componentes em que não nos saímos tão bem, a relevância que
eles têm para a nossa vida, no presente e no futuro. No quadro abaixo, indique pelo menos uma
aprendizagem de cada componente que você considere essencial para sua vida e explique porque ela é tão
relevante. Por exemplo: ela permitiu que você entendesse melhor aspectos do seu cotidiano e do mundo
em que vive? Ela o ajudou a desenvolver competências? Tem a ver com a área profissional que você
pretende seguir no futuro? Ela o conectou com pessoas importantes para a sua vida?
Língua Portuguesa
Arte
Educação Física
Língua Inglesa
Matemática
Ciências
Geografia
História
Tecnologia e Inovação
Eletivas
Projeto de Vida
Uma formação acadêmica de excelência é aquela que se realiza por meio de práticas eficazes de ensino e
de processos verificáveis de aprendizagem, que asseguram o pleno domínio, por parte do estudante, do
conhecimento a ser desenvolvido desde o Ensino Fundamental à conclusão do Ensino Médio.
Neste contexto, cabe ressaltar que é necessário cuidar do desempenho escolar em todas as suas
instâncias: na sala de aula e em todos os espaços escolares. Você pode utilizar indicadores para garantir o
alinhamento entre as ações do educador e dos estudantes, com as ações e estratégias da escola e
monitorar os resultados esperados.
Você conheceu alguns exemplos das muitas atividades propostas no Caderno do Estudante, as quais
trabalham os três eixos estruturantes: formação para a vida, desenvolvimento intencional de
competências socioemocionais e formação acadêmica de excelência.
Hora de refletir!
Depois de conhecer essas atividades, agora é hora de dar a sua cara a elas!
Caso você queira, poderá compartilhar as suas reflexões e sugestões nas redes sociais com
a #inova_educacao.
No Módulo 1, você viu que é preciso construir uma nova cultura escolar para que a escola e sua equipe
promovam as condições necessárias para o trabalho com o projeto de vida de seus estudantes.
Muito já é feito pela escola e por seus professores, e o caminho aqui desenhado traz diferenciais
importantes:
Esses elementos movimentam a gestão da sala de aula. Sem eles, não há como garantir as entregas que
contribuirão para que os estudantes alcancem seu projeto de vida. Tudo começa com o trabalho entre o
professor e seus estudantes – e a ele retorna, num processo contínuo de retroalimentação.
52
Agora, assista ao vídeo com o vice-diretor Luciano André Mantovani, da E.E. Priscila Fernandes da Rocha, e
com a coordenadora Rute Correia Scardua, da E.E. Educador Pedro Cia, sobre a importância do trabalho da
gestão da escola para o projeto de vida dos estudantes.
3.1.9. Dicas práticas de gestão da aula
Quando há espaço na escola para que o projeto de vida dos estudantes seja desenvolvido
intencionalmente, a escola se aproxima, ainda mais, dos anseios e desejos dos estudantes por uma
educação que contemple seus interesses e os apoie na aprendizagem de ferramentas para a construção de
seus projetos de presente e futuro.
Embora muito do trabalho do professor aconteça antes e depois de cada aula, é durante a aula que a sua
prática aparece com maior evidência. São nos momentos de ação junto aos estudantes que todos os
esforços se tornam visíveis e ganham sentido. Uma dessas ações mais “ocultas” aos olhos dos estudantes,
mas que é rapidamente percebida por eles, é o planejamento.
Assista ao vídeo do diretor Osmar Francisco de Carvalho, da E.E. Prof. Milton da Silva Rodrigues, sobre a
importância do acompanhamento para o projeto de vida dos estudantes.
Saiba mais! Salvo em PDF
Veja alguns cuidados que precisam ser tomados para as aulas do componente Projeto de Vida.
Antes da aula
Durante a aula
Depois da aula
AVALIAÇÃO
O Inova Educação tem como principais objetivos tornar a escola mais conectada com as aspirações e as
atuais necessidades dos adolescentes e jovens e desenvolver a educação integral de estudantes pelo
trabalho intencional de competências voltadas para o século 21.
A fim de atender a essas expectativas, os componentes curriculares Tecnologia e Inovação, Projeto de Vida
e Eletivas contemplam conteúdos e estratégias de aprendizagem específicos, que visam a contribuir com o
desenvolvimento dos estudantes em quatro dimensões: pessoal, profissional, acadêmica e cidadã. Nesse
contexto, faz-se necessário repensar as concepções e os princípios avaliativos, tendo em vista que a
avaliação educacional é peça-chave no acompanhamento dos processos de aprendizagem.
O módulo Avaliação é comum aos três componentes. Apesar de tratar da mesma temática, ele traz
algumas especificidades em avaliação para cada um deles. Portanto, estude e realize as atividades com
bastante atenção.
Para desenvolver melhor esses conceitos e objetivos, o módulo está organizado em três grandes temas:
Um dos objetivos deste módulo é refletir sobre a importância da avaliação, inserida nos processos de
ensino e de aprendizagem, com foco no desenvolvimento integral do estudante no contexto do século 21.
Desde sua gênese, a educação tem objetivos, funções, compromissos sociais relacionados ao contexto
político, econômico, científico e cultural. O ato de educar é um processo permanente na história das
sociedades e certamente não é o mesmo em todos os tempos e lugares, pois se vincula ao projeto de
cidadania e de sociedade que se quer ver emergir e transformar. Assim, a educação e a sociedade exercem
forte influência uma sobre a outra.
O Inova Educação situa sua proposta na aprendizagem integral do estudante, no contexto do século 21, e
estabelece, de forma inovadora, práticas de aprendizagem mais dinâmicas, contextualizadas com a vida
prática, com foco nas competências cognitivas e socioemocionais, promovendo o desenvolvimento de
habilidades valiosas para o futuro.
Diante dessas habilidades que apontam para a complexidade do sujeito do século 21, a avaliação deve
considerar as demandas da vida atual: o enfrentamento de problemas, o relacionamento com o outro, o
protagonismo juvenil, o mundo do trabalho em situações contextualizadas da vida real, dentre outras. Sob
essa perspectiva, o instrumento avaliativo deve ter características que promovam, de modo mais efetivo, a
mensuração das capacidades do estudante em todos esses aspectos. A avaliação também precisa ser
contextualizada e desafiadora para ele.
Em busca de desenvolver o sujeito integral, com todas as suas complexidades, o Currículo Paulista, apoiado
na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), propõe o desenvolvimento de dez competências para o século
21.
Clique nos itens a seguir para conhecer mais sobre cada uma das 10 competências:
1 Conhecimento
Valorizar e utilizar os conhecimentos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar
a realidade, continuar aprendendo e colaborar com a sociedade democrática. […]
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2Pensamento crítico, científico e criativo
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a
reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade para investigar causas, elaborar e testar hipóteses,
formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das
diferentes áreas. […]
3 Repertório cultural
Valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais para fruir e participar de práticas diversificadas da
produção artístico-cultural. […]
4 Comunicação
Utilizar diferentes linguagens: verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual,
sonora e digital para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes
contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. […]
5 Cultura digital
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica,
significativa, reflexiva e ética para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. […]
6 Trabalho e projeto de vida
Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências
para entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da
cidadania e ao seu projeto de vida. […]
7 Argumentação
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis para formular, negociar e defender ideias,
pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, com posicionamento
ético. […]
8 Autoconhecimento e autocuidado
Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional para compreender-se na diversidade
humana e reconhecer suas emoções e as dos outros. […]
9 Empatia e cooperação
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação para respeitar e promover o
respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de
grupos sociais. […]
10 Responsabilidade e cidadania
Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação
para tomar decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Ao longo da Educação Básica, cabe assegurar aos estudantes o desenvolvimento das 10 competências
gerais que articulam e mobilizam competências cognitivas, socioemocionais e princípios éticos, estéticos e
políticos. Nesse sentido,
“(...) é importante reforçar que, sendo as competências cognitivas e socioemocionais indissociáveis, sua
mobilização também ocorre simultaneamente, fato que deve ser intencionalmente explorado a fim de
garantir o perfil do estudante previsto nas competências gerais”.
Essa concepção pedagógica busca superar a divisão e hierarquização entre o desenvolvimento cognitivo e
o socioemocional. Dessa forma, em sintonia com o Currículo Paulista, cabe apresentar um entendimento
sobre as competências socioemocionais e do papel da escola em potencializar o desenvolvimento pleno
dos estudantes.
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Esse desenvolvimento pode ser apoiado pelo trabalho na escola de
forma intencional, explícita, focada, ativa e sequencial, de modo articulado e integrado ao currículo,
numa visão sistêmica das ações escolares e do desenvolvimento humano.
Para relembrar as competências socioemocionais a serem desenvolvidas intencionalmente nos Anos Finais
do Ensino Fundamental e Ensino Médio e conhecer evidências científicas sobre os impactos positivos desse
desenvolvimento na vida dos estudantes, clique aqui.
O Modelo Pedagógico proposto pelo Inova Educação, em sintonia com as competências gerais da Educação
Básica fixadas na BNCC e com os princípios dispostos no Currículo Paulista, reorganiza a Matriz Curricular,
tendo como premissa o desenvolvimento integral do estudante: cognitivo, físico, intelectual, cultural e
socioemocional.
1 Aprender a conhecer
2 Aprender a fazer
3 Aprender a conviver
4 Aprender a ser
Esses componentes incluem, portanto, atividades educativas cujo objetivo é assegurar maior nível de
reflexão, escolha, protagonismo, criatividade e engajamento, promovendo o desenvolvimento de
indivíduos para uma sociedade justa, autônoma e ética, que façam escolhas e convivam com as
adversidades, para planejar e alcançar seus objetivos presentes e futuros.
Nesse contexto, faz-se necessário repensar as concepções e os princípios avaliativos, tendo em vista que a
Avaliação Educacional é peça-chave no acompanhamento dos processos de aprendizagem que devem
avançar à medida que são subsidiados por decisões do professor, da equipe gestora e da comunidade (e
isso é possível), por meio das reflexões fundamentadas nas avaliações.
É preciso compreender a avaliação como parte do processo educativo. Isso implica avançar no sentido de
analisar suas finalidades e funções. Nesse contexto, o professor precisa refletir:
[…] a avaliação, no âmbito escolar, deve ser encarada como um recurso pedagógico que permite aos
professores, gestores e demais profissionais da educação acompanhar a progressão das aprendizagens,
oferecendo subsídios para a análise do próprio processo de ensino. (Currículo Paulista, 2019, p.41).
Saiba mais!
Para saber mais sobre o contexto e os desafios do Inova Educação, acesse os materiais a seguir:
Agora, você vai conhecer as formas de avaliação e suas características. Isso significa entender melhor os
usos e as funções da prática avaliativa no contexto escolar.
Tarefa didática necessária, permanente e complexa que pressupõe apreciação qualitativa sobre dados
relevantes para acompanhar a progressão das aprendizagens e auxiliar o professor na análise de ensino e
na tomada de decisão.
Essa é uma concepção atual de avaliação. Nem sempre foi assim! Historicamente, a avaliação escolar
tradicional tende a ser classificatória e excludente, exigindo dos estudantes mais esforço quando há notas
em jogo. O prazer pelos estudos é substituído por um “passar de ano”, um “se dar bem”. Ficam isolados os
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debates, as posições e oposições, a circulação de ideias. Prevalece à sala de aula a cópia, a repetição, a
singularidade.
Avaliar é tarefa didática permanente e que busca acompanhar a progressão das aprendizagens. Dessa
forma, a avaliação escolar apresenta características diversas e cumpre diferentes funções, como mostra o
quadro a seguir.
Vale lembrar que os tipos de avaliação não são excludentes e podem se somar.
Para começar a refletir sobre isso, observe a imagem a seguir, analisando-a à luz das atuais concepções de
avaliação.
A avaliação formativa avalia a aprendizagem e tem, portanto, um caráter pedagógico e processual. Por
meio dela, o professor pode não somente ajustar seu planejamento, seu plano de ensino e de aula às reais
necessidades de aprendizagem, como também proporcionar aos estudantes um feedback formativo e de
qualidade, acionando, de forma intencional, competências cognitivas e socioemocionais, ampliando as
oportunidades de aquisição do conhecimento
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Dessa forma, os estudantes são sistematicamente envolvidos nos processos de ensino e de aprendizagem,
tornando-se sujeitos ativos, partilhando o que e como aprenderam, refletindo sobre suas estratégias
cognitivas, autorregulando, assim, suas aprendizagens.
Não por acaso, Cortesão (1993) compara a avaliação formativa com uma “bússola orientadora do processo
de ensino-aprendizagem”. E essa “bússola orientadora” norteia as ações pedagógicas e o trabalho do
estudante.
O papel do professor
Hora de refletir!Agora reflita sobre o que a avaliação formativa permite ao professor avaliar:
Lembre-se de fazer o registro de suas reflexões. E não deixe de compartilhá-las com os educadores da
escola na qual você atua.
Comentário
Para entender o que é necessário avaliar no âmbito da avaliação formativa, você precisa retomar o
objetivo da escola no século 21 e o que a ela cabe ensinar, conforme foi tratado no início deste módulo, no
tema “4.1.2. Avaliando no século 21 e os desafios do Inova”.
O contexto de mudanças em que vivemos, marcado pelo uso crescente das novas tecnologias da
informação e da comunicação, tem modificado a forma como ensinamos e aprendemos.
A formação para a vida fortalece as condições para que o estudante veja valor em si mesmo, na sua vida,
nas experiências que configuram sua trajetória, se conheça mais e melhor, identificando seus interesses e
necessidades, bem como caminhos e estratégias para superar as dificuldades e possíveis frustrações e
alicerçar a realização de seus sonhos.
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Essa liberdade, segundo Moran (2013), delineia um novo cenário educacional que deve colocar em
evidência as metodologias ativas de aprendizagem, propícias ao desenvolvimento da autonomia, do
autogerenciamento e da corresponsabilidade do estudante na aquisição do conhecimento.
Esse modelo pressupõe práticas pedagógicas mais interativas, colaborativas, personalizadas e, em sua
maioria, mediadas por tecnologias, planejadas com base em tendências e evidências, que buscam respeitar
as diferentes características, ritmos e interesses dos estudantes, que fortalecem a ação docente e o vínculo
entre professores e estudantes e definem abordagens pedagógicas inclusivas e diversificadas.
Em outras palavras, para atender às necessidades de aprendizagem do jovem do século 21, é preciso que a
escola se reinvente. Ela precisa desenvolver situações didáticas que coloquem o estudante no centro do
processo educativo, como protagonista, de forma que todas as suas capacidades, cognitivas e
socioemocionais, sejam potencializadas. Com isso, espera-se que esse jovem esteja preparado para
mobilizar, articular e colocar em prática conhecimentos, valores, atitudes e habilidades de se relacionar
consigo mesmo e com os outros. Dessa forma, será capaz de fazer escolhas seguras, saudáveis,
sustentáveis e éticas, tomar decisões responsáveis, contribuir com a sociedade e estabelecer e atingir
metas de vida.
Logo, cabe à escola ensinar e avaliar competências cognitivas e socioemocionais que, no processo de
ensino e de aprendizagem, se articulam de forma sinérgica. A separação entre elas é unicamente didática!
É preciso, portanto, ensinar e avaliar considerando que a interação entre elas é contínua.
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atividades e identificar o que pode ser melhorado. O professor tem assim a oportunidade de refletir com
seus pares (outros docentes), trocar experiências e obter acesso a diferentes referências.
Como atualmente cabe à escola avaliar competências e habilidades, torna-se imprescindível refletir sobre
as práticas avaliativas mais aderentes a essa nova forma de ver e pensar o sujeito no século 21,
particularmente no âmbito da avaliação formativa.
Hora de refletir!
Antes de se aprofundar nas discussões relativas aos instrumentos e às práticas avaliativas mais aderentes à
formação dos estudantes no e para o século 21, reflita sobre estas questões:
Lembre-se de fazer o registro de suas reflexões. E não deixe de compartilhá-las com os educadores da
escola na qual você atua.
Para ampliar a discussão, Zabala e Arnau (2010) destacam que avaliar competências exige que o professor
possua dados autênticos sobre o nível de aprendizagem de cada estudante em relação à competência em
destaque, com uma variedade de instrumentos que atendam às características específicas de cada
competência, considerando ainda o contexto em que esta deve ou pode ser realizada. Ou seja, é preciso
ter indicadores de desempenho para tomada de decisão.
Dentre os instrumentos e meios variados dos quais falam esses autores, destacam-se a autoavaliação, a
observação, a roda de conversa, a entrevista, os diferentes tipos de registro (rubricas, fichas, portfólios,
diário de classe, pareceres, entre outros).
Clique nos itens a seguir para saber mais sobre esses instrumentos:
Autoavaliação
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Mas, afinal, o que é autorregulação?
Em que medida ela pode ser promovida por meio da autoavaliação?
Autoavaliação
Escrita – mais
propícia para aferir
conteúdos e
procedimentos.
Hora de refletir!
Lembre-se de fazer o registro de suas reflexões. E não deixe de compartilhá-las com os educadores da
escola na qual você atua.
Observação
Hora de refletir!
Lembre-se de fazer o registro de suas reflexões. E não deixe de compartilhá-las com os educadores da
escola na qual você atua.
Registros
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estratégias e do resultado alcançado. Como exemplos de utilização desse instrumento, temos os portfólios,
o diário de classe, cadernos de registro dos estudantes, pareceres.
Os resultados são, geralmente, bastante positivos do ponto de vista pedagógico, quando o estudante
constata ter sido capaz de realizar inúmeras coisas que nem sabia que tinham valor. Aliás, em alguns
países, como Canadá e Estados Unidos, o portfólio vem sendo adotado como substituição ao currículo, na
busca pelo primeiro emprego.
Hora de refletir!
Lembre-se de fazer o registro de suas reflexões. E não deixe de compartilhá-las com os educadores da
escola na qual você atua.
Para saber mais sobre o estudante e sobre o que ele conhece, acolhendo-o em suas diferenças, é preciso
ter um olhar atento, de descoberta, que busca responder às seguintes questões:
As respostas a essas questões podem ser levantadas por meio da avaliação diagnóstica, pois é ela que
permite aferir o que os estudantes sabem e dominam, levanta os conhecimentos prévios necessários a
novas aprendizagens, no momento inicial de um processo educativo. Desse modo, verifica as dificuldades
de aprendizagem, as carências formativas e, simultaneamente, levanta os pontos fortes, balizando
tomadas de decisão, no que se refere ao planejamento de ensino.
Nesse contexto, fica evidente que a avaliação diagnóstica ou de entrada é essencial para analisar a situação
da turma e dos estudantes, antes de iniciar um processo formativo (bimestral, semestral), conhecer suas
potencialidades e fragilidades e, nesse sentido, conduzir o processo baseado em uma seleção clara dos
objetivos das atividades e das propostas de estudos e direcionamentos. A intencionalidade do professor,
no momento de aplicação de um instrumento, sendo um teste ou não, constitui, de fato, o modelo de
avaliação.
Hora de refletir!
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Quais informações oferece?
Lembre-se de fazer o registro de suas reflexões. E não deixe de compartilhá-las com os educadores da
escola na qual você atua.
A avaliação somativa tem por objetivo avaliar de maneira geral o grau de aprendizagem, ao final de um
percurso, e coloca em evidência o resultado das avaliações realizadas pelo professor, em sala de aula, seja
ao término de um bimestre, semestre ou ano letivo. A avaliação com esse propósito procura sintetizar a
aprendizagem e é, essencialmente, retrospectiva. Mas também tem natureza prospectiva, pois a partir de
sua análise, você, como educador, toma decisões sobre o percurso escolar seguinte.
Essa avaliação também tem um caráter social, já que pode ser voltada, sobretudo, aos responsáveis pelas
políticas educacionais e à comunidade escolar. As avaliações de larga escala são bons exemplos de
avaliações somativas. No Brasil, em âmbito federal, destaca-se o Sistema de Avaliação da Educação Básica
(SAEB). Em São Paulo, a Secretaria da Educação conta com o Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar
do Estado de São Paulo (SARESP), que, por meio de metodologias formais e científicas, coleta e sistematiza
dados e produz informações relevantes sobre o desempenho do estudante.
Hora de refletir!
Lembre-se de fazer o registro de suas reflexões. E não deixe de compartilhá-las com os educadores da
escola na qual você atua.
Segundo Ristoff (1995), a avaliação deve ser espelho e lâmpada, não apenas espelho. Espera-se que ela
não reflita apenas a realidade enquanto espelho, mas também que possa iluminar essa realidade
revelando sombras, relações e atribuindo significados.
No âmbito do Inova Educação, é preciso considerar as três funções que a avaliação educacional pode
assumir de acordo com os propósitos educativos de cada componente. Agora, veja como a avaliação está
relacionada ao componente:
Projeto de Vida
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No que se refere ao componente Projeto de Vida, ele se origina com base nos desejos, necessidades e
conhecimentos dos estudantes relativos ao que seja e como se desenvolve o projeto de vida, mapeados a
partir de sondagens de caráter diagnóstico realizadas no início de cada ano letivo por meio de atividades
específicas, como a árvore e/ou o varal, e/ou a escada dos sonhos, rodas de conversa, dentre outras.
Ao final de cada bimestre e/ou do ano, o professor, ao analisar todo o percurso do estudante, pode aferir o
resultado de todas as ações realizadas durante o desenvolvimento do projeto de vida, e sumarizar,
qualitativamente, o que ele aprendeu por meio de conceitos e não de notas numéricas.
A avaliação formativa tem como objetivo acompanhar o estudante durante seu percurso de aprendizagem.
Para isso, o professor deve esclarecer os objetivos de ensino, propor atividades para o desenvolvimento do
estudante, conversar sobre a aprendizagem do estudante por meio de devolutivas (feedbacks) ao longo do
percurso e, quando necessário, corrigir a rota para buscar o melhor resultado possível.
Amabilidade
Empatia
Respeito
Confiança
Abertura ao novo
Curiosidade para aprender
Imaginação criativa
Interesse artístico
Autogestão
Foco
Responsabilidade
Organização
Determinação
Persistência
Engajamento com os outros
Iniciativa social
Assertividade
Entusiasmo
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Resiliência emocional
Tolerância ao estresse
Autoconfiança
Tolerância à frustração
Essa ferramenta é composta de rubricas instrucionais que se referem a cada uma das competências
socioemocionais. Em cada competência socioemocional, o estudante deve escolher em qual “degrau” se
encontra nesse processo de desenvolvimento. A seguir, a rubrica socioemocional de Empatia mostra isso
de forma mais detalhada:
Empatia é usar nossa compreensão da realidade, da vida e habilidades, para entender as necessidades e
sentimentos dos outros, agir com bondade e investir em nossos relacionamentos, ajudando e prestando
apoio e assistência.
1. Por que isso é importante? Quando temos empatia, podemos entender as necessidades e
sentimentos de outras pessoas e dar apoio de acordo com o que elas precisam. Agindo assim, somos
gentis e atenciosos com os outros. É como cuidar de nosso jardim, a empatia nos ajuda também a
cultivar o relacionamento com nossos familiares e amigos.
2. Rubrica: De uma forma geral, como você autoavalia sua empatia? Leia a seguir as descrições de
cada degrau de desenvolvimento desta habilidade:
Nessa rubrica, inicialmente são apresentados breves trechos com a definição da competência, explicando o
que se entende por empatia e sua importância. Então, é pedido que o estudante leia os degraus e
identifique qual deles melhor representa sua percepção sobre seu próprio nível de desenvolvimento nessa
competência. Cada coluna se refere a um nível de desenvolvimento da competência em questão, por isso
essas colunas são chamadas de degraus.
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Antes de aplicar as rubricas com os estudantes e analisar as respostas para conversar com eles, o professor
pode fazer a atividade a seguir e responder primeiro às rubricas instrucionais, exercitando a homologia de
processos.
Mão na massa!
2. A primeira página contém instruções gerais sobre como responder às rubricas instrucionais. Por
favor, leia essas instruções com atenção.
3. Após ler as instruções, responda aos dois exemplos de rubrica sobre escovar os dentes, um sobre
um garoto chamado Carlos e outro pensando em você mesmo. Essa etapa é extremamente importante para
contextualizá-lo sobre como responder às rubricas, então tome seu tempo para entendê-la bem.
4. Pronto! Agora é só responder às rubricas socioemocionais pensando em você mesmo.
5. Repare que, em cada página/folha, abaixo dos degraus, é apresentado um quadro dividido por
aplicação. Para essa atividade, você pode relatar o seu “degrau” usando o quadro com título de “Aplicação
1”.
Como foi fazer essa atividade? Você conseguiu responder a todas as rubricas?
Os estudantes poderão destacar as páginas em que registrarem as suas respostas. E você contará com
espaços da Secretaria Escolar Digital (SED) para registrar as suas respostas, de forma que facilite o seu
acompanhamento. Em breve, haverá uma formação específica sobre o uso da SED, considerando essas
telas.
Agora que você teve acesso às rubricas instrucionais, mais à frente, no item “4.1.15. Atividade de
avaliação”, vamos detalhar um pouco mais a aplicação dessa ferramenta para quando você estiver com
seus estudantes.
Depois de refletir sobre o jovem do século 21 e as implicações da avaliação nesse contexto, é hora de
pensar a respeito dos procedimentos a serem adotados considerando os resultados que você terá em
mãos.
Ao escolher os instrumentos de avaliação que considerar ideais para cada componente do Inova, será
preciso definir o que fazer a partir dos resultados atingidos pelos estudantes, sem perder de vista que
esses indicadores também dizem muito sobre o impacto das ações adotadas por você.
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Conceito ou nota?
As notas de zero a 10 que são utilizadas no fechamento bimestral e final das avaliações dos estudantes nos
demais componentes serão substituídas por conceitos do Inova Educação. Assim, esses três componentes
não reprovarão, a menos que o estudante não tenha presença suficiente.
A nota também demonstra a verificação das aprendizagens, mas, no caso desses três novos componentes,
optou-se por algo que aproximasse a avaliação de habilidades socioemocionais e cognitivas. Por isso os
resultados serão expressos por conceitos. Nesse aspecto, um conceito avaliativo pode representar melhor
o desenvolvimento das competências na formação do sujeito integral.
Uma discussão com professores da rede contribuiu na definição da proposta de uso dos conceitos:
“Engajamento Total”, “Engajamento Satisfatório” e “Engajamento Parcial” para aferir o desenvolvimento
dos estudantes nos componentes do Inova Educação. O grau de engajamento pode conferir maior ou
menor comprometimento do estudante, cognitivo e emocional, no desenvolvimento das ações e das
atividades dos novos componentes curriculares.
Clique nos itens para ver esses conceitos de modo mais sistematizado:
Engajamento Total
Comprometeu-se de forma produtiva e efetiva nas ações e nas atividades desenvolvidas ao longo do
bimestre/ semestre/ ano, dedicando-se e apoiando os colegas.
Engajamento Satisfatório
Comprometeu-se em parte nas ações e nas atividades desenvolvidas ao longo do bimestre/ semestre/ ano,
dedicando-se e apoiando os colegas.
Engajamento Parcial
Comprometeu-se pouco nas ações e nas atividades desenvolvidas ao longo do bimestre/semestre/ano,
com apoio dos colegas.
Os sistemas da SED foram ajustados para inclusão do conceito para cada estudante por bimestre. Ele será
incluído em seu histórico e boletim escolar. Haverá uma formação específica sobre uso dos sistemas
contemplando esses ajustes.
O “erro”
O erro assume uma posição de destaque, torna-se objeto de estudo, pois revela o caminho percorrido pelo
estudante na busca por resultados assertivos. Adota-se, sob essa perspectiva, uma concepção de
aprendizagem que põe em evidência a tentativa e o erro como aspectos intrínsecos à aprendizagem,
procedimentos mentais dos quais os estudantes lançam mão na aquisição do conhecimento. Adquirem,
portanto, dupla função: para o professor, revelam as estratégias do aprendiz com relação ao objetivo de
aprendizagem almejado, permitindo a reflexão sobre o fazer pedagógico; para o estudante, apontam a
adequação ou a inadequação dos procedimentos adotados na realização de uma atividade, e a
necessidade de reorganizar/repensar novas estratégias. Dessa forma, por meio da avaliação contínua,
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formativa, tanto estudantes como professores tornam-se sujeitos ativos na aquisição de seus próprios
conhecimentos.
Portanto, pensar em Resultados e Devolutivas em Avaliação exige ter elementos para avaliar a qualidade
do erro (AQUINO, 1997) dos estudantes, quando ocorrer, e aprimorar aquilo que eles demonstrarem ter
adquirido. Claro, você deve estar se perguntando, mas que “erro”, se estarei, por exemplo, com o desafio
de desenvolver competências socioemocionais? É possível avaliá-las?
Para responder a essa pergunta, nesse momento, retomamos um dos principais aspectos do curso: cada
estudante é único. Assim, cada um tem mais ou tem menos desenvolvidas algumas habilidades que
poderão ser potencializadas através das ações docentes.
O roteiro a seguir é uma sugestão de possíveis observações a serem feitas durante as aulas. Você pode
utilizar esse (ou outro) instrumento com os estudantes aos poucos, durante algumas semanas, antes de
chegar a alguma conclusão sobre os resultados que cada um tiver obtido. Também perceberá que as
habilidades avaliadas incluem tanto o desenvolvimento cognitivo quanto o socioemocional.
Observe se os estudantes:
São questionadores;
Tiram dúvidas com o professor;
Ajudam colegas com dificuldade;
Trazem novas ideias às discussões;
Respeitam os turnos de fala;
Se concentram nas atividades, ainda que longas;
Preocupam-se com a organização dos materiais e pertences;
Colaboram para manter um clima agradável na turma;
Demonstram ser líderes positivos;
Conseguem lidar com situações de conflito;
Evidenciam estar focados em seu projeto de vida.
Após analisar o roteiro, você acha que poderia adaptar algo assim para acompanhar os estudantes?
Acredita que os itens destacados são pertinentes?
Agora, assista ao vídeo com as coordenadoras pedagógicas Cida Nemet e Angela de Andrade Pozzo, da E.E.
Deputado Raul Pilla, que falam sobre avaliação, instrumentos, devolutiva e o papel do professor e do
coordenador pedagógico nesse processo de avaliação.
AVALIAÇÃO FORMATIVA – CIDA E ANGELA A avaliação formativa funciona como uma lâmpada que vem
para iluminar o caminho e redirecionar ou direcionar o planejamento do professor. Ela funciona em mão
dupla. Ela tanto causa a reflexão do aluno quanto, para o professor também, uma autorreflexão sobre a
prática pedagógica do professor. Então, existe o ajuste dos dois lados. O aluno consegue regular a
aprendizagem dele, e o professor consegue regular a ensinagem dele. Então, é muito interessante, porque,
quando nós trabalhamos a avaliação formativa de forma eficiente, ela realmente funciona, e nós
conseguimos atingir o objetivo, que é a aprendizagem do aluno. Na nossa escola, a avaliação formativa é
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utilizada para regular tanto a aprendizagem quanto o processo de ensino. Ela é dialógica, ela é processual e
ela é intencional. A avaliação formativa precisa estar alinhada àquilo que nós queremos que o aluno
aprenda com a nossa intencionalidade. Então, demanda do professor muita clareza de onde ele quer
chegar, qual é o seu objetivo. E ela também ajuda a regular e ajustar o nosso planejamento, o plano de
aula e o plano de ensino, para que, realmente, aconteça a aprendizagem de uma forma efetiva. Essas
avaliações são feitas a todo momento em sala de aula. Quando nós avaliamos o aluno formativamente, nós
o avaliamos de forma integral: suas atitudes, seus valores, seus conhecimentos. E, para que isso aconteça,
nós utilizamos alguns instrumentos, mas nós privilegiamos 3 basicamente: A observação de sala de aula, a
autoavaliação, pelo próprio aluno, e o registro feito pelo professor. A observação de sala de aula se inicia
no planejamento da própria aula. O que nós podemos verificar? O compartilhamento das experiências, dos
conhecimentos, a interação entre os alunos, e nós podemos também interagir com o aluno, dialogar com o
aluno. Então, o professor vai dialogando, vai observando, e o próprio aluno já vai se autoavaliando, ali,
regulando a aprendizagem dele nesse momento. Os registros são feitos no diário, diário do professor. Nós
temos os portfólios de alunos também, que a gente consegue acompanhar a evolução da aprendizagem
dessa criança. E os registros em fotos, em vídeos. Muitas vezes, nós pedimos até mesmo o auxílio do
próprio aluno para fazer o registro. A autoavaliação pode ser feita de forma escrita, onde o aluno vai
responder algumas questões. E, ao mesmo tempo em que ele vai respondendo, ele já vai se
autoanalisando, se autoavaliando. E ela também pode ser feita de forma oral. Então, durante o processo
de aprendizagem, de ensino na sala de aula, nós podemos ir fazendo perguntas reflexivas para que esse
aluno já vá se autoavaliando. Devolutiva ou @feedback¬ é parte integrante da avaliação formativa. Sem
ela, esse processo perde o sentido. O objetivo central do feedback é que os alunos se tornem mais
autônomos e protagonistas de suas aprendizagens, para que eles vivam em sociedade plenamente. A
devolutiva ou feedback pode acontecer em dois momentos: durante o processo da atividade ou pós.
Durante o processo é quando é uma atividade em que todos os alunos participam e em que o professor
tem uma intencionalidade de observação e avaliação do processo. Pós é uma devolutiva mais pontual,
onde o professor deve também oportunizar esse aluno de novos instrumentos para o desenvolvimento das
suas habilidades no decorrer do processo. O papel do professor na devolutiva é de formador. Ele formar
esse aluno protagonista, esse aluno competente. Como coordenadora pedagógica, eu tenho que observar
a construção do processo pedagógico que o meu professor desenvolveu, dos planejamentos, das aulas. Aí,
eu monitoro como que ele está aplicando essas atividades, se as estratégias estão sendo eficazes, e aí, sim,
eu dou a devolutiva. A devolutiva para professores é um pouquinho mais diferente, é um pouco diferente
da do aluno. Ela está mais fundamentada teoricamente. O professor já traz o plano de ação. O professor
tem um plano de ação, e o que o professor coordenador faz é ajustar esse plano de ação.
As propostas de “pedagogia ativa”, centradas no estudante para que ele seja o protagonista e
corresponsável pela aprendizagem, podem contribuir para o viés avaliativo necessário a esses três
componentes. Você coletará uma série de indicadores ao imergir o estudante em experiências, em pares
ou pequenos grupos, para que testem suas hipóteses, observem os fatos ligados a elas e então retomem as
primeiras ideias para confirmá-las ou refutá-las.
Com os dados em mãos, você perceberá se o caminho adotado pelos estudantes é possível. Poderá
estimular a reflexão para que escolham novas maneiras de solucionar determinados problemas, levando
em consideração o antes, o durante e o depois.
Refletindo mais um pouco sobre a pergunta centrada nesse jovem do século 21, você já deve ter percebido
que o “erro” se distancia do considerado “certo e errado” tradicional. O erro deve ser entendido como um
processo que está entre o ponto de partida e aquele a que se pretende chegar, mediado por você com uso
de feedback.
70
Papéis do feedback
Para que essa prática de devolutiva seja eficaz e efetiva, é preciso considerar alguns aspectos que colocam
em evidência as competências cognitivas e socioemocionais:
É importante situar que esses questionamentos podem não somente nortear o feedback avaliativo, o
diálogo professor e estudante, mas também a organização de situações didáticas futuras que atendam às
necessidades formativas dos estudantes, pois podem dar suporte à reflexão sobre as ações pedagógicas.
Atenção!
As estratégias de devolutiva que forem adotadas devem ocorrer durante as situações de aprendizagem e
ser contínuas, ou não terão caráter formativo.
Outro papel do feedback pode ser encontrado nos momentos de interação estudante & estudante. A
literatura trata do assunto com o termo avaliação reguladora. Veja a tabela a seguir para aprofundar a
discussão. A sugestão é que os estudantes se autoavaliem, assinalando a coluna que melhor representa o
quanto ele concorda com cada afirmação:
71
Sou motivado a aprender
Após fazer os apontamentos na tabela, o estudante analisa seus pontos de melhoria, em que mais se
destacou, e descreve nas observações o que ele precisa fazer para se desenvolver ainda mais. Com isso,
regula a sua aprendizagem. Ele é corresponsável por refletir e agir sobre as suas habilidades em melhoria.
Já o professor é o corresponsável por estimular, por meio de atividades pedagógicas, o aperfeiçoamento
dos pontos de melhoria dos estudantes. E os colegas? Eles também têm um papel! Nos materiais de apoio
dos componentes, estão disponíveis atividades como esta, em que os estudantes conversam sobre o que
acabaram de refletir. Eles podem ouvir conselhos, dicas e até fazer combinados de acompanhamento com
outros.
Na tabela a seguir, veja uma proposta de autoavaliação para atividades coletivas. Aqui estão em jogo
algumas habilidades necessárias para esses jovens. Ao promover reflexões como essas, você estará
contribuindo para o desenvolvimento deles:
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Minhas próximas atitudes de melhoria:
Como você já viu, é importante estimular o estudante a refletir sobre seus pontos de melhoria para que ele
possa aprender o esperado para seu percurso formativo e, também, se questionar para que reveja alguma
prática sua que possa ser repensada, sempre para melhor, ainda que já pareça o suficiente.
Saiba mais
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 16ª ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 2000.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à
universidade. Porto Alegre: Mediação, 1999.
PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens: entre duas lógicas.
Porto Alegre: ArtMed, 1999.
ZABALA, Antoni. A Avaliação. In: ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre:
ArtMed, 1998.
Os últimos apontamentos sobre o uso dos resultados estão na relação professor & professor(es), o que nos
leva diretamente à ATPC. Você poderá se questionar ou levar isso para a discussão com outros colegas, já
que ambos estarão utilizando diferentes maneiras de garantir a efetiva aprendizagem dos estudantes.
Os professores focados em um objetivo comum discutem e compartilham o que fazem para avaliar seu
percurso ou para contribuir com o crescimento do grupo.
Será que o instrumento que escolhi é o ideal? Como poderei registrar as observações durante a dinâmica
da aula? Qual a melhor maneira de abordar determinado grupo de estudantes que não se interessou ainda
pelas atividades propostas? Alguém conseguiu atingir esse grupo menos participativo? Como?
Observe a seguir uma sugestão de instrumento para refletir sobre sua prática:
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Estudantes por Frequência de usoObservações (o que preciso
Instrumentos utilizados aula
Dia Semana Mês rever ou compartilhar?
Observação Individual
Coletiva
Autoavaliação (fichas ou formulários)
Memorial
Portfólio
Diário de Classe
Estudantes por Frequência de usoObservações (o que preciso
Feedback aula
Dia Semana Mês rever ou compartilhar?
Estudo dos resultados dos alunos
Devolutiva Oral Individual
Coletiva
Devolutiva por escrito (relatórios,
anotações etc.)
É importante utilizar um instrumento simples, mas com informações que possam traduzir sua prática em
prol das aprendizagens dos estudantes. Perceba que há um caráter formativo no roteiro, pois, durante o
processo, você toma decisões para potencializar suas ações ou elabora novas, tendo em vista o sucesso do
objetivo almejado no início do percurso.
As reuniões de ATPC serão outro espaço privilegiado de formação continuada na escola. As trocas de
experiências podem favorecer o crescimento profissional de todos, pois em cada escola, os desafios são
únicos. Nóvoa (1995) reforça nossos argumentos de que a formação se dá pela experimentação, pela
inovação, pelo ensaio de novas formas de trabalho pedagógico e por uma reflexão crítica sobre a sua
utilização.
Sendo assim, leve para a discussão com seus colegas os registros e as reflexões que mereçam
aprofundamento: o pensar-fazer. Ainda mais, estimule seus colegas a fazer a mesma coisa: sejam
investigadores e valorizem o processo permanente da formação.
Você acabou de conhecer as informações necessárias para cumprir, da melhor forma, a avaliação e o
acompanhamento deste componente.
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Atividade de avaliação Projeto de Vida
As reflexões propostas no decorrer do curso não se encerram por aqui. A Educação tem objetivos, funções
e compromissos sociais relacionados e está sempre orientada pelos contextos político, econômico,
científico e cultural, como falamos anteriormente.
Se o ato de educar é um processo permanente na história das sociedades, avaliar também é um ato
inerente ao ser humano, porquanto somente por meio da avaliação é possível tomar decisões
fundamentadas.
Estar preparado para agir no desenvolvimento do outro, de forma integrada, avaliando as potencialidades
e observando o desenvolvimento intencional de competências socioemocionais como indicadores
qualitativos, expressa, de fato, a transformação de paradigmas. Todo esse processo reflexivo dos
envolvidos constrói uma visão crítica constituída a partir das análises constantes e avaliações qualitativas e
quantitativas. Uma grande empreitada que exige compromisso e empenho.
Saiba mais!
Assista à videoconferência de 4 de novembro de 2019, que tratou sobre o tema “avaliação: além de se
aprofundar na proposta, você poderá ouvir a experiência de uma estudante e uma professora que já
trabalham com conceitos!
Referências
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emotional skill assessment in children and adolescents: Advances and challenges in personality, clinical,
and educational contexts. Psychological Assessment, 31(4), 591-600.
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BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Base Nacional Comum Curricular. [Versão final homologada, com a
inclusão do Ensino Médio.] Brasília: MEC, 2018. Disponível
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso
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exceptionality. Psychosocial skills and school systems in the 21st century: Theory, research, and practice,
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CORTESÃO, L. Avaliação formativa – que desafios? Lisboa: Edições Asa, 1993.
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Valores).
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Eduardo Magalhães, 2001. Disponível
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em: https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/BNCC/desenvolvimento.html#desenvolvimento . Acesso
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FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 16. ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2000.
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INSTITUTO AYRTON SENNA. Tomando nota! Sobre o desenvolvimento das Competências Socioemocionais
na escola. [s.l.]: Instituto Ayrton Senna, 2016. p. 31. Disponível
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KYLLONEN, P. C., LIPNEVICH, A. A., BURRUS, J., & ROBERTS, R. D. (2014). Personality, Motivation, and
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ZABALA, A.; ARNAU, L. Como aprender e ensinar competências. Porto Alegre: Artmed, 2010. p. 180-181.
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