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Modulo 1

Apostila Anatomia Feminina Básica:


(Apostila de suporte para o curso em vídeo de Juliana LePine, as explicações e aplicação destas
informações no processo de modelagem são ensinadas em vídeo aula)

MODULO 1
Corpo Humano, proporções:

Algumas informações básicas :

- Existem vários estudos diferentes das proporções do corpo humano, esta das “cabeças” pode
ser de grande ajuda quando se trata de escultura.
- As medidas e formas mudam de acordo com a idade e sexo, vamos então nos concentrar no
corpo feminino

- Usando a cabeça como forma de medida, podemos sempre conferir se a escultura está
proporcional ou se perdemos as medidas durante o processo de escultura, porém isto não pode
ser o único conhecimento que temos. A anatomia geral básica do corpo, assim como as
proporções, devem estar “internalizadas” para que possamos olhar e perceber quando algo não
esta certo.
O corpo humano tem várias simetrias e proporções interessantes, que também ajudam o escultor a
verificar e corrigir os erros. Seguem aqui alguns exemplos:

- Um rosto visto de frente tem a largura de 5 olhos


- A distância de um olho pra outro é exatamente um olho
- A cabeça tem a altura de 4 narizes e a face, 3 narizes
- Os olhos ficam exatamente na metade da cabeça
- O pé é do tamanho do antebraço
- O braço esticado na lateral do corpo fica a uma mão de distância do joelho
- O cotovelo fica na mesma altura do umbigo
- Os braços abertos medem o mesmo que sua altura

(Para quem quiser se aprofundar no assunto , pesquise sobre o Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci
e simetrias do corpo humano)

Quanto mais compreendidas e absorvidas essas informações de proporções, formatos e medidas


estiverem mais fácil e rápido a escultura toma forma. Porém é sempre essencial trabalhar com
referências.

Fazendo a estrutura em papel alumínio:

Nesta técnica, fazemos a estrutura em papel


alumínio e vamos respeitar estas
proporções humanas usando o desenho
guia. Após a estrutura pronta, modelamos o
“esqueleto móvel” e para isso é muito
importante conhecermos estes pontos de
junção do esqueleto. Estes pontos são os
pontos móveis e precisam ser deixados
“livres” para que não percamos a
característica principal – a mobilidade – do
nosso esqueleto. O pescoço e a cintura
também devem ser mantidos móveis

Uma vez seco nosso esqueleto com seus


pontos móveis, podemos posicioná-lo de
qualquer maneira que um corpo real se
posiciona sem perdermos as proporções.
Dando movimento ao esqueleto:

O próximo passo depois do esqueleto móvel pronto é o colocar na posição escolhida, usando as
referências e mantendo as inclinações e peso do corpo correto

A imagem abaixo ilustra muito bem uma linha de um corpo em movimento. Se na escultura
desrespeitamos essa linha, a escultura fica “dura”, robótica, sem vida e sem realismo

Seguir uma referência real da posição é também essencial para uma modelagem realista. Na hora de
posicionar sua escultura procure sempre perceber a perna de apoio, o peso e o contrapeso da pessoa.

A perna de apoio e fácil de identificar, pois é a perna que carrega o peso do corpo enquanto a outra
descansa. O peso do corpo fica sobre a perna de apoio e o contrapeso é onde a pessoa joga a parte
superior do corpo para manter o equilíbrio, uma rotação, inclinação, etc…
Muitas vezes mesmo seguindo a referência, podemos errar este peso, e por mais que a escultura pareça
estar na posição correta, a peça fica dura, esquisita ou dá a sensação de que “tem algo errado”. Caso
isso aconteça reavalie sua escultura dando ênfase esse aspecto.

Algumas imagens para ajudar a ilustrar essa ideia:

A primeira boneca esta completamente robótica e sem movimento, nao tem perna de apoio, o peso do
corpo não está deslocado para lugar nenhum dando a sensação de não ter peso algum nela e dela estar
deitada e esticada.
A segunda boneca, com uma simples mudada na perna já está com um leve peso deslocado para uma
das pernas e percebam que, apenas com esse movimento, já se tira boa parte da aparência “robótica”.
Já a terceira boneca alem de estar com o peso deslocado, esta jogando o corpo para trás como um
contrapeso e, com isso, já ganhou muito mais movimento do que a segunda.

Músculos:

Agora que temos nossa estrutura posicionada corretamente e seca basta termos noção da musculatura
do corpo feminino para que possamos preenchê-la da maneira correta.
É importante conhecermos a musculatura por baixo da pele, para entendermos cada elevação, cada
cavidade e formatos do corpo. Estamos trabalhando com 3 dimensões, então cada mudança de direção
torna-se essencial.
A figura a seguir mostra uma visão geral da musculatura do corpo, mais tarde nos aprofundaremos em
nos detalhes da mesma.

Nota: Durante as aulas por questão de tempo de secagem eu posiciono o esqueleto antes de ter o rosto
modelado. Porém fora de aula, eu geralmente faço o rosto primeiro e só posiciono meu esqueleto
quando a cabeça já está colocada. A cabeça já estando no lugar facilita a visualização geral da peça e do
movimento.
Rosto:

Anatomia e proporções do rosto :

Assim como o corpo, o rosto também tem suas


proporçõs e medidas básicas.

Quando estamos modelando um rosto qualquer,


devemos prestar muita atenção para não
fugirmos destes padrões. Porém quando estamos
modelando um rosto de alguém real, temos que
seguir as características pessoais de nosso
modelo. As medidas e distâncias de um rosto são
FUNDAMENTAIS para conseguirmos um bom
resultado. Se o escultor modelar separadamente
as partes de um rosto idênticos ao da pessoa -
boca, olho, nariz, testa, queixo - e as colocar no
rosto sem respeitar as distâncias e tamanhos da
mesma os objetivos não seram atingidos.

Usando a atriz de cinema, Natalie Portman como exemplo; veja na segunda imagem isso em prática.
Mesmo sendo seus olhos, sua boca e seu nariz se alteramos a distância entre eles, ela já se parece com
outra pessoa e perde totalmente suas características pessoais.

Vamos então usar a técnica de modelagem sobre a foto original para nos ajudar a manter as medidas e
tamanhos corretos da pessoa em questão.

Para o escultor modelar um rosto, é importante ter uma noção básica da estrutura óssea (caveira) e da
musculatura da face. Saber o que está por baixo da pele sempre ajuda a modelar um rosto mais

perfeito.

Durante a modelagem tenha sempre por perto imagens da caveira e da musculatura para conferir se
tem espaço para tudo no seu trabalho a ser modelado. É muito comum artesãos iniciantes nao fazerem
o osso zigomático ou a parte externa do osso da órbita. Erros comuns,como não deixarem o espaco
necessário para a “Orbicularis Oculi” e a falta do relevo abaixo do lábio formado pela “Orbicularis Oris”.
Esta última imagem é interessante pois mostra a combinação dos dois. Seria de grande valia termos um
boneco deste em nosso atelier!

Expressões Faciais

É muito importante o escultor conhecer as diferentes possibilidades de expressões que um


rosto pode ter, saber como a musculatura do rosto se mexe e se modifica dependendo da
emoção que o rosto sente e que o escultor quer transmitir.
A primeira imagem mostra os sentimentos humanos mais comuns, e a segunda imagem mostra
um rosto com mais de uma emoção ao mesmo tempo:
Dependendo da expressão facial, a mudança ocorre em várias partes do rosto. Um sorriso não
muda apenas a direção do lábio; muda o nariz, os olhos, a bochecha e até o formato do rosto.

Tanto quanto o movimento dado ao corpo, é preciso dar movimento ao rosto, mudando todos
os detalhes que são mudados com a expressão. Mudar apenas a boca sem mudar o restante,
vai deixar o rosto robótico, morto, inexpressivo.
Note as mudancas do mesmo rosto com diferentes expressões na foto abaixo

Por isso o ideal é que o escultor tenha em mãos fotos da pessoa a ser esculpida em alguns
ângulos diferentes, mantendo a mesma expressão facial que será modelada. As posições
mínimas para se fazer uma modelagem são:
*Frente *Os dois perfis direito e esquerdo * Os dois 1/4-perfis direito e esquerdo. *Uma foto
de cima para baixo. *Uma de baixo pra cima. Lembre a seus clientes que trabalhamos em 3D e
que sem estas fotos não podemos garantir um resultado satisfatório.
Aqui abaixo seguem as fotos que envio como exemplo para meus clientes:

Cima p baixo
Perfil 1 frente Perfil 2
Perfil 1
1 1
1
1/4-Perfil 1 1/4-Perfil 2 Baixo p cima

1 1 1
Montando o rosto sobre a foto:

Agora que já temos a base do rostinho sobre a foto, vamos começar a modelar o rosto respeitando a
anatomia básica e as características particulares da Natalie Portman assim como a expressão facial
escolhida para esta escultura ou do rosto que estiver sendo modelado.

Algumas partes importantes que temos que prestar atenção no rosto, além de claro, seguir os tamanhos
e formatos.

Testa:

Na foto ao lado, o círculo vermelho ao redor dos olhos serão espacos


que deixaremos para colocar os olhos posteriormente.
Vamos modelar da sobrancelha para cima, respeitando a
foto debaixo e prestando atenção na entrada da têmpora,
no formato e altura do centro da testa (circulo preto) notando
também se na testa - em especifico - tem alguma entrada ou subida
acima do começo da sobrancelha.

Preste atenção e acompanhe a curva do 1/4 perfil


da testa destacado em vermelho
Esta curva muda de pessoa para pessoa e muda de
acordo com a expressão facial que a pessoa esta
fazendo.
Note na foto de perfil que a
sobrancelha tem uma pequena
altura. Logo após a sobrancelha tem
uma depressão e a testa volta a ficar
mais alta no meio. Olhando de
frente você notará que existe um
“V” na testa entre as sobrancelhas,
logo acima do nariz.
Algumas pessoas tem essa região
do “V” bem marcadas. Preste muita
atenção nesta região - muitos escultores iniciantes a ignoram.

Face:

Após a testa modelada, faremos a face. Faremos ate a região do corte do sorriso, marcada em vermelho
na foto. Os buracos para o olhos devem ser mantidos deixando o espaço da “Orbicularis Oculi”, ou a
altura correta e o formato de um pedaço dela.
Note que a face tem uma parte mais alta, a famosa “maçã do rosto” delimitada na foto pelo risco preto
mais grosso. Usaremos a foto de perfil para modelar a altura e formato correto dessa área.
Temos tambem a ruga do sorriso, que pode aparecer mais suavemente mesmo quando nao estamos
sorrindo. Essa ruga tem diferentes formatos, porém sempre começa acima na narina.
Abaixo da bochecha temos uma depressão, formada pelo fim do osso zigomático (olhe a caveira lá em
cima para lembrar). Esta depressão, se a pessoa estiver muito magra fica maior, e costumamos dizer que
a pessoa esta com a “cara chupada” ou pode quase sumir, deixando a pessoa bochechuda. Cuidado aqui
para não deixar sua escultura diferente do que ela é, tente dar a depressão correta em produndidade e
em formato (depende sempre da expresssão facial)
Philtrum:

Apos a face pronta, faremos este pedaco entre o nariz e o lábio, destacado em vermelho.
Preste atenção na pequena depressão em forma de V na parte central, em algumas pessoas ela é mais
profunda ou mais rasa, e pode tambem quase sumir dependendo da expressão facial.
Nesta fase vamos tentar fazer o corte do sorriso mais ou menso na altura da gengiva. O mais importante
e conseguir deixar o perfil com a altura correta para a entrada do nariz.

Nariz:

Agora chegamos numa parte importantíssima, o


nariz. É fundamental conhecermos a estrutura
básica de um nariz para depois modelarmos os
diferentes tipos de nariz.
A foto ao lado mostra a estrutura básica de um
nariz (os nomes estão em inglês, porém basta
sabermos que estas partes existem).
Note que o buraco da narina olhando de baixo
pra cima é um “triângulo inclinado”, ou seja, é
mais fina em cima e alarga embaixo de forma
inclinada fazendo com que a “columella” se
alargue no final.
Logo que acaba o buraco existem duas pequenas
depressões (soft tissue triangle) que nunca são
lembradas na modelagem. É uma parte muito
importante do nariz que também é deixada de lado várias vezes - é esta parte alta depois da ponta,
denominada aqui de “Infratip break”. Muitos escultores iniciantes fazem esta parte reta, sem elevação,
e a falta dela deixa seus bonecos com cara de porquinho. Notem que estou escrevendo numa
linguagem popular para a compreensão de todos!
A ponta do nariz e formada por duas bolinhas de cartilagem - “domes” - que dependendo do tipo de
nariz, pode ser vista ou apenas sentida ao se pressionar, mas todos os narizes a possuem internamente.
Este formato do nariz visto de baixo, mostra que as narinas são mais baixas do que a ponta do nariz e
isso também e importante ser retratado na escultura.
Outra estrutura importante para a modelagem e o “tear trough” mostrado na imagem de frente, eu
costume chamar de “olheirinha” e a adiciono em minhas esculturas para dar mais realidade ao rosto e a
expressão da pessoa.

Tipos de nariz:

Existem vários tipos de nariz e isso teremos que modelar com muita observação da foto. Porém certas
dicas podem ajudar, como por exemplo o deslocamento da narina, que pode ser de apenas 3 formas:
- deslocada para baixo, reta ou deslocada
para cima
A figura ao lado mostra estes 3 diferentes
tipos.

No primeiro desenho notamos que quando


a narina e deslocada para baixo, olhando
de frente o buraco da narina fica inclinado.
No desenho do meio, note que a narina
reta (na mesma altura da ponta) deixa o
buraco da narina reto. No último desenho,
a narina deslocada para cima, faz com que
de frente, não consigamos ver os buracos.
Isso tudo acontece quando olhamos de
frente (ângulo reto) para a foto.

O restante do nariz deve ser observado e


modelado de acordo com a foto, e se o
escultor conseguir modelar a curva do perfil semelhante podemos dizer que ele já alcançou 50% da
semelhança do rosto.
Boca:

Dentes:

Após o nariz modelado, faremos os dentes, caso estejam à mostra.


A primeira coisa que devemos saber sobre os dentes e conhecer a imagem da arcada dentária.

O espaço para a arcada dentária deve ser deixado, principalmente o espaço para os dentes que estão à
mostra. Os dentes devem ser colocados respeitando a forma da arcada dentária.

Cada dente também tem seu formato anatômico:

Veja o formato dos dentes da frente. Não


são apenas quadrados brancos, sao
arredondados, têm tamanhos diferentes, o
canino é pontudo e tem uma elevação em
relação aos outros e etc..
Além do formato anatômico do dente,
temos que respeitar as características
particulares dos dentes que estamos
esculpindo.
De perfil os dentes também possuem um formato arredondado. Para modelarmos os dentes parecidos
com o da pessoa temos que observar a inclinação com a qual o dente se insere na gengiva - tanto de
perfil quanto de frente.

A gengiva eu apenas marco quando modelo os dentes, também de acordo com a gengiva da pessoa e
observando o quanto ela aparece e onde ela aparece. A pintura da gengiva só é feita depois da peça
finalizada.

Lábios:

Com os dentes já modelados, podemos esculpir os lábios por cima. Apesar do lábio inferior ficar “por
dentro” do superior, eu prefiro começar pelo lábio superior. Isso pode ser alterado dependendo da
preferência de cada um, lembrando sempre que a anatomia deve ser respeitada.
As imagens abaixo são completíssimas, mostrando todos os detalhes da anatomia dos lábios e incluindo
os cantos da boca.
Queixo:

Para iniciarmos a modelagem da mandíbula, faremos apenas o queixo em si (destacado em vermelho).


Observe o formato geral do queixo - arredondado, triangular, quadrado- observe se tem furinho no
meio, profundidade do furinho, etc…

Depois do queixo em si modelado, vamos preencher os espaços restantes formando a “orbicularis” da


boca e a mandíbula.
Veja nas fotos abaixo as marcas que, às vezes, passam despercebidas e porém são muito importantes
para determinar as características particulares de um rosto. Quando o lábio termina, note na foto de
perfil que existe um relevo ainda e lentamente vai se formando uma depressão que volta a subir quando
termina o músculo da “orbicularis oris”.
Olhos

Os olhos da escultura são muito importantes para dar a expressão necessária à obra. Um olhar pode
dizer muito e para o escultor passar a expressão correta para o olhar é preciso saber algumas coisas:

O posicionamento e distanciamento da íris em relação às pálpebras mudam a expressão do olhar e a


direção do olhar, assim como caracteriza o olhar da pessoa a ser esculpida.
Ao mudar a direção de um olhar - além da distancia da íris em
relação à pálpebra - outros detalhes também mudam, como o
quanto a pálpebra aparece, etc…
Também precisamos conhecer as áreas ao redor dos olhos
E seus formatos.
Mandíbula

Depois da cabeça colocada no rosto, só falta fazer a mandíbula e revisar todos os outro traços da
pessoa, o que agora fica bem mais fácil de visualizar, tendo a noção completa do rosto.
O formato da mandíbula também e característica individual e deve ser observado na hora da
modelagem. Observe de lado, de frente e por baixo como mostra a figura abaixo. O fim da mandíbula no
perfil marca o ponto onde a orelha vai entrar, por isso é importante que a mandíbula seja modelada no
local correto.

Orelha:

A orelha tem varias formas e cavidades e é muito importante conhecê-las. Porém, dependendo do
tamanho da escultura, não e necessário colocar todas as suas características, somente as mais
importantes como: Fossa Escafóide, Trago, Fossa Triangular, Tubérculo, Lóbulo, Meato e Conchas.
As imagens abaixo mostram as partes da orelha e a segunda imagem a divide separadamente facilitando
a visualização.

A colocação da orelha finaliza a cabeça e termina aqui o Módulo 1 do curso virtual Juliana LePine
Anatomia Feminina Completa.

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