É um instituto atualmente em desuso. Constitui um pacto pelo
qual o vendedor reserva-se o direito de reaver o imóvel que está sendo alienado, em certo prazo, restituindo-se o preço, mais as despesas feitas pelo comprador, inclusive as que, durante o período de resgate se efetuaram com a sua autorização escrita ou para a realização de benfeitorias necessárias (CC, art. 505). Natureza Jurídica: A natureza jurídica da retrovenda é a de um pacto acessório, adjeto ao contrato de compra e venda. Cabimento: só cabe a bens à bens imóveis. Prazo: O prazo máximo para o exercício do direito de retrato ou de resgate é de três anos. Se as partes ajustarem prazo maior, reputa-se não escrito somente o excesso. O prazo é decadencial.
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as
quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente.
Parágrafo único. Verificada a insuficiência do
depósito judicial, não será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.
O direito de resgate pode ser cedido a terceiro, transmitido a
herdeiros e legatários e ser exercido contra terceiro adquirente (CC, art. 507). Registro: O direito de retrato permanece ainda que a cláusula não tenha sido averbada no Registro de Imóveis. Trata-se de direito pessoal e não direito real. Todavia, o registro gere eficácia erga omnes, sendo oponível a terceiros que venham adquirir o imóvel do adquirente. Frutos: Exercido o direito, o comprador recebe de volta o preço que pagou, acrescido das despesas feitas (CC, art. 505), tendo direito aos frutos e rendimentos da coisa, até o momento da restituição, pois até então é titular do domínio, embora resolúvel. Pluralidade de Pessoas: Havendo pluralidade de pessoas com direito ao resgate sobre o mesmo imóvel, se “só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral” (CC, art. 508).
Da venda a contento e da sujeita a prova (509 a 512 CC)
A venda a contento: constitui pacto adjeto a contratos de
compra e venda relativos, em geral, a gêneros alimentícios, bebidas finas e roupas sob medida. A cláusula que a institui é denominada AD GUSTUM. Entende-se realizada “sob condição suspensiva, ainda que a coisa tenha sido entregue” ao comprador. E “não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado” (CC, art. 509). Desse modo, a tradição da coisa não transfere o domínio, limitando-se a transmitir a posse direta, visto que efetuada a venda sob condição suspensiva. Necessidade de Manifestação do agrado: A compra e venda não se aperfeiçoa enquanto não houver manifestação de agrado do potencial comprador. Se se admitisse que as partes lhe atribuíssem caráter resolutivo, o contrato seria considerado desde logo perfeito e concluído, suscetível de resolver-se se o comprador manifestasse seu desagrado. Comprador = comodatário: enquanto não se reputar perfeita a venda, o comprador configura um mero comodatário (511 CC). Agrado: só depende do gosto e não é discutível: O aperfeiçoamento do negócio depende exclusivamente do árbitro, isto é, do gosto do comprador, não podendo o vendedor alegar que a recusa é fruto de capricho. Não pode este pretender discutir a manifestação de desagrado, nem requerer a realização de exame pericial ou postular em juízo, visto eu a venda a contento é uma estipulação que favorece o comprador, subordinando o aperfeiçoamento do negócio à sua opinião pessoal e gosto. Não está em jogo a qualidade ou utilidade objetiva da coisa. O contrato somente se perfaz se houver manifestação expressa do comprador, aceitando a oferta. Não havendo prazo estipulado “o vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável” (art. 512). Manifestação de vontade: A manifestação de vontade não pode ser tácita, pelo que proclama o art. 509 do CC. Impossibilidade de transferência a terceiro: O direito resultante da venda a contento é simplesmente pessoal, não se transferindo a outras pessoas, quer por ato inter vivos, que por ato causa mortis. Extinção: Extingue-se, se o comprador morrer antes de exercê-lo Morte do vendedor: subsiste e será manifestado perante os herdeiros do vendedor, se este for o que falecer. Ver art. 510 e 511 CC Venda sujeita a prova: O legislador inseriu uma condição não ligada à satisfação ou gosto do comprador, mas sim à circunstância de a coisa ter ou não as qualidades asseguradas pelo vendedor e ser ou não idônea para o fim a que se destina. Por conseguinte, se a coisa tiver as qualidades apregoadas e for adequadas às suas finalidades, não poderá o adquirente, depois de prová-la ou experimentá-la, recusá-la por puro arbítrio, sem a devida justificação. A redação do artigo 510 revela a exigência, para tanto, de comprovação de que o objeto do contrato não é idôneo. As qualidades da coisa podem ser asseguradas pelo vendedor por qualquer meio de informação, inclusive publicitária.
Da preempção ou preferência (513 a 520)
Preempção ou preferência é o pacto, adjeto à compra e venda,
pelo qual o comprador de uma coisa, móvel ou imóvel, se obriga a oferecê-la ao vendedor, na hipótese de pretender futuramente vendê- la ou dá-la em pagamento, para que este use do seu direito de prelação em igualdade de condições. É, em outras palavras, o direito atribuído ao vendedor de se substituir ao terceiro nos mesmos termos e condições em que este iria adquirir a coisa. Preempção x Retrovenda: A preempção se distingue da retrovenda. Na retrovenda o vendedor da coisa imóvel pode reservar- se o direito de recobrá-la, independente da vontade do comprador, não se podendo falar em preferência por inexistir terceiro ou estranho com quem se dispute a primazia. Objeto: A preempção pode versar também sobre coisa móvel, conforme 513, § único. Preempção de Condômino: A preferência do condômino na aquisição de parte indivisa (CC, art. 504) é exemplo de preferência. Pode ser convencionado que o comprador se obriga a “oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. Prelação é o mesmo que preferência ou preempção. Condições para o exercício: O vendedor de um objeto de estimação pode fazer constar do contrato a concordância do comprador, que esta dará preferência ao primeiro, quando resolver vender o referido bem. O direito de preferência será exercido se e quando o comprador vier a revender a coisa comprada, não podendo ser compelido a tanto. Embora seja peculiar ao contrato de compra e venda, não se exclui a aplicabilidade a outros contratos, por ex, locação. Requisitos: - é personalíssimo, no sentido de que somente pode exercê-lo o próprio vendedor, que não o transmite nem por ato inter vivos nem causa mortis (CC, art. 520). - malgrado peculiar ao contrato de compra e venda, pode ser incluído em vários tipos de contratos compatíveis e, por esta razão, melhor seria que estivesse na parte geral dos contratos; - direito de prelação somente pode ser exercido na hipótese de pretender o comprador vender a coisa ou dá-la em pagamento - pode ter por objeto bem corpóreo ou incorpóreo, móvel ou imóvel.
Prazo Estipulado: O prazo para o exercício da preempção
pode ser convencionado por lapso não excedente a 180, se móvel oi 2 anos se imóvel (CC, art. 513, parágrafo único). Prazo decadencial. Após o prazo, o adquirente está livre para vender o bem ser respeitar o direito de preferência.
Inexistindo Prazo Estipulado: Inexistindo prazo estipulado, o
direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, não se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessenta dias subseqüentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor.
Contagem do prazo: Contam-se os prazos não da data da
expedição da notificação, mas da do efetivo recebimento. Os aludidos prazos são exíguos e constituem o mínimo que a lei admite, tendo caráter subsidiário: aplicam-se quando inexistir prazo maior estipulado. Pode o comprador, por exemplo, fixar o prazo de 30 dias, inexistindo outro na cláusula de preempção, a contar da notificação, para que o vendedor exerça a prelação para readquirir coisa móvel por ele alienada. Notificação: A notificação pode ser judicial ou extrajudicial. Os prazos são para que o vendedor examine a possibilidade de readquirir a coisa nas mesmas condições oferecidas por terceiro e verifique sua real capacidade de obter o numerário a tempo. Se o comprador descumprir com a preferência: Se o comprador desrespeitar a avença, não dando ciência ao vendedor do preço e das vantagens que lhe oferecem pela coisa responderá por perdas e danos (CC, art. 518), desde que prove prejuízo efetivo.
Não cede: O direito de preferência convencional é, portanto,
de natureza pessoal. Não se pode ceder nem aos herdeiros (art. 520). Preempção sempre expressa: O pacto de preempção depende da existência de cláusula expressa, não se admitindo preferência tácita. A obrigação, para o comprador, é correlata ao direito do vendedor. Este “pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o comprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa” (CC, art. 514). A regra pressupõe o descumprimento do dever de comunicação imposto ao comprador, proclamando que ao comprador, proclamando que o vendedor não necessita aguardar a intimação ou notificação do comprador, para que possa exercer seu direito de preferência. Não atendida a interpelação, o vendedor poderá ajuizar a ação competente, antecipando-se à fluência e esgotamento do prazo decadencial. Preleção entre dois ou mais condôminos: Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais vendedores, então CONDÔMINOS “só poderá ser exercido em relação à coisa no seu todo”, tal como fora alienada (CC, art. 517). Cada um o exercerá sobre a totalidade da coisa. SE um dos titulares não quiser ou não puder exercer o direito, os demais poderão fazê-lo, respeitado o valor integral do preço (art. 517). Se, todavia, o comprador tiver havido a coisa, mediante a compra de quotas ideais de diversos condôminos, assegurando a cada um deles a preferência na reaquisição da respectiva cota-parte, a preferência poderá ser exercido pro parte. Retrocessão ou Preferência Legal: O legislador inseriu uma hipótese de preferência legal, denominada retrocessão. Consiste esta no direito de preferência atribuído ao expropriado no art. 519 “pelo preço atual da coisa” se esta não tiver o destino para que se desapropriou ou não foi utilizada em obras ou serviços públicos.”. Tem-se, pois, ao lado da preferência convencional, a prelação legal, em favor do ex-proprietário da coisa expropriada, obrigando o poder público expropriante a oferecê-la àquele, se não a tiver destinado à finalidade especificada na desapropriação ou não a tiver utilizado em obras e serviços públicos. O valor a ser pago deve corresponder ao preço atual da coisa, segundo art 519 do CC. Tem a jurisprudência proclamado que não caberá retrocessão se, desapropriado o terreno para nele ser construída, por exemplo, uma escola, outra destinação lhe for dada, também de interesse público, por exemplo, uma creche. Prazo: Se em cinco anos não for dada ao imóvel expropriado nenhuma finalidade de interesse público ou social, haverá lugar para a retrocessão.
DA VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO (521 a 528)
A venda com reserva de domínio constitui modalidade especial
de venda de coisa móvel, em que o vendedor tem a própria coisa vendida como garantia do recebimento do preço. Só a posse é transferida ao adquirente. A propriedade permanece com o alienante e só passa àquele após o recebimento integral do preço. (art. 521 CC). O referido pacto, celebrado em geral nas compra e vendas a crédito de bens móveis, como os eletrodomésticos, objetiva dar maior garantia aos comerciantes. Elementos: - compra e venda a crédito - recaia sobre objeto individualizado - entrega desse objeto pelo vendedor ao comprador - pagamento do preço convencionado nas condições estipuladas, comumente em prestações; - obrigação do vendedor de transferir o domínio ao comprador tão logo se complete o pagamento do preço.
Resolução automática: Na realidade, resolve-se a
propriedade do vendedor automaticamente com o pagamento integral do preço, sem necessidade de acordo adicional.
Falta de Pagamento: Desse modo, a falta de pagamento do
preço impede a aquisição do domínio e abre ao vendedor uma alternativa: cobrá-lo ou recuperar a própria coisa, mas, somente após protesto ou interpelação judicial. Poderá o vendedor cobrar a totalidade da dívida representada pelo título executivo, ou seja, as prestações vencidas e vincendas, penhorando a própria coisa e levando-a a hasta pública para se ressarcir com o produto da arrematação ou optar pela apreensão e depósito da coisa vendida. Riscos da coisa: Embora o domínio e a posse indireta permaneçam com o alienante, os riscos da coisa passam para o adquirente, mero possuidor direto. Art. 524. Formalidades: A cláusula de reserva de domínio será estipulado por escrito e para valer contra terceiros, o contrato deve ser registrado no Cartório de Títulos e Documentos do domicílio do comprador (CC, art. 522). Dá-se, dessa forma, publicidade ao ônus, impedindo que terceiro, a quem eventualmente o bem seja alienado, alegue boa-fé, para impedir sua apreensão; Terceiro adquirente: Por conseguinte, alienada a coisa, o ônus igualmente se transfere ao terceiro adquirente.
DA VENDA SOBRE DOCUMENTOS (529 a 532)
A venda sobre documentos ou contra documentos é disciplina
no CC como cláusula especial à compra e venda. É no comercio exterior que sua utilidade se ressalta.
Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da
coisa é substituída pela entrega do seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos.
Parágrafo único. Achando-se a documentação em
ordem, não pode o comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado.
O vendedor, entregando os documentos, libera-se da obrigação
e tem direito ao preço; e o comprador, na posse justificada de tal documento, pode exigir do transportador ou depositário a entrega da mercadoria. Há uma substituição da tradição real pela simbólica. A entrega física da coisa pode não ser feita, sendo suficiente que esteja à disposição do comprador. A venda sobre documentos opera alteração nos princípios que disciplinam a tradição da coisa vendida, pois o pagamento deve ser feito contra a entrega daqueles. Art. 530 CC. Sem esta, o comprador pode reter o pagamento. Onde se dá: Dar-se-á sua efetivação, portanto, no lugar e no momento em que o comprador os receber. Uma vez entregue a documentação, presume-se que o vendedor se desincubiu de sua obrigação, cabendo ao comprador efetuar o pagamento. Achando-se a documentação em ordem, considera-se que a coisa vendida corresponde à feita no contrato e conserva-se as qualidades nele asseguradas. Art. 529. A entrega do documentos gera presunção de que a coisa conserva as qualidades neles apontadas, não podendo o comprador condicional o pagamento À realização de vistoria para constatação de inexistência de defeitos ocultos. Art. 532. Ao banco cabe verificar a exatidão dos documentos. Estando em ordem, efetuará o pagamento, a débito do comprador. Satisfeita a dívida pelo pagamento ao vendedor, incumbe à instituição financeira receber o preço diretamente do comprador. Não cabe ao banco o dever de examinar a coisa vendida. Se a coisa vendida estiver coberta por apólice de seguro, a perda ou deterioração sub-roga-se no valor segurado. Eventual prejuízo decorrente da avaria será indenizado pela seguradora. Se o vendedor, todavia, proceder de má-fé, por já ter prévia ciência de danos sofridos pela coisa vendida, não poderá transferir ao comprador os riscos da coisa (CC, art. 531).