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SIBELE RESENDE PRUDENTE

Contratos Civis e Empresariais


2022-02

UNIDADE VIII - CONTRATOS EM ESPÉCIE

8.1- COMPRA E VENDA

A compra e venda é um contrato bilateral pelo qual uma das partes


(vendedora) se obriga a transferir o domínio de uma coisa corpórea à outra
(comprador), mediante a contraprestação de certo preço em dinheiro; art.
481. A venda de coisas incorpóreas é denominada cessão de crédito ou de
direitos.
A partir do art. 481 percebemos o caráter obrigacional (pessoal) desse
contrato, não conferindo poderes de proprietário àquele que não obteve a
entrega do bem adquirido. A transferência do domínio depende de outro
ato, a tradição, para os móveis (arts. 1226 e 1267), e o registro, para os
imóveis (arts. 1227 – sentença da usucapião - e 1245).
É importante observar que a compra e venda é contrato empresarial
quando tem o objetivo de gerar lucro, quando por exemplo, pelo menos um
dos contratantes é empresário e efetua o negócio jurídico no exercício da
sua função, ou quando o objetivo da compra e venda seja para revenda ou
aluguel, entre outros.

8.1.1- Elementos Constitutivos

8.1.1.1- Coisa
A coisa é o objeto do contrato de compra e venda, que deve atender aos
requisitos de existência, individualização e disponibilidade.

- existência da coisa: é nula a venda de coisa inexistente, sendo possível a


venda de coisas futuras como dispõe os arts. 458, 459 e 483. Já o art.
426 traz uma proibição
- individualização da coisa: o objeto da compra e venda há de ser
determinado, ou suscetível de determinação no momento da execução,
pois o contrato gera uma obrigação de dar, consistente em entregar,
devendo incidir sobre coisa individualizada. Admite-se a venda de coisa
incerta (art. 243) que será determinada pela escolha, bem como a venda
alternativa (art. 252). Quando o contrato alude à quantidade da coisa,
deve especificar o peso ou a medida. Não o fazendo, ou, não sendo
claro, prevalece o que determinar os usos e costumes do lugar em que
deva ser cumprido, inclusive quanto a embalagens e a critérios de
medição que nem sempre observam o sistema métrico decimal.
- Disponibilidade da coisa: não deve estar fora do comércio. A
indisponibilidade pode ser natural (ar, mar, luz solar); legal (bens do
estado, de família, valores e direitos da personalidade, os órgãos do
corpo humano; arts. 100 e 1717); e voluntária como as clausuladas pela
inalienabilidade em doação ou testamento.

8.1.1.2- Preço

O preço é o valor do bem, sendo elemento essencial à compra e venda,


já que, em regra, sem a sua fixação a venda é nula. Deve ser pago em
dinheiro de acordo com o art. 481, mas é admitido título de crédito; se for
pago em prestação de serviço é contrato inominado. Normalmente é
convencional, sendo determinado pelo livre debate entre os contratantes. O
preço pode não ser, desde logo, determinado, mas deve ser ao menos
determinável, mediante critérios objetivos estabelecidos pelos próprios
contratantes, como os arts. 486 e 488.
Vários outros modos de determinação futura do preço podem ser
escolhidos pelos contratantes: o preço de custo, a melhor oferta, o preço de
costume, entre outros. O que não se admite é indeterminação absoluta, art.
489.
A lei permite ainda que a fixação do preço seja deixada ao arbítrio de
terceiro, art. 485. Fazendo esta opção os contratantes implicitamente
renunciaram ao direito de impugnar o laudo que o terceiro apresentar. Não
têm direito de repudiar a sua estimativa, todavia, o preço não poderá ser
desproporcional, ressalvado a qualquer dos contratantes o direito de
demandar a nulidade do contrato por erro ou dolo.
O terceiro escolhido levará em conta ao fixar o preço, o valor atual da
coisa, e não o da data da celebração da avença, salvo estipulação em
contrário.
O preço pode também ser fixado de acordo com o art. 487. Se as partes
apenas indicam essa forma de determinação, sem definir qual índice e qual
parâmetro, compete ao juiz defini-los.
A venda sem fixação de preço ou de critérios objetivos pode se dá
quando o vendedor é habitual. Neste caso, se não houver tabelamento
oficial, o preço será o das vendas correntes, preço de custo, preço no dia da
expedição, melhor oferta ou preço de costume, de acordo com o art. 488.
Esta norma veio atenuar o rigor de que sem a fixação do preço a venda é
nula.
É necessário analisar ainda o art. 481 e esclarecer que quando o
pagamento é estipulado parte em dinheiro e parte em outra espécie, a
configuração do contrato como compra e venda ou como troca é definida
pela predominância de uma ou de outra porcentagem.
Vale dizer ainda que o preço deve ser sério e real, contudo, muitas
pessoas preferem negociar o bem por preço abaixo do valor real para
vendê-lo rápido. O que não pode ocorrer é lesão e estado de perigo.

8.1.1.3- Consentimento

Pressupõe capacidade das partes que podem ser supridas pela


representação, assistência, tomada de decisão apoiada ou autorização do
juiz. O consentimento deve ser livre e espontâneo, sob pena de
anulabilidade.
Será também anulável a venda se houver erro sobre o objeto principal
da declaração (o indivíduo que se propõe a alugar a sua casa da cidade e o
outro contratante entende tratar-se de sua casa de campo); ou sobre as
qualidades essenciais do objeto (pessoa que adquire um quadro por alto
preço, achando que se tratava de original quando não passa de cópia)
Para vender não basta a capacidade genérica para os atos da vida civil,
exige-se também a específica para alienar, como na procuração. Já para o
comprador, basta a capacidade de obrigar-se.
Arts. 3º e 4º.

8.1.2- Natureza Jurídica da Compra e Venda:

1- bilateral ou sinalagmático: gera obrigações para ambos os


contratantes.
2- consensual: se aperfeiçoa com o acordo de vontades, independe da
entrega da coisa (art. 482).
3- oneroso: ambos os contratantes têm proveito próprio, correspondente
a um sacrifício.
4- em regra, comutativo: prestações são certas, e as partes podem ver as
vantagens e os sacrifícios. Pode ser aleatório quando o seu objeto é
coisa futura, mas sujeita a risco.
5- em regra, não solene: de forma livre; podendo ser solene se a lei
assim determinar (art. 108).
6- translativo do domínio: não opera sua transferência, mas serve de ato
causal da transmissão da propriedade gerador de uma obrigação de
entregar a coisa alienada e o fundamento da tradição ou do registro.

8.1.5- Limitações à Compra e Venda:

a) Venda de ascendente a descendente: é anulável a venda de


ascendente a descendente, se não houver consentimento do cônjuge e
dos demais descendentes, arts. 496 e 1692. A exigência subsiste
mesmo na venda de avô a neto, bisnetos, trinetos, e aí por diante.
b) Aquisição de bens por pessoa encarregada de zelar pelos interesses
do vendedor: o objetivo é manter a isenção de ânimo naqueles que
por dever de ofício ou profissão têm de zelar por interesses alheios,
como o tutor, curador, administrador, empregado público, juiz e
outros, que foram impedidos de comprar bens de seus tutelados,
curatelados, entre outros; art. 497.
c) Venda da parte indivisa em condomínio: o condômino não pode
alienar a sua parte indivisa a estranho, se outro consorte a quiser,
tanto por tanto; art. 504. É de natureza real, não se resolvendo em
perdas e danos. Vale dizer que até a partilha o direito dos co-
herdeiros, quanto à propriedade da herança é indivisível e regula-se
pelas normas do condomínio, art. 1791.
d) Venda entre cônjuges: o art. 499 considera lícita a compra entre
cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão. No regime da
comunhão universal tal negócio jurídico seria ineficaz, mas nos
demais regimes não há proibição legal, se o bem em questão, for
particular do cônjuge que está vendendo. Ver art. 1647, I.

8.1.6- Vendas Especiais:

1) Venda por Amostra: art. 484


Se a mercadoria entregue não for igual à amostra, caracteriza-se
descumprimento contratual. Deve o comprador se manifestar
imediatamente ao recebimento da mercadoria, sob pena de
caracterizar definitiva a entrega. Prevalece a amostra, o protótipo ou
modelo em relação ao descrito no contrato; arts. 422 e 112.

2) Venda ad corpus e venda ad mensuram:


A venda ad mensuram é aquela de imóvel em que o preço é
estipulado com base nas dimensões do imóvel, como preço por
alqueire, por hectare; art. 500, caput. Se for verificado que a área não
corresponde às dimensões dadas, abre-se ao comprador duas
possibilidades sucessivas: primeiro o direito de exigir a
complementação da área, e segundo, a reclamar a resolução do
contrato ou abatimento proporcional do preço. Vale dizer, que não
pode ser pleiteada a resolução do contrato se puder ser feita a
complementação; e não havendo essa possibilidade é que se abre a
alternativa para o comprador entrar com ação no prazo de 01 ano a
contar do registro do título, art. 501. Se for o caso de excesso de área
e for provado que o vendedor não sabia, deverá o comprador, à sua
escolha, completar o valor ou devolver o excesso. Há presunção de
que a venda para o alienante é ad corpus. Prazo de 1 ano a contar do
registro; parágrafos 1 o e 2 o do art. 500.
A venda ad corpus encontra-se disciplinada no parágrafo 3 o do art.
500. Nesta espécie de venda o imóvel é vendido como um todo,
caracterizado por suas confrontações, não tendo, as dimensões,
nenhuma influência na fixação do preço. Há presunção de que o
adquirente comprou o imóvel pelo conjunto que lhe foi mostrado e
não pela área; ex: tantos alqueires mais ou menos, aproximadamente
tanto alqueires, um imóvel urbano totalmente murado e cercado.

8.1.7- Cláusulas Especiais À Compra e Venda

a) Retrovenda:

É um pacto adjeto pelo qual o vendedor reserva-se o direito de reaver


o imóvel que está sendo alienado, em certo prazo, restituindo o preço mais
as despesas do comprador; art. 505. É uma condição resolutiva expressa
que se extinguirá quando o adquirente, unilateralmente, exercer o seu
direito de reaver o bem (conduz as partes ao status quo ante).
Tem como consequência o desfazimento da venda com a restituição
do preço recebido e das despesas do comprador, incluindo as que se
fizeram com o consentimento escrito do vendedor e as benfeitorias
necessárias. Não constitui nova alienação e, por isso, não incide o imposto
de transmissão inter vivos.
O prazo máximo de resgate é de 03 anos, reputa-se não escrito prazo
excedente. O vendedor poderá efetuar depósito judicial quando houver
recusa de recebimento pelo comprador a fim de exercer o seu direito de
resgate. Trata-se de direito pessoal, devendo ser averbado em cartório,
atribuindo eficácia real a esse pacto pessoal.
Ocorre a extinção: pelo exercício do direito que pode ser utilizado
pelo titular a qualquer tempo dentro do lapso permitido; pela extinção do
prazo; pelo perecimento do imóvel e pela renúncia.

b) Preempção ou Preferência: art. 513

O direito de preferência é intransferível e indivisível. Decorre da


vontade das partes; é direito pessoal sendo irrelevante sua presença na
escritura e no registro; art. 520. A venda é definitiva não havendo nenhuma
condição, nem tampouco a obrigação do comprador para vender; art. 514.
O preferente marginalizado no negócio não pode anular a venda feita a
terceiro, porque seu direito não é real, nem impedir que ela ocorra.
Resolve-se em perdas e danos; art. 518.
O prazo pode ser convencionado desde que não ultrapasse: 180 dias
para móvel, ou 02 anos se imóvel; art. 513. Não havendo prazo estipulado
caducará o direito de preferência a partir da notificação em: 03 dias se
móvel e 60 dias se imóvel; art. 516.
O art. 519 trata do direito de preferência decorrente de lei no prazo de
05 anos.

8.2- COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA

O compromisso de compra e venda é um contrato preliminar onde


as partes pré-estabelecem as cláusulas que já estão de acordo, deixando
alguns detalhes para serem acertados no contrato definitivo.
Esse contrato, normalmente tem o objetivo de segurar o negócio
jurídico, dando maior segurança às partes, principalmente, no que se refere
ao preço e à forma de pagamento; arts. 462 ao 465.
8.3- DOAÇÃO

8.3.1- Conceito: É o contrato pelo qual uma pessoa, por liberalidade


(animus donandi), transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de
outra pessoa, desde que ela aceite; art. 538.

8.3.2- Natureza Jurídica:

a) em regra gratuito, mas pode ser oneroso: gratuito quando gera benefício
ou vantagem apenas para o donatário (doação pura e simples), ou oneroso
quando exige alguma contraprestação.
b) em regra unilateral, mas se oneroso será bilateral: na forma unilateral
cria obrigações unicamente para o doador (doação pura e simples), se
bilateral ambos terão ganhos e perdas.
c) formal: deve obedecer a forma prescrita em lei (art. 541). Será real
quando a doação for de coisa móvel de pequeno valor; parágrafo único do
art. 541.

8.3.3- Aceitação:

A aceitação é indispensável para o aperfeiçoamento da doação e pode


ser:
a) expressa: em geral no próprio instrumento da doação.
b) tácita: revelada pelo comportamento do donatário. Quando a doação é
feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada
pessoa, e o casamento se realiza; art. 546.
c) presumida pela lei: quando é fixado o prazo ao donatário para, declarar a
sua aceitação, desde que seja ela sem encargo. O silêncio atua como
manifestação da vontade; tal presunção só se aplica às doações puras.
d) ficta: é o caso do absolutamente incapaz e a doação for pura; neste caso
há dispensa da aceitação.

8.3.4- Promessa de Doação

Há grande controvérsia acerca da exigibilidade do seu


cumprimento.
Doação Pura: somente se for no acordo de separação consensual
ou divórcio em favor dos filhos.
Doação com encargo coercitivo (condição suspensiva): se for
cumprido o encargo coercitivo.

8.3.5- Espécies de Doação

a) Pura e simples: conhecida também como típica, se dá quando o doador


não impõe nenhuma restrição ou encargo ao beneficiário, nem subordina
sua eficácia a qualquer condição.

b) Onerosa (modal, com encargo ou gravada): é aquela em que o doador


impõe ao donatário uma incumbência ou dever. O encargo (geralmente
representado com a locução: com a obrigação de), não suspende a
aquisição, nem o exercício do direito (art. 136). O encargo pode ser
proposto em benefício do doador; em benefício de terceiro; do interesse
geral; do interesse do donatário (art. 553). O encargo pode ser exigido
judicialmente, salvo se a benefício do donatário. Quem pode exigir
judicialmente: o doador; terceiro beneficiário (em geral uma entidade,
aplicando-se as regras da estipulação em favor de terceiro); e o Ministério
Público quando o encargo for de interesse geral e o doador já faleceu
(parágrafo único do art. 553).

c) Remuneratória: é a doação feita em retribuição a serviços prestados, cujo


pagamento não pode ser exigido pelo donatário.
Ex.: doação em face de dívida prescrita. Se a dívida não está prescrita
temos pagamento e não doação. Se a doação remuneratória exceder o valor
dos serviços (em que o pagamento não pode ser exigido), o excesso
constitui doação pura.

d) Outros tipos de doação:

- de ascendente a descendente (art. 544): importa em adiantamento do


que lhe couber por herança. Devem os donatários conferir na colação os
bens recebidos do doador ascendente, salvo se o ascendente os dispensou
dessa exigência, quando os bens doados saírem da sua parte disponível
(50%).

- inoficiosa: é a que excede o limite que o doador no momento da


liberalidade poderia dispor em testamento. O artigo 549 declara nula não
toda a doação, mas a parte excedente.

- com cláusula de retorno ou reversão (art. 547): permite que o doador


estipule o retorno ao seu patrimônio, dos bens doados, se sobreviver ao
donatário. Esta cláusula configura cláusula resolutiva expressa. Somente
terá eficácia se o donatário morrer antes que o doador. A reversão não pode
se dá em benefício de terceiro, somente em relação ao doador.

- manual (art. 541): doação verbal de bens móveis de pequeno valor.


- feita a entidade futura (art. 554): caducará em 02 anos se a entidade
não se constituir regularmente.

8.3.6- Restrições à Liberdade de Doar

a) doação de todos os bens do doador (doação universal): o artigo 548


considera nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda
suficiente para a subsistência do doador. A nulidade da doação recai em
todos os bens doados e não em parte.

b) doação da parte inoficiosa: o artigo 549 prescreve se nula a doação


quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade
poderia dispor em testamento. Em regra, a liberdade de testar vai até a
metade dos bens do doador. A outra metade constitui a reserva ou legítima
de seus descendentes, ascendentes e do cônjuge sobrevivente; art. 1845.

c) doação que resulte prejuízo aos credores do doador: se já insolvente


ou se tornou pela doação, pode-se configurar fraude contra credores; art.
158.

d) doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice: a regra estatuída no


artigo 550 tem por escopo proteger a família, na repulsa ao adultério, que
não só ameaça, mas também constitui afronta à moral social e aos bons
costumes. Pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros
necessários, em até 02 anos da dissolução conjugal. Vale dizer, que
enquanto estiver vivo, o cônjuge enganado é o único legitimado a propor a
ação. Os herdeiros necessários somente poderão propô-la após o seu
falecimento, desde que esteja em vigor o prazo. A ação pode ser interposta
na constância da relação conjugal.

8.4- TROCA

A troca, permuta ou escambo é o contrato pelo qual as partes se


obrigam a dar uma coisa por outra, que não seja dinheiro; art. 533. É
contrato bilateral, oneroso, comutativo e consensual.
Se houver reposição parcial em dinheiro de mais de 50% teremos
compra e venda.
Se a troca for desigual, com o bem recebido a menor pelo ascendente,
deverá haver autorização; art. 496. Se maior ou igual será dispensável.

- EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO:

34- Sobre compra e venda, responda:


a) o objeto do contrato de compra e venda deve atender aos requisitos de
existência, individualização e disponibilidade.
b) o contrato sem preço estipulado, levará obrigatoriamente à nulidade, por
faltar um dos elementos essenciais dos contratos.
c) para o vendedor exercer sua função, basta a capacidade genérica para os
atos da vida civil.
d) venda de ascendente para descendente não precisa de autorização dos
outros descendentes do alienante, uma vez que não se trata de doação.

35- Sobre doação, marque a alternativa correta:


a) a aceitação é indispensável para o aperfeiçoamento do contrato.
b) para que o contrato tenha validade a aceitação deve ser expressa.
c) a doação feita a nascituro é direito adquirido.
d) havendo doação inoficiosa, todo o contrato será declarado nulo.

36- Assinale a resposta INCORRETA:


a) o escambo é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa
por outra, desde que não seja dinheiro.
b) é contrato comutativo e consensual.
c) se a troca entre ascendente e descendente for desigual, com o bem
recebido a menor valor pelo ascendente, deverá haver autorização dos
outros descendentes.
d) se a troca entre ascendente e descendente for desigual, com o bem
recebido a maior ou igual valor pelo ascendente, deverá haver autorização
dos outros descendentes.

37- Analise a natureza jurídica do contrato de compra e venda.

38- Dentro do contrato de doação cite e explique as espécies de aceitação.

8.5- LOCAÇÃO

8.5.1Conceito: É o contrato que se destina a proporcionar para alguém o


uso e gozo temporário de uma coisa, mediante contraprestação pecuniária;
art. 565. As partes denominam-se locador, senhorio ou arrendador; e
locatário, inquilino ou arrendatário. A locação pode ser também
empresarial.

Obs: o termo arrendamento é mais utilizado para locação imobiliária rural.

8.5.2-Natureza Jurídica: bilateral, oneroso, consensual, comutativo, de trato


sucessivo, pode ser personalíssimo ou não (sublocação).
8.5.3- Elementos: objeto, preço e consentimento

- Objeto:

Pode ser móvel ou imóvel. O bem móvel deve ser infungível; se for
fungível é contrato de mútuo; a não ser que o uso tenha sido cedido para
ornamentação. O bem inalienável pode ser locado. Era mais comum a
locação de imóveis, mas atualmente a locação de móveis está aumentando;
ex: roupas, livros, utensílios de festas, entre outros.
Se o contrato não estipular diferente, a locação abrange os acessórios da
coisa (arts. 92, 97 e 566, I); ex: a locação de uma fazenda estende-se às
casas e benfeitorias.

- Preço, aluguel, remuneração ou renda

É essencial para que se caracterize locação, porque o uso e gozo quando


gratuito configura contrato de comodato.
O preço geralmente é fixado pelas partes, podendo haver arbitramento.
Deve ser real, determinado ou determinável. Via de regra é pago em
dinheiro, mas pode-se convencionar de outro modo, parte em dinheiro e
parte em obras. Se, todavia, for pago exclusivamente em benfeitorias,
deixará de ser locação e será contrato inominado.
Em geral, o pagamento é por semana, quinzena ou mês, mas nada
impede que seja pago de uma só vez por todo o período de locação.
Não pode haver vinculação à variação cambial ou ao salário-mínimo,
nem à moeda estrangeira.
O não pagamento dá direito ao locador de partir para a execução ou
resolução do contrato.
O locatário pode sublocar com o consentimento prévio e escrito do
locador.
Pode haver extinção parcial do contrato de locação; ex: o senhorio
passa a habitar uma parte do prédio que já havia alugado.

- Consentimento
Pode ser expresso ou tácito. Não precisa ser o proprietário, porque a
locação não acarreta a transferência do domínio; ex: inventariante em
relação aos bens do espólio.

- Obrigações do Locador: art. 566

- Obrigações do Locatário: arts. 569 e 570

- Observações Gerais

* Salvo convenção em contrário a dívida deve ser paga no domicílio do


devedor (dívida quérable); art. 327.
* O locador tem penhor legal sobre os bens móveis que o inquilino tiver
no prédio; art. 1467, II.
* Arts. 571 ao 575

- Locação de Prédios

O Código atual não dispõe sobre a locação de prédios, e sim a Lei do


Inquilinato (Lei nº 8.245 de 18/10/91); (LI, art. 1º, parágrafo único). Já os
imóveis rurais regem-se pelas normas do Estatuto da Terra (Lei nº 4.505 de
30/11/64).
Não há limite de duração no contrato de locação, mas se for por 10
anos ou mais terá que ter autorização do cônjuge; art. 3º.
Na locação urbana, tanto a sublocação, como o empréstimo dependem
do consentimento prévio e escrito do locador. O sublocatário responde
subsidiariamente ao senhorio pela importância que dever ao sublocador;
arts. 13 e 16
O sublocatário tem direito de retenção pelas benfeitorias necessárias,
porque é possuidor de boa-fé. Quanto as úteis só se forem autorizadas pelo
locador; arts. 15, 35 e 36
Durante a locação o senhorio não pode mudar a destinação do prédio
alugado.
Se o prédio necessitar de reparos urgentes o locador terá de fazê-los,
sendo o locatário obrigado a consenti-los. Contudo, se durar mais de 10
dias poderá pedir abatimento proporcional do aluguel; se mais de 30 dias e
tolherem o uso regular do prédio, poderá extinguir o contrato; art. 26.

- Locação de Prédio Urbano

Findo o contrato por tempo determinado, o locador tem o prazo de 30


dias para ingressar com ação de despejo.
A morte do locador acarreta a transferência do contrato aos herdeiros,
art. 10; a do locatário, a sub-rogação nos seus direitos (art. 11):
a-) nas locações com finalidade residencial, o cônjuge sobrevivente ou
o companheiro, ou os herdeiros e as pessoas que viviam na dependência
econômica do falecido, desde que residentes no imóvel.
b-) nas locações com finalidade não residencial, seu sucessor no
negócio.
Em caso de separação ou divórcio, a locação prosseguirá
automaticamente com o cônjuge que permanecer no imóvel, tendo o
locador o direito de exigir a substituição do fiador ou o oferecimento de
outras garantias previstas, art. 12.
Se o prédio for alienado, poderá o adquirente denunciar a locação, salvo
se for por tempo determinado e o respectivo contrato contiver cláusula de
vigência em caso de alienação e constar do Registro de Imóveis, art. 8º. O
inquilino tem preferência para aquisição do imóvel; arts. 27 ao 30 e 34.
É livre a convenção do aluguel; arts. 17, 18 e 19.
O locatário poderá votar em assembléia geral que envolva despesas
ordinárias de condomínio, se o condômino-locador a ela não comparecer,
art. 83.
O locador só pode exigir do locatário as garantias do art. 37.
Nas ações de despejo por falta de pagamento, o pedido poderá ser
cumulado com o de cobrança dos aluguéis. O locatário poderá evitar a
extinção do contrato, se na contestação, pedir autorização para saldar o
débito, incluindo os aluguéis que vencerem até a data do pagamento,
multas, juros, custas e honorários advocatícios; art. 62.

8.6- EMPRÉSTIMO

COMODATO

- Conceito: É o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis, que se


perfaz com a tradição do objeto; art. 579.

- Elementos Essenciais:
a-) gratuidade: é da natureza do contrato, caso contrário seria locação.
Não descaracteriza o contrato o fato do comodatário de apartamento pagar
despesas condominiais e impostos.
b-) infungibilidade: implica a restituição da mesma coisa recebida em
empréstimo; podendo ser móvel ou imóvel. O comodato de bens fungíveis
só é possível quando for para ornamentação, como uma cesta de frutas.
c-) tradição: para o aperfeiçoamento do contrato é necessário a entrega,
sendo um contrato real.

- Natureza Jurídica: unilateral, gratuito, temporário (prazo determinado


ou indeterminado), não solene (pode ser até verbal) e em regra intuitu
personae.

OBS: Os tutores, curadores, e em geral todos os administradores de bens


alheios não podem dar em comodato, sem autorização especial do juiz, os
bens confiados à sua guarda; art. 580. Excepcionalmente os bens alheios
podem ser dados em comodato, uma vez munido o administrador de
autorização especial.

- Obrigações do Comodatário

a-) conservar a coisa, não podendo alugá-la nem a emprestar; art. 582.
b-) responde pelas despesas de conservação, não podendo recobrar do
comodante as comuns, como a alimentação do animal emprestado; art. 584.
c-) as despesas extraordinárias devem ser comunicadas ao comodante,
para que as faça ou autorize fazê-las. Como possuidor de boa-fé tem direito
à indenização das benfeitorias de acordo com o art. 1219.
d-) em caso do bem objeto do comodato estar em perigo deve o
comodatário seguir o art. 583.
e-) usar a coisa de forma adequada; art. 582.
f-) restituir a coisa no prazo convencionado, ou se não estipulado, findo
o necessário para o uso concedido; ex.: o empréstimo de um trator, sem
prazo, mas específico para a colheita, presume-se que o prazo estende até o
final desta. Caso não devolva o objeto estará sujeito à ação de reintegração
de posse; responderá também pelos riscos de mora e terá que pagar aluguel
de acordo com o art. 582.

- Extinção do Comodato

1-) pelo advento do termo.


2-) pela resolução, por iniciativa do comodante, em caso de
descumprimento das obrigações do comodatário.
3-) por sentença, a pedido do comodante, provada a necessidade
imprevista e urgente.
4-) pela morte do comodatário, se o contrato foi celebrado intuitu
personae.

MÚTUO

- Conceito: é o empréstimo de coisa fungível, pelo qual o mutuário


obriga-se a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo
gênero, qualidade e quantidade; art. 586. Por ele o mutuante transfere o
domínio da coisa emprestada ao mutuário, e por conta deste correm todos
os riscos da coisa desde a tradição; art. 587. O mutuário pode consumir,
alienar e abandonar.

- Natureza Jurídica: unilateral, gratuito ou oneroso, real, não solene,


temporário (prazo determinado ou não), translativo da propriedade.
- Principais diferenças entre mútuo e comodato

1-) o mútuo é empréstimo de consumo, enquanto o comodato é de uso.


2-) o mútuo tem por objeto coisas fungíveis e o comodato infungíveis.
3-) o mutuário desobriga-se restituindo coisa do mesmo gênero,
qualidade e quantidade, mas no comodato só há exoneração restituindo a
própria coisa emprestada.
4-) no mútuo ocorre a transferência do domínio, o que não ocorre no
comodato.
5-) no mútuo é permitido a alienação da coisa emprestada, ao passo que
no comodato é proibido a transferência da coisa a terceiro.

- Empréstimo em dinheiro

No empréstimo de dinheiro o Código Civil de 1916 permitia o


pagamento em moeda estrangeira, mais forte que a nacional e em ouro e
prata. Mas, o atual Código veda tal aplicação; art. 318.
Contudo, a Lei 9.069 de 29/06/95 autoriza algumas exceções, tais como
a permissão de tal estipulação nos contratos referentes a importação e
exportação de mercadorias e naqueles em que o credor ou devedor seja
pessoa domiciliada no exterior.

8.7- DEPÓSITO

- Conceito: é o contrato pelo qual um dos contraentes (depositário) recebe


do outro (depositante) um bem móvel para guarda e não para uso,
obrigando-se a guardá-lo, temporária e gratuitamente, para restituí-lo
quando lhe for exigido; art. 627. Quando o depósito for no banco ou
alguma empresa, estamos falando de um contrato empresarial.

- Natureza Jurídica: gratuito, unilateral (às vezes oneroso e bilateral; art.


628), real, temporário, e em regra intuitu personae.

OBS: Se o depositário realizar algum serviço na coisa depositada, como


por exemplo a lavagem do veículo, o depósito não fica desnaturado. Da
mesma forma se vier a usá-la, desde que tal uso não se constitua no fim
precípuo do contato. Se tal ocorrer será comodato ou locação, conforme
seja gratuito ou oneroso. E no depósito para que exista o uso é necessário
autorização; art. 640.

- Exemplos:

a-) necessário (legal): se feito em desempenho de obrigação legal; arts. 647,


I; 635; 1233, parágrafo único.
b-) necessário (de hospedeiro): depósito de bagagens dos hóspedes nos
hotéis; onde os hospedeiros respondem pelas bagagens; art. 649. A
responsabilidade decorre tanto de atos de terceiro como de empregados ou
pessoas admitidas nas hospedarias. Cessa, se provado que os fatos não
poderiam ser evitados (art. 650), como na hipótese de culpa destes, por
deixarem aberta a porta do quarto, ou caso fortuito e força maior. A
obrigação de ressarcir o prejuízo não pode ser excluída com cláusula de
não indenizar, pois esta será nula. Contudo, a responsabilidade se limita às
roupas e coisas de uso pessoal, que habitualmente são levadas em viagens,
não abrangendo joias e bens de grande valor, que deverão ser objeto de
depósito voluntário.
- Obrigações do Depositário:

a-) guardar a coisa sob seu poder;


b-) ter com a coisa o cuidado e a diligência que costuma ter com o que
lhe pertence, respondendo pelos prejuízos a que dolosa ou culposamente
der causa; art. 629, 1ª parte;
c-) não utilizar o bem sem autorização expressa do depositante, art.
640, parágrafo único;
d-) manter a coisa no estado em que lhe foi entregue, art. 630;
e-) restituir a própria coisa ou o equivalente (dependendo do tipo do
depósito) com os frutos e acrescidos quando o exija o depositante, arts.
629, 2ª parte, 633, 634, 643 e 644;
f-) não transferir o depósito sem autorização do depositante.

- Direitos do Depositário:

a-) receber as despesas feitas com a coisa e a indenização dos prejuízos


oriundos do depósito, art. 643;
b-) reter a coisa até que lhe seja pago a retribuição devida e o valor
líquido das despesas e dos prejuízos a que se refere o art. 643;
c-) exigir a remuneração, se pactuada;
d-) requerer o depósito da coisa nos casos dos arts. 635 e 641.

8.8- PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

- Conceito: é toda espécie de serviço ou trabalho lícito que foi contratado


mediante retribuição; arts. 593 e 594. Pode durar no máximo 4 anos, arts.
598 e 599.
-Natureza Jurídica: bilateral, oneroso e consensual.

- Extinção do contrato: art. 607

- EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

39- Analise a natureza jurídica do contrato de locação.

40- Cite e explique os elementos constitutivos do contrato de locação.

41- Quais são os elementos essenciais do comodato?

42- Cite e explique as principais diferenças entre comodato e mútuo.

43- Assinale a resposta correta:


a) o contrato de depósito é gratuito e unilateral.
b) no contrato de depósito, se o depositário vier a usar a coisa, mesmo que
tal uso não constitua a finalidade principal do contrato, o depósito ficará
descaracterizado e o contrato será de comodato ou locação.
c) o contrato de prestação de serviço é bilateral, oneroso e consensual.
d) no contrato de prestação de serviço não existe limite máximo de
duração.

8.9- MANDATO

- Conceito: é a relação contratual pela qual uma das partes (mandatário) se


obriga a praticar por conta da outra (mandante), um ou mais atos jurídicos,
criando uma espécie de obrigação interna entre ambos, art. 653. A
denominação deriva de manu datum, porque as partes se davam as mãos,
simbolizando a aceitação do encargo. A incumbência de realizar este
determinado encargo é uma transferência de responsabilidade que se dá o
nome de representação, que pode ser: legal (pais, tutores e curadores);
judicial (nomeados pelo juiz, como inventariante e síndico da falência);
convencional (entre as partes).

- Natureza Jurídica: unilateral, consensual, personalíssimo, intuitu


personae, não solene, em regra gratuito (arts. 659, 656 e 658). Toda vez
que se convenciona a remuneração o mandato passa a ser bilateral e
oneroso.

- Espécies: arts. 656, 660 e 661

A procuração ad negotia é a conferida para prática e administração


de negócios em geral; já a ad judicia é outorgada para o foro, autorizando o
procurador a propor ações e a praticar atos judiciais em geral.

OBS: a cláusula in solidum significa que os procuradores são declarados


solidários e autoriza a atuação conjunta ou separadamente, como na
solidariedade passiva. O mandato fracionado é o que concede ao
mandatário poder distinto do que foi outorgado ao outro.

- Quem pode outorgar e receber mandato:Toda pessoa capaz pode outorgar


mandato, art. 654. Os menores púberes são assistidos pelos seus
representantes legais e firmam a procuração junto com estes, devendo
outorgá-la por instrumento público se for ad negotia, art. 654. O maior de
dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário,
mas os seus bens não podem ser atingidos.

- Requisitos:

Os requisitos da procuração estão elencados no art. 654, contudo


em alguns casos é exigido instrumento público, como a compra e venda de
imóvel de valor superior a 30 vezes o maior salário-mínimo vigente no
país.
A procuração particular necessita de reconhecimento de firma,
sendo requisito essencial à sua validade perante terceiros, mas não entre
mandante e mandatário.
Contudo, quando se tratar de procuração ad judicia não há mais
exigência de reconhecimento de firma (Lei 8952 de 13-12-1994).
O substabelecimento pode ser feito por instrumento particular,
ainda que a procuração originária tenha sido outorgada por instrumento
público; art. 655.

- Obrigações do Mandatário:

- agir em nome do mandante, dentro dos limites conferidos na procuração;


art. 665.
- aplicar toda a sua diligência habitual na execução do contrato e em
indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a que
substabelecer; art. 667.
- prestar contas; arts. 668 e 669.
- apresentar o instrumento do mandato às pessoas com quem tratar em
nome do mandante; art. 673.
- concluir o negócio já começado; art. 674.

- Obrigações do Mandante:

- satisfazer as obrigações assumidas pelo mandatário dentro dos poderes


conferidos; art. 675.
- reembolsar as despesas efetuadas pelo mandatário; arts. 677 e 681. Mas a
retenção não é permitida para cobrança de honorários e perdas e danos; art.
680.

- Extinção do Mandato: art. 682

- Irrevogabilidade do Mandato: arts. 683

- Mandato Judicial:

É o oferecido a pessoa habilitada na OAB; pode ser conferido por


instrumento público ou particular. Em caso de urgência pode o advogado
atuar sem procuração comprometendo-se a apresentá-la em 15 dias,
prorrogável por mais 15 dias.
A procuração geral para o foro habilita o advogado a praticar atos
ordinários do processo, salvo os especiais como receber citação inicial, dar
quitação, entre outros.

8.10- SEGURO

- Conceito: é o contrato pelo qual uma pessoa (segurador) se obriga para


com outra (segurado), mediante o pagamento de um prêmio, a garantir
interesse legítimo do segurado pelo que venha a sofrer pessoa ou coisa
resultante de riscos futuros. Vale dizer que no seguro de vida e no
obrigatório (responsabilidade objetiva) em que ocorrer morte por acidente,
pode surgir a figura do beneficiário, o terceiro a quem é pago o valor do
seguro. O contrato de seguro é uma espécie de contrato empresarial.

- Natureza Jurídica: bilateral, oneroso, consensual, aleatório e de adesão.

OBS: Há entendimentos divergentes a respeito do caráter consensual, já


que o artigo 758 dispõe que o contrato só se aperfeiçoa com a apólice; seria
então solene porque necessariamente deveria ser escrito para haver meio de
prova.
“O segurador tem ação regressiva contra o causador do dano, pelo
que efetivamente pagou, até o limite previsto no contrato de seguro”
Súmula 188 do STF.
As coisas não podem ser seguradas por mais do que valem, nem ser
objeto de segundo seguro. A vida, porém, pode ter mais de um seguro e ser
estimada por qualquer valor.
Em princípio estando o segurado em mora, não é devida a
indenização; mas se o sinistro ocorre antes de ser proferida a extinção do
contrato, fica o segurador obrigado a indenizar o segurado moroso,
descontando da importância o valor em atraso.

8.11- TRANSPORTE

- Conceito: é aquele que alguém se obriga, mediante retribuição, a


transportar de um lugar para outro, pessoas ou coisas; art. 730. Pode ser
terrestre, aéreo ou marítimo.
- Natureza Jurídica: bilateral, consensual, em regra oneroso, comutativo e
de adesão.

- Responsabilidades: arts. 734, 736, 738, 746, 749 e 750.

8.12- FIANÇA

- Conceito: é um contrato mediante o qual uma parte (fiador) assume para


com outra, credor de determinada obrigação de terceiro (afiançado), a
garantia de por ela responder caso aquele não venha adimpli-la. Quando se
tratar de “seguro fiança” estamos falando de contrato empresarial.

- Natureza Jurídica: unilateral, acessório, solene (art. 819), intuitu


personae, em regra gratuito (bancos- oneroso).

- Características:

Exige capacidade genérica, mas concedida por mandato é


necessário poderes especiais. É importante ressaltar que é necessária a
autorização do cônjuge; arts. 1647, III e 1649.
As relações entre fiador e afiançado são reguladas pelos artigos
832 ao 835. O fiador, no contrato de locação, não responde por obrigação
resultante de aditamento ao qual não autorizou.

- Extinção: 836, 838 (II- devolução da garantia traz a extinção da fiança) e


839.
8.13- CONTRATO SOCIAL DE SOCIEDADE SIMPLES

O Contrato Social é a convenção pela qual duas ou mais pessoas se


obrigam com esforços ou/e recursos a contribuir por meio de bens ou
serviços para alcançar uma finalidade comum; art. 981.
Esse contrato se difere de todos os outros por haver uma
convergência de vontades a um objetivo comum, enquanto nas outras
modalidades contratuais os interesses das partes são antagônicos.
No Contrato Social as partes devem partilhar os resultados da
atividade econômica, sejam resultados positivos ou negativos. Por isso, é
proibida cláusula que beneficie um dos sócios, isentando-o por exemplo
dos riscos do negócio, excluindo-o das despesas, entre outros; art. 1008.
Contudo, de acordo com o art. 1007, aquele que só contribuir com
serviços, ou seja, só entrar na sociedade com o seu trabalho, apenas
participará dos lucros na proporção da média do valor das quotas.

- Natureza Jurídica: bilateral ou plurilateral, oneroso, solene e comutativo.

- Ler arts.: 997, 1016, 1024 e 1150.

- EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO:

44- Analise a natureza jurídica do contrato de mandato.

45- Conceitue procuração ad judicia.


46- O que significa a cláusula in solidum ?

47- Analise o caráter consensual do contrato de seguro.

49- Marque a alternativa INCORRETA:


a) no contrato de seguro as coisas não podem ser objeto de segundo seguro.
b) no contrato de seguro, regra geral, estando o segurado inadimplente, não
é devida a indenização.
c) a procuração ad negotia é a conferida para a prática e administração de
negócios em geral.
d) a procuração particular para ter validade entra mandante e mandatário
precisa de reconhecimento de firma.

50- Assinale a resposta verdadeira:


a) no contrato de transporte, é anulável qualquer cláusula excludente de
responsabilidade do transportador, quanto aos danos causado às pessoas
transportadas e suas bagagens.
b) se subordina às normas do contrato de transporte, quando feito de forma
gratuita, por amizade ou cortesia.
c) no contrato de fiança a responsabilidade do fiador passa aos herdeiros e
pode ultrapassar as forças da herança.
d) no contrato de fiança o fiador poderá exonera-se da fiança que tiver
assinado por tempo indeterminado.

Obrigada pelo semestre que passamos juntos, sucesso na sua


caminhada!
Professora Sibele

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