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Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a trans-
ferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
O contrato de compra e venda é um contrato, por excelência, bilateral, uma vez que,
para ambas as partes, nascem direitos e obrigações:
É formal a compra e venda dos bens imóveis cujo preço exceda a trinta salários míni-
mos, a qual se deve fazer por escritura pública (art. 108 do Código Civil), e, por outro
lado, tão somente consensual a compra e venda dos bens móveis, bem como dos imóveis
negociados por menos de trinta salários mínimos, a qual se aperfeiçoa no momento em
que as partes acordam sobre o objeto e o preço.
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Obs.: caso os imóveis tenham valor inferior a 30 salários mínimos, pode-se trabalhar
diretamente com a compra e venda tão somente consensual de bens.
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à valida-
de dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior
salário mínimo vigente no País.
Coisa atual ou mesmo futura pode ser objeto de um contrato de compra e venda. Por
essa perspectiva, estabelecem os artigos 483 e 484 do Código Civil que
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso,
ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes
era de concluir contrato aleatório.
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, enten-
der-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contra-
dição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.
Em geral, a compra e venda é comutativa e pré-estimada, uma vez que o preço cor-
responde ao valor da coisa, e as partes conhecem suas prestações desde a contratação.
Todavia, a compra e venda pode ser aleatória se as partes assim o quiserem, como
pode acontecer na hipótese de venda de coisa futura (conforme art. 483 do Código Civil).
A propósito, frise-se que se aplicam à compra e venda aleatória, de coisa futura ou
de coisa existente, porém exposta a risco, os preceitos da classificação do contrato em
pré-estimado e aleatório.
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Em se tratando de compra e venda comutativa, aplica-se o disposto acerca dos vícios
redibitórios (artigos 441 a 446 do Código Civil).
O art. 503, expressamente, ressalta que, se várias coisas forem vendidas conjunta-
mente, o vício redibitório de uma não autorizará a rejeição das demais.
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza
a rejeição de todas.
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Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que rece-
beu com perdas e danos; se o não conhecia, tão somente restituirá o valor recebido,
mais as despesas do contrato.
Não se deve confundir a execução futura com o contrato preliminar (promessa de compra
e venda). Em razão do trâmite da preparação da escritura de compra e venda nos cartórios,
é comum que as partes celebrem um contrato preliminar, em que ajustam o objeto e o
preço e se obrigam a celebrar o contrato definitivo por meio da escritura pública. Note bem:
uma vez que a compra e venda de imóveis é contrato formal, somente se aperfeiçoa com
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a assinatura da escritura; antes disso, o que pode haver é contrato preliminar, mas nunca
compra e venda de execução futura.
A compra e venda pode ser por adesão ou não. A compra e venda de um carro entre
amigos, por exemplo, se considera negociável. Contudo, a compra de uma peça de roupa
em uma grande loja de departamentos se realiza por adesão, cabendo ao comprador
simplesmente escolher o bem, de resto submetendo-se às condições impostas pela loja
vendedora.
O objeto da compra e venda deve ser sempre uma coisa, ou seja, um bem material
suscetível de valoração econômica. No que se refere à nulidade, estabelecem os artigos
497 e 498 do Código Civil que
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em has-
ta pública:
I – pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados
à sua guarda ou administração;
II – pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que
servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III – pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuá-
rios ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal,
juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
IV – pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
Art. 498. A proibição contida no inciso III do artigo antecedente, não compreende
os casos de compra e venda ou cessão entre co-herdeiros, ou em pagamento de
dívida, ou para garantia de bens já pertencentes a pessoas designadas no referi-
do inciso.
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Além disso, proíbe-se também a compra e venda entre um cônjuge (ou companheiro)
e o outro dos bens que integram a comunhão (patrimônio pertencente a ambos os côn-
juges). Excluem-se da proibição, portanto, os bens pertencentes exclusivamente a um
dos cônjuges, ou seja, que não integram a comunhão (conforme art. 499).
Na comunhão de bens, é necessário que haja concordância dos cônjuges para a realização
de compra e venda de um bem que integra a união.
Obs.: �o artigo 1.647 do Código Civil indica as situações nas quais um cônjuge precisa
do consentimento do outro. O inciso I desse artigo prevê que é necessário
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consentimento para alienar ou gravar, com ônus real, bens imóveis. Além disso, o
artigo 1.649 estabelece que a falta de autorização, quando não suprida pelo juiz,
tornará anulável o ato praticado por um cônjuge.
O preço dado pela coisa na compra e venda deve ser sempre em dinheiro (conforme
art. 481, parte final). Isso porque, fosse dada outra coisa, diversa de pecúnia, como preço
da compra e venda, configurar-se-ia, na verdade, um contrato de troca. Nesse sentido,
define o artigo 489 do Código Civil que
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusi-
vo de uma das partes a fixação do preço.
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os con-
tratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a in-
cumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes
designar outra pessoa.
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de
bolsa, em certo e determinado dia e lugar.
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde
que suscetíveis de objetiva determinação.
Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua
determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se su-
jeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor.
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevale-
cerá o termo médio.
Salvo na hipótese de a compra e venda ser celebrada a crédito, o vendedor não é obri-
gado a entregar ao comprador a coisa antes de ele receber o preço (conforme art. 491).
O lugar da tradição, na falta de estipulação expressa, reputa-se àquele em que a
coisa se encontrava ao tempo da celebração do contrato (de acordo com art. 493).
Obs.: até o momento da tradição, aquele que está com o bem arcará com as despesas.
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Cumpre mencionar, ademais, que o vendedor responde por todos os débitos que
gravem a coisa até o momento da tradição, salvo convenção em contrário (conforme
art. 502 do Código Civil). Como exemplo, pode-se pensar na compra e venda de um apar-
tamento, cujo IPTU e cuja contribuição condominial estejam atrasados quando da cele-
bração do contrato. Por se tratar de obrigações propter rem, os respectivos credores
poderão cobrá-las do adquirente, que terá assumido a posição de devedor nas relações
obrigacionais. Todavia, em razão da norma estabelecida no art. 502, o comprador terá
direito de regresso contra o vendedor.
A previsão do artigo 502 do Código Civil, nesse contexto, é a seguinte:
Art. 502. O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos
que gravem a coisa até o momento da tradição.
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Cristiny Mroczkoski Rocha.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela lei-
tura exclusiva deste material.
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