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1.

Consentimento: capacidade vender e comprar de forma


CONTRATO DE COMPRA E VENDA
espontânea e livre, sob pena de anulidade (ex nunc)
Conceito: Denomina-se compra e venda o contrato bilateral pelo qual
Exemplo: o do indivíduo que se propõe a alugar a sua casa da cidade
uma das partes (vendedor) se obriga a transferir o domínio de uma
e o outro contratante entende tratar-se de sua casa de campo. (No erro
coisa à outra (comprador), a contraprestação de certo preço em
sobre o objeto principal, o consentimento recai sobre objeto diverso
dinheiro.
daquele que o agente tinha em mente.)
a) Oneroso;
b) Bilateral (sinalagmático = reciprocidade > relação de prestação e Ainda que haja consentimento o negócio será anulado nos seguintes
contraprestação) (art. 491, CC/2002); casos:
c) Típico (regulamentado por lei);
 Nulidade absoluta:
d) Não solene (exceção à compra e venda de imóvel que exceda a
trinta salários mínimos, conforme o art. 108, CC/2002); Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda
que em hasta pública:
e) Consensual (art. 482, CC/2002) I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os
f) Comutativo e aleatório – (aleatório quando tem por objeto coisas bens confiados à sua guarda ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa
futuras ou coisas existentes, mas sujeitas a risco – comprar frutos que jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou
ainda vão amadurecer e etc.) indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e
g) Consensual outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que
Há um compromisso de transferência que acontece por meio: se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que
se estender a sua autoridade;
 Tradição: bens móveis IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam
encarregados.
 Registro do título translativo do domínio no Cartório de
 Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a
Registro de Imóveis, quando se tratar de bens imóveis bens excluídos da comunhão.

Elementos da compra e venda: Observações: Um cônjuge, qualquer que seja o regime de bens do
casamento, exceto no da separação absoluta, só estará legitimado a
alienar, hipotecar ou gravar de ônus reais os bens imóveis depois de  Conforme a taxa de mercado ou da bolsa em certo dia e lugar.
obter a autorização do outro, ou o suprimento judicial de seu 3. A coisa
consentimento. É numa a venda de coisa inexistente, mas pode haver a venda de coisa
Se um cônjuge está alienando um bem particular seu ao outro, em potencial, tal como a safra futura.
presume-se a autorização recíproca. A escritura pública será É o objeto mediato da obrigação do vendedor para com o comprador,
outorgada e assinada, na posição de vendedor, apenas pelo cônjuge eis que aquele deve transferir a este a propriedade. O objeto deve ser
que esteja alienando o bem” bem:
2. O preço: I. Corpóreo (bens incorpóreos poderão ser objeto de
O preço é o segundo elemento essencial da compra e venda. Sem a alienação, porém na modalidade de cessão, negócio ao
sua fixação, a venda é nula. Se for estipulado o preço de outro bem qual se aplicam as regras referentes à compra e venda);
que não seja dinheiro, pode se configurar em uma troca. – pode ser II. Próprio. Inexiste no direito brasileiro a venda a non
usado cheque ou nota promissória. domino
III. De coisa atual ou futura
O PREÇO PODE SER FIXADO:
– Sendo de coisa atual, o contrato será comutativo, ao passo que se a
 Livremente pelas partes;
coisa for futura (art. 483), o negócio será aleatório, podendo traduzir-
 Por terceiro designado pelos contratantes.
se na venda de uma esperança (emptio spei) ou na venda de coisa
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os
esperada (emptio rei speratate)
contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a
incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes – Não caracteriza coisa futura a herança de pessoa viva, cuja
designar outra pessoa.
negociação (chamada de pacta corvina) é proibida pela legislação
 Por tabelamento ou tarifamento; brasileira, a teor do art. 426, CC/2002
 Admite-se a venda de coisa incerta, indicada ao menos pelo porque houve tradição, “salvo se das instruções dele se afastar o
gênero e quantidade vendedor.

NULIDADE RELATIVA OBRIGAÇÕES DO ALIENANTE

Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e


- Transferir a propriedade do bem
o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
bens for o da separação obrigatória. - Entrega da coisa ou tradição
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para
pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. Art. 492. “Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do
vendedor, e os do preço por conta do comprador”
OBRIGAÇÕES DO COMPRADOR
– pagamento prévio do preço, de modo que, salvo estipulação - Arcar com despesas de conservação e transporte até a tradição,
contratual em contrário, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa se for compra e venda a prazo a entrega será feita no local de
antes de receber o pagamento (exceção de contrato não cumprido); celebração do contrato.
– arcar com as consequências de seu eventual inadimplemento; - Responder por eventuais vícios redibitórios e evicção.
– arcar, salvo estipulação contratual em contrário, com as despesas da - Arcar com as despesas da tradição no caso de bens móveis. (Salvo
transcrição do título no Cartório de Registro de Imóveis; disposição em contrário a tradição se dará onde a coisa está)
– responder pelos riscos do transporte do bem (móvel) feito por ordem A tradição pode ser:
do comprador, salvo se o alienante se abster de instruir o
a) Real (ou efetiva): envolve a entrega efetiva e material da
transportador.
coisa, ou seja, quando o comprador recebe a posse material,
Caso: Se a coisa for expedida “para lugar diverso” de onde se tendo a coisa nas suas mãos ou em seu poder.
encontrava ao tempo da venda, “por ordem do comprador, por sua b) Simbólica (ou virtual): a tradição quando representada
conta correrão os riscos”, uma vez entregue à transportadora indicada, por ato que traduz a alienação, como a entrega das chaves do
apartamento vendido, ou de documentos concernentes à coisa, comprador o direito à complementação da área, abatimento do
tais como conhecimento de carga, ordem de remessa, fatura ou preço e, até mesmo, ao desfazimento do contrato.
qualquer outro que autorize a entrega. Assim, se a venda for ad mensuram e o imóvel for inferior àquilo que
c) Ficta (ou tácita): no caso do constituto possessório ou foi acertado, tem o comprador as seguintes opções:
cláusula constituti, que se configura, por exemplo, quando o
 Quando possível, o complemento da área;
vendedor, transferindo a outrem o domínio da coisa, conserva-
 Solicitar, através de ação estimatória (quanti minoris) o
a todavia em seu poder, mas agora na qualidade de locatário.
abatimento proporcional do preço;
 Solicitar, através de ação redibitória, resolução do contrato.
VENDA AD CORPUS: significado seria “por inteiro” ou “assim
MODALIDADE ESPECIAIS DE VENDA
como está”, é utilizada nas transações imobiliárias para exprimir
 Venda à vista de amostras:
uma venda cujo preço foi estipulado sobre a propriedade como um
todo, na forma como foi apresentada ao comprador, não existindo Art. 484 do Código Civil:

qualquer tipo de referência ou amarração à sua metragem. “Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á
que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.
Toda vez que a diferença entre as medidas for
inferior a 5% (cinco por cento) da área total constante do A amostra ou modelo é um meio prático e eficiente de evitar

instrumento contratual, há presunção juris tantum de que a venda minuciosa descrição das características e qualidade da mercadoria

foi ad corpus. ofertada, que fala muito melhor do que as próprias palavras.

AD MENSURAM: serve para designar aquela transação Se a mercadoria entregue não for em tudo igual à amostra, caracteriza-

imobiliária cuja estipulação do preço foi condicionada à se o inadimplemento contratual, devendo o comprador protestar

especificação das dimensões e da área do imóvel, o que enseja ao imediatamente, sob pena de o seu silêncio ser interpretado como tendo
havido correta e definitiva entrega.
 Venda conjunta: Solene só por exceção, quando tem por objeto bens
imóveis (CC, art. 108). ,
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma
não autoriza a rejeição de todas Comutativo: as prestações são certas e permitem às partes antever as
vantagens e desvantagens que dele podem advir
 Venda em condomínio: direito de preferência aos demais
condôminos Art. 533 do Código Civil, que se aplicassem àquela todas as

Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a disposições referentes a esta (as que concernem a vícios redibitórios,

estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem evicção, perigos e cômodos da coisa etc.), com apenas duas
não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para modificações:
si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias,
a) salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por
sob pena de decadência.
metade as despesas com o instrumento da troca;
CONRATO DE TROCA OU PERMUTA
b) é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e
A troca é, portanto, o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar descendentes, sem consentimento expresso dos outros descendentes e
uma coisa por outra, que não seja dinheiro. do cônjuge do alienante.

Negócio jurídico: CONTRATO DE DOAÇÃO


Bilateral e oneroso, tendo caráter apenas obrigacional: gera para os Doação, define o Código Civil no art. 538, é “o contrato em que uma
permutantes a obrigação de transferir, um para o outro, a propriedade pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou
de determinada coisa. vantagens para o de outra”

Consensual, e não real, porque se aperfeiçoa com o acordo de  Alguns entendem que o aperfeiçoamento da obrigação se dá
vontades, independente da tradição. independente do consentimento do donatário.
 Contudo, em regra, é necessário o consentimento de ambas Não solene ou solene
as partes. Comutativo.
Traço característico: Legitimidade especificas da doação:
a) A natureza contratual;  Não necessitam eles da anuência dos demais, nem do cônjuge,
b) O animus donandi, ou seja, a intenção de fazer uma para doar a um descendente, importando adiantamento de
liberalidade; legítima a doação de pai a filho ou de um cônjuge a outro (CC,
c) A transferência de bens para o patrimônio do donatário; art. 544).
d) A aceitação deste.  Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro,
importa adiantamento do que lhes cabe por herança
A DOAÇÃO É CONTRATO, EM REGRA:
 Marido e mulher podem fazer doações recíprocas, sendo
Gratuito, porque constitui uma liberalidade, não sendo imposto porém inócuas no regime da comunhão universal.
qualquer ônus ou encargo ao beneficiário. Será, no entanto, oneroso,
 A doação de cônjuge adúltero ao seu cúmplice é, no entanto,
se houver tal imposição.
proibida, podendo ser anulada pelo outro cônjuge (CC, art.
Unilateral, porque cria obrigação para somente uma das partes. 550).
Contudo, será bilateral, quando modal ou com encargo.  Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo
outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de
Formal, porque se aperfeiçoa com o acordo de vontades entre doador dissolvida a sociedade conjuga
e donatário e a observância da forma escrita, independentemente da  Também o menor não pode doar.
entrega da coisa.
QUEM POSSUI CAPACIDADE PASSIVA (DONATÁRIO):
Solene: Mas a doação manual (de bens móveis de pequeno valor) é
 Todos aqueles que podem praticar os atos da vida civil, sejam
de natureza real, porque o seu aperfeiçoamento depende incontinenti
pessoas naturais ou pessoas jurídicas de direito privado
da tradição destes (CC, art. 541, parágrafo único)
 O nascituro (CC, art. 542), em função do caráter benéfico do  PRESUMIDA:
ato. a) quando o doador fixa prazo ao donatário, para declarar se aceita, ou
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante não, a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça,
legal.
dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou (CC, art. 539). O
 Incapazes (art. 543) silêncio atua, nesse caso, como manifestação de vontade. Tal

art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde presunção só se aplica às doações puras, que não trazem ônus para o

que se trate de doação pura.


aceitante;

 A prole eventual de determinado casal (art. 546) b) quando a doação é feita em contemplação de casamento futuro com
certa e determinada pessoa e o casamento se realiza. A celebração gera
Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada
pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, a presunção de aceitação, não podendo ser arguida a sua falta (CC, art.
de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará 546)
sem efeito se o casamento não se realizar
 FICTA: é o consentimento para doação ao incapaz. A
 As pessoas jurídicas poderão aceitar doações na
dispensa protege o interesse deste, pois a doação pura só pode
conformidade das disposições especiais a elas concernentes
beneficiá-lo.
A ACEITAÇÃO É INDISPENSÁVEL PARA O
ALGUMAS PONDERAÇÕES ACERCA DO DOADOR:
APERFEIÇOAMENTO DA DOAÇÃO E PODE SER:
O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é
 EXPRESSA: há manifestação de vontade explicita. Em geral
sujeito às consequências da evicção ou do vício redibitório
vem expressa no próprio instrumento. Por exemplo, o donatário
(CC, art. 552, primeira parte), pois não seria justo que
comparece à escritura que formaliza a liberalidade para declara que
surgissem obrigações para quem praticou uma liberalidade.
aceita o benefício.

 TÁCITA: é revelada pelo comportamento do donatário.


Mas a responsabilidade subsiste nas doações remuneratórias e – A invalidade desse ato apresenta duplo escopo: evitar a miséria do
com encargo, até o limite do serviço prestado e do ônus doador e garantir a satisfação dos credores do doador, evitando, assim,
imposto. possível fraude contra credores.
Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, – Ressalva: Possibilidade de reserva de usufruto, renda ou
o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em alimentos.
contrário (art. 552, segunda parte)
ESPÉCIES DE DOAÇÃO

a) Pura e simples ou típica (vera et absoluta) – Quando o doador não


Nota: Doação inoficiosa. Art. 549. Nula é também a doação quanto à impõe nenhuma restrição ou encargo ao beneficiário, nem subordina
parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, a sua eficácia a qualquer condição. O ato constitui uma liberalidade
poderia dispor em testamento. – Princípio da intangibilidade da
plena.
legítima. A nulidade atinge apenas a parte inoficiosa (que não é
b) Onerosa, modal, com encargo ou gravada (donatione sub modo) –
oficioso; que prejudica os outros).
Aquela em que o doador impõe ao donatário uma incumbência ou
Doação da totalidade dos bens Art. 548. É nula a doação de todos os dever.
bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do
 O seu cumprimento, em caso de mora, pode ser exigido
doador.
judicialmente, salvo quando instituído em favor do próprio donatário,
– A chamada doação universal (doação de todos os bens do valendo, nesse caso, como mero conselho ou recomendação (ex.:
doador sem reserva de patrimônio mínimo para sua subsistência) é “dou-te tal importância para comprares tal imóvel”
nula.
c) É feita por gratidão, para retribuir um favor, por reconhecimento
(ex: médico amigo que lhe opera e não cobra nada, depois ganha um
carro). A doação remuneratória não fica sujeita a revogação por Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se
sobreviver ao donatário.
ingratidão.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.
d) Mista – É aquela em que se procura beneficiar por meio de um
contrato de caráter oneroso. Decorre da inserção de liberalidade em 3) Doação conjuntiva:

alguma modalidade diversa de contrato (p. ex., venda a preço vil ou Quando a doação é feita em comum a várias pessoas, entende-se
irrisório (venda amistosa), que é venda na aparência, e doação na distribuída entre os beneficiados, “por igual”. Estabelece-se, assim,
realidade). uma obrigação divisível. A regra é prevista no art. 551 do Código

ESPÉCIES E CONTEÚDOS Civil, que permite, todavia, ao doador dispor em contrário,


determinando que a parte do que falecer acresça à do que venha a
1) doação Propter nuptias:
sobreviver.
Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e
Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa
determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a
entende-se distribuída entre elas por igual.
ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada
por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar. Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na
totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.
A sua eficácia subordina-se, pois, a uma condição suspensiva: a
4) Subvenção periódica:
realização do casamento (si nuptiae sequuntur). Dispensa aceitação,
que se presume da celebração. Trata-se de uma pensão, como favor pessoal ao donatário, cujo
pagamento termina com a morte do doador, não se transferindo a
2) Doação com cláusula de reversão:
obrigação a seus herdeiros, salvo se o contrário houver, ele
Cláusula expressa onde o doador determina que caso o donatário
próprio, estipulado.
morra primeiro do que ele, os bens retornarão ao patrimônio do
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo
doador, ao invés de seguirem para os filhos do donatário. o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário.
HIPÓTESES DE NULIDADE Somente ocorre nos casos de doação pura e simples. Ao aceitar o
benefício, o donatário assume, tacitamente, obrigação moral de ser
– Será nula por incapacidade absoluta do doador, por ilicitude ou
grato ao benfeitor e de se abster da prática de atos que demonstrem
impossibilidade absoluta do objeto e por desobediência à forma
ingratidão e desapreço. A revogação tem, pois, caráter de pena pela
prescrita em lei.
insensibilidade moral demonstrada e somente cabe nos expressos
– Além dessas hipóteses, comuns a todos os negócios jurídicos, é nula
termos da previsão legal.
a doação de todos os bens sem reserva de usufrutos ou bens suficientes
 Atentado “contra a vida do doador” ou cometimento de “crime
para a sobrevivência do doador (CC, 548).
de homicídio doloso” é a primeira causa de revogação da
A proibição do referido artigo visa ainda tutelar os credores do
doação por ingratidão do donatário (art. 557, I)
doador que com a doação de todos os seus bens teriam
Art. 564. Não se revogam por ingratidão:
esvaziada a garantia patrimonial do devedor (CC, 158). I - as doações puramente remuneratórias;
II - as oneradas com encargo já cumprido;
– A doação que excede a metade dos bens do patrimônio do doador III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural;
IV - as feitas para determinado casamento.
no momento do contrato também é considerada nula, se o doador tiver
 O art. 558 possibilita a revogação também quando o ofendido”
herdeiros considerados necessários (CC, 549)
for o “cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo,
REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO ou irmão do doador”. A revogação, por qualquer desses
Segundo Carlos Roberto, a expressão revogação, utilizada pelo motivos, deve ser postulada “dentro de um
legislador, é inadequada, porque ocorre, na verdade, anulação, ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador
rescisão ou resolução. o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor”
(CC, art. 559).
 Revogação por ingratidão do donatário:
 A iniciativa da ação pertence exclusivamente ao doador
injuriado, e só pode ser dirigida contra o ingrato donatário.
Mas, se o primeiro falecer depois de tê-la ajuizado, podem os
herdeiros nela prosseguir, assim como pode ser continuada
“contra os herdeiros do donatário, se este falecer depois de
ajuizada a lide” (CC, art. 560). Malgrado o caráter
personalíssimo, a ação de revogação poderá ser intentada
pelos herdeiros “no caso de homicídio doloso do doador”,
“exceto se ele houver perdoado” o ingrato donatário (CC, art.
561).

PROMESSA DE DOAÇÃO

Assim como há promessa (ou compromisso) de compra e venda,


pode haver, também, promessa de doação. Há controvérsias, no
entanto, a respeito da exigibilidade de seu cumprimento.

Decidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo que “o acordo, quando


contém os mesmos requisitos formais e de fundo da liberalidade
prometida, erige-se em contrato preliminar, sujeitando-se à
execução específica das obrigações de emitir declaração de
vontade.

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