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É esta eficácia absoluta dos direitos reais uma das razões que levaram à
sua sujeição ao princípio da tipicidade ou numerus clausus (art. 1306º CC). Este
princípio resulta da impossibilidade em que se encontram os particulares de
criar direitos reais de um tipo ou com um conteúdo que não correspondam aos
tipos e conteúdos desenhados na lei. Não há, assim, liberdade de conformação
interna dos direitos reais diversamente do que sucede nos direitos de crédito.
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6.2 Sequela.
O direito de sequela ou seguimento constitui uma consequência da
eficácia absoluta dos direitos reais. Isto significa que o direito segue a coisa,
acompanha-a, podendo fazer-se valer seja qual for a situação em que a coisa se
encontre. O titular do direito real pode sempre exercer os poderes
correspondentes ao conteúdo do seu direito, ainda que o objeto se encontre no
domínio material ou esfera jurídica de outrem. Está presente na ação de
reivindicação que permite ao titular de um direito real de gozo obter o
reconhecimento do seu direito e a restituição do que lhe pertence.
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podendo ser exigida a restituição. Embora o nosso legislador não tenha acolhido
este princípio que se fundamenta na necessidade de proteger os interesses do
comércio, consagrou uma solução que serve de compromisso, não sendo,
mesmo assim, uma exceção à sequela: o proprietário pode exigir a coisa ao
terceiro que, de boa fé, a comprou a comerciante que negoceie em coisa do
mesmo ou semelhante género, desde que lhe restitua o preço prago, gozando
do direito de regresso sobre quem culposamente lhe causou o dano.
6.3. Prevalência.
Prevalência ou preferência consiste na prioridade dos direitos reais sobre
os direitos de crédito e sobre os direitos reais constituídos posteriormente
quando total ou parcialmente incompatíveis com o anterior (prior in tempore,
potior in iure). O art. 408º/1 CC apoia de alguma forma este princípio pois
transferindo-se a titularidade de um direito real, por mero efeito do contrato
(princípio da consensualidade), a sua eficácia absoluta confere
automaticamente preferência sobre qualquer outro direito real incompatível
que tenha por objeto a mesma coisa.
A prevalência tem exceções, pelo que nem sempre o direito real mais
antigo prefere sobre o mais recente. Isto acontece devido à prioridade do
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6.4. Inerência.
A inerência traduz a ligação íntima dos direitos reais às coisas que
constituem os seus objetos. Por isso, não se pode manter um direito real se o
seu objeto mudar: “não é juridicamente possível transferir o mesmo direito real
de uma coisa para outra; caso semelhante operação fosse tentada, o efeito seria
a extinção do direito real e a constituição de novo direito real”.
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Esta teoria era muito defendida até ao século XIX, mas remonta à Idade
Média, às Escolas dos Glosadores e dos Comentadores, baseando-se no
conceito romano de ação real (actio in rem).
A crítica feita a esta teoria considera que a defesa de uma relação entre
uma pessoa e uma coisa só pode ter valor imagético, visto ser o direito um
fenómeno social que só existe por os homens viverem em relação. Defende-se,
ainda, que o poder direto e imediato sobre uma coisa é uma simples
consequência jurídica do poder de impor aos outros uma abstenção. Por outro
lado, existem direitos reais que não conferem qualquer poder direto e imediato
sobre a coisa (hipoteca) e existem ainda direitos que, não tendo caráter real,
atribuem esse poder (direitos pessoais de gozo).
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Podem tecer-se críticas a esta teoria. Este compromisso não só não evita
as críticas às doutrinas que procura conciliar, como ainda se podem fazer
outras. Refere-se que não podem haver lados num direito ou numa relação,
sendo a harmonia apenas verbal e aparente.
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Mas será a posse um direito? Ou será um mero facto, uma pura e simples
situação de facto? A nossa posição é a de que estamos perante um direito real
provisório.
Tudo isto mostra que a posse é um direito e, além disso, um direito real.
Direito real porque goza de eficácia erga omnes, o possuidor pode perseguir a
coisa através das ações mencionadas acima.
À pessoa que detém ou frui uma coisa basta provar a posse e se ela for
uma posse de ano e dia (superior a um ano), não tem que se averiguar mesmo
mais nada (art. 1278º/2 CC). Basta, assim, a simples prova desta posse para que
o indivíduo possa exigir a restituição da coisa.
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Depois a lei foca em especial a propriedade das águas, que também, pela
sua natureza, põe problemas específicos.
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Mas isto não quer dizer que os direitos reais de garantia não tenham
natureza jurídica própria. Por apresentarem as características dos direitos reais,
nomeadamente, a sequela e o direito de preferência, entendemos hoje serem
direitos reais.
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Defendeu-se que esta solução nada tinha a ver com direito de sequela,
por ser uma manifestação da cessão da posição contratual, pelo que a
transmissão da posição do locador verificava-se, do alienante para o adquirente
do prédio arrendado, porque acompanhando a alienação do prédio havia a
cessão da posição do locador. Esta solução não é aceitável porque este efeito é
imperativo, impõe-se mesmo contra a vontade das partes.
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posterior. Apesar de aqui não haver um poder direto e imediato sobre a coisa,
MOTA PINTO defende que a posição deste beneficiário deve ser equiparada à
posição do beneficiário de um direito real de preferência, valendo aqui a
sequela, possivelmente.
Exemplos:
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Exemplos:
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Por um lado, temos uma obrigação ligada a um direito real de gozo e, por
outro lado, a própria coisa garante a obrigação. O adquirente responde por
todas as obrigações, inclusive as já vencidas antes da aquisição. O IMI é um
exemplo de ónus real. No direito privado, encontramos um ónus real no crédito
do cônjuge sobrevivo a alimentos da herança do falecido. Quanto às obrigações
anteriores, o adquirente só responde até ao valor da coisa; quanto às
posteriores, responderá com todo o seu património.
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Os ónus reais são direitos reais, não são autónomos a estes, é uma
conjugação de um direito real de garantia com uma obrigação.
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Os tipos admitidos são, porém, tipos abertos (e não tipos fechados como
os do direito criminal), consentindo uma intervenção da vontade que não se
afaste das linhas do tipo. Há mesmo um tipo previsto, a servidão predial, que é
intencionalmente compatível com um número indefinido de concretizações
desse direito.
Os direitos reais, tal como os outros direitos, podem mudar de titular, são
transmissíveis inter vivos ou mortis causa. Significa isto que a ligação entre os
direitos reais e o seu titular é cindível, pode ser quebrada por vontade do titular
ou por outra causa. Esta característica traduz no fundo a alienabilidade e a
hereditabilidade dos direitos reais, mas não tem carácter absoluto, é uma nota
tendencial que comporta exceções.
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Não se deve confundir esta consensualidade que vigora nos direitos reais,
com o consensualismo (art. 219º CC), que se opõe ao formalismo e que diz
respeito à ausência de forma do negócio jurídico. Este consensualismo é
importante para a constituição ou atribuição de iura in re – pois a falta de forma
que excecionalmente se exija resulta na irregularidade do título e, por
conseguinte, na violação do princípio da causalidade – não é a aceção rigorosa
do princípio consensual em matéria de direito das coisas, princípio que, de
acordo com o art. 408º/1, se limita a dizer que a produção dos efeitos reais
depende apenas do contrato, formalizado ou não, em que se manifesta a
vontade de produzir esses efeitos.
Se o princípio causal afirma que sem justa causa o efeito real não se
produz, o princípio da consensualidade só adianta que essa condição necessária
é também suficiente, dispensando-se o preenchimento de qualquer outra
exigência não reconduzível ao contrato.
Exceções a este princípio são a doação de bens móveis quando não exista
escrito – exigência de traditio –, na transmissão de títulos ao portador –
exigência também de traditio –, na constituição do penhor de coisas – exigência
de traditio, art. 669º CC –, na constituição de penhor de créditos – exigência de
notificação do devedor – e na constituição de hipoteca – exigência de registo.
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Capítulo I – A posse
27. Noção e distinção da titularidade do direito em cujos termos se
possui.
A noção de posse é dada pelo art. 1251º CC, que a define como “o poder
que se manifesta quando alguém atua por forma correspondente ao exercício
do direito de propriedade ou de outro direito real”.
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Não pode haver posse nas servidões não aparentes, como está previsto
no art. 1280º CC. Os atos correspondentes ao conteúdo das servidões não
aparentes são normalmente atos de tolerância do proprietário da coisa, não
havendo posse.
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A nossa lei exige, então, o animus e o corpus para que se esteja perante
posse e isso implica que se tenha que provar a existência dos dois elementos
para se poder, por exemplo, adquirir por usucapião ou lançar mão das ações
possessórias. A prova do animus pode ser especialmente difícil. Para facilitar, o
legislador estabeleceu uma presunção: em caso de dúvida, presume-se a posse
naquele que exerce o poder de facto (art. 1252º/2 CC). O exercício do corpus,
faz presumir a existência de animus.
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Isto significa que um negócio que, por seu tipo geral, é idóneo para
transmitir um direito, titula a posse, mesmo que haja um motivo substancial de
invalidade, como por exemplo, em caso de venda anulável por dolo ou coação,
erro ou incapacidade.
Mas é necessário que não exista invalidade formal, pois a existir, o título
não é válido, sendo a posse não titulada (p.ex. uma venda verbal de um imóvel).
A posse pacífica é aquela que foi adquirida sem violência (art. 1261º CC),
contrapondo-se-lhe a posse violenta. Esta distinção tem importância
nomeadamente para os efeitos do art. 1297º CC.
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Têm capacidade para adquirir a posse todos os que têm uso da razão e
mesmo os que não o tenham, só relativamente às coisas suscetíveis de
ocupação (art. 1266º CC). Há autores, que, defendendo a orientação subjetivista
do código, consideram que a exigência do uso da razão “resulta do facto de o
animus possidendi ser um elemento essencial da posse”, pois “o animus só
pode existir em quem tenha uma vontade e só tem vontade juridicamente
relevante quem tiver o uso da razão”. Só não é exigido em relação às coisas
suscetíveis de ocupação pois estamos perante res nullius, não havendo
interesse de terceiro que importe proteger.
1) Aquisição originária
Ocupação:
Acessão:
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Usurpação:
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posse (art. 1265º CC). Trata-se de conversão de uma situação de posse precária
numa verdadeira posse, de forma que aquilo que se detinha a título de animus
detinendi passa a deter-se a título de animus possidendi. Para ORLANDO DE
CARVALHO, a inversão do título da posse é uma inversão do animus: o animus
não relevante transforma-se em animus relevante.
A lei, ao falar de esbulho nos arts. 1267º/2 e 1276º e ss., está a referir-se
não só a esse esbulho residual, mas a todas as formas de usurpação, incluindo
as previstas na lei e referidas acima (esbulho lato sensu).
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2) Aquisição derivada
Traditio
Constituto possessório
1) Efeito probatório
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2) Frutos
4) Encargos
Os encargos com a coisa objeto de posse são pagos pelo titular do direito
e pelo possuidor, na medida dos seus direitos sobre os frutos no período a que
esses encargos respeitam (art. 1272º CC). São encargos normais que estão
ligados à fruição da coisa (contribuições, juros, etc.).
5) Benfeitorias
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CC); Se não existir título mas houver registo da merda posse, os prazos são de
cinco e dez anos contados da mesma data, respetivamente no caso de boa e de
má fé (art. 1295º CC); quando não exista registo do título (ou quando este falte,
com PIRES DE LIMA e ANTUNES VARELA), os prazos são de quinze e vinte anos,
contados desde o início da posse, respetivamente em caso de boa ou de má fé
(art. 1296º CC).
As ações possessórias.
A posse constitui um bem no presente e um bem para o futuro,
satisfazendo dois interesses fundamentais: um, de organização (ligado à
continuidade da coisa possuída na esfera do domínio em que se encontra);
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1) Ação de prevenção
2) Ação de manutenção
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5) Embargos de terceiro
O possuidor pode defender a sua posse, quando esta for ofendida por
penhora ou diligência ordenada judicialmente, mediante embargos de terceiro
(art. 1285º CC). Quando não for parte na causa, o possuidor tem esta faculdade
de fazer valer o seu direito ou posse incompatível com um ato judicial de
apreensão ou entrega da coisa possuída.
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é um conceito mais amplo daquela que trata o CC, incluindo também a garantia
dos direitos de crédito.
1. Ocupação
2. Acessão
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A doutrina observa que a coisa que se une e incorpora pode ser uma res
nullius ou pertencer a outrem e não se exige a intenção de adquirir (animus
adquirendi), pois a aquisição por acessão resulta da lei.
3. Usucapião
1. Contrato
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Essa defesa pode ser extrajudicial, por ação direta e legítima defesa, ou
judicial, através da ação de reivindicação, da ação confessória, da ação
negatória e da ação de prevenção contra danos.
1. Ação direta
2. Legítima defesa
3. Ação de reivindicação
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Perante esta ação, o demandado ou prova que a coisa lhe pertence por
um dos títulos legalmente admitidos, que tem sobre ela um direito real que
justifique a sua posse ou que a detém por virtude de um direito pessoal de gozo
que a lei tutela.
4. Ação confessória
5. Ação negatória
1. Expropriação
2. Perda da coisa
4. Abandono
5. Renúncia
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6. Caducidade
7. Não uso
Defende-se que o não uso constitui uma forma de uso, mas há autores
que defendem que não se deve manter um direito que não é exercido na esfera
jurídica do sujeito. Por exemplo, a propriedade sobre águas particulares que
eram originariamente públicas caduca pelo não uso, revertendo ao domínio
público (art. 1397º CC).
8. Outras modalidades
i. Contrato
ii. Usucapião
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iii. Acessão
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não pode instalar um dique contra o qual a água de torrente natural ou chuva
fique retida. Isso prejudicaria o proprietário do terreno superior.
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2. Propriedade horizontal
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51. Constituição.
A compropriedade pode ser constituída por:
Cada consorte pode, nos termos do art. 1406º CC, usar a coisa comum na
falta de acordo sobre o seu uso, desde que não a utilize para fim diferente
daquela a que a coisa se destina e não prive os outros consortes do uso a que
têm direito.
1408º/2, que remete para os arts. 892º e ss. CC). Isto compreende-se por a
coisa não ser inteiramente sua.
O art. 1407º remete para o art. 985º CC, estando os atos de conservação
e de normal frutificação da coisa submetidos ao regime de administração. A
administração tanto pode pertencer a todos como a apenas alguns dos
consortes e, não havendo convenção, têm poderes iguais. Mas pode haver
estipulação em como apenas alguns deles possam administrar.
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Não se pode vender, doar, trocar, toda a coisa ou parte especificada dela
sem o consentimento de todos os consortes, não bastando, então, a maioria. O
mesmo se aplica ao arrendamento de prédio indiviso (art. 1024º/2 CC). O
arrendamento de uma coisa comum implica o consentimento de todos os
comproprietários. Só que a lei, neste caso, contenta-se com uma manifestação
posterior do seu assentimento, considerando-se o ato válido. Mas se for exigida
escritura pública para o arrendamento (para fins comerciais ou profissão
liberal), já se torna necessário o consentimento de todos, simultâneo ou
posterior, desde que conste da forma exigida pela lei.
53. Extinção.
A compropriedade por extinguir-se por via negocial, qualquer um dos
comproprietários pode adquirir as quotas de quaisquer dos outros ou de todos.
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A segunda posição choca com a ideia de não se poder conceber mais doq
eu um direito de propriedade sobre a mesma coisa, sendo por definição um
direito absoluto que opõe o seu titular a todos os outros.
O nosso Código não define a propriedade horizontal, mas com base nos
arts. 1414º, 1415º e 1420º, podemos defini-la como um conjunto de poderes,
incindivelmente ligados, sobre cada uma das frações autónomas e sobre as
partes comuns do mesmo edifício.
57. Constituição.
O CC determina que a propriedade horizontal pode ser constituída por
negócio jurídico, usucapião, decisão administrativa ou decisão judicial proferida
em ação de divisão de coisa comum ou em processo de inventário (art.
1417º/1).
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58. Modificação.
A modificação do título constitutivo pode operar por escritura pública e
acordo de todos os condóminos (art. 1419º/1 CC). Assim, pode ser o
administrador, em representação do condomínio, a outorgar a escritura pública,
desde que o acordo de todos os condóminos conste de ata assinada pelos
mesmos. Se não se verificarem os requisitos do art. 1415º, o acordo é nulo,
podendo essa nulidade ser declarada a pedido das pessoas e entidades do nº2
do art. 1416º (art. 1419º/3).
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Limitações
Nas relações entre si, os condóminos estão sujeitos às limitações
impostas aos proprietários e comproprietários de coisas imóveis (art. 1422º/1
CC). Existem ainda outras restrições:
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Encargos
Salvo convenção em contrário, as despesas necessárias à conservação e
fruição das partes comuns do edifício e o pagamento de serviços de interesse
comum devem ser pagas pelos condóminos em proporção do valor das suas
frações (art. 1424º/1 CC). No nº2 do mesmo artigo prevê-se que se possa
estabelecer coisa diferente no regulamento do condomínio.
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contribuem os condóminos cujas frações sejam por eles servidas (art. 1424º/4
CC).
Inovações
As obras que constituam inovações dependem da aprovação da maioria
dos condóminos, devendo essa maioria representar dois terços do valor total do
prédio (art. 1425º/1 CC). As despesas ficam a cargo dos condóminos nos termos
do art. 1424º CC.
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Destruição do edifício
Existem várias hipóteses:
Seguro obrigatório
É obrigatório o seguro contra o risco de incêndio do edifício (art. 1429º/1
CC). Este seguro visa facilitar a reconstrução do prédio, satisfazendo assim o
interesse de todos os condóminos.
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a) Usufruto
62.Noção e características.
O usufruto é definido no art. 1439º CC como o direito de gozar
temporária e plenamente uma coisa ou direito alheio, sem alterar a sua forma
ou substância.
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63. Constituição.
O usufruto pode ser constituído por contrato, testamento, usucapião ou
disposição da lei (art. 1440º CC).
1. Contrato
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2. Testamento
3. Usucapião
4. Disposição da lei
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Acessões
Coisas consumíveis
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Coisas deterioráveis
Outros
Nos arts. 1453º a 1456º CC, a lei dispõe sobre o usufruto de árvores e
arbustos, de matas, árvores de corte, plantas de viveiro. Existem problemas
específicos relacionados com esta matéria, principalmente no tocante ao
usufruto de árvores de corte e matas.
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Obrigações do usufrutuário
Relação de bens e prestação de caução
O usufrutuário deve fazer uma relação de bens onde conste o seu estado
e, se houver móveis, o seu valor (art. 1468º/a) CC). Se o proprietário exigir, deve
prestar caução para garantir a restituição dos bens ou, se forem bens
consumíveis, do seu valor, a reparação das deteriorações devidas a culpa dele e
o pagamento de qualquer outra indemnização ao proprietário (art. 1468º/b)
CC).
Reparações ordinárias
Reparações extraordinárias
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Impostos
Informações
65. Extinção.
As causas de extinção do usufruto vêm referidas no art. 1476º CC.
2. Confusão
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3. Não uso
4. Perda
5. Renúncia
6. Mau uso
O usufruto não se extingue pelo mau uso, mas pode ser extinguido em
espécie, no momento em que o proprietário exigir a entrega da coisa e ficar
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b) Uso e habitação
67. Noção e confronto com o usufruto.
O Código define o direito de uso como a faculdade de se servir de certa
coisa alheia e haver os respetivos frutos, na medida das necessidades quer dele
quer da sua a família (art. 1484º/1 CC). Quando se referir à casa de morada,
chama-se direito de habitação (nº2).
Este direito abrange não só o usus, mas também o fructus, embora a sua
designação possa sugerir o contrário. Mas fá-lo apenas na medida das
necessidades pessoais do seu titular e da sua família.
Isto implica que se o direito de uso incidir sobre uma casa (chamando-se
direito de habitação neste caso), esta não pode ser arrendada, visto que o
direito não engloba os frutos civis dela.
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68. Constituição.
Os direitos de uso e habitação constituem-se pelos mesmos modos que o
usufruto, excetuando-se a usucapião (art. 1485º CC). Ou seja, podem ser
constituídos por contrato, testamento ou disposição da lei.
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74. Constituição.
O direito de superfície pode ser constituído por contrato, testamento,
usucapião e pode resultar da alienação de obra ou árvores já existentes,
separadamente da propriedade do solo (art. 1528º CC).
Contrato
Testamento
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Usucapião
Superficiário
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77. Extinção.
O direito de superfície extingue-se:
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Dentro das servidões legais temos servidões de passagem (art. 1550º CC),
que só recai sobre prédios rústicos e não sobre urbanos; servidões de água
(arts. 1557º a 1563º CC).
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