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Direito Comercial

Práticas
CASO N.º 1
António, casado com Beatriz, e Carlos, solteiro, donos de uma pastelaria na Avenida de Roma, compraram à
sociedade Fruta, Lda. um carregamento de mangas para fazerem os seus conhecidos sumos, que atraem
multidões. Pode a Frutas, Lda. demandar apenas António, exigindo-lhe o pagamento do preço total? E, em
caso de não pagamento voluntário, pode esta sociedade executar os bens comuns de António e Beatriz?
RESPOSTA:
Segundo o art. 1º C.Com., aplica-se a lei comercial se estivermos perante um ato de comércio, a base para
isto é o art. 2º.

CASO N.º 2
David, fotógrafo, vende, todos os fins-de-semana, fotografias por si captadas nas feiras da região. Cansado
das longas deslocações, propõe a Elvira, que se dedica à venda de produtos biológicos por si cultivados, que
comprem em conjunto uma carrinha para chegarem às feiras. Assim fizeram. No entanto, Elvira arrepende-
se e não quer pagar o preço acordado.
Pode a sociedade Automóveis, SA. demandar apenas David?
RESPOSTA:

CASO N.º 3
Frederico, advogado e amante de pintura, comprou um conjunto de quadros de Júlio Resende numa galeria
de art, no Porto, pretendendo fazer uma surpresa a Helena, sua mulher. Helena, contudo, não gostou dos
quadros e exigiu que Frederico os tirasse rapidamente de casa.
Triste, Frederico decidiu vender os quadros. Jeremias, comerciante de arte, mostrou.se logo interessado e a
venda realizou-se. Ficou, no entanto, combinado que Frederico guardaria os quadros durante 15 dias, pelo
que este contratou o depósito dos quadros com a galeria de arte onde os comprara, por aquele período. Para
garantir a segurança dos quadros, Frederico contratou ainda um guarda para vigiar as pinturas. Qual a
natureza dos vários atos descritos?
RESPOSTA:

CASO N.º 4
Vasco, trabalhador dos correios, entra, todos os dias, às 9h00 e sai às 17h00. Amante de filatelia, decidiu, há
algum tempo, montar um pequeno quiosque numa Praça lisboeta, para se distrair um pouco ao fim do dia,
antes de ir ter com a mulher, por volta das 19h00. Para manter aberto o quiosque todo o dia, Vasco contratou
um empregado, Manuel. Qual a natureza (civil ou comercial) do contrato celebrado?
RESPOSTA:
CASO N.º 5
José e Luís, arquitetos, pretendendo remodelar o atelier de que são proprietários, no Chiado, contrataram
Matias, empreiteiro, para fazer as obras. No dia 15 de janeiro de 2019, já com as obras prontas e aprovadas,
Matias apresenta a fatura a José, conhecido pelas suas maiores disponibilidades financeiras. Contudo, até
agora, José não pagou a dívida, alegando que só está obrigado a pagar metade do valor da fatura.
i) José tem razão?
ii) A dívida está vencida?
iii) Em caso de mora, qual a taxa de juro aplicável, sabendo que nada foi convencionado?
RESPOSTA:

CASO N.º 6
Francisco, estudante, decidiu montar uma pequena livraria: tomou de arrendamento uma loja na Baixa,
comprou as estantes e todo o mobiliário necessário, encomendou os computadores e celebrou um contrato de
fornecimento de livros com uma editora. No entanto, mesmo antes de a loja abrir, Francisco apercebeu-se
que o curso de Direito lhe deixava pouco tempo para gerir o negócio, acabando por vender a loja a Gustavo
e Octávio, estudantes de gestão. Estes nunca pagaram o preço. A responsabilidade é solidária ou conjunta?
RESPOSTA:

CASO N.º 7

Albano tomou de arrendamento a Belarmina e Carmelinda um espaço no qual instalou uma pastelaria, em
2009, a que chamou “Albanaria”. Segundo Albano, o espaço nunca tinha sido usado para qualquer atividade,
pelo que Albano teve de comprar e pagar todos os móveis e produtos necessários ao funcionamento da sua
pastelaria.

Em 2014, Albano, farto de servir tostas mistas, decidiu passar o negócio ao seu primo, Diogo. Para o efeito,
contactou Belarmina e Carmelinda para saber se nada tinham a opor e, para sua grande surpresa, estas
comunicaram-lhe que se opunham terminantemente a tal transmissão, dizendo-lhe: «Não queremos cá esse
seu primo que, toda a gente sabe, é um caloteiro!».

Perante esta recusa, Albano não teve outro remédio senão continuar a servir tostas mistas. Recorrendo a
todas as forças que lhe restavam, promoveu o nome da Albanaria, melhorou o serviço e passou a anunciar
“as melhores tostas do mundo!”.

Dois anos mais tarde (2016), porém, um seu cliente de longa data, Ernesto, disse-lhe entre duas dentadas
numa tosta: «Oh Albano, se estás assim tão farto disto, eu dou conta do recado! A Belarmina e a
Carmelinda são loucas por mim!». Dito isto, logo ali acordaram no preço, apertaram as mãos e deram o
negócio por concluído.

Quem não gostou da situação foi Filipa, filha única de Albano que queria ficar com a Albanaria e tinha
planos para expandir o negócio, abrindo outras “Albanarias” por toda a cidade. Albano, desolado, disse-
lhe: «Oh filha, se eu soubesse... Agora é tarde para isso, mas não te preocupes: ajudo-te a abrir
uma pastelaria igualzinha a dois quarteirões daquele: vamos chamar-lhe Nova Albanaria e vamos
recuperar “as melhores tostas de Lisboa”!».

1. Imagine que, perante a tentativa de Albano de “passar o negócio” ao seu primo, Belarmina e
Carmelinda pretendiam reagir. Segundo estas, o contrato celebrado não era de arrendamento, mas de
“cessão de exploração”: contrariamente ao afirmado por Albano, com o gozo do espaço foi
igualmente cedido mobiliário e equipamento identificado num anexo ao contrato. Não existiam,
porém, empregados e clientela. Quid iuris?
2. Ignorando a pergunta anterior: Precisava Albano do consentimento das senhorias para transmitir a
sua posição a Diogo? E como é que as senhorias se poderiam proteger face à perspetiva de ter um
caloteiro como arrendatário?
3. Imagine agora que a pastelaria não era de Albano, mas sim de uma sociedade por quotas por si detida
a 100%, cuja quota transmitiu a Diogo. Precisava Albano do consentimento das senhorias para
transmitir a sua quota, representativa de 100% do capital social da sociedade, a Diogo?
4. Ernesto está furioso com a traição de Albano ao ajudar a filha a abrir a Nova Albanaria ali tão perto.
O que pode fazer?
5. Imagine por fim que Albano tinha também arrendado um armazém de apoio ao funcionamento da
Albanaria. Pode trespassá-lo a sua filha para apoio ao funcionamento da Nova Albanaria?

RESPOSTA:

1. Albano compra um “espaço vazio” que é diferente de um espaço comercial. Se é um espaço vazio,
na tese do Albano, trata-se de um arrendamento para fins não habitacionais (pode apenas fazer
“gozo” do espaço)
Tese da B e C: para estas, não se trata de um “espaço vazio” – tinha o suficiente para considerarem
um estabelecimento comercial (passando a ter direito a gozar, fruir e explorar o espaço). Se temos
um EC, então o contrato será de cessão/locação de estabelecimento comercial.
Definição de estabelecimento comercial: conjunto de coisas corpóreas e incorpóreas devidamente
organizadas para a prática de comércio.
Temos um estabelecimento comercial? Se entendermos que não, trata-se de um arrendamento. E se
tivermos?
Negócio: conjunto de meios com uma afetação finalística (aqueles elementos
2.

CASO N.º 8

Continuação do caso n.º 7:

Quando tomou posse da Albanaria, Ernesto apercebeu-se de que Albano tinha esvaziado o armazém,
levando todo o stock de produtos necessário ao funcionamento da pastelaria. Ligou a Albano a reclamar,
mas este respondeu que o stock não tinha sido transmitido. Analise a resposta de Albano e os eventuais
meios de reação à disposição de Ernesto.

Imagine agora que, no contrato pelo qual Albano transmitiu a Albanaria a Ernesto, podia ler-se:

1. Pelo presente contrato, Albano transmite a Ernesto a pastelaria “Albanaria”, incluindo a sua


posição contratual em todos os contratos de fornecimento, por 100.000 euros.
2. Ficam ainda expressamente incluídas as dívidas já vencidas a todos os fornecedores, ficando
Albano exonerado do seu pagamento.
3. Ficam expressamente excluídas:
a. O direito a usar o nome “Albanaria” para identificar o estabelecimento;
b. A máquina que permite fazer “as melhores tostas mistas do mundo”;
c. A marca “As melhores tostas mistas do mundo”;
d. A trabalhadora Maria Albertina.
4. Sem prejuízo do disposto na alínea a) do n.º anterior, Ernesto poderá usar a referência à
“Albanaria” na sua firma pessoal.

Quid iuris?

Albano, entretanto, cedeu o direito a usar o nome “Albanaria” em estabelecimentos comerciais à sua filha
Filipa, para que o pudesse usar no seu novo projeto empresarial. Quid iuris?

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