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INTERESSADOS:
BILHETAGEM ELETRONICA
BORBOREMA
Consórcio CONORTE
EMPRESA METROPOLITANA
EMPRESA PEDROSA
MOBI PE
RODOVIARIA CAXANGA
VERA CRUZ
DESCRIÇÃO DO OBJETO
RELATÓRIO
Assim, caso haja necessidade do Poder Público ter que arcar com alguma
despesa para garantir o equilíbrio econômico do sistema, o pagamento de
subsídio direto (despesa pública) é realizado apenas para as
Concessionárias. Todas as outras nove operadoras, que prestam o serviço
público de transporte de passageiros sem contrato (“permissionárias”), são
remuneradas diretamente pelo valor das tarifas pagas pelos usuários de
transporte público, não existindo, pelo CTM, qualquer pagamento de
subsídio direto a elas.
É nesse ambiente que essa Auditoria Especial está inserida com objetivo de
aprofundar e apurar: a) possível esvaziamento das competências do CTM,
b) possível atuação da Urbana como empresa privada, com fins lucrativos e
c) possível ilegalidade na cobrança de taxas pela Urbana.
Cinge mencionar, que cabe dar ciência também das irregularidades aos
Chefes do Poder Executivo do Estado de Pernambuco e dos
Municípios de Recife e Olinda, como membros integrantes do Consórcio
de Transportes da Região Metropolitana do Recife – CTM e, por sua vez,
da Assembleia Geral do CTM, para deliberação conjunta sobre a condução
e gestão da Estatal Pernambucana.
DETERMINAÇÕES
3. Aplicar multa prevista no art. 73, inciso II, da Lei Orgânica, às empresas
Concessionárias (Conorte e Mobibrasil) e "Permissionárias" (1. Borborema,
2. Caxangá Ltda, 3. Metropolitana Ltda., 4. Globo Ltda., 5. Empresa
Pedrosa Ltda., 6. São Judas Tadeu Transportes Ltda., 7. TRANSCOL Ltda,
8. Viação Mirim Ltda., e 9. Vera Cruz Ltda.) que causaram e corroboraram
com a Urbana para prática de ato ilegal não enviando os recursos da
receita tarifária da bilhetagem eletrônica do STPP/RMR ao CTM, resultando
dano ao erário decorrente da impossibilidade do CTM auferir rendimentos
de aplicação financeira dos recursos da bilhetagem eletrônica do STPP
/RMR. (item 2.1.2)
5. Aplicar multa prevista no art. 73, inciso II, da Lei Orgânica, ao Sindicato
das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco - Urbana,
pela prática de atos ilegais, ilegítimos e irregulares, em especial em não
enviar os recursos da receita tarifária da bilhetagem eletrônica do STPP
/RMR ao CTM, resultando em dano ao erário decorrente da impossibilidade
do CTM auferir rendimentos de aplicação financeira dos recursos da
bilhetagem eletrônica do STPP/RMR. (item 2.1.2)
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6. Aplicar multa prevista no art. 73, inciso I, da Lei Orgânica, ao Diretor
Presidente do CTM, Sr. Erivaldo José Coutinho dos Santos, pela prática
omissiva de ato de gestão ilegal, ilegítimo ou antieconômico, mais
especificamente, por: não convocar as reuniões da Assembleia Geral e não
promover as adequações exigidas por lei na estrutura administrativa e nos
normativos do CTM. (item 2.1.3)
Periculum In Mora:
Conforme apontado:
Assim, resta demonstrado que a Urbana não vem cumprindo com suas
obrigações legais e contratuais de depositar os valores das receitas da
bilhetagem eletrônica nas contas garantias, administrando os valores dessa
arrecadação da forma como lhe convém, sem qualquer ingerência e/ou
autorização do órgão gestor do STPP/RMR, extrapolando as funções legais
a ela impostas (de emitir e comercializar), usurpando-se da função pública
em gerir e administrar as receitas da bilhetagem, à revelia do ordenamento
jurídico e da boa-fé.
O doc. 148 contém a peça defensória do Sr. Marcelo Bruto da Costa Correia,
que, em preliminar, suscita sua ilegitimidade passiva, alegando que o fato de
ser o Presidente do CSTM não se confunde com o órgão de deliberação
colegiada de que participou, assim como pelo fato de não ter o presidente do
Conselho em questão competência para editar ato normativo de
competência do CSTM. Quanto ao mérito, relata o cenário vivenciado no
país enquanto à frente do Conselho, destacando a pandemia do COVID-19,
além de elencar uma série de ações do CSTM voltadas ao aprimoramento
de gestão do STTP/RMR. Invocando disposições da LINDB, pugna pela
expedição de recomendações e ressalvas (medidas preventivas de caráter
didático) em detrimento da aplicação de penalidade.
O doc. 149 contém a peça defensória do Sr. Roberto Ferreira Campos, que,
em preliminar, também suscita sua ilegitimidade passiva, uma vez que o
cargo de Coordenador Jurídico “não detém qualquer competência legal para
criar ou autorizar a criação de conselho de administração para a referida
empresa pública”, sendo da Secretaria de Administração a “competência
única e exclusiva” em deliberar acerca da criação de qualquer estrutura que
envolva a gestão de pessoas”. Alega que, nada obstante a tal fato, atuou
nesse sentido. Pugna “que seja desconstituída qualquer tipo de imputação
de responsabilidade, como também aplicação de multa” em seu desfavor.
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O doc. 165 contém a peça defensória da Viação Mirim Ltda., que também
figura como defendente na peça de defesa conjunta das “permissionárias”
referente ao doc. 249), a qual, em preliminar, suscita sua ilegitimidade
passiva para presença no presente procedimento, sob a alegação de que os
atos apontados pela auditoria como de sua corresponsabilidade são “típicos
atos de gestão, realizados pelos seus administradores” (URBANA/PE e
CTM), razão pela qual pugna “que seja reconhecida a ausência de
responsabilidade da defendente e sua exclusão do processo, julgando
inconsistente as apurações e conclusões em relação a ora Defendente”.
O doc. 180 contém a peça defensória do Sr. Sérgio Russel de Pinho Alves, o
qual suscita sua ilegitimidade passiva, posto que só foi nomeado ao Cargo
de Gerente Financeiro em 18 de maio de 2020, ou seja, não era o gestor no
período de análise da presente auditoria (exercício de 2019 e 1º semestre de
2020), como também, em momento algum do processo, encontra-se o nexo
entre a conduta atribuída que lhe foi atribuída e eventual dano causado. No
mérito, esclarece as funções de cada conta bancária do CTM, apontando
equívocos da auditoria deste TCE com relação a isso, e que as constatações
da equipe de auditoria com relação a ele defendente “jamais poderão ser
configuradas como erros grosseiros, em que pese eventuais equívocos
formais”.
O doc. 182 contém a peça defensória do Sr. José Augusto Cabral Sarmento,
o qual, igualmente às defesas antes trazidas, traz uma preliminar de
ilegitimidade passiva, posto que só foi nomeado ao Cargo de Diretor de
Gestão Organizacional em 01 de abril de 2020, ou seja, não era o gestor no
período de análise da presente auditoria (exercício de 2019 e 1º semestre de
2020), como também, em momento algum do processo, encontra-se o nexo
entre a conduta atribuída que lhe foi atribuída e eventual dano causado. No
mérito, traz argumentos semelhantes àqueles aduzidos na Defesa Prévia do
Sr. Sérgio Russel de Pinho Alves.
v) nunca houve dano ao erário ou impacto nos subsídios, uma vez que a
receita tarifária sempre teve a destinação correta, qual seja, as operadoras
do sistema, não havendo qualquer indicio ou queixa de locupletamento pela
Urbana.
O doc. 273, por fim, contém a peça defensória do Sr. Erivaldo José Coutinho
dos Santos, que inicia trazendo considerações sobre o CTM, mormente com
relação à Assembleia Geral e ao Conselho Deliberativo. Segue explanando
sobre a taxa de conveniência e pontua que “a Urbana comercializa a
bilhetagem eletrônica com base em decisão judicial transitada em julgado”,
abordando, adiante, a questão do valor da tarifa.
VOTO DO RELATOR
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Para um melhor entendimento do caso ora trazido a julgamento, tenho como
pertinente fazer um breve histórico do STPP/RMR.
Quanto ao formato pelo qual o serviço público ora em foco é prestado, cabe
o registro de que, até 2013, ano em que o Governo do Estado realizou as
licitações do STPP/RMR, os serviços de transporte público coletivo eram
prestados pelas operadoras sob a forma de permissão não licitada sob
regime tarifário (a remuneração dessas operadoras se dava exclusivamente
pela venda da tarifa).
A Concorrência nº 003/2013 (lotes 3 a 7), por sua vez, nada obstante ter sido
homologada e adjudicada em favor de outras 9 empresas (Borborema
Imperial Transportes Ltda.; Rodoviária Caxangá Ltda.; Empresa
Metropolitana Ltda.; Transportadora Globo Ltda.; Empresa Pedrosa Ltda.;
São Judas Tadeu & Cia. Ltda.; TRANSCOL-Transportes Coletivos Ltda.;
Viação Mirim Ltda. e Expresso Vera Cruz Ltda.), não tive seus instrumentos
contratuais assinados pelo Poder Concedente, sob a alegação de haver
necessidade de revisão e atualização do arcabouço jurídico, financeiro e
operacional originalmente previsto na licitação de 2013, em face de
mudanças na economia que impactaram de forma significativa o sistema de
transporte, o que aumentaria, de forma significativa, o valor do subsídio
estimado pelo Estado decorrente da formalização dessas concessões.
Como também foi verificado pela equipe técnica deste Tribunal de Contas,
“em 2019, a Urbana-PE comercializou 99,6% do volume total dos créditos,
enquanto o CTM foi responsável por apenas 0,4% do total de 900 milhões de
recursos movimentados, evidenciando a relevância da atuação da Urbana na
comercialização da bilhetagem eletrônica”.
Art. 10. Serão criadas contas bancárias do tipo conta garantia, titularizadas
pelo CTM, nas quais serão depositadas as receitas tarifárias do STPP/RMR
e os eventuais subsídios tarifários instituídos nos termos do art. 26 da Lei
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Complementar Federal nº 101, de 2000, para a cobertura de eventuais
déficits de operação. (Redação alterada pelo art. 1º da Lei nº 15.189, de 12
de dezembro de 2013.)
Resta, pois, que, nos termos legais, todas as receitas tarifárias do STPP
/RMR deveriam ser depositadas em conta bancária de titularidade do CTM, o
que não vem ocorrendo. O fato de alguma desconformidade legal ocorrer há
algum tempo, como demonstrado nestes autos, não autoriza sua
manutenção, como defendem parte dos responsabilizados, ao ressaltarem a
“situação fática” como fator de permanência do modelo ora adotado para o
controle e fiscalização das receitas tarifárias do STPP/RMR. O
gerenciamento do sistema de compensação e rateio e a administração das
receitas tarifárias advindas do Sistema antes referido compete ao CTM,
como previsto no item 8.1 do Anexo Único (Protocolo de Intenções) da Lei nº
13.235/2007, e não à Urbana, como ocorre com relação às “permissionárias”.
Assim sendo, cabe a este órgão de controle externo assinar prazo para que
as partes envolvidas realizem o saneamento de tal desconformidade,
cabendo o registro que o CTM e a URBANA foram notificados do teor do
Relatório de Auditoria em abril e maio de 2021, ou seja, há mais de 18
meses da elaboração deste voto.
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Com relação às multas sugeridas pela área técnico, entendo como não
razoável aplicá-las, uma vez que resta evidenciado nestes autos que o
imbróglio ora verificado no STPP/RMR decorreu da recusa do Estado de
Pernambuco em firmar os contratos de concessão decorrentes da
adjudicação realizada dos lotes 3 a 7 da Concorrência nº 003/2013.
Finalmente, com relação às condutas que foram apontadas pela área técnica
deste TCE como se subsumindo à tipificação de possíveis crimes contidos
na Lei Federal nº 8.666/93, à tipificação de atos improbidade administrativa
previstos na Lei Federal nº 8.429/92, de atos lesivos praticados por pessoas
jurídicas contra a Administração Pública dispostos na Lei Federal nº 12.846
/13, e/ou, ainda, responsabilização penal prevista no art. 328 do Decreto-Lei
nº 2.848/40, já foram expedidos ofícios ao Ministério Público Estadual (doc.
147) e ao Departamento de Repressão ao Crime Organizado - DRACO da
Polícia Civil do Estado de Pernambuco (doc. 103), para adoção das
providências necessárias à investigação criminal, civil e administrativa
cabíveis.
É o voto.
OCORRÊNCIAS DO PROCESSO
Coloquei aqui:
Eu vejo até que V.Exa… esse voto pode estabelecer até um marco
na situação desse julgamento para frente. Os próximos gestores e
atuais gestores, eles vão, necessariamente, precisar observar.
E, também, determinar:
Presidente.
É questão de fato?
É questão de fato.
Pois não.
Então, o que a gente traz a debate e para que não fique confuso na
interpretação da própria defesa e que traga segurança jurídica a
todos é: a não obrigatoriedade foi posta. Esta não obrigatoriedade
ou o indicativo posto pela auditoria de ter que abrir esta conta é o
que carreou o conjunto das irregularidades postas ao cliente e aos
ex-gestores.
Então, a gente traz, justamente, essa questão para que fique claro.
A lei não exige que a conta seja aberta em nome do CTM. Eis o
porquê que não foi aberta até agora. Todos os outros indicativos
que foram apresentados, de absoluta transparência e controle de
gestão dessa conta já estão postos e confirmados.
Senhor Presidente.
Pois não.
RESULTADO DO JULGAMENTO