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Definição (Art 874°): Contrato pelo qual se transmite a propriedade de uma coisa, ou
outro direito1, mediante pagamento de um preço.
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Para ser C e V, o “outro direito” transmitido pode tanto ser real (ex: trespasse de usufruto – Art 1444°,
se realizado a título oneroso) ou direito não real (ex: direitos de propriedade industrial, direitos de
propriedade intelectual com os direitos de autor, direitos de crédito como a cessão de créditos onerosa do
Art 578°, direitos potestativos ou situações jurídicas complexas como posição contratual ou
universalidades de direito como o trespasse de estabelecimento comercial/industrial).
OBS: assunção de dívidas onerosa não pode ser qualificada como compra e venda já que é considerada
pela lei como um contrato translativo de direitos e não de obrigações.
OBS2: também não é C e V transmissão de outras situações não consideradas como direitos subjetivos do
alienante (seria tipos contratuais diferentes – não é compra e venda a “venda de informações, segredos ou
produtos financeiros”, já a “venda de jogadores de futebol” por se tratar de uma cessão da posição
contratual a título oneroso, pode ser qualificada como compra e venda).
Ex: simples posse NÃO constitui um direito subjetivo, não podendo ser objeto de compra e venda, já que
sua transmissão não corresponde à transmissão de um direito.
▪ É um contrato primordialmente não-formal: regra geral é ser um contrato
não-formal, sujeito à liberdade de forma (Art 219°, CC – regra geral).
Exceções (casos em que omissão de forma leva a nulidade – Art 220°):
o Compra e venda de bens imóveis (Art 875°, CC) 🡪 possui forma
específica (escritura pública ou documento particular autenticado). É
extensiva tal exigência de forma a outros atos que importem
(modificação, divisão, constituição, alienação de herança...) de coisas
imóveis (DL 116/2008 de 4 de Julho).
OBS: há exceções em que se admite C e V de imóveis ser feita por
simples documento particular 🡪 C e V com mútuo com ou sem
hipoteca de prédio urbano p/habitação desde que mutuante seja
instituição de crédito autorizada a conceder crédito à habitação +
Procedimento especial de transmissão, oneração e registo de imóveis.
o Transmissão total e definitiva de direitos de autor exige escritura
pública (Art 44°, CDADC).
o Exigência de redução a escrito por razões de proteção do
consumidor:
▪ (DL n°24/2014 de 14 de fevereiro): contratos celebrados fora
do estabelecimento comercial: ex – contrato celebrado de casa
(alguém bate a minha porta querendo vender um pacote de
internet) ou celebrados na rua, em reuniões em hotéis... Todos
estes estão sujeitos à forma escrita sob pena de nulidade.
Nesse DL só se abrange a relação entre o profissional (no
exercício de sua atividade econômica em permanência) e
consumidor (pessoa singular que adquire um bem para um
uso privado – se eu for advogada e adquirir algo para uso
profissional já não sou consumidora). Se tivermos relação
comercial nenhum de nós é consumidor, para haver consumo
é necessário haver essa relação entre um particular que
compra para fins privados e alguém que venda no exercício
de sua atividade profissional
No caso de contratação à distância. Esse decreto inclui, por
exemplo: compras online, lei exige que sejam confirmados –
exige-se não propriamente uma forma, mas sim se ter um
escrito. Ex2: contratação telefônica: também sujeitos à forma
escrita, mesmo que no telefone diga que quer subscrever à
Netflix, por exemplo, para a validade, esses “pactos”
necessitam de vinculação por escrito, se não são nulos e não
vinculam o adquirente.
▪ Venda de crédito ao consumo deve ser celebrado por escrito
ou outro suporte duradouro.
o Fora desses casos e outras exceções C e V não precisa revestir forma
especial. Atenção que C e V de bens móveis sujeitos a registo como
automóveis não esta sujeita a forma especial (assim como o próprio
regime das coisas móveis e o Art 205°, n°2 / CC reforça).
▪ C e V é um contrato consensual (quanto a constituição): lei prevê
expressamente existência de obrigação de entrega pelo vendedor (Art 879°,
b). Ou seja, a entrega não é associada à constituição do contrato, se admite
sua vigência antes mesmo da coisa ser entregue, independe da traditio rei. É
o acordo das partes que determina a formação do contrato 🡪 não
depende da entrega da coisa nem do pagamento do respectivo preço.
Assim, aqui basta mero acordo das partes, diferente dos contratos reais como
o de comodato que exigem entrega do bem para a perfeição do contrato, isso
porque no comodato o legislador quer que reflita bem antes de emprestar
uma coisa sua, como é uma cedência gratuita do bem. Ou seja, C e V não é
contrato real quanto a constituição.
OBS: Esse efeito real de transmissão se dá por mero efeito do contrato. Art 406°, CC –
princípio da consensualidade dos direitos reais: a transmissão ou constituição de efeitos
reais se dá por efeito do contrato, quanto aos efeitos, C e V é consensual.
OBS2: É essencial à C e V que haja a alienação de um direito, com uma aquisição
derivada desse direito. Não será C e V se as partes convencionarem aquisição originária
de um direito pelo adquirente. Contudo, pode haver aquisição derivada constitutiva
(como constituição de direitos reais menores).
OBS4: Existência de uma justa causa de aquisição é sempre necessária para que o
direito real se constitua ou transmita. Qualquer vício no negócio causal afetará
igualmente a transmissão da propriedade 🡪 Princípio da Causalidade (vigora no
sistema do título e no sistema título e modo, mas não no sistema modo, que segue o
Princípio da Abstração em que os vícios não afetam a transferência! Nesse caso do
sistema modo, uma vez transferida a propriedade, só se pode recuperar através de ação
de enriquecimento sem causa). Art 408°, n°1 – estabelece que transferência dos direitos
reais sobre coisa determinada se dá por mero efeito do contrato, consagrando o sistema
do título entre nós. Em nosso sistema da venda real, o adquirente adquire
imediatamente a propriedade da coisa vendida após a celebração do contrato, podendo
imediatamente opor erga omnes no caso de bens não sujeitos a registo (nos sujeitos a
registo a oponibilidade a terceiro depende do ônus de registar).
Diferente
Pagamento feito através de cheque ouacordam que pagamento vai ser feito através de
cheque visado, a obrigação de pagamento do preço que será sem custos nesse caso.
Art 886° - saber bem! Transmitida a propriedade da coisa, ou direito sobre ela e feita
a ... por falta de pagamento do preço.
Art 409° - contratos de alienação n°2 – cláusula tem de estar registada para ser oponível
a terceiros: importante pois se por exemplo, a pessoa coloca para penhora sem ter pago
ainda. Grande parte das vezes a reserva da propriedade se faz até o integral pagamento
do preço. Vantagem em reservar a propriedade: afastar art 886°, que diria que o
vendedor não pode resolver o contrato por falta de pagamento do preço, se ainda não
houve transmissão (reserva de propriedade), a uso para afastar a impossibilidade de
resolução do contrato. Vantagem tb pois quem não paga o carro, tb não deve pagar os
credores, se reservei e cláusula está devidamente registada, o bem não se mistura com a
massa comum dos credores e ... Isso pode não ser vantagem tb pois por exemplo, se
vendi o carro, quero mesmo a propriedade dele daqui a dois anos? A desvantagem é que
depois saindo da massa comum dos credores e indo buscar o automóvel, fico em
situação mais contingente em relação à dívida.
C e V características outras: