Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Noção de contrato
Há dois entendimentos:
- Contrato como acordo de vontades: se as partes não estão de acordo
quanto ao efeito produzido, não há contrato. O contrato tem conteúdo
patrimonial ou não patrimonial (ex: casamento). Vamos restringir-nos
apenas aos contratos de conteúdo patrimonial e que são fontes do direito
das obrigações ou dos direitos reais (art.236º Ccivl).
Art.217º a 294º do CC
Art.405º a 456º do CC
Art.874º a 1250º do CC - contratos típicos, isto é, previstos e regulados na
lei.
Negócios jurídicos:
• Unilaterais - uma declaração de vontade (p.e SQU, art.270º-A CSC)
• Bilaterais - duas ou mais declarações de vontade (contratos)
Contrato real quanto aos efeitos (CV e doação - efeito real de transmitir a
propriedade) ≠ Contrato real quanto à constituição (mútuo, depósito -
1185º, comodato - 1129º)
2. Princípios fundamentais
Abrange 3 dimensões:
1) Liberdade de celebração: decidir se celebramos ou não o contrato.
Tem exceções:
- Quando as partes estão obrigadas a celebrar o contrato (p.e no
contrato-promessa);
- Quando as partes estão proibidas de celebrar o contrato (p.e na
compra e venda: proibição absoluta - 876º e proibição relativa - 877º; na
doação - 953º);
Exceções:
Denúncia: No fundo, o contrato foi cumprido mas não renovado (p.e
contrato de arrendamento);
3. Classificações
Contratos unilaterais: gera-se obrigação apenas para uma das partes (p.e
doação, mútuo).
Impossibilidade culposa - 801º, nº2 - Ex: Eu não pago a coisa enquanto não
receber a coisa
Compra e venda
Caraterísticas
2. Forma
3. Efeitos essenciais
• Para que se produza o efeito real é suficiente a vontade das partes, pelo
que a celebração do contrato de compra e venda acarreta logo a
transferência da propriedade (879º al.a) e 408º nº1). O efeito real
verifica-se automaticamente no momento da formação do contrato.
Exceções
Transferência da propriedade apenas com a tradição ou o registo - não se
verifica em Portugal mas sim noutros sistemas.
4. Proibições de venda
Se, apesar da proibição, vier a ser realizada a venda, é esta considerada nula,
sujeitando-se, o comprador, nos termos gerais à obrigação de reparar os danos
causados (876º nº2 + 580º nº1). A nulidade não pode ser invocada pelo
comprador (876º nº3 e 580º nº2), solução que bem se compreende, já que, se
tal fosse permitido, o comprador celebraria um negócio que poderia sempre
declarar nulo se a operação especulativa não lhe corresse na feição. A nulidade
não pode ser conhecida oficiosamente pelo tribunal. É atribuído ao vendedor,
além da invalidade do contrato, um direito à indemnização por todos os danos
que a atitude especulativa do comprador lhe causou.
No caso de ser celebrada uma compra e venda sem autorização do MP, esta é
anulável.
Esta venda é nula (240º), sendo assim, é invocada a todo o tempo - benefício
para os credores.
A reserva de propriedade:
> é uma garantia do vendedor que faz com que o comprador já não possa vender
a um terceiro.
> facilita a venda a crédito ou prestação
6. Perturbações típicas
Existe venda de bens alheios sempre que o vendedor não tenha legitimidade
para realizar a venda, como sucede no caso de a coisa não lhe pertencer, ou de
o direito que possui sobre ela não lhe permitir a sua alienação.
O contrato é anulável por erro ou dolo, podendo ainda ser exigida do vendedor a
competente responsabilidade civil pelos danos causados. O vício é o erro e não o
ónus.
Dimensões de proteção
- Contratual: o consumidor está protegido quando compra um bem.
- Extracontratual: independentemente da existência do contrato, o
consumidor tem proteção. Exemplo: publicidade, destinatário de anúncio
b) perspetiva subjetiva
c) perspetiva subjetiva
São contratos que englobam duas partes (bilaterais), não havendo finalidade de
financiamento mas sim diferimento do preço em várias prestações.
1. Noção (940º)
Regra geral, no entanto, a doação tem caráter contratual, pelo que necessita de
proposta e aceitação.
3. Caraterísticas do contrato
- Contrato real quanto aos efeitos e não quanto à sua constituição: não há
obrigação de entregar a coisa (954º al.b).
- Contrato não sinalagmático: só faz surgir obrigações para uma das partes.
- Contrato de execução instantânea e periódica: é normalmente um contrato de
execução instantânea, uma vez que a atribuição patrimonial do doador não
tem, em princípio, o seu conteúdo e extensão delimitado em função do tempo.
No art.943º, a lei admite, porém, a possibilidade da doação abranger
prestações periódicas, caso em que naturalmente estaremos perante um
contrato de execução periódica.
4. Formação do contrato
• Objeto (942º)
O artigo 942º nº1 refere-nos que a doação não pode abranger bens futuros.
Isto porque se alguém efetuasse uma doação relativamente a bens que ainda
não adquiriu, embora o contasse posteriormente fazer, poderia não estar
totalmente seguro das implicações do seu ato, e vir a arrepender-se aquando da
futura aquisição do bem. Há assim subjacente a esta proibição um intuito de
tutela do doador por se saber ser mais fácil alguém prescindir de algo que ainda
não adquiriu do que abdicar de um bem que já entrou no seu património. Para
além disso, uma doação de bens futuros nem sequer corresponderia ao conceito
do art.940º, uma vez que, face a este, a doação implica uma diminuição do
património do doador, coisa que não se verifica se ele se limitar a prescindir de
um bem que ainda não adquiriu. Nos termos do art.942º nº2, a proibição da
doação de bens futuros não abrange, no entanto, o caso em que a doação incide
sobre uma universalidade de facto que continue no uso e fruição do doador,
caso em que se consideram doadas, salvo estipulação em contrário, as coisas
singulares que vierem a integrar a universalidade (p.e rebanho ou biblioteca -
206º). Caso haja surgimento de novas coisas singulares dentro da
universalidade é natural que elas sejam consideradas como pertencentes ao
objeto da doação.
Segundo o art.945º nº1, a proposta pode caducar se não for aceite em vida do
doador. O donatário tem assim o tempo correspondente à vida do doador para
aceitar a proposta de doação, salvo se o doador, entretanto, a revogar,
extinguindo a possibilidade de o donatário proceder à sua aceitação (969º). A
aceitação da doação está sujeita à forma exigida para o contrato parecendo
que, salvo no caso de ter havido tradição da coisa para o donatário, terá que
constar de uma declaração expressa (945º nº3).
- A lei exclui apenas os casos em que seja legalmente estabelecida uma inibição
especial para a aceitação de doações, mas tal apenas se encontra prevista para
a indisponibilidade relativa nas doações (953º e 2192º e ss.), o que corresponde,
não a uma situação de incapacidade, mas antes a proibições específicas de
doação entre pessoas determinadas.
• Contrato-promessa de doação
Para alguns autores, não seria este um negócio admissível em virtude de, por um
lado se pôr em causa o requisito de espontaneidade, que se considera dever
presidir à doação e, por outro lado, a ser admissível o negócio, ele valeria logo
como doação (954º c), não sendo consequentemente, um verdadeiro contrato-
promessa, além de que a promessa de doação poderia pôr em causa a proibição
da doação de bens futuros (942º). A resposta da maioria da doutrina tem sido,
porém, no sentido da admissibilidade deste negócio, por se considerar que, além
de a figura se encontrar expressamente prevista em Códigos estrangeiros, o
requisito da espontaneidade não é posto em causa, uma vez que o contrato-
promessa de doação é espontâneo, participando o contrato definitivo por
arrastamento da mesma caraterística. Por outro lado, o contrato-promessa de
doação não derroga a proibição da doação de bens futuros, na medida em que se
adquire um direito de crédito à celebração do contrato e não um bem futuro. É,
no entanto, questionável a forma como se articula a promessa de doação com o
respetivo contrato definitivo uma vez que não há lugar a execução específica
(830º). A solução é haver compromisso.
5. Efeitos (954º)
Quando a lei não exige a tradição da coisa para constituir o contrato de doação,
o doador fica onerado com a obrigação de proceder à sua entrega (954º b).
Essa obrigação aparece regulada no art.955º. É assim atribuído ao donatário um
direito de crédito à entrega da coisa pelo vendedor, o qual concorre com a ação
de reivindicação (1311º), que pode exercer enquanto proprietário da coisa
doada.