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Direito Fiscal I

Instituto Politécnico de Bragança


Escola Superior de Comunicação, Administração
Solicitadoria
2020/2021

30/09/2020
Programa da Unidade Curricular:
- Introdução;
- A relação jurídica tributária;
- O procedimento tributário.
Avaliação da Unidade Curricular:
Avaliação distribuída- 2 frequências cada a 50%
Avaliação final- 100%
Código para a disciplina:
Direito fiscal- 23º Edição
Legislação:
- Lei Geral Tributária (LGT);
- Código de Procedimento e Procedimento Tributário;
- Artigo 16º do Código do IRS (Imposto sobre Rendimento de Pessoas Singulares);

Objeto do Direito Fiscal:


Direito- o direito fiscal é um ramo do direito que regula os “impostos”.
Tributos:
- Impostos;
- Taxas;
- Contribuições especiais;
Direito Fiscal, estuda só os impostos;
Direito Tributário, estuda só os tributos.
*Só se chama direito fiscal por tradição.
Tipos de tributos: lei geral tributária, artigo 4º da LGT

Os meios de financiamento do Estado


Receitas Patrimoniais;
Transferências Públicas;
Dívidas;
Multas/Coimas;
Tributos.
Solicitadoria
2020/2021

Conceito:
TRIBUTO- prestação pecuniária imposta por lei a um sujeito (sujeito passivo do tributo)
a favor de um ente, normalmente pública (excecionalmente privado), sem caráter
punitivo e destinado ao financiamento das despesas públicas.
Ou:
TRIBUTO- uma tributa é uma prestação patrimonial coativa, sem caráter punitivo,
estabelecido por lei a favor de uma entidade pública (excecionalmente privada) e que
tem como objetivo a cobertura de despesas públicas.

06/10/2020
Artigo 4º- LGT (Lei Geral Tributária)
3 tipos de tributos: Contribuições especiais; Impostos; Taxas.
- O direito tributário regula a criação dos tributos;

Conceito:
Taxas- são tributos que são impostos por lei a determinados sujeitos passivos, mas
com uma contrapartida de serviços ou benefícios, individualmente prestados ou
oferecidos a cada sujeito passivo ou a um benefício individualmente.
Por exemplo: - portagens da autoestrada; taxas de justiça (dos processos em
tribunais); propinas; taxa pela solicitação de licenças; taxa moderada do sistema de
saúde, Estas são exemplos de taxas individuais, ou seja, impostas a um sujeito passivo.
Estas taxas são caracterizadas pela sua bilateralidade, ou seja, o sujeito passivo paga,
mas em troca tem o benefício de algo.
Quando são criados novos impostos, estes têm que incidir sobre todas as pessoas. Por
exemplo: aprovação do imposto sobre veículos, este imposto será para todos os
sujeitos.
Desta forma, podemos dizer que os impostos são caracterizados pela sua
universalidade e generalidade. Os impostos não podem retroativos.
No que toca às contribuições especiais, estas são impostas sobre pessoas coletivas,
que beneficiam de serviços.
Solicitadoria
2020/2021

Os princípios fundamentais do Direito Tributário


- Princípios Formais
- Princípio da legalidade dos impostos: princípio do direito fiscal de tudo o
mundo; é um dos dois mais importantes, artigo 165º da CRP; e artigo 103º do CRP
nº2; os impostos só podem ser criados pelo Parlamento mas não em Portugal pois o
governo tem o poder legislativo, daí que não seja necessário ir a Parlamento, artigo 8º
da LGT nº1 e nº2
- Reserva de lei parlamentar e reserva de lei formal;
- Princípio da tipicidade dos impostos;
- Princípio da proibição da retroatividade dos impostos: referendo, neste tipo de
“inquérito” as perguntas têm de ser exclusivamente de sim ou não, logo não podem
ser propostas a referendo as questões orçamentais e financeiras e tributárias, artigo
115º da CRP
- Princípio da universalidade ou generalidade
- Princípio da proibição do referendo fiscal;
- Princípio Materiais ou de justiça
- Princípio da igualdade tributária.
- Princípio da capacidade contributiva: Todos devem de estar sujeitos a impostos para
que seja equitativamente; A distribuição equitativa tem de ter como base a
capacidade contributiva; O princípio da igualdade precisa do crédito da capacidade
contributiva.

As fontes do Direito Tributário:


- Tratados internacionais; são os mais importantes, as convenções bilaterais em
matéria de tributação do rendimento e do capita.
- O direito da União Europeia;
- Constituição;
- Leis- Atos legislativos;
- Regulamentos;
- Instruções Administrativas; estas não têm qualquer valor vinculativo, não sendo
assim uma fonte de direito;
Solicitadoria
2020/2021

13/10/2020

Sujeitos:
- Capacidade Jurídico tributária:
A incapacidade de exercício em matéria tributária ocorre nos casos previstos no direito
civil: menores e maiores assistidos. A incapacidade é suprida através do instituto da
representação.
Representação voluntária concretizada através do mandato fiscal, artigo 5 do CPPT
(mandato tributário).
Caso Prático:
José foi encarregue pelo seu primo Nuno, que vive no Canadá de vigiar o correio que
chega a sua casa. Num certo dia, José encontra no correio uma carta das finanças, abre
e é uma notificação para pagar um imposto até ao dia 30 de novembro de 2020. José
paga o imposto no dia 20 de novembro de 2020. Tudo isto feito sem o consentimento
do primo Nuno, até ao dia 20 de dezembro, que é quando o primo chega para passar o
Natal.
Nessa altura, Nuno é obrigado a pagar ao primo o que ele gastou com o pagamento do
imposto?
Resposta: Artigo 17º LGT nº3; 468º nº1
O sujeito passivo em sentido escrito pode ser:
- o devedor originário ou por débito próprio: aquele sobre quem a lei impõe
originariamente a obrigação de pagar o tributo
- um devedor secundário ou devedor por débito de terceiro ou responsável tributário;
Devedor originário: - Contribuinte direto;
- Substituto.
Devedor secundário: Responsável tributário
Facto tributário- é o facto que faz nascer a obrigação tributária; é também o facto que
justifica o tributo.
Exemplo:
O Rui trabalha no continente 750 euros por mês. A entidade patronal retém 10%. No
entanto o Rui apenas recebe 675 euros.
- Artigo 20º substituto
nº2 tem casos em que não se verifica a retenção na fonte, nomeadamente o
imposto de selo;
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O sujeito passivo devedor originário:


- singular;
- plural: solidariedade passiva, artigo 21º da LGT, responsabilidade
Responsabilidade por dívida de 3º pode ser:
- Subsidiária, artigo 22º da LGT
- Solidária, artigo 22º da LGT
Casos de responsáveis tributários:
- Artigo 24º
- Artigo 24º nº2 da TOC e ROC das empresas;
- Artigo 25º da responsabilidade do titular do EIRL

Caso Prático:
Abel foi gerente, designado nos estatutos da sociedade Alfa Lda, no período de
1/01/2000 a 31/12/2015. No ano de 2019, a sociedade Alfa teve uma inspeção. Nessa
inspeção a Autoridade Tributária concluía que a sociedade Alfa reportou ganhos e
vendas a menos, nos anos de 2014 e 2015. Mais concretamente, o relatório da
inspeção considerou existirem as seguintes dívidas de imposto:
1- Uma dívida de IRC no valor de 100 000 euros respeitantes ao ano de 2014, o
qual deveria ser pago até 31 de maio de 2015
2- Uma dívida de IRC no valor de 50 000 euros respeitantes ao ano de 2015, o
qual deveria de pago até 31 de maio de 2016
Quando Abel terminou o seu mandato como gerente da Alfa foi substituído por Bela
que se mantém no cargo até hoje. Se Abel e a Bela podem ser chamados a pagar estas
dívidas e se sim em que alíneas do artigo 24º?
Resposta: Na 1º dívida a responsabilidade é de Abel por factos acontecerem no seu
mandato, artigo 24º nº1 A. O onús da prova recaí sobre ele alínea B e alínea A, a
autoridade tributária não tem de provar nada; Bela tem de provar que a
responsabilidade não é dela; Os prazos deram-se dentro do mandato, então a
autoridade tributária pode usar a alínea B; Na 2º dívida Abel, alínea A do artigo 24º e
Bela artigo 24º alínea B.

20/10/2020

Sujeitos:
-Casos de responsáveis tributários- artigo 26º
- Casos de responsáveis tributários- artigo 27º- fala do gestor de bens ou direitos de
não residentes, é a pessoa que se responsabiliza por as dívidas fiscais de um cliente, e
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esse gestor pode ser um solicitador e/ou um advogado


- Caso especial do artigo 28º da LGT
Caso Prático:
Duarte trabalha na sociedade Santos & Pecadores, Lda, desde 2010. Auferindo aí de
um salário bruto (ou seja, antes de impostos) de 1200 euros mensais.
De acordo com o regime da retenção na fonte de IRS, a entidade empregadora está
obrigada a efetuar a retenção de IRS sobre o salário de Duarte à taxa de 9,5%
(1200x0,95= A entidade patronal retém 114 euros só de IRS) (além disto teria também
de efetuar de retenção de segurança social). Durante todo o ano de 2018, a sociedade
efetuou retenção de IRS à taxa de 5% (reteve menos do que devia, 1200x0,95=60
euros/mês)
a) No final do ano de 2018 existe uma dívida vencida e não paga de IRS?
Resposta: Sabemos que não foi pago, mas esta dívida tinha que ser paga? Tinha, então
existe uma dívida de IRS.
b) Quem é o devedor originário desta dívida? (é aquela pessoa sobre quem a lei
originariamente impõe a obrigação de pagar=devedor originário)
Resposta: O devedor originário é a sociedade.
c) Quem é o contribuinte direto em relação a essa dívida? (é a pessoa na esfera
de quem se verifica o facto tributário= definição de contribuinte direto)
Resposta: É o Duarte, porque
d) A sociedade é sujeita passivo desta dívida? Se sim, a que título?
Resposta: Sim é o sujeito passivo, pois é sobre ela que AT (autoridade tributária) tem
que recair a título de substituto, artigo 18º nº3 e artigo 20º
e) Diga se existe nesta situação alguém na condição de responsável tributário?
Resposta: (Responsável tributário = devedor secundário) é uma das 3 categorias de
sujeito passivo, e este não é originariamente sujeito passivo só é porque o primeiro
não paga. Ou seja, é alguém que vai ser chamado, porque o primeiro não pagou.
Artigo 28º nº 2 quando a entidade está obrigada a fazer a retenção, mas neste caso,
não houve ou quando a entidade não faz as retenções com as devidas taxas. O nº1
aplica-se a situação em que a entidade patronal faz a retenção à fonte, mas não
entrega a importância ao Estado. Cabe ao substituto originário Duarte a
responsabilidade tributária, mas se Duarte não pagar cabe à sociedade pagar a dívida,
artigo 28º nº2.

Exemplo, para o artigo 28º nº1:


A é trabalhador por conta de outrem. Salário de 1200 euros. Anualmente são 14 400
euros.
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A retenção na fonte é feita à taxa de 12% (pessoa solteira e sem filhos), 1200x12%=144
euros
No final do ano as somas das retenções é 144x14=2016 euros
Rendimento global é de 26 000 euros, para este rendimento a taxa de IRS é de 25%.
Caso Prático:
Berta é trabalhadora na sociedade Alfa SA. Aufere um salário mensal de 1500 euros. A
sociedade está obrigada a efetuar retenção na fonte à taxa de 20%. A sociedade efetua
essa retenção, mas não entrega o imposto retido ao Estado.
a) Quem é o devedor originário desta dívida
Resposta: Devedor originário- sociedade
b) Quem é o contribuinte direto em relação a essa dívida?
Resposta: Contribuinte direto- Berta;
c) A sociedade é sujeita passivo desta dívida? Se sim, a que título?
Resposta: Sim ainda, a título substituto, artigo 28º nº1

Domicílio do sujeito
A questão do domicílio dos sujeitos passivos tem importância a dois níveis:
A- A um nível substantivo-determinar se o sujeito passivo é ou não residente para
efeitos tributários- Se tem domicílio em Portugal será por as leis de Portugal,
nomeadamente vai tributar aqui sobre os rendimentos e se não for residente
ao Portugal vai ser noutro pais.
B- A um nível adjetivo/procedimental- os sujeitos passivos são notificados e
citados no seu domicílio (salvo notificação eletrónica). - Problema que surge é
que as pessoas mudam muito de casa e o domicílio torna-se uma situação
complicada, porque tem de fazer alteração no registo civil.
Domicílio:

 Pessoas singulares, artigo nº19 A, e artigo 16ºCIRS


 Pessoas coletivas, artigo 19º B
Caso Prático
Maria, cidadã portuguesa, emigrou para a Alemanha no dia 25/10/2016. Em
3/11/2017 Maria ainda se encontra na Alemanha onde tem estado sempre a trabalhar
sem interrupção. Regressa a Portugal definitivamente em 4/11/2017.
A- Poderá Maria ser considerada residente em Portugal no ano de 2016?
Artigo 16ºnº1 A, esteve mais de 12 meses, esteve 183 dias, em 2016 é residente.
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B- Poderá Maria ser considerada residente em Portugal no ano de 2017?


Não, porque não esteve 12 meses.
Caso Prático
José é cidadão português e viveu em Portugal sempre até ao 15 de março de 2017.
Nesse dia emigrou para França e não voltou mais.
Pode ser considerado residente em 2017?
Resposta: É residente em Portugal, conforme o artigo 16º nº1 A CIRS porque
permaneceu mais de 183 dias seguidos.
Caso Prático
João cidadão português viveu sempre em Portugal até que, em janeiro de 2015,
arranjou emprego em Angola. Esteve, no entanto, em Portugal entre 16/10/2016 e
31/12/2016.
Ele é residente em Portugal no ano 2016?
Resposta: Não.
Caso Prático
No dia 15/03/2016 Ana emigra para a Irlanda onde fica a trabalhar regime de
permanecia. Mas mantem a sua casa em Coimbra. No ano de 2017, só volta a Portugal
dois dias no Natal.
Poderá Ana ser considerada residente em Portuga no ano de 2017?
Resposta: Sim, artigo 16ºnº1 B CIRS.
27/10/2020

Domicílio do sujeito passivo:


Artigo 19º
Nº1- o domicílio fiscal do sujeito passivo é, salvo disposição em contrário:
A- Para as pessoas singulares, o local da residência habitual;
B- Para as pessoas coletivas, o local da sede ou direção efetiva ou, na falta destas,
do seu estabelecimento estável em Portugal;
Residência= Sítio habitacional diário da pessoa;
Direção efetiva= é o domicílio efetivo da sede
Estabelecimento Estável= Código do IRC artigo 5º, é onde se estabelece a sua
atividade;
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Transmissão da divida fiscal


Artigo 29ºLGT- Princípio da intransmissibilidade das dividas
Exceções:

 Sucessão Legal
 Sub-rogação nos direitos da Fazenda Publica
Caso Prático
Alberto é dentista, tem um filho João. Alberto sofre um procedimento de inspeção tributaria
que se inicia no dia 1/10/2020. A contabilidade de alberto tem muitas irregularidades. Alberto
morre no dia 30/11/2020. No dia 15/12/2020 é encerrado o procedimento de inspeção e é
liquidado o imposto de 30.000€.

João é obrigado a pagar a divida de 30.000€?

Artigo 29ººLGT, segundo o princípio da intransmissibilidade das dividas, a divida cabe João
ainda que não esteja liquidado.

Liquidar em direito fiscal é efetuar as operações necessárias para definir o


quantitativo da divida.
Prova de Frequência: 24 de novembro- Primeiro turno 18:00 as 19:00

Sub-rogação nos direitos da Fazenda Pública


Artigo 41ºLGT (pagamento por terceiro)
1- O pagamento das dividas tributarias pode ser realizado pelo devedor ou por
terceiro.
2- O terceiro que proceda ao pagamento das dividas tributarias apos o termo do
prazo do pagamento voluntario fica sub-rogado nos direitos da administração
tributaria, desde que tenha previamente requerido a declaração de sub-
rogação e obtido autorização do devedor ou prove interesse legítimo.
“Pode ser sub-rogado” - a pessoa que fica sub-rogada paga a dívida e depois o
terceiro fica na A.T. como credor, enquanto que o 1º devedor não teve capacidade
de pagar;

O objeto da relação jurídica de imposto


A relação jurídica tributaria é complexa, o seu conteúdo é complexo:

 Prestação do tributo devido (prestação de dare)


 Prestações acessórias (prestações de facere)
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O objeto principal dentro da relação jurídica fiscal (de imposto) é a divida de imposto.
A divida de imposto tem de ser determinada.
Grande parte de uma lei de imposto é composta pelas regras sobre como determinar a
divida de imposto.
A determinação da divida de imposto faz-se por várias fases:

 A determinação da matéria coletável- o imposto vai incidir sobre alguma coisa,


esse alguma coisa é matéria coletável, exemplo no IRS a matéria coletável é o
rendimento anual já no IRC a matéria coletável pode ser o lucro (sociedades)
como também pode ser o rendimento anual no caso de uma associação ou de
uma pessoa coletiva sem fins lucrativos; no caso do IMI a matéria coletável é o
valor do imóvel;
 A liquidação em sentido estrito (aplicação da taxa à matéria coletável)
exemplo: 20.000 x20 = 4000 (coleta)
 Eventuais deduções à coleta- o qual se determina o valor da liquidação
completa da coleta, exemplo: Coleta 4000 deduções: 1500 o imposto vai ser
4000-1500= 2500 (liquidação completa)

03/11/2020

Objeto da relação jurídica tributária


Artigo 30º da LGT:
1- Integram a relação jurídica tributária:
a) o crédito e a dívida tributários;
b) o direito a prestações acessórias de qualquer natureza e o correspondente
dever ou sujeição;
c) o direito à dedução, reembolso ou restituição do imposto;
d) o direito a juros compensatórios;
e) o direito a juros indemnizados.
Artigo 31º nº2:
2- São obrigações acessórias do sujeito passivo as que visam possibilitar o
apuramento da obrigação de imposto, nomeadamente a apresentação de
declarações, a exibição de documentos fiscalmente relevantes, incluindo a
contabilidade ou escrita, e a prestação de informações.
Prestações acessórias
- Quaisquer previstas nas leis fiscais que não consistam em pagar:
Exemplos:
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- Obrigações declarativas;
- Obrigação de manter contabilidade;
- Obrigação de emitir fatura;
- Obrigação de cobrar IVA.
Artigo 32º:
Dever de boa prática tributária:
Aos representantes de pessoas singulares e quaisquer pessoas que exerçam funções
de administração em pessoas coletivas ou entes fiscalmente equiparados incumbe,
nessa qualidade, o cumprimento dos deveres tributários das entidades por si
representadas.
Artigo 33º:

Pagamento por conta


As entregas pecuniárias antecipadas que sejam efetuadas pelos sujeitos passivos no
período de formação do facto tributário constituem pagamento por conta do imposto
devido a final.

- Definição de pagamentos por conta: entregas pecuniárias antecipadas efetuadas


pelos sujeitos passivos no período de formação do facto tributário;
- Aplica-se aos impostos sobre o rendimento, em que o facto tributário se forma ao
longo do tempo (ao longo do ano civil);
- A obrigação de efetuar pagamentos por conta é imposta por lei.
Artigo 34º
Definição legal de retenção na fonte;
Condição 1: A tem para com B a obrigação de lhe pagar uma remuneração;
Condição 2:
Artigo 35.º
Juros compensatórios
1 - São devidos juros compensatórios quando, por facto imputável ao sujeito passivo,
for retardada a liquidação de parte ou da totalidade do imposto devido ou a entrega
de imposto a pagar antecipadamente, ou retido ou a reter no âmbito da substituição
tributária.
2 - São também devidos juros compensatórios quando o sujeito passivo, por facto a si
imputável, tenha recebido reembolso superior ao devido.

São devidos pelo sujeito passivo à Autoridade Tributária;


Juro= capital x taxa
Tempo (em dias)
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Juros compensatórios= imposto em dívida x 0.04 x nº dias


365 (dias)

Caso Prático:
Duarte, advogado ao preencher a sua declaração de IRS de 2017 omitiu rendimentos
no valor de 20.000 euros. Duarte em 2021 teve uma inspeção e através das contas
bancárias a autoridade tributária detetou a omissão de rendimentos.
Consequentemente a autoridade tributária emitiu uma liquidação adicional de IRS para
o ano de 2017.
É importante saber que:
- a data limite para a entrega da declaração de IRS é 31 de maio de 2018
- o Duarte foi notificado da liquidação adicional no dia 30 de junho de 2021
Imposto em dívida= 20.000
taxa= 4%
Número de dias= 2018 junho 30; julho 31; agosto 31; setembro 30; outubro 31;
novembro 30; dezembro 31/ 2019= janeiro 31; fevereiro….. total são 1125 dias
Resposta: Há lugar a juros moratórios porque o contribuinte por facto assim imputado
retardou a liquidação. O prazo começa a contar-se a partir do dia 31.
J= 20.000x0.04x1125
365
= 2.465€

Constituição da relação jurídica tributária:


Artigo 36º LGT
Constituição da relação jurídica tributária:
- Nenhum dos sujeitos da relação jurídica tributária tem qualquer liberdade para a
conformar, seja por acordo seja por ato unilateral (princípio da legalidade);
- O que é decisivo é que ocorra um facto, na esfera do sujeito passivo, que
corresponda ao facto tributário: obtenção de um rendimento, realização de um
negócio, compra de um imóvel, propriedade de um automóvel,
- Para decidir se ocorre ou não esse facto, não é decisivo o nome que as partes tenham
dado ao negócio: exemplo: a e b fazem um contrato de sociedade, em que A entra
com um imóvel, mas o que pretendem é fazer a transferência da propriedade do
imóvel de A para B.
Remissão para o artigo 38º
Solicitadoria
2020/2021

Caso Prático:
O Manuel tem um divida à AT de 30.000 euros. Vamos calcular o valor mínimo das
prestações que ele poderia conseguir.
O número não pode exceder as 36 prestações, logo a prestação mais pequena que ele
pode conseguir é 30.000/36= 833,33 artigo 196º Código de Procedimento e de
Processo Tributário nº4
Dívida 55000- artigo 196 nº5:
5 anos x 12 meses= 60 prestações
55000/60= 916, como é inferior a 10 UC (1020 euros)
55000/1020= 53,94 prestações

10/11/2020

Extinção da relação jurídica tributária


A relação jurídica tributária extingue-se com:
- Pagamento;
- Dação em cumprimento;
- Compensação;
- Cobrança coerciva integral.
Pagamento:
Já vimos que o pagamento pode ser efetuado quer pelo sujeito passivo
quer por qualquer terceiro;
Sendo efetuado por terceiro pode, verificadas certas condições, ocorrer
sub-rogação do terceiro nos direitos do subjetivo ativo
Prazo de pagamento voluntário:
O pagamento tem sempre um prazo: o prazo que o sujeito passivo tem
para efetuar o pagamento voluntariamente, sem ser através de cobrança
coerciva;
O prazo de pagamento voluntário pode ser:
- Legal;
- Fixado pela administração tributária
Solicitadoria
2020/2021

Artigo 84º do CPPT- Pagamento voluntário;


Artigo 85º do CPPT- Prazo (30 dias após a notificação pelos serviços
competentes quando não esteja estabelecido qualquer prazo;)
Artigo 196º do CPPT- Pagamento em prestações (as dívidas só podem ser
pedidas em prestações apos estar já um processo executivo a decorrer)
Não pode ser concebido o pagamento em prestações:
- Para as dívidas de recursos próprios comunitários;
- Às dívidas resultantes da falta de entrega, dentro dos respetivos prazos
legais, de imposto retido na fonte ou legalmente repercutido a terceiros,
salvo em caso de falecimento do executado.
Exceto se:
- O pagamento em prestações se inclua em plano de recuperação no
âmbito de processo de insolvência ou de processo especial de
revitalização, ou em acordo com o sujeito ao regime extrajudicial de
recuperação de empresas em execução ou em negociação;
- Se demonstre a dificuldade financeira excecional e previsíveis
consequências económicas gravosas, não podendo o número das
prestações mensais exceder 24 e o valor de qualquer delas ser inferior a 1
unidade de conta no momento da autorização.
- O pagamento em prestações (só) pode ser autorizado desde que se
verifique que o executado, pela sua situação económica, não pode…
Pagamento em prestações e execução fiscal: (artigo 193º do CPPT)
- Caso o pedido de pagamento em prestações obedeça a todos os
pressupostos legais, deve o mesmo ser objeto de imediata autorização
pelo órgão considerado competente nos termos do artigo anterior,
notificando-se o requerente desse facto;
- E de que, caso pretenda a suspensão da execução e a regularização a
sua situação tributária, deve ser constituída ou prestada garantida
idónea nos termos do artigo seguinte ou, em alternativa, obter a
autorização para a sua dispensa.
- Caso o pedido de pagamento em prestações obedeça a todos os
pressupostos legais, deve o mesmo ser objeto de imediata autorização
Solicitadoria
2020/2021

pelo órgão considerado competente nos termos do anterior artigo,


notificando-se o requerente desse facto
- E de que, caso pretenda a suspensão da execução e a regularização da
sua situação tributária, deve ser constituída ou prestada garantia idónea
nos termos do artigo seguinte ou e alternativa…
(…)

Caso Prático
Abel foi notificado para pagar IRS no valor de 3000€ dentro de um
determinado prazo. Não pagou e foi instaurado um processo de execução
fiscal. Nessa altura Abel faz um pedido de pagamento em prestações que
lhe é deferido.
A fim de suspender a execução fiscal Abel tem que prestar garantia?
R: Não, porque até 5000€ é dispensado de prestar a garantia

Compensação de dívidas com créditos


Artigos 89º a 90º A do CPPT
A- Por iniciativa da administração tributária:
- Os créditos do executado resultantes de reembolso, revisão oficiosa,
reclamação ou impugnação judicial de qualquer acto tributário são
aplicados na compensação das suas dívidas cobradas pela administração
tributária, exceto nos casos do artigo 89º nº1 alínea a) e b)
Caso Prático
André impugnou junto do tribunal do TAF de Mirandela uma liquidação
de IVA no valor de 15000€.
O tribunal deu razão a André, condenou a Autoridade Tributária a
reembolsar o imposto pago por André.
A AT não recorreu da sentença, a qual transitou em julgado no dia 31 de
outubro de 2020. Em 30 de novembro de 2020, André ainda não foi
reembolsado. Nesse dia é notificado para pagar uma nova dívida,
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liquidada (quantificar a dívida, ou seja, a dívida existe e o valor é este)


no dia 28 de novembro, até ao dia 31 de dezembro.
1) A autoridade tributária deveria efetuar a compensação? Não,
porque está a correr o prazo para a impugnação.
2) André não paga a divida e no dia 15 de fevereiro de 2021 põe no
TAF nova ação a impugnar a dívida. Um ano depois estando
pendente no TAF de Mirandela, deve a autoridade tributária
efetuar a compensação? Não, porque já não está a correr nenhum
prazo, mas está pendente um meio judicial, qual seja a impugnação
judicial anterior, artigo 89º nº1 alínea b).

A- Por iniciativa do contribuinte- artigo 90º nº 1 a nº4 do CPPT

Caso Prático:
Bernardo tem uma dívida tributária em processo de execução fiscal.
Apurado o IRS de 2020, apura-se um crédito de 1220€.
1- A autoridade tributária deve efetuar a compensação da dívida com
o crédito em questão? Não pode
2- Pode o bernardo pedir a compensação com a divida que esta em
execução fiscal? Sim, artigo 90º nº1, esta compensação é possível
de ser feita com crédito de terceiros.
Pagamento indevido da prestação tributária:
Direito a juros indemnizatórios- artigo 43º da LGT
- São devidos juros indemnizatórios quando se determine, em reclamação
graciosa ou impugnação judicial, que houve erro imputável aos serviços de
que resulte pagamento da dívida tributária em montante superior ao
legalmente devido;
- Considera-se também haver erro imputável aos serviços nos casos em
que apesar, de a liquidação ser efetuada com base na declaração do
contribuinte, este ter seguido, no seu preenchimento, as orientações
genéricas da administração tributária, devidamente publicadas.
São também devidos juros indemnizatórios nas seguintes circunstâncias:
Solicitadoria
2020/2021

- Quando não seja cumprido o prazo legal da restituição oficiosa dos


tributos;
- Em caso de anulação do acto tributário por iniciativa da administração
tributária, a partir do 30º dia posterior à decisão, sem que tenha sido
processada a nota de crédito;
- Quando a revisão do acto tributário por iniciativa do contribuinte se
efetuar mais de um ano após o pedido deste, salvo se o atraso não for
imputável à administração tributária;
- Em caso de decisão judicial transitada em julgado que declare ou julgue a
inconstitucionalidade ou ilegalidade da norma legislativa ou regulamentar
em que se fundou a liquidação da prestação tributária que determine a
respetiva devolução.
Caso prático:
Carlos foi notificado na sequência de uma inspeção tributária para pagar
IVA em falta. Carlos pagou a dívida de 10000€ no dia 10 de novembro de
2020. Entretanto Carlos impugna judicialmente o ato de liquidação. Em
2023 o tribunal dá razão ao Carlos transitando a sentença em julgado no
dia 30 de abril de 2023 e a autoridade tributária reembolsa Carlos no dia
15 de maio de 2023.
Como se calcula os juros?
J= 10000 x 0.04 x 946 / 365 = 1036,71€

Artigo 44º da LGT:


Caso Prático:
Alberto é notificado no dia 15 de julho de 2020 para pagar IRS no valor de
2000€. O prazo para pagamento voluntário é 31 de agosto de 2020.
Alberto não paga dentro do prazo e vem a pagar no dia 31 de dezembro
de 2020.
R: Artigo 44º da LGT
Solicitadoria
2020/2021

Caso Prático:
Maria foi notificada no dia 2 de janeiro de 2018 para pagar uma dívida de
IVA até ao dia 28 de fevereiro de 2018. Maria não paga. É instaurada
execução fiscal, e Maria continua a não pagar. No processo de execução
fiscal é penhorado um imóvel pertencente a Maria. O imóvel é vendido no
dia 15 de dezembro de 2020. A autoridade tributária tem o direito de,
com o produto da venda, cobrar não apenas o valor do imposto em dívida,
mas também dos juros de mora devidos. Dívida de 5000€.
Resposta: Termo inicial 28/02/2018 a 15/12/2020
2019- 4.225
2018-4.857
2020- 4.784
J de 2018= 5,000 x 4.857 x 306 / 365 = 203,59€
J de 2019= 5000 x 4.225 x 365 / 365 = 241,25€
J de 2020= 5000 x 4,784 x 349 / 365 = 163,24 €
Total dos juros de mora= 203,59€+241,25€+163,24€= 608,08€
Artigo 45º, quantificar a dívida e determinar que a divida existe e que o
valor é este. A dívida nasce quando se dá o facto tributário.
Caso Prático:
A autoridade tributária detetou através de análises cruzadas que Paula
não declarou todos os seus rendimentos do não de 2016 IRS. O IRS é um
imposto jurídico porque se paga todos os anos.
Qual é o termo de caducidade do direito à liquidação do imposto em
causa?
Resposta: O prazo conta-se a partir do termo, dia 31/12/2020.
Caso Prático:
Rosa comprou um apartamento por escritura pública no dia 1 de janeiro
de 2020. Qual é o termo de caducidade do direito à liquidação do direito
de imposto?
Resposta: A partir do dia 1 de janeiro de 2024 é que paga o imposto.
Solicitadoria
2020/2021

Caso Prático:
Diniz foi notificado para pagar o IVA do último trimestre de 2019,
cujo prazo de pagamento era o dia 15 de fevereiro de 2020.
Quando termina o prazo deste direito para pagamento do
imposto?
Resposta: Conta-se a partir do início de janeiro, ou seja, dia e de
2020, e termina no dia 1 de janeiro de 2025.

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